Em meio à tormenta da fúria de Poseidon e ao despertar das águas, a verdade de Drogo Kraken começou a se espalhar para além das esferas dos deuses. O povo, os mortais, começaram a contar suas próprias versões das histórias antigas, relatos fragmentados que, embora distorcidos pela distância do tempo, carregavam a essência da realidade esquecida. Essas histórias eram passadas como lendas, como ecos do passado, ignoradas por muitos, mas sempre presentes nas mentes daqueles que se atrevem a olhar para o abismo.
O Primeiro Mito Perdido falava de uma criatura antiga, com a pele coberta por tentáculos e escamas cintilantes como as estrelas do próprio céu, cujos olhos estavam preenchidos com o vazio do próprio oceano. Ele não era simplesmente uma besta, mas um ser de um poder primitivo, antes mesmo de todos os deuses. Aqueles que ouviram falar dele eram marinheiros e viajantes corajosos, homens e mulheres que, ao navegar pelas águas mais remotas e traiçoeiras, começaram a ouvir sussurros nas brisas do mar. Sussurros que falavam de uma criação perdida, de um deus oculto sob as ondas.
Este mito falava de um tempo antes do reinado de Cronos, onde o próprio Oceano era ainda uma força indomável. Antes da ascensão dos deuses olímpicos e do domínio de Poseidon, as águas pertenciam a algo muito mais antigo — algo que era guardião dos segredos das profundezas. O mito descrevia Drogo como uma força que não apenas dominava as águas, mas como um ser capaz de manipular os próprios destinos, uma entidade que transcendia a linha entre os vivos e os mortos. Ele não era apenas uma criatura dos mares, mas o próprio reflexo do caos primordial.
Em um relato, um marinheiro descreveu a visão de Drogo como um "monstro de pesadelo", algo tão grande e imenso que parecia tomar o próprio horizonte, com seus tentáculos se estendendo para engolir tudo à sua volta. O marinheiro, no entanto, não falou apenas do terror físico, mas da sensação avassaladora de que as leis naturais da vida e da morte estavam sendo distorcidas quando Drogo se aproximava. O oceano não era mais um lar para a vida — ele se tornava um abismo, e Drogo era o governante desse vazio.
Este mito, que logo se tornaria uma lenda esquecida, contava ainda que Drogo, com sua natureza imortal, havia sido condenado a viver no abismo, longe da memória dos deuses, para garantir que sua força não abalasse o equilíbrio do mundo. No entanto, como todos os mitos antigos, esse também carregava um aviso: o esquecimento nunca dura para sempre. E, um dia, as águas que haviam aprisionado Drogo se moveriam novamente.
Nos cantos mais distantes do mundo, as histórias de Drogo começaram a ser contadas como um reflexo de um erro cósmico, uma entidade que deveria ser evitada a todo custo, mas que também possuía um poder tão grande que alguns ousaram tentar libertá-lo, buscando seu favor, temendo, mais do que tudo, a sua ira. O Primeiro Mito Perdido, embora distorcido pela passagem dos tempos, já começava a dar pistas de que a volta de Drogo Kraken não significava apenas o retorno de uma criatura, mas a chegada de algo muito maior. Um poder que poderia reverter toda a criação e destruir tudo o que os deuses haviam trabalhado para manter.
No entanto, este mito nunca foi realmente compreendido pelos mortais, nem pelos próprios deuses, que viam as histórias como apenas superstições de marinheiros perdidos. Mas aqueles que estavam dispostos a escutar as águas e as histórias que elas traziam, começavam a perceber que, como todas as coisas esquecidas, o retorno de Drogo Kraken seria inevitável, e o primeiro mito perdido se tornaria o último de todos os mitos.