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Chapter 3 - Escolhido

"É ela, a que estragou sua inscrição na Academia Lunaris."

Violet suspirou, empurrando seu livro para dentro do armário enquanto o boato chegava aos seus ouvidos pela enésima vez.

Ela não era exatamente famosa por aqui, mas hoje parecia ser a exceção. Todos os olhos a seguiram no momento em que ela entrou na escola, e isso a assustou até que ela descobrisse por que estavam olhando para ela como se ela tivesse crescido duas cabeças.

Violet não tinha ideia de como eles descobriram sobre o formulário, mas aparentemente, confidencialidade professor-aluno não era uma coisa aqui. Não que a reação de sua professora ao receber a inscrição não fosse suficiente para chamar a atenção. Violet não pôde deixar de lembrar como as coisas aconteceram naquele dia.

"Aqui está minha inscrição," Violet entregou o formulário à sua professora da sala.

"Ah, graças aos deuses. Você é a última a enviar, e por um momento, pensei que você não iria. Eu estava preocupada que você acabaria punida por não seguir as regras", disse a Sra. Florence, aliviada, colocando seus óculos e começando a revisar a inscrição.

Violet mordeu os lábios, o coração acelerando, sabendo que era apenas uma questão de tempo. E a Sra. Florence não decepcionou ao pular da cadeira com um palavrão nos lábios.

"Que porra...!" ela interrompeu, as bochechas esquentando como se finalmente percebesse que não deveria xingar na frente de um aluno.

Pela primeira vez, Violet viu sua professora perder a compostura enquanto exigia, "Qual é o significado disso?"

"O que a senhora quer dizer, ma?" ela perguntou inocentemente.

"Não seja espertinha comigo, Sra. Violet Purple!" retrucou a professora, seus olhos cuspiam fogo. "O que é isso que você escreveu em habilidades especiais?"

"Ah, isso?" Violet mordeu os lábios, fingindo timidez ao dizer, "Foi sugestão da minha mãe."

"O quê?"

"A senhora nos pediu para pedir ajuda aos nossos pais; foi a contribuição dela," disse Violet, olhando para a Sra. Florence, que parecia prestes a desmaiar pelo modo como o sangue havia drenado de seu rosto.

Violet deveria se sentir ansiosa por mentir, mas não se sentiu. Nem um pouco. Além disso, tecnicamente não era uma mentira. Nancy praticamente sugeriu chupar um pau na nova escola para a qual ela ainda não havia sido aceita — e não seria aceita assim que aquele formulário fosse enviado. Em uma palavra, ela era inocente. Ela apenas seguiu o conselho da sua mãe e colocou em palavras.

Literalmente.

"Que tipo de mãe faz isso?" disse a Sra. Florence, olhando para Violet com raiva. "E você aceitou a sugestão dela?"

Violet deu de ombros. "O que eu deveria fazer? Acredite, eu não quero estar do lado errado dela. Não posso viver na rua."

A Sra. Florence parecia ter algo a dizer, mas ao invés disso, ela segurou suas palavras, finalmente afundando em sua cadeira com um suspiro exausto. Violet sentiu-se culpada por estressar a pobre mulher, mas não deixou transparecer.

A Sra. Florence olhou para cima e disse: "Eu gostaria de poder ajudá-la, Violet, mas não há formulários extras para corrigir esse erro...". Ela pausou como se estivesse segurando uma palavra mais dura para a situação. "A Academia Lunaris é extremamente rigorosa com seus regulamentos. Cada formulário é cuidadosamente contado de acordo com o número de alunos necessários para se inscrever no ano e, em seguida, enviado aos vários distritos para evitar casos de má prática. Infelizmente, também não posso fazer exceções; você é legalmente obrigada a se inscrever na Academia Lunaris. Então, este formulário será enviado como está."

Violet podia ouvir a verdade não dita: Você não será aceita na Academia Lunaris com esse tipo de inscrição.

"Tudo bem," ela disse.

"Tudo bem?" A Sra. Florence piscou, claramente surpresa.

"A senhora acabou de me dizer que não tenho outra opção. O que mais posso fazer? Não posso me martirizar por isso," disse Violet secamente.

A decepção da Sra. Florence era evidente.

Ela hesitou antes de perguntar novamente, "Tem certeza de que sua mãe preencheu isso?" A sobrancelha erguida deixava claro que ela suspeitava do contrário.

"Essa é a assinatura dela bem ali. Acredite, ela leu," Violet mentiu com desenvoltura.

Nancy não tinha dado a mínima para o formulário depois daquele dia. Bom para Violet, que era boa em forjar sua assinatura e resolver tudo por conta própria. Nancy teria surtado se soubesse o que ela escreveu. Sua mãe queria que ela entrasse em Lunaris, onde ela — Violet — poderia se prostituir como ela, só que com classe. Exceto que isso não estava acontecendo.

A Sra. Florence olhou para a seção da assinatura dos pais e suspirou.

Ela não suspeitava de nada. Bom. Não que ela estivesse tentando se gabar de um crime, mas Violet estava orgulhosa de seu trabalho.

A Sra. Florence parecia que ia chorar, sua voz suave com tristeza. "Sabe, Violet, essa poderia ter sido sua chance de mudar as coisas. Não estou tentando insultar a profissão de sua mãe, mas você merece algo melhor. Você não precisa seguir os passos dela," ela presumiu que Violet planejava seguir o mesmo caminho de sua mãe. Se ao menos ela soubesse.

Para ser honesta, algo mexeu dentro de Violet com a preocupação de sua professora; infelizmente, foi só isso—nada mais. Ela tinha aprendido da maneira mais difícil que a simpatia das pessoas nunca a levava a lugar algum. Confiança era um luxo que ela não podia se dar ao luxo, e depender de outras pessoas? Fora de questão.

A Sra. Florence achava que essa era a chance dela de mudar de vida. Se ao menos ela soubesse que ela evitou um destino pior por não ter sido aceita na Academia Lunaris. Ela não era a filha de sua mãe, e com certeza não precisava de um príncipe encantado para salvá-la.

Com Lunaris fora do quadro, seu plano era simples. Uma vez que o ensino médio terminasse, ela deixaria para trás o trailer de sua mãe. Claro, sem uma chance na universidade, encontrar um emprego respeitável seria mais difícil, mas ela faria funcionar. Uma coisa era certa: a prostituição nunca seria uma opção.

Ela havia tomado sua decisão.

"Posso ir agora?" Violet perguntou, sua impaciência clara enquanto notava os olhos dos outros professores nela. Ela sabia que eles haviam bisbilhotado a conversa. Afinal, esse era o ambiente dos professores. Privacidade não existia aqui.

"Você pode ir," respondeu a Sra. Florence com voz suave, embora a piedade em seus olhos doesse mais do que qualquer palavra. Era um olhar que Violet sabia que não esqueceria tão cedo enquanto se virava e saía.

De volta ao presente, Violet esfregou a lateral da sua têmpora, onde conseguia sentir uma dor de cabeça latejante. Ela não tinha dormido o suficiente na noite anterior, não quando ela se virava e revirava na sua cama pequena e dura.

Ela ainda não estava falando com Nancy — não depois de sua traição. Infelizmente para sua vida miserável, ela e Nancy compartilhavam o único quarto apertado no trailer, o que significava que ela passou a noite olhando para a parte de trás da cabeça de sua mãe. Não que Nancy se importasse; ela permaneceu indiferente ao tratamento silencioso dela. E isso deixava Violet furiosa mais do que qualquer coisa: sua natureza desculpável.

"Violet Purple."

Violet pensou ter ouvido seu nome sendo chamado, mas parecia ser um fragmento de sua imaginação até ouvi-lo novamente, desta vez com mais clareza.

"Violet Purple, você está convocada ao escritório do diretor." A voz veio dos alto-falantes no corredor.

"Oh, porra." Violet xingou baixinho, batendo seu armário com um estrondo.

Por que o diretor estava chamando ela? Era por causa do formulário? Que os deuses a ajudassem; eles não conseguiam entender uma piada? Era tão grave assim que ela escreveu seus pensamentos mais sinceros, ou eles estavam preocupados com a reputação da escola? Violet sentia que era o último. Talvez ela tivesse ido longe demais.

Só um pouco.

Com um suspiro, ela caminhou na direção do escritório do diretor. Exceto que a ação só encorajou os fofoqueiros.

"Eu disse, não tinha como ela escapar disso." Os boatos ganharam força como um furacão.

"Ela está condenada. O Diretor Lincoln vai acabar com ela. Aposto que ela não pensou nas consequências de suas ações."

Violet revirou os olhos enquanto o boato chegava aos seus ouvidos. Essas pessoas não tinham mais o que fazer ou o quê? Em vez de uma escola, eles se sairiam bem em um salão de cabeleireiro.

"Você pode culpá-la? Ela está apenas seguindo os passos de sua mãe."

Violet parou de repente. Ela tinha a intenção de ignorar todos eles, mas aquele comentário específico a atingiu, e agora ela congelou, virando-se para identificar o patife que estava flertando com a morte.

A perpetradora acabou sendo uma garota de cabelos ruivos que se encolheu assim que seus olhos se encontraram.

Violet começou a caminhar em sua direção, e talvez tenha sido o olhar mortal em seu rosto, mas a garota começou a tremer como uma folha no inverno, percebendo que ela tinha errado.

No entanto, Violet não chegou até ela antes que ela saísse correndo, gritando "Me desculpe!"

Violet pode não ser tão popular quanto as abelhas-rainhas que comandavam a escola, mas ela era famosa por enfrentar Jasmine e sua gangue, e isso parecia ter lhe dado uma boa reputação, vendo a maneira como a garota havia fugido.

Tudo o que restava eram seus amigos, que estavam tentando não se acovardar como a amiga deles tinha feito. Violet não falou; ela deixou o fogo gelado em seus olhos, o olhar endurecido em seu rosto e suas mãos cerradas em punhos falarem por ela. Eles engoliram, parecendo captar o recado enquanto se viravam e saíam sem dizer uma palavra.

Graças ao pequeno drama, os boatos morreram e Violet caminhou de cabeça erguida. Ao chegar do lado de fora do escritório do diretor, ela respirou fundo e bateu na porta.

"Entre." Sua voz ecoou do lado de fora.

Violet girou a maçaneta e entrou no escritório do Diretor Lincoln. Ela já havia estado ali muitas vezes antes, principalmente por causa de brigas, e nada havia mudado muito.

O quarto estava arrumado e funcional, com uma mesa polida que continha um computador, telefone e uma pilha organizada de documentos. Prateleiras no canto estavam cheias de livros educacionais, fichários e alguns itens pessoais, como seu prêmio do conselho educacional.

As paredes, como sempre, estavam cobertas de certificados, realizações escolares e os usuais cartazes motivacionais dizendo aos alunos para "Alcançar as Estrelas." Exceto que isso nunca inspirava ninguém.

"Sente-se, Srta. Purple," disse o Diretor Lincoln, indicando a cadeira à sua frente.

Violet sentou-se cautelosamente, já se preparando para a habitual repreensão e punição inevitável. Mas quando ela olhou para cima, pronta para encarar sua expressão usualmente severa, ela foi pega de surpresa.

O Sr. Lincoln estava sorrindo.

Esse sorriso a deixou desconfortável. Algo estava errado, e Violet sentiu um aperto estranho no peito enquanto se mexia na cadeira. O ar estava pesado com expectativa.

Ela quebrou o silêncio primeiro. "Por que você me chamou, senhor? Eu fiz algo errado?" ela perguntou, mesmo que uma parte dela já soubesse.

O Diretor Lincoln inclinou-se um pouco para frente, ainda sorrindo, e juntou as mãos sobre a mesa. "Os resultados do processo de inscrição chegaram," ele disse devagar, como se saboreando as palavras. "Eu te chamei para agradecer."

"Agradecer?" Violet franziu a testa. Do que diabos ele estava falando?

Ele assentiu entusiasticamente, se inclinando para frente. "Desde que o programa de bolsas começou, apenas três alunos deste distrito foram escolhidos. É uma oportunidade rara, que não ocorre frequentemente. Eu queria aproveitar este momento para reconhecer sua conquista."

Um estranho sentimento rastejante começou a deslizar no estômago de Violet, fazendo-a se mexer desconfortavelmente na cadeira. Suas palmas estavam úmidas. Um pressentimento de medo começou a se acumular em seu estômago. Não. Não, não havia como. Ela recusava a entreter o pensamento.

O Diretor Lincoln parecia alheio ao crescente desconforto dela enquanto ele alcançava a gaveta de sua mesa e puxava um envelope elegante e caro.

"Parabéns, Violet," ele disse, estendendo-o para ela. "Você foi aceita na Academia Lunaris."

Seus ouvidos começaram a zumbir, e por um momento, o mundo inteiro pareceu se estreitar até aquela única frase. Isso era impossível.

Tinha que haver algum engano. Seu coração batia no peito enquanto ela agarrava o envelope com mãos trêmulas, rasgando-o apressadamente.

E lá estava.

Letras em negrito a encaravam.

"Parabéns, Violet Purple. Você foi selecionada..."

Não. Não, não, não. Isso não poderia estar acontecendo. Ela sentiu sua respiração acelerar, o peito apertando. No entanto, a verdade a encarava de volta, implacável e inegável.

Ela havia sido escolhida para a Academia Lunaris.