Faz um mês que parei de estudar. Comecei um segundo emprego para ganhar uma renda extra. Minha mãe precisa da cirurgia, preciso pagar o quarto do hospital. Juntando tudo o que tenho e algumas coisas que consegui vender, tenho 15 mil. Ainda vou receber o salário do mês e preciso calcular como eu e minha família vamos sobreviver e como vou dividir esse dinheiro entre as dívidas.
— Ela está estável, mas não está melhorando. — Disse o médico.
— Entendo. — Saí do quarto e fui me sentar nos bancos de espera do hospital. Não posso deixar minha mãe morrer.
Lágrimas desciam pelo meu rosto. Eu não sei por quanto mais posso aguentar tudo isso.
"Eu posso perdoar a dívida."
A oferta de Jun-Ho era tentadora.
— Cadê o dinheiro?
Limpo os olhos e levanto o olhar, Sora vinha na minha direção e parecia furioso.
— Por que quer saber? Onde estava?
— O dinheiro, eu quero saber o dinheiro que você tem, eu tô precisando!
— Não posso te dar, estou juntando para a cirurgia da nossa mãe. — Respondi. — Me puxando pelo casaco, ele me fez levantar.
— Eles vão me matar se eu não der nada!
— Pensava nisso antes! — Eu me soltei dele e então o agarrei. — Nossa mãe não tá melhorando, sabia? E de novo, onde você estava?
— Eu estava na casa de um amigo. Eu não sabia... — Eu o soltei e ele sentou ao meu lado nos bancos. — O que vamos fazer?
— Eu não sei.
— Vamos vender o pomar.
— Não vou discutir sobre isso novamente, Sora!
— Eles vão me matar! É sério!
Superei passando a mão no meu cabelo.
— Tem 5 mil. Eu vou te passar 5 mil.
A minha família rendia muito bem com o pomar. Mesmo quando a plantação não dava certo, não havia grandes problemas. Porém, essa última tempestade foi cruel. Ela não acabou apenas com a plantação, destruiu a casa também.
(....)
[2 dias depois]
— É verdade o que falam de você?
— Provavelmente é. — Respondi. — Me afastando de uma mulher...
— Que pena. — Ela caminhou em minha direção e se sentou na mesa. Com seu sapato, ela encostou em minha canela. Eu estava imóvel, detesto que encostem em mim com segundas intenções.
— Deixe-a, mulher. — Disse Taeho ao notar que eu não me movia.
— Meu nome é Zanne. — Ela disse ao encarar Taeho.
— Pode nos trazer uma bebida, Zanne?
— O quê? — A mulher pareceu se sentir ofendida.
Mas assim que seus olhos notaram a movimentação de mais pessoas se aproximando do local, ela decidiu fazer o que pedimos.
— Volto já. — Ela saiu da mesa e desfilou.
— Não deixem ela voltar. — Disse.
O homem à minha frente se sentou e atrás dele, cinco de seus funcionários.
— Min-shi, o que houve com seu pai?
— Estou assumindo apenas.
— Você? Achei que fosse apenas um cão de caça.
— Gosto, mas não é meu objetivo.
— É bom. Então, a partir de agora devo falar com você?
— No seu caso será apenas essa vez. Pois será a sua última.
— Por que diz isso? — O rapaz riu nervosamente. — Tenho uma boa relação com seu pai, e nós dois podemos sair algum dia. O que acha, Min Jun-Ho-shi?
— Vamos fazer isso. — Pronunciei, mas isso causou confusão entre as pessoas e investidores na sala. — Concordo que poderíamos ter uma boa relação. — Ressaltei. — Mas não quero falar sobre você. Vim aqui pela empresa da qual você tem direito. Quero comprar.
— Ela é apenas uma filial, é grande, mas não vejo vantagens para você nela.
— Estou fazendo isso por interesse próprio. — Disse, deixando claro que não me importava com as opiniões deles. — Serão recompensados, peço apenas que confiem em mim. Ou no dinheiro que fez vocês saírem da lama.
— Ok, ótimo. Eu ia fechá-la, mas se você quer comprar, imagino que sirva de bom uso.
As faces das pessoas atrás suavizaram conforme todos foram dando sua aprovação.
Mordisquei a parede interna da minha boca. Eu havia verificado todos os documentos daquela reunião. Eu sempre gerenciei legalmente as empresas dos meus pais. Pouco a pouco, terei tudo para mim.
Senti meu celular vibrar e logo o peguei. Poderia ser ele. Salin, a pessoa em quem penso durante todo o dia.
Park Salin: [Sim]
E era. E aquela sensação de total desequilíbrio que sempre vem quando penso nele. Nessa pequena possibilidade de que eu seja uma pessoa normal graças ao Park. Se existem outras pessoas que me deixam assim, não quero conhecê-las.
— Já posso ir? — Estava tentando manter a postura, mas eu estava sorrindo e olhando para eles, como se pedisse à minha mãe para ir brincar com meus amigos.
Ninguém ali ousou dizer não.
— Vamos encerrar, os papéis logo estarão prontos. — Todos prontamente começaram a se cumprimentar.
— Obrigado. Nos vemos na próxima reunião. — Não haverá uma próxima, apenas me passe os papéis. — Disse sem me importar com qualquer coisa relacionada ao trabalho. Eu estava muito feliz, eu iria vê-lo, ele queria me ver.
Cheguei ao prédio do apartamento o mais rápido que pude.
Ele estava sentado no degrau da escada. Assim que me viu, seus olhos tremeram. Eu não sei o que ele sente sobre mim, mas queria que fosse algo bom. Ele se levanta. Usava uma calça rasgada e uma blusa curta, podia ver um pouco de sua barriga. Seu cabelo estava um pouco ondulado. Ele estava lindo e carregava uma pequena bolsa.
— Você...
— Eu não quero falar sobre isso. — Ele parecia nervoso, mas estava decidido. Eu me sentia hipnotizado, Salin estava realmente bonito. De alguma forma, mexeu comigo novamente. Mas também era uma sensação desesperadora. Seria eu ao menos capaz de segurar a mão dele? — O que há?
— Eu tenho dificuldades de tomar iniciativas, mas é estranho eu querer segurar suas mãos...
— Sim, é muito estranho, não tente nada, só... vamos logo.
Me virei e peguei o capacete para lhe dar.
— Certo, vou te levar para um lugar tranquilo.