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Chapter 7 - O beijo daquele cara

Mesmo com tantas coisas acontecendo, Park Salin sempre dava um jeito de aparecer pelos cantos da minha vida, não que ele fizesse isso de propósito. Ele era o aluno que sempre dormia na aula. Sempre pareceu alguém ocupado. Mas agora só acho que ele gosta de ir nas baladas e ficar até tarde. E que, por algum motivo, decidiu frequentar o Promise Club. Em meio a tantos lugares para ele estar, ele teve que estar aqui, parado no corredor no momento em que saio da sala Branca.

Como se não bastasse quase me sufocar com seu toque indesejado, ele ainda foi ousado o suficiente para se aproximar da minha mesa. Não parecia mais assustado e tinha muita coisa para me perguntar.

Já passei por isso antes, eles fazem perguntas, tentam flertar, e quando não funciona, desistem.

Ele se sentou e falou brevemente sobre a sua vida e eu fiz o mesmo. Não havia nada mais interessante do que conversar com Park Salin naquele momento.

Quando lhe disse que precisava fingir um relacionamento, ele riu. É de fato cômico. Fingir um relacionamento seria minha salvação. Mas sinceramente, eu não queria fingir, quero ser capaz de encontrar e amar alguém plenamente.

— Mas você quer encontrar o amor verdadeiro, não é? — Olhando em meus olhos, como se lesse meus pensamentos, ele simplesmente perguntou.

— Não, não mais — Disse, levemente intimidado. Agora a pouco eu desdenhei disso para ele, mas já sabia que nesse ponto eu não havia dito a verdade.

— Hm, isso parece um desafio. Se eu te conquistar, você paga minha dívida? — Salin não parava de olhar para mim, estava começando a me sentir desconfortável. A aura dele era intensamente rosa e brilhante. Sua boca era rosada e cintilante. Ele era encantador.

— Pagaria, mas será que você consegue?

— Eu só ia precisar de um tempinho. Não concorda?

Da última vez que alguém quis se relacionar comigo, não deu certo. Porém, essa frase me assustou um pouco. Salin sorria, mas seu olhar mostrava o oposto. Talvez a situação da sua família esteja pesando tanto que ele pode estar falando sério.

— Ta-tal-ves — Disse, levemente preocupado. Normalmente essa sensação não me ocorreria.

— Se me permite. — Ele disse ao se aproximar de meus lábios.

Ele se inclinou na minha direção com um sorriso que me pegou desprevenido. Eu nunca estive pronto. Senti meu corpo enrijecer quando seus lábios tocaram os meus. Mas quando sua língua passou suavemente, experienciei um choque passar por todo meu corpo. Eu deixei que ele me beijasse, pois essa sensação de arrepiamento me vinha a cada segundo. Isso era normal? Senti minha respiração se descontrolar. Mas a sensação de ter aquele garoto me beijando era tão estranha quanto boa. Quando ele se afastou de mim, ele sorriu e ainda me deu breves selos. Tenho quase certeza que fiquei imóvel por uns 10 segundos apenas sentindo os efeitos. Ele olhou para mim, convencido. Diferente dos outros. Talvez ele fosse o único que realmente estaria certo.

— O que foi?

Estava em choque, em êxtase, era uma sensação assustadora.

— Porque… como me beijou? Isso foi louco.

— Pensei que não sentisse nada. — Ele sorriu convencido.

— Você não deveria fazer isso… — Mal sabia como reagir.

— Tenho a impressão de que você gostou… Não fique bravo comigo Min Jun-Ho, mas as pessoas daqui talvez pensem que você seja gay a partir de hoje. Mas olha pelo lado bom, nem tudo está perdido. — Assenti envergonhado e então ele foi embora.

Fiquei ali por um tempo, até Jimbe vir ao meu encontro.

— Está tudo bem, senhor?

— Estou.

(...)

Acordei já tenso com o que havia acontecido, eu beijei alguém e não surtei com isso. Pelo contrário, estou me sentindo bem. Meus encontros com Park sempre são interessantes. Esse seria mais a porra de um dia, mas que poderia ser totalmente diferente se eu o encontrasse.

Escutei batidas frenéticas na porta da minha casa.

Era Taeho, meu amigo e membro da minha equipe principal, ele estava afoito me encarando surpreso.

— Você está bem?

— Estou sim, por quê?

— Porque? Todo mundo viu você pegando um cara ontem à noite, seu pai está te chamando.

— Meu pai? Assim do nada?

Entendo a expressão de Taeho e me sentia da mesma forma. Meu pai não gosta da comunidade…

— Ok, eu irei morrer. Pegue seu namorado Lucas e vá para o mais longe possível.

— Ninguém sabe sobre mim e meu bebê, o único ferrado é você. Vamos logo.

— Você vai me levar ao matadouro?

Taeho negou com a cabeça.

— Eu só cheguei um minuto mais rápido.

Olhei e logo vi toda a comitiva de preto.

— Você tem um trabalho…

(...)

Assim que cheguei ao depósito abandonado onde meu pai estava, eu me curvei para cumprimentá-lo.

— O que há moleque? Fez algo errado?

— Hm? Fiz? Não? — Fiquei confuso.

— Deixe, já estou terminando.

O homem tinha a minha altura, eu puxei muitos traços dele. Porém, sua experiência o tornava mais cruel. Talvez eu também me torne assim.

Ele estendeu a mão para mim, queria que pegasse a faca da mesa. E eu lhe entreguei e o homem quase morto à nossa frente, definitivamente morreu.

— Ele realmente não sabe de nada.

Assenti.

— Me certificarei de não deixar nenhum escapar da próxima vez.

— Não adianta, são todos terceirizados. Continue o que tem feito, teremos que ser pacientes.

— Sim. Estamos saindo toda noite.

Ele olhou para mim levemente orgulhoso, mas então ele mudou seu semblante e olhou para suas ferramentas.

— Min Jun-Ho.

— Sim?

— Eu estava tranquilo em casa quando me enviaram a porra de uma foto de você quase comendo o cara que atropelou no dia anterior. Me explique, agora.

Sabia que não escaparia.

— Eu também não sei… pera, como sabe que eu o atro… — Não terminei de falar, pois meu pai não gosta de descobrir coisas da família por terceiros. — Enfim, eu cuidei dele e levei para minha casa. No outro dia a gente se encontrou no Promise Club, enquanto conversávamos ele perguntou se podia me beijar… e eu não neguei.

— Você não negou? É isso?

— É, foi bem diferente.

— Então você sentiu algo? — Ele perguntou enquanto pegava um pano para limpar as mãos.

— Sim.

— Então… podemos definir você como gay? Ou… só entrou na puberdade agora?

— Eu não sei.

— E você não passou mal quando ele te beijou? Teve pesadelos?

— Não, não aconteceu nada e ele não colocou a mão em mim.

— Que loucura, "boca" tudo bem? Mas "mão" não? Ainda não entendo essa porra que você tem.

— Esse garoto é o único que "boca" se tornou tudo bem. E "mão" não. Nem eu estou entendendo.

Ele olhou para mim ainda incrédulo, colocou as mãos para trás, se preparando para sua frase de comando. Ele sempre fazia isso.

— Tá, você então irá fazer alguns exames para descobrir o que se passa com você e vai chamar esse garoto para sair.

— Como é? — Fiquei surpreso. — Achei que não gostasse…

— É exatamente isso, prefiro um filho que se assuma gay do que incompetente. Então não me importa que seja um cara. Na verdade, é melhor que seja assim, todos podem pensar que desde o início você era gay e por isso aquilo aconteceu.

— Talvez eu realmente seja.

— Nem você sabe, moleque…

— Eu nem sei como chamar um cara para sair.

— É só chamar, marcar um lugar, fazer algo que os dois gostam. Se ele aceitar, não o perca. Aproveitem o tempo juntos. Veja como se sente. Esteja apaixonado. Não desperdice tempo, engravide o garoto e se casem.

— Homens não engravidam.

— Você entendeu o que quis dizer! Gostou do rapaz?

— Sim…

— Então faça o que seja necessário para tê-lo antes dos seus 25 anos, mas não o obrigue a nada. Não vou aceitar um casamento forçado com alguém de fora que não te corresponda. Negócios e amor são coisas diferentes. Sua mãe procura um negócio para você, mas se você quer um amor, faça direito, você pode se aproveitar, mas é o garoto que precisa querer.

— Você parece mais empolgado que eu. — Disse surpreso.

— Na sua idade eu já era apaixonado e casado com sua mãe.

— Claro, mas vou me aproximar dele novamente, só para ter certeza.

— Ok, tente, mas conte a verdade ao garoto, apesar de que ele possa fugir de você assim que descobrir. Se ele fizer isso, apenas o deixe.

— Vai dar certo e esse sou eu de verdade.

Meu pai riu enquanto jogava alvejante no local.

— Não faça a m*rda que seu tio fez. E antes de mais nada fale com sua mãe sobre isso