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Chapter 6 - O homem que é impotente

Eu estava vivo, era assustador quando esse tipo de coisa acontece. Tem câmeras em todo lugar por aqui e, mesmo assim, não é seguro. Ainda bem que encontrei o zelador novinho.

Ele era realmente uma boa pessoa.

— Então é ele? — Diz uma das mulheres que se aproximou ao meu lado. Ela não falava comigo, mas sim com outra moça que trabalhava no galpão.

— Sim.

— Como faço para me aproximar? — Perguntou. Ela era alta, de pele escura, e seu cabelo era cacheado como um buquê de flores. Usava um vestido bege. Eu a observei mais do que o normal, pois era realmente bonita. Ela sorria confiante.

— Apenas diga oi. — Disse a loira, atendente. Seus olhos eram pretos, e ela possuía algumas sardas no rosto e usava um coque.

— Eu posso?

— Claro, ele está sentado, não está fazendo nada. Mas, se sua intenção é sair com ele, sugiro que mude de ideia. Ele não sai com ninguém.

— Ele é um conservador radical?

— Não... Ele apenas não se envolve com nada e ninguém.

— Tá dizendo que ele não transa?

Quase me engasguei. A moça parecia muito decidida. Procurei atentamente o homem de quem elas falavam. E, putz, ele estava olhando para mim. Era novamente o faxineiro, porém agora ele estava vestido de outra maneira. Usava uma blusa social preta, parecia ainda mais jovem e estava sentado como se fosse o dono do lugar a poucos metros daqui.

— Dizem que ele sofre de impotência. — Respondeu a mulher do caixa, e isso me deixou curioso. Ele havia dito para mim que possuía um trauma, e a mulher diz que ele era impotente, o que de certa forma tem ligação. Mas, na real, por que ele não para de olhar pra mim? Isso é mesmo verdade?

— Ah... Desisto então. — Disse a moça, que estava decidida apenas a se satisfazer.

Me levantei e fui na direção daquele garoto, e seus olhos brilharam, descaradamente. Sua boca ficou entreaberta, parecia hipnotizado. Duvidei por um segundo se ele estava olhando mesmo para mim, mas seu olhar me seguiu quando tive que desviar de algumas pessoas.

— Oi, de novo.

— Oi, me desculpe pelo que houve naquela hora, há muitas pessoas esquisitas por aí.

— Sim… mas fiquei feliz por te encontrar, só não achei que fosse ser tão cedo… Como se chama? — Disse quando me aproximei de sua mesa.

Seus olhos se arregalaram. Ele balançava levemente a cabeça, incrédulo, e seus cabelos se mexiam mais do que o normal.

— Min Jun-Ho.

— Certo, Jun-Ho-shi, tem umas pessoas falando coisas esquisitas sobre você. — Disse e ele assentiu, nada surpreso.

— Ah, provavelmente é verdade...

— Então você realmente não gosta de transar?

Os olhos dele piscaram.

— Ah, isso. — Ele arfou com um pequeno riso. — É exatamente o que já disse, não tive boas experiências e então me mantive afastado. Eu não sinto nada e nem acontece nada. — Sua sinceridade me surpreendeu.

— Você está mentindo?

— Não, é mais fácil dizer a verdade de uma vez. Me poupa tempo, me poupa mal-entendidos, e não é como se isso fosse minha fraqueza. É apenas um fato.

Ele tem um ponto.

— Já que está disposto a responder minhas perguntas… Posso me juntar a você?

— Por favor, não beba muito, Salin-shi. Eu ainda não sei onde você mora.

— Não se preocupe, não vou beber mais. Não tenho mais dinheiro.

— Por quê? Não tem emprego?

— Tenho, mas também tenho uma dívida para pagar e uma família para sustentar. Tudo parece envolver dinheiro. — Ri fraco.

— Você é pai de família?

— Não, sou o filho mais velho.

— Ah, que triste.

— Só tem isso para dizer, senhor zelador?

— Eu não sou zelador!

— Eu sei, eu estive na sua casa… Aquilo não é a casa de um zelador, seu quarto estava uma bagunça, sabia?

— Isso não significa nada. Eu podia sim ser zelador. Já ouviu o ditado: "em casa de ferreiro, o espeto é de pau!"

— E o seu é quebrado?

Jun-Ho desviou o olhar enquanto eu não podia conter o meu riso.

— O cara disse que você ia se casar, é verdade?

— Ah, não, isso é parte do meu problema. Tudo que eu preciso fazer é sossegar e encontrar o Amor verdadeiro antes do outono. Minha família acha que eu posso ao menos fingir ser normal.

— Bem coisa de família rica… Porque precisa ser até outono?

— Porque depois disso eu terei feito 25 anos.

— Interessante. — Rir, isso parecia tão idiota.

— É ruim. — Ele afirmou rindo.

— Mas, se é um relacionamento de fachada, por que seria ruim?

— É porque já não é a primeira tentativa. É cansativo.

E eu olhei para ele.

— Então você quer encontrar o amor verdadeiro, não é? — Perguntei. Pelo seu olhar, ele parecia certamente desejar isso.

— Não, não mais. — Ele pareceu tímido.

O homem sério que me levou para casa aquele dia, e o que acabou de me salvar dando apenas uma ordem, não tem nada a ver com esse algodão doce aqui na minha frente.

— Você realmente desistiu de tentar? — Eu não o deixei de olhar nos olhos em nenhum momento, e ele passou a ficar desconfortável com isso. Tímido, ele passou a evitar olhar nos meus olhos, mas não na minha boca.

— Sim. Não é tão simples… — Sua timidez se tornou adorável para mim. Com uma mão na nuca, ele relutou em olhar para mim antes de perguntar. — Por quê? Continua interessado? — Questionou.

— Bem, eles estavam fofocando sobre você... E eu acho melhor perguntar pessoalmente.

Coloquei minha mão em meu queixo e sorri. Ele havia dito que não era gay... Mas a forma como ele me olha, me possuiu de certa forma. É impossível que ele não esteja interessado em mim. Sou gay desde sempre. Eu sei.

— Hm. Se eu te conquistar, você paga minha dívida?

Ele me olhou surpreso.

— Pagaria, mas será que você consegue?

— Eu só ia precisar de um tempinho. Não concorda? — Eu me ergui levemente e me aproximei de seu rosto.

— Ta-ta-lvez — Ele entrou num leve estado de pânico, acho que não esperava que eu fizesse isso, porém ele nem se moveu, seu olhar era curioso, esperando ver o que eu faria.

— Você quer me beijar? — Perguntei.

— Eu não… sou bom com iniciativas. Eu não gosto de contato… Mas…

— Se me permite. — Disse. Eu olhei para sua boca, ela era vermelha e tinha no canto um piercing. Eu apenas me aproximei mais, testando, apenas testando o que ele dizia. Eu o beijei, encostando nos seus lábios. Ele pareceu confuso, tal como alguém que sequer havia entendido o conceito de "beijo", mas logo me deixou beijá-lo com minha língua e, então, ele me correspondeu à altura. Me inclinei mais, e ele foi para trás como se eu não pudesse tocá-lo com minhas mãos. Puta beijo bom, como se ele fosse naturalmente um dominador. Eu já estava quase em cima da mesa e ficaria de quatro. Era confuso nesse ponto, ele parecia ter todas as manhas de um bom beijo, mas era inseguro nesse ponto e não pegava fogo. Só seguia meu ritmo, mas era bom. Até o caralho dos olhos eu fechei, e, quando abri, ele havia fechado também. Parei de beijá-lo. Se seguisse adiante, talvez eu fosse querer o que aparentemente ele não pode me dar, mas lhe deixei mais um selar após o beijo assim que ele abriu os olhos. Então sorri, me afastando.

Ele nada disse, ficou apenas parado, olhando para mim de vez em quando enquanto recuperava o seu fôlego. Diante da sua mudez, lhe perguntei. Ele parecia assustado.

— O que foi?

— Por que… como me beijou? Isso foi louco.

— Pensei que não sentisse nada. — Ele confirmou com a cabeça, mordiscando seus lábios. Sorri, ele era uma pessoa curiosa.

— Você não deveria fazer isso…

— Tenho a impressão de que você gostou… Não fique bravo comigo, Jun-Ho-ah, mas as pessoas daqui talvez pensem que você seja gay a partir de hoje. Mas olha pelo lado bom, nem tudo está perdido. — Ele confirmou vagarosamente, e enquanto eu admirava aqueles olhos negros brilhantes, eu recebi um telefonema. — Preciso ir, dessa vez tenho um amigo para me levar. Nos veremos da próxima vez, se eu sobreviver.