A lenda de Drogo Kraken não foi construída apenas pelos ventos e mares, mas também pelas sombras do passado. Enquanto os deuses olímpicos tentavam manter o controle sobre os rumos do mundo, a verdadeira origem de Drogo estava enterrada nas profundezas do tempo — uma origem que não poderia ser ignorada, mesmo pelos seres imortais que dominavam o presente. Para entender a verdadeira magnitude da ameaça representada por Drogo, era preciso voltar ao início dos tempos, ao reinado de Cronos, o Titã dos Deuses, cujo poder e tragédias ainda reverberavam nas águas que agora escondiam o irmão perdido.
Cronos, o pai de Zeus, Poseidon e Hades, possuía um destino cruelmente marcado pela traição e a paranoia. Seu império foi destruído pelo próprio filho, e os deuses olímpicos, com sua revolução, tomaram seu lugar. No entanto, a história de Cronos não terminou com a derrota. Mesmo exilado no Tártaro, sua influência ainda se espalhava pelo mundo, deixando cicatrizes no tecido do universo, cicatrizes que o tempo não podia apagar.
Entre os mistérios que Cronos guardava, um estava especialmente oculto, guardado nas próprias profundezas de seu ser, mas também nas marés que ele uma vez governou. Ele não apenas era o senhor do tempo; ele era o criador de algo muito mais profundo — algo que os deuses, em sua sabedoria arrogante, não haviam compreendido totalmente. Quando Cronos sentiu sua linhagem ameaçada, quando a revolução dos filhos o destituiu do trono dos titãs, ele fez algo que poucos, se algum, sabiam. Ele fez algo impensável.
Antes de sua queda, Cronos não apenas gerou filhos com Rhea, mas também engendrou uma outra linhagem, uma que não deveria ter existido: Drogo Kraken. De acordo com os segredos que o próprio Cronos havia deixado para trás, Drogo não era um acidente ou uma aberração de seus próprios desejos. Ele foi criado como uma força de equilíbrio, uma criatura destinada a unir os opostos do universo. Cronos, então, temia o dia em que esse ser, seu filho mais poderoso, acordaria, pois ele sabia que Drogo era algo além da mera criação de um deus ou de um titã. Ele era a personificação das forças primordiais, algo que coexistia tanto com a criação quanto com a destruição.
Cronos, já fragilizado por sua queda, sentiu que sua linhagem seria corrompida pelos deuses olímpicos, que substituíram os titãs e impuseram uma nova ordem. Seu último ato, antes de ser aprisionado, foi selar Drogo nas profundezas do oceano, em uma prisão criada pelas próprias forças que ele dominava — uma prisão impossível de quebrar, protegida por um esquecimento que se estenderia por milênios. Para os deuses, Drogo não deveria existir. Para Cronos, no entanto, Drogo era a última chave para restaurar o que foi perdido.
Quando a verdade dos segredos de Cronos começou a ser revelada, em fragmentos antigos e sussurros que escaparam das correntes do tempo, um novo entendimento se formou. Drogo não era apenas um deus banido; ele era o elo entre os titãs e os deuses olímpicos, uma força que poderia reverter os erros do passado. Mas a revelação trouxe mais perguntas do que respostas. Como Cronos, em sua decadência, poderia ter forjado tal ser? E mais importante, como Drogo poderia ser tão forte, sendo descendente do próprio senhor do tempo?
A chave para essa resposta estava em uma antiga sala escondida nas profundezas do Monte Olimpo, longe dos olhos curiosos. Ali, em um espaço proibido, repousava um fragmento da essência de Cronos, preservado por magias arcanas que nenhum deus ousava quebrar. Era nesse local que as verdades mais profundas sobre Drogo Kraken se encontravam, e onde Poseidon, desesperado para entender o poder de seu irmão, buscava respostas.
Poseidon, sabendo que os segredos de Cronos eram a chave para entender a natureza de Drogo, chegou até aquele salão secreto, onde o eco das palavras de Cronos ainda sussurravam nas paredes. Ele encontrou os textos antigos, que estavam gravados em uma língua esquecida — uma língua que só ele, entre os deuses, poderia decifrar. À medida que lia, os segredos começaram a tomar forma, revelando a complexidade de Drogo e o verdadeiro significado de sua existência.
Cronos, em sua sabedoria e crueldade, havia deixado pistas de sua própria queda e do futuro de seus filhos. Ele sabia que um dia seus descendentes se rebelariam, e para garantir que os deuses não prevalecessem para sempre, ele criou Drogo como uma força tanto de criação quanto de destruição, uma arma contra o domínio dos olímpicos. Drogo não era apenas um irmão perdido de Poseidon, mas uma manifestação dos próprios limites dos deuses. Ele era o reflexo da imperfeição que Cronos via no próprio Olimpo: uma força primitiva que não poderia ser controlada.
Porém, à medida que Poseidon avançava na leitura dos textos, ele percebeu algo ainda mais perturbador. O verdadeiro poder de Drogo não estava apenas em sua força física ou em seu poder sobre as águas. Drogo possuía o poder de distorcer o tempo e o espaço — um poder que poderia afetar a própria realidade e reescrever a história. Ele não seria apenas uma ameaça física, mas uma força cósmica capaz de devolver ao universo um equilíbrio primordial, que até mesmo os deuses olímpicos, com todo seu poder, não poderiam compreender.
Poseidon, com a dor do conhecimento pesando sobre seus ombros, entendeu o significado da última frase dos escritos de Cronos: "O abismo não é o fim. O abismo é o começo. E com ele, o tempo será reescrito."
Isso significava que o despertar de Drogo Kraken não traria apenas o caos das águas, mas uma ruptura no próprio tecido do tempo, uma ruptura que poderia desintegrar as fundações da existência tal como os deuses a conheciam. Drogo não seria apenas um deus a ser enfrentado, mas uma força capaz de refazer o próprio destino.
Assim, enquanto os deuses olímpicos preparavam seus planos para enfrentar a ascensão de Drogo, algo muito mais perigoso se escondia nas profundezas do abismo — a verdadeira natureza de Drogo, que transcende a simples disputa de irmãos, e a revelação de que, talvez, o despertar do Kraken fosse o verdadeiro fim da era dos deuses, mas também o início de algo muito maior.