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Observe: você está prestes a vislumbrar a mente de um sociopata, psicopata, chame do que quiser.
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Os novos alunos se juntaram ao final da fila do café da manhã, conversando e rindo, totalmente alheios ao predador que os observava.
Foi apenas quando uma garota sentiu a intensidade escaldante de um olhar que ela se virou, com um sorriso ainda brincando nos lábios, apenas para ele murchar logo ao travar os olhos com Asher Nightshade.
Ou melhor, com sua sombra. Se fossem seus olhos de verdade, quem sabe o que poderia ter acontecido com ela até agora?
Ela era uma das novas alunas bolsistas; como os outros, tinha ouvido sussurros sobre sua sinistra reputação. Sua amiga ao lado, ainda sem perceber a mudança abrupta em seu comportamento, permanecia absorta na conversa até que a garota a tocou. No instante em que a amiga olhou para cima e encontrou os olhos de Asher, a luz nos dela também se apagou.
Imediatamente, a conversa delas cessou, virando-se para frente novamente. Alguns alunos próximos notaram o silêncio súbito e olharam para o lado, apenas para desviarem os olhos rapidamente assim que perceberam ser Asher Nightshade.
Ninguém sabia por que ele as estava encarando como se pudesse queimar um buraco em seus crânios, mas ninguém queria descobrir. Ninguém em seu juízo perfeito queria ser capturado sob sua atenção.
Ninguém.
Asher suspirou, passando a mão pelos cabelos negros como azeviche, tão escuros que pareciam repelir a luz. As laterais eram raspadas, enquanto o topo era mais longo, muitas vezes caindo sobre seus olhos. Eles costumavam ser ainda mais compridos, uma cortina na qual ele se apoiava para esconder seus olhos amaldiçoados. Mas quando ele começou nesta escola, teve que contar com a sombra no lugar, forçando-o a cortá-los mais curtos.
Mas, naquele momento, nada disso importava, não quando ele tinha problemas maiores. A garota nova ainda estava ausente. E por "garota nova", ele queria dizer Violet Purple. Asher sabia disso porque estava acompanhando de perto a situação dela.
Desde o momento em que Jameson enviou a carta de aceitação, Asher estava em alerta máximo, esperando que ela aparecesse no dia seguinte, pronta para cair em seus braços—braços que estavam mais do que prontos para recebê-la. Exceto que isso não estava acontecendo.
Já fazia uma semana, e ainda não havia resposta dela. Ele até enviou uma carta de acompanhamento, caso ela não tivesse recebido a primeira, mas ainda assim não havia nada. Para levar as coisas adiante, ele fez Jameson ligar para a escola dela para descobrir por que ela não havia aceitado a oferta, mas eles não puderam fornecer respostas. E isso estava começando a enlouquecê-lo.
Asher sabia que, segundo as regras, Violet agora já deveria ser inelegível para a bolsa de estudos, mas isso não ia acontecer. Ele era a regra. Ele decidiria quais humanos entrariam na escola, e Violet era definitivamente uma delas.
Ele não podia deixar de se perguntar se Violet sabia. Se ela entendia que um predador estava esperando para devorá-la por inteiro. Asher queria acreditar que Violet estava fazendo isso de propósito, jogando jogos com ele. Ele imaginava que, uma vez que ela terminasse de provocá-lo, ela finalmente faria sua aparição.
Ele sinceramente esperava que sim, porque Violet havia se tornado sua mais recente obsessão, uma droga da qual já estava viciado apenas por ter sentido um cheiro dela. E ele pretendia ter um gosto dela em breve. O pensamento disso fez com que certa área de seu corpo se tensionasse, e ele batia ansiosamente os pés contra o chão.
Uma coisa era certa: se Violet não aparecesse esta semana, ele a arrastaria de qualquer canto da terra onde estivesse escondida. Havia um limite para sua paciência. Ninguém o desafiava e saía impune. Eles tinham que jogar o jogo.
"Olá, irmão", uma voz o cumprimentou enquanto um braço envolvia seu pescoço, trazendo-o de volta à realidade.
Mesmo sem olhar ou sentir seu cheiro, Asher sabia exatamente quem era. Apenas uma pessoa ousava invadir seu espaço assim.
Ele finalmente se virou, confirmando sua suspeita.
Roman Draven.
Um dos seus chamados "irmãos cardeais", como todos os outros se referiam a eles. Embora, na realidade, eles não fossem nem um pouco parentes.
A palavra "irmão" fez Asher franzir o nariz. Ele não tinha irmãos. Eles eram competidores, todos eles, lutando pelo título de futuro Alfa Rei. Mas se havia um entre eles que ele poderia "tolerar", era Roman, e com boas razões.
Roman era o mais sociável dos alfas cardeais, charmoso, travesso e conhecido por ser um flertador notório. Não era difícil entender por que as mulheres o cercavam.
Elas adoravam as covinhas que apareciam quando ele ria, seus cabelos verdes desgrenhados que ele passava a mão como se tentasse seduzir a todos com seu charme natural, e aqueles mesmos hipnotizantes olhos verdes que podiam fazer qualquer um cair.
Sua natureza despreocupada e aguçada perspicácia o tornavam popular entre seus pares. Mas por baixo dessa fachada despreocupada havia um lado mais ardiloso. Roman era um manipulador habilidoso em seu próprio direito.
Embora ele parecesse o mais inofensivo dos quatro, havia uma escuridão nele, provando que as aparências enganam. No entanto, apesar de seu comportamento galanteador, ele era ferozmente leal àqueles que se importava e não era tão superficial quanto parecia. Talvez por isso Asher permitisse que ele ficasse por perto. Porque até ele precisava de um pouco de luz para equilibrar sua escuridão.
Roman, sem pedir permissão, sentou-se ao lado dele, se inclinando com um sorriso que gritava travessura. "Vejo que você está de olho na carne fresca", ele provocou.
Como se. Asher nem sequer acalentou o pensamento. Ele não era como o mulherengo sentado ao seu lado. Sim, ele era atraente—bonito como o diabo, de fato—mas ninguém jamais o confundiu com um príncipe encantado. E as garotas pareciam entender isso também, porque mantinham distância, sentindo o perigo em sua presença.
Apenas algumas ousaram adentrar sua escuridão. E mesmo aquelas que haviam gracejado sua cama sempre cometiam o mesmo erro. Elas achavam que podiam domá-lo. Elas nunca entenderam que é impossível domar uma fera até que fosse tarde demais.
Agora, Asher se perguntava se Violet seria diferente. Ela poderia lidar com ele, ou correria como as outras, como uma covarde? Ele esperava que não. Ele tinha tanto planejado para ela, e a ideia de finalmente começar enviou um arrepio maligno por ele.
Agora que Asher havia mencionado as garotas, ele não pôde deixar de observá-las, seu olhar agudo, mas desprovido de luxúria. Se algo, ele as estava avaliando contra sua visão de Violet.
Havia apenas uma foto do tamanho de um passaporte de Violet anexada à sua inscrição, oferecendo pouco mais do que seu rosto. Asher poderia ter facilmente investigado mais e descoberto mais sobre ela, mas não o fez. Ele gostava da antecipação, do mistério.
Ele queria ver se a verdadeira Violet corresponderia à versão que ele havia criado em sua mente. E o pensamento de ela ser tudo o que ele sonhou o excitou novamente. Malditos deuses. Ele nem sequer a tinha visto pessoalmente e ela já o assombrava.
"Acho que vou naquela ali", Roman disse casualmente, acenando com a cabeça em direção a uma garota de seios grandes, conversando despreocupadamente com as amigas.
Asher teve que se controlar para não revirar os olhos. Típico Roman. Seu irmão sempre teve uma coisa por peitos, quanto maiores, melhor.
"Não estou interessado", Asher resmungou.
"A sua perda", Roman deu de ombros, com o olhar voltando a cobiçar a garota.
Tarado. Asher pensou. Mas ele era melhor? Ele já estava fixado em uma garota que ainda nem havia conhecido. Novamente, nenhum deles era normal. Não após o que haviam passado.
"Então, quando vamos dar as boas-vindas aos novatos?" Roman perguntou, trazendo a atenção de Asher de volta. Ele lambeu os lábios como um predador de olho na presa. "Mal posso esperar para fazer minha escolha."
Eles tinham uma iniciação para os novos alunos, uma tradição que os alfas cardeais concordavam, apresentando uma rara frente unida em vez de competirem entre si.
Alguns poderiam chamar isso de trote, mas para Asher, era uma forma de esclarecer o sangue novo sobre quem comandava a academia e a quem eles respondiam. A Academia Lunaris pertencia a eles, e a hierarquia era algo a ser entendido e respeitado.
Violet aprenderia seu lugar em breve. E era ao lado dele. Ele a moldaria em sua rainha, forjada das cinzas, imaculada e inquebrável. Mas como o ouro, ela teria que passar pelo fogo primeiro. Asher só podia esperar que sua rainha fosse forte o suficiente para sobreviver às chamas.
"Logo", Asher respondeu, com um olhar profundo brilhando em seus olhos. "Muito em breve."
Roman ergueu a sobrancelha, examinando seu rosto. "Quando você diz coisas assim, só posso imaginar o que está passando pela sua cabeça. O que você está planejando, mestre das marionetes?" Ele provocou, usando o apelido de Asher.
Um sorriso lento e maligno puxou os lábios de Asher. "Não se preocupe, não é nada que você não fosse gostar, Raposa", ele retrucou, provocando Roman com seu próprio apelido.
Os dois trocaram um olhar de cumplicidade, sorrisos sombrios se formando em seus rostos como se compartilhassem uma piada interna.
"Se você diz assim, mal posso esperar para curtir." Roman recostou-se na cadeira, visivelmente mais relaxado.
"Ah, você vai", Asher adicionou com um brilho nos olhos. "Vai ser um caos. Falando nisso, eu pensei em uma pequena pegadinha que você poderia aprontar com o Griffin desta vez."
Ao mencionar o outro alfa cardeal, os olhos de Roman se iluminaram. Todos sabiam que Roman era o brincalhão, deliciando-se com pegadinhas, especialmente às custas de Griffin, e muitas vezes usando o humor para aliviar a tensão entre eles.
"Continue", Roman inclinou-se para frente, ansioso. "O que devo fazer para desarrumar suas penas desta vez?"
Os olhos de Asher brilharam. "Eu descobri onde ele escondeu o colar da mãe..."
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