A história da linhagem de Cronos não se limita apenas à destruição do velho titã e à ascensão dos deuses olímpicos. Dentro dessa guerra cósmica, marcada por rivalidades e traições, existe um conflito ainda mais profundo, entre dois irmãos cujos destinos foram entrelaçados pela disputa pelo domínio do mar e das profundezas: Poseidon e Drogo Kraken.
Poseidon, o deus do mar, dos mares revoltos e das tempestades, sempre se destacou como uma das figuras mais poderosas e temidas do panteão olímpico. Ao contrário de seus irmãos Zeus e Hades, que conquistaram os céus e o submundo, respectivamente, Poseidon estabeleceu seu reino nas vastas águas, governando as ondas e as criaturas que habitavam o fundo do oceano. Mas, embora seu domínio fosse vasto, havia algo em Poseidon que o tornava especialmente vulnerável: o medo.
O medo daquilo que ele não podia controlar. O medo de que, em algum lugar nas profundezas de seu domínio, houvesse algo mais antigo, mais poderoso, mais imortal do que ele. Poseidon sempre soubera, em algum lugar dentro de si, que seu reinado não era absoluto. O mar, por mais vasto que fosse, escondia um segredo muito mais sombrio, e esse segredo era Drogo Kraken.
Desde o nascimento de Drogo, Poseidon sentiu uma presença inquietante se formar nas águas mais profundas. Não eram apenas as criaturas marinhas que se sentiam atraídas por esse ser, mas as próprias correntes do oceano pareciam ceder diante de sua essência primordial. Enquanto Zeus e Hades estavam ocupados com suas próprias lutas pela supremacia, Poseidon era o único que sentia o peso do poder oculto de Drogo. Ele sabia que algo naquela criação estava além de sua compreensão, além de sua capacidade de controlar.
O medo de Poseidon não era apenas um medo de confronto direto, mas de uma ameaça imensurável e desconhecida. Ele sabia que Drogo não era apenas um irmão perdido na história; ele era uma força indomável, uma tempestade que não poderia ser domada. Se Cronos, com todo o seu poder, não havia conseguido submeter Drogo, quem mais seria capaz de fazê-lo? Poseidon não queria ser o próximo a enfrentar essa força. Ele preferia ignorar, sufocar as evidências e fingir que aquele irmão não existia. Mas o mar tem seus próprios segredos, e o medo de Poseidon nunca desapareceu.
Ao longo dos milênios, o conflito entre eles nunca se manifestou diretamente. Drogo foi apagado da memória dos deuses, um esquecimento coletivo imposto pelos próprios irmãos de Poseidon, que o deixaram afundar nas águas abissais, onde nenhum deus, mortal ou criatura ousaria ir. Mas isso não significava que Drogo não estivesse observando, esperando, crescendo nas profundezas.
Poseidon, com todo o seu poder, tentou de todas as formas impedir que a verdade viesse à tona. Ele governava os mares com punho firme, criando tempestades que afastassem qualquer mortal curioso de explorar os recantos mais profundos e proibidos do oceano. Ele sabia que qualquer esforço para lembrar Drogo traria consigo uma onda de cataclismos que ele não poderia controlar. A cada tentativa de revelar a verdade sobre seu irmão, Poseidon reagia com furor, gerando tempestades e desastres para afogar qualquer testemunho vivo. No entanto, o próprio mar não podia ser acalmado para sempre.
O medo de Poseidon se aprofundou à medida que os ecos de Drogo começaram a se manifestar. Quando os primeiros marinheiros, movidos pela curiosidade ou pela ânsia por riqueza, se aproximaram das águas proibidas, falaram sobre uma presença em suas viagens. Relatavam ouvir sons estranhos, como o estalo de tentáculos que arrastavam seus navios para a escuridão. Alguns falavam de uma sombra gigantesca que surgia nas profundezas, mais imensa do que qualquer leviatã que se tivesse avistado. Poseidon, em um acesso de pânico, intensificou ainda mais suas represálias, criando tempestades violentas para silenciar esses relatos. Mas a sombra, o medo, a presença de Drogo não podiam ser contidas.
Foi quando Poseidon percebeu, talvez tarde demais, que não poderia mais manter Drogo submerso no esquecimento. As águas do oceano, que ele acreditava que pudesse governar, estavam sendo corrompidas pela presença crescente de seu irmão. As correntes se tornavam erráticas, as criaturas marinhas agiam de forma incomum, como se algo os estivesse chamando para as profundezas. O domínio de Poseidon estava sendo lentamente invadido por uma força que ele não podia controlar e, mais importante, por algo que ele nunca deveria ter ignorado: Drogo Kraken.
Agora, Poseidon se vê à beira de um confronto inevitável com aquele que ele sempre temeu. O mar, seu território, sua paixão e sua obsessão, não será mais apenas seu. E enquanto ele sente que a sombra de Drogo se aproxima, o deus do mar se vê forçado a confrontar o próprio medo que ele tanto tentou esconder. O que será de Poseidon quando Drogo finalmente ressurgir das profundezas e reivindicar seu lugar como o verdadeiro senhor dos mares?
O conflito fraternal não é apenas uma disputa por domínio, mas uma batalha existencial. Poseidon, que se julgava o governante absoluto das águas, se vê desafiado por aquele que representa o caos primordial, a força indomável do mar que ele nunca soubera que existia. E, ao contrário de seus outros irmãos, Poseidon sabe que, com Drogo, não há um simples enfrentamento. Ele não será derrotado por relâmpagos ou pelo tridente. A única solução seria aceitar que o mar nunca foi totalmente dele — e que Drogo sempre esteve lá, à espera de seu momento de despertar.