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Chapter 15 - Um homem insistente

Enquanto penso a respeito do que quero, noto ser observado. Encaro o homem que me olha há um tempo e, em resposta, lhe abro um sorriso debochado, apoiando as mãos no rosto e fazendo um biquinho. Se ele estava tão interessado, que ao menos viesse me dizer um oi. Diferente de Min Jun-Ho, ele não parecia ter nenhum problema com contato físico, mas ainda assim só observava.

Mas antes que pudesse me incomodar mais com isso, um outro homem chamou minha atenção. Era alto, de pele escura, com tranças bem-feitas e um corte de cabelo estiloso. Seus ombros largos e postura confiante me lembravam um jogador de basquete, só que mais baixo. Ele sorria enquanto se aproximava como se já soubesse o que queria.

Com certeza, seria ele.

— Como devo te chamar? — Sua voz profunda e sonora me arrepiou.

— Baby G.

— Jay. — Ele inclinou-se ligeiramente em minha direção, mantendo o sorriso.

Meu olhar automaticamente caiu em seus lábios carnudos e ele percebeu.

— Você tem um gosto perigoso. — Murmurou perto ao meu ouvido.

— E você parece convencido demais. — Retruquei.

— Deixe-me ver se estou errado.

Suas mãos vieram sorrateiramente até minha cintura, e ele me beijou. Sem hesitar, sem pedir permissão. Um beijo quente, direto. Sua pegada firme mostrava o desejo que sentia e me fazia querer mais.

— Você está afim? — Ele perguntou, ofegante.

— Estou.

Ele pegou minha mão e me guiou através da boate até algum canto reservado. O caminho entre as pessoas era apertado, corpos se esbarrando ao som da música alta. Foi só quando percebi que Jay havia soltado minha mão que notei uma terceira presença.

Alguém estava parado ali, nos encarando.

— Esse garoto está ocupado hoje. — A voz do intruso era firme.

Jay franziu a testa, sem entender.

— Salin? — Ele sussurrou, antes de arregalar os olhos e olhar para mim. — Park Salin?

Fiquei surpreso por ele saber meu nome. Confirmei com um aceno de cabeça.

— Foi mal, Taeho, não sabia que era Park Salin-shi. Ele se apresentou como Baby G.

— Baby G? — Min Jun-Ho riu ao me olhar.

Sem outra palavra, Jay simplesmente se retirou.

Min Jun-Ho suspirou ao perceber que estávamos sozinhos e me puxou para um corredor mais afastado.

— Por que me trouxe para cá?

— Quero que me beije também.

Ele fez um biquinho, e por pouco eu não me derreti. Esse idiota consegue ser fofo quando quer.

— Eu não quero nada com você. — Cruzei os braços, recusando-me a admitir o desejo que borbulhava dentro de mim. Afinal, eu já tinha me vendido para esse homem.

— Você fez isso com um completo desconhecido. Faça por mim também.

— Eu já fiz pior com você! — Rebati. — E já é suficiente pra mim. Não quero me envolver mais. Além do mais, foi ele quem me beijou! — Respondi, tocando no ponto sobre aparentemente Min Jun-Ho não poder fazer o mesmo. Ele espera que eu tome a iniciativa. — E você também é um desconhecido para mim.

Ele desviou o olhar, pensativo. Parecia buscar outra forma de me convencer.

— Estou disposto a ser mais que um conhecido para você.

Seus olhos queimavam desejo, mas seu corpo permanecia imóvel. Ele respirava forte, como se a simples ideia de tentar algo fosse dolorosa.

Talvez eu sentisse pena.

Segurei seu braço e o puxei para mais perto, forçando seu corpo contra o meu. Sua reação foi mais intensa do que imaginei: ele ficou tenso, os olhos arregalados. Mas não tentou se afastar. Seus dedos se moveram hesitantes sobre minha pele antes de, enfim, segurarem minha cintura com firmeza. Ele estava ansioso.

Toquei seus lábios com os meus e, no instante seguinte, ele se entregou.

Seu beijo era desesperado. Sentia sua respiração acelerada, seu peito subindo e descendo sem controle. Me arrepiei da cabeça aos pés.

Imagens começaram a surgir na minha cabeça. A verdade bateu com força.

Eu queria esse homem.

Segurei seu rosto entre minhas mãos, aprofundando o beijo, inclinando meu corpo para mais perto. Um calor latejando atingiu meu baixo ventre, minha pele fervia. E então…

De repente, Min Jun-Ho perdeu a força.

Seus dedos vacilaram, sua postura foi desarmada, e antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, ele caiu no chão.

Desacordado.

— O quê?!

Me ajoelhei ao seu lado, o coração disparado. Talvez ele estivesse falando a verdade esse tempo todo… Ele não era normal. Será que tomava algum remédio?

Vasculhei seus bolsos, procurando algo útil, mas só encontrei sua carteira.

— Deixe-me ajudar.

Me virei rapidamente. O homem que me observava antes estava ali, ajoelhado ao meu lado. Seu terno impecável e sua expressão severa me fizeram gelar.

— Você o conhece? — Perguntei, desconfiado.

— Trabalhamos juntos. O que aconteceu?

— Ele só desmaiou de repente…

A mudança foi imediata. Seus olhos se estreitaram e sua postura ficou rígida.

— Você o envenenou? Você forçou ele a te beijar, não foi?

— O quê? Claro que não!

— Eu vi. Você tocou nele, não foi?

Antes que pudesse reagir, ele me agarrou pelo pescoço e me prensou contra a parede.

— Quão próximos vocês são? Como ele deixou? Você o drogou? O que quer com ele? Quem te enviou?!

O pânico tomou conta de mim. Minha visão ficou turva por um instante. Mas com um chute, o fiz cambalear.

— Que merda você está falando?! Eu não quero nada com ele! Foi ele quem me chamou! Agora vai me ajudar ou não?

O homem hesitou, irritado, mas no fim, me ajudou a carregar Min Jun-Ho. Ele era pesado pra c*ralho. Conseguimos levá-lo até um quarto próximo.

— Desculpa aí.

— Espero não te ver novamente. — Disse irritado.

Ao segui-lo com meu olhar, outra pessoa apareceu na porta. Seu cabelo era curto e repicado, e sua expressão séria lembrava a de Min Jun-Ho.

Os dois trocaram gestos rápidos, silenciosos. O homem de terno se retirou, deixando-me sozinho com o recém-chegado e com um Min Jun-Ho desacordado.

— Você deve ser Park Salin. Sou Min Jung, irmão mais velho dele.

Arregalei os olhos.

— O que ele tem?

Min Jung riu.

— Você o tocou?

— A gente tava junto e, do nada, ele caiu no chão! Ele vai morrer?

— Não. Ele só não lida bem com contato físico em alguns momentos.

Me virei para olhar Min Jun-Ho deitado, ainda respirando como se estivesse apenas dormindo.

Isso aconteceu porque eu aproximei nossos corpos? Mas… se ele sabia que isso podia acontecer, por que não me afastou?

— Meu irmão realmente gostou de você.

Meus olhos voltaram para Min Jung, que me observava com um meio sorriso.

— Ele disse que tem traumas e que por isso não pode estar num relacionamento. É verdade?

— Sim. Mas desde que te conheceu, ele está esperançoso. Acha que pode se tornar uma pessoa normal se te perseguir.

— Não faz mal ele se colocar sob tanto estresse?

— Não se preocupe, eu faço terapia. Apenas me beije de novo.

A voz sonolenta veio debaixo de mim, e logo senti algo tocando minha perna. Min Jun-Ho sorria como uma criança, tentando puxar minha calça.

— Para de dizer besteira!

— Só mais uma vez… até eu ficar curado.

Bufei.

— Você está louco? Se cuide!

Eu não vou aguentar esse idiota.