O sol nunca brilhou da mesma forma nas alturas do Monte Olimpo depois que Drogo Kraken foi banido, mas os deuses, imortais e distantes das trivialidades dos mortais, continuaram a governar seus domínios com a mesma indiferença pelas marés do destino. No entanto, algo que não se pode esquecer é que, mesmo entre os imortais, a ordem existe apenas enquanto for mantida. E quando Drogo, o deus esquecido, se erguer das profundezas, as fundações do Olimpo e de tudo que os deuses haviam construído estavam prestes a ser abaladas.
O destino de Drogo Kraken não era apenas um fardo sobre sua própria alma, mas também sobre aqueles que tinham o poder de mantê-lo preso nas sombras. Os deuses olímpicos, especialmente aqueles que eram mais próximos de seu irmão, Poseidon, sabiam que a tranquilidade que haviam conquistado com tanto esforço estava à beira do colapso. Cada um deles, com sua personalidade e desejos próprios, reagiu ao iminente retorno de Drogo de maneira diferente. Mas todos, sem exceção, compreenderam a ameaça que sua ressurreição representava.
Zeus, o soberano do Olimpo, era o primeiro entre eles, o mais poderoso, mas também o mais cauteloso. Embora seu império estivesse consolidado há milênios, ele sentia o peso da ameaça que Drogo representava. Não era apenas o fato de Drogo ser um ser tão forte quanto, ou talvez mais forte que os próprios deuses — era o caos primitivo que ele emanava, o vínculo com a origem do cosmos que se entrelaçava com forças antigas, antes até da própria criação dos deuses olímpicos. Zeus sabia que, uma vez que Drogo despertasse, não seria apenas o fim da sua linhagem, mas o fim de toda a ordem que ele havia estabelecido. Ele teve um pensamento rápido e duro: a necessidade de erradicar qualquer vestígio da existência de Drogo era, para ele, uma questão de sobrevivência.
No entanto, ao contrário de Zeus, sua irmã Hera, a deusa do casamento e da família, tinha uma abordagem mais complexa. Ela não via Drogo como uma ameaça imediata, mas sim como um sinal de um erro profundo nos próprios planos de Zeus. Hera não acreditava que o esquecimento tivesse sido a melhor solução para o problema de Drogo. Em sua visão, a tentativa de silenciar a existência de uma força tão primordial tinha trazido desequilíbrio à própria estrutura do Olimpo. Para ela, o retorno de Drogo seria inevitável, e a única questão seria se os deuses estavam preparados para lidar com o caos que isso traria. Sua reação, embora prudente, estava longe de ser uma aliança com seu irmão perdido, mas ela sentia que o retorno de Drogo representava, na verdade, uma oportunidade de restaurar a ordem de uma forma mais genuína.
Poseidon, por sua vez, era o deus que mais entendia o poder de Drogo, pois ele havia sido sua criação e testemunha de sua existência. Durante séculos, Poseidon foi atormentado pela falta de seu irmão, embora mal soubesse que ele nunca tinha existido nos registros da história. Quando a verdade lhe foi revelada, ele soubera que era seu dever confrontar o irmão perdido, mas ele também sabia que isso poderia significar sua própria destruição. Enquanto os outros deuses preparavam suas defesas, Poseidon mergulhava nas profundezas, procurando respostas que pudessem proteger o mundo dos mares do fardo de ter que enfrentar o irmão perdido.
Porém, o deus que mais se importava com o julgamento final de Drogo era Hades, o soberano do submundo. Hades sempre tivera uma conexão única com as forças do além, e embora o reino das sombras fosse seu domínio, ele sabia que uma força primordial como Drogo tinha o poder de corromper tudo que existia. Para Hades, a grande questão não era simplesmente derrotar Drogo, mas entender o que ele representava para o equilíbrio do universo. Se Drogo fosse deixado livre, o submundo, com suas correntes e sombras, também estaria em risco. A essência de Drogo era indomável, e a própria morte poderia ser afetada por sua ressurreição. Hades procurava uma maneira de impedir que a ascensão de Drogo fosse também a ascensão de uma destruição imortal.
A decisão de Zeus de convocar um julgamento final não surgiu do nada. Ele entendeu que o retorno de Drogo não poderia ser tratado com os mesmos métodos que outros seres mitológicos. Não bastava apenas a destruição; era preciso uma análise mais profunda das forças que ele representava. Por isso, convocou o Conselho dos Deuses Olímpicos, e a reunião foi marcada no grande salão do Olimpo, onde cada um dos deuses se posicionaria para deliberar sobre o destino de Drogo.
Quando os deuses se reuniram, o clima estava carregado de tensão. Poseidon, com sua raiva contida, argumentava que Drogo não era uma simples ameaça, mas o reflexo de um erro cometido há muito tempo. Ele acreditava que a solução estava em restaurar a memória de seu irmão, trazê-lo de volta ao mundo, mas sem os erros cometidos no passado. Hera, sempre cautelosa, sugeria que a única maneira de equilibrar as forças seria permitir que Drogo tivesse seu lugar no novo panteão dos deuses. Ela acreditava que o poder do esquecimento que os deuses haviam imposto era um reflexo de sua própria arrogância, e era hora de corrigir os erros cometidos.
Zeus, porém, sabia que o equilíbrio exigia um sacrifício. O poder de Drogo não poderia ser reintegrado sem que os deuses fizessem uma escolha difícil. Era necessário um confronto direto, não apenas entre os deuses, mas com a própria força primordial que Drogo representava. No fundo, Zeus temia que, se Drogo fosse permitido retornar com seu poder intacto, ele não só destruiria a ordem celestial, mas acabaria por destruir tudo o que os deuses haviam criado — a própria essência da civilização, do cosmos, e do destino.
Hades, como sempre, permaneceu distante dos debates, mas seus olhos, sombrios e penetrantes, indicavam que ele já havia feito sua própria escolha. O submundo estava pronto para acolher a guerra que se aproximava, pois sabia que o que estava em jogo era mais do que apenas um deus perdido — estava em jogo a própria ordem de todas as coisas.
No fim, o julgamento final foi decidido por um voto unânime. Não era uma questão de matar Drogo, mas de confrontá-lo em uma batalha que não era apenas de força física. Drogo deveria ser testado, não apenas pela ira dos deuses, mas pela natureza de seu próprio ser. Ele não deveria ser aniquilado, mas levado a confrontar o próprio destino que o fizera ser esquecido.
O confronto seria inevitável. A decisão dos deuses estava tomada. Mas, o que ninguém sabia era que Drogo, com seu poder primordial e sua essência inquebrantável, não aceitaria o julgamento imposto a ele. Ele estava pronto para desafiar os próprios deuses — e a luta pela verdade que foi enterrada nas profundezas do oceano estava prestes a começar.