A ar era fresca contra sua pele, a grandiosidade da academia quase fazendo com que ela se sentisse pequena. Violeta segurava sua bolsa firmemente, o tecido áspero pressionando contra sua palma enquanto ela observava os degraus de pedra que levavam ao prédio principal da Academia Lunaris.
Ela estava pronta para dar um passo à frente quando uma voz chamou, "Olá."
Sobressaltada, ela virou-se, apenas para ver um homem bem vestido com um terno sob medida avançando em sua direção. Ele parecia pertencer àquele lugar com sua confiança polida. E embora Violeta devesse estar em alerta, havia algo estranhamente desarmante em seu sorriso, como se tivesse sido praticado para tranquilizar as pessoas.
"Você deve ser Violeta Purple?" A voz dele era suave, pegando-a de surpresa.
Violeta piscou. Como ele sabia seu nome? Então se lembrou do guarda de mais cedo digitando suas informações no seu dispositivo. Claro. A academia deveria ter um sistema de comunicação eficiente. As informações certamente viajavam rápido por aqui.
"E quem é você?" ela perguntou, mantendo seu tom educado, mas mesclado com um traço de suspeita. Crescer no gueto a ensinou a não confiar em ninguém à primeira vista.
O sorriso do homem se ampliou, como se sua cautela o divertisse. "Eu sou Michael, um funcionário desta instituição."
Uau. até seus funcionários vestiam-se bem. Violeta pensou.
"Fui encarregado de levar suas coisas para seu dormitório." Os olhos dele desviaram para a bolsa dela, o sorriso dele falhando levemente ao perceber o tamanho modesto. "É só isso?"
Violeta notou o lampejo de desaprovação no olhar dele e, pela primeira vez, sentiu-se consciente de si mesma. Ela não havia pensado muito sobre quantos pertences os estudantes deveriam trazer, mas em uma academia destinada à elite, aos ricos e privilegiados, não a surpreenderia se outros chegassem com guarda-roupas dignos de realeza. Mas ela não estava prestes a deixar um estranho fazê-la sentir-se inferior.
Violeta endireitou as costas e encontrou o olhar dele de frente, "Sim, é só isso," ela respondeu firmemente, os lábios formando uma linha fina.
Michael arqueou uma sobrancelha, claramente percebendo seu humor. Ele imediatamente se retratou, com um tom de desculpas. "Peço desculpas. É que... bem, estamos acostumados a alunos que chegam com mais."
Violeta sentiu-se constrangida por dentro, mas manteve a compostura. "Bom, este sou eu," ela disse, sua voz estável, embora o constrangimento lhe queimasse as bochechas.
Sem dizer mais nada, Michael pegou a bolsa dela, levantando-a sem esforço, como se não pesasse nada. Violeta observava-o com uma mistura de gratidão e desconforto persistente. Seus pertences podiam ser leves, mas eram dela. Ela meio que esperava outro olhar julgador, mas ao invés disso, Michael simplesmente sorriu.
"Vou levar suas coisas para o seu dormitório. Você deveria entrar e se instalar," ele disse, gesticulando em direção às grandes portas duplas à frente.
"Bem, obrigada," ela murmurou, observando-o caminhar por um caminho diferente, provavelmente em direção aos dormitórios.
Apesar das palavras de conforto do homem, seus velhos instintos afloraram. Violeta sempre teve problemas de confiança com estranhos. Crescendo onde cresceu, as pessoas mexiam em suas coisas se tivessem a menor oportunidade.
Seu olhar se estreitou enquanto considerava a possibilidade de Michael vasculhar sua bolsa. Mas esta era a Academia Lunaris, não o gueto. E, realisticamente, não havia nada de valor lá de qualquer forma. Sim, sua pobre e patética vida.
Ainda assim, se algo desaparecesse, ela o caçaria. Afinal, ela agora conhecia seu rosto.
Tomando um fôlego profundo, Violeta voltou seu olhar para a entrada da academia, a estrutura imponente parecendo ainda mais intimidadora agora que ela estava sozinha. Ela enquadrou os ombros e começou sua subida pelos degraus de pedra e entrou pela porta, perdendo-se em um novo mundo.
Estudantes se apressavam ao seu redor, saindo das salas de aula, todos vestidos com o uniforme da academia—calças para os meninos e saias para as meninas. Na sua antiga escola, eles não se importavam com uniformes, vendo isso como coisa de estudantes do ensino fundamental, e o fato de que ficariam ridículos com eles. Mas não era o caso aqui.
O uniforme da Academia Lunaris contava com uma saia xadrez elegante de verde floresta profundo com detalhes dourados e azul marinho, combinada com um blazer azul meia-noite bem ajustado que abraçava a figura perfeitamente, sobre uma camisa branca impecável. O bolso no lado esquerdo do peito orgulhosamente ostentava o emblema dourado de um
lobo, finalizado com uma gravata combinando. A combinação de cores ricas e o emblema detalhado irradiavam um ar de elegância e prestígio que o fazia qualquer coisa, menos infantil.
Não muitas coisas surpreendem Violeta, mas até agora esta escola a deixou boquiaberta feito uma idiota. Ela ficou no saguão ainda examinando o ambiente escolar, que poderia bem ser comparado a um hotel cinco estrelas, quando uma comoção chamou sua atenção.
Um cara com um cabelo verde marcante veio correndo em sua direção, rindo como se estivesse sendo perseguido. Não houve tempo para desviar do impacto, e ele se chocou contra ela com uma força tão surpreendente quanto sua aparência.
Santo criador do universo.
Antes que Violeta pudesse reagir, os braços dele estavam ao redor de sua cintura, estabilizando-a, o rosto dela pressionado contra seu peito—um peito quente, duro, puro músculo. Ela podia sentir o poder em seu aperto, seu corpo sólido contra o dela. Ele cheirava incrível, como a promessa de liberdade carregada por uma brisa selvagem, e por um segundo absurdo, ela teve a vontade insana de abrir os braços e deixar o vento levá-la.
Sim, ela definitivamente estava perdendo a cabeça.
"Bem, olá. Veja só o que o destino jogou em meus braços," ele murmurou, sua voz suave e aveludada, deslizando em seu ouvido como seda contra sua pele.
Seu hálito era quente contra seu pescoço, e Violeta estremeceu involuntariamente, percebendo o quão perigoso ele era. Ela se afastou dele e olhou para cima. Exceto que isso foi um erro.
Violeta sabia que lobisomens eram atraentes, mas este estava em um outro nível de atração.
Ele tinha os olhos mais marcantes que Violeta já tinha visto, um verde vivo com flocos de ouro no centro, e estavam fixos nela, intensos e sem piscar. Um sorriso lento e travesso puxou os cantos de seus lábios, fazendo o coração dela saltar. Ele também tinha cabelo verde e para alguém que frequentemente se encontrava na mesma situação, ela não pôde deixar de se perguntar se era natural ou tingido.
De qualquer forma, combinava com sua aparência rebelde, complementando suas maçãs do rosto altas, mandíbula forte e aqueles lábios cheios, inegavelmente beijáveis. Que os deuses a ajudem, no que ela estava pensando? Ela ainda não aprendeu o suficiente com as experiências de sua mãe, não, mãe adotiva com homens?
"Tanto quanto eu gostaria de me familiarizar com você, minha donzela roxa. Há um monstro prestes a me assassinar agora mesmo."
Por essas palavras, Violeta pôde dizer que ele era um conquistador, mas a menção de assassinato, fez seu sangue esfriar, e qualquer atração que sentisse pelo estranho desapareceu imediatamente. Ela sinceramente esperava que ele não quisesse dizer aquelas palavras literalmente.
No entanto, o destino parecia ter outros planos, porque um rugido profundo ressoou pelo corredor, assustando a todos. O que diabos estava acontecendo? Antes que ela pudesse dizer uma palavra, ele já estava correndo novamente. De novo.
Violeta estava prestes a sair dali quando avistou algo.
"Ei, você deixou isso cair!" ela gritou atrás dele, supondo que ele devia ter deixado cair o colar quando se chocou com ela.
Ele gritou, "Segura isso para mim, querida, por favor?" ele piscou antes de desaparecer pela porta. E ele nem sequer ofereceu um pedido de desculpas por tê-la atropelado.
Violeta sacudiu a cabeça, confusa. "Que cara estranho." Embora fosse bonitinho. Sim, ela não iria por esse caminho.
"Ele pelo menos entende de coisa boa." Ela murmurou, examinando o colar.
Era uma peça delicada, adornada com um único pingente de safira em forma de lágrima circundado por minúsculos diamantes. A safira brilhava com um azul profundo e oceânico, capturando a luz em todos os ângulos. Violeta franziu a testa, percebendo que aquilo não era um colar comum. Os detalhes gravados indicavam que poderia muito bem ser uma herança de família, e ela se sentiu desconfortável segurando um item tão pessoal.
Violeta ainda estava olhando para ele quando um grunhido que fez seus pelos se eriçarem veio de trás dela. Ela virou devagar e viu um lobisomem de cabelos ruivos e furioso se aproximando dela, seus músculos tensos com uma raiva mal contida.
Os deuses a ajudem. Por que o universo estava fazendo isso com ela?
Se o lobisomem de cabelos verdes de antes era quente, esse fez com que ela engolisse seco, dividida entre o medo e a antecipação. Ele era tão alto que ela quase poderia chamá-lo de gigante. Seu longo cabelo ruivo estava preso em um coque, um estilo que deveria fazê-lo parecer afeminado, mas só realçava sua presença masculina e crua.
Ele parecia um viking saído diretamente de um filme antigo, com músculos grossos e esculpidos que faziam seus bíceps e peitorais saltarem sob o que mal podia ser chamado de uniforme. Seu blazer estava longe de ser visto, e os botões superiores de sua camisa estavam desfeitos, revelando um peito duro e bronzeado e uma visão tentadora de uma tatuagem que ela não conseguia distinguir de seu ângulo.
Em resumo, o homem de cabelos ruivos era perigosamente atraente. E a menos que ela estivesse interessada em algum romance sombrio de a bela e a fera, este era o momento de acerto de contas, porque a fera parecia estar prestes a quebrá-la ao meio.
Ele a encarava de cima, com ódio ardendo em seus olhos e os lábios retorcidos em um rosnado. Violeta gemeu para si mesma, o que ela tinha feito de errado, Sr. Fera?
Seus olhos se fixaram no colar em sua mão, e sem aviso, ele avançou para arrancá-lo. Violeta agiu instintivamente, esquivando-se e empurrando-o para longe de seu alcance. "Ei, isso não é —"
Violeta não conseguiu terminar porque ele a agarrou pela garganta, levantando-a sem esforço do chão. Que porra é essa? Seus olhos quase saltaram de suas órbitas. Que tipo de loucura estava acontecendo aqui? E por que ninguém entre a maré de estudantes estava intercedendo para ajudá-la?
Amanheceu para Violeta que ninguém viria em seu socorro. Se muito, eles desviavam o olhar como se ela não estivesse sendo estrangulada no saguão por algum brutamontes. Um calafrio de pavor percorreu Violeta ao perceber que esse cara poderia assassiná-la ali mesmo e ninguém diria uma palavra. Que tipo de loucura era essa?
"Não sei o que você e Roman estão tramando," ele sibilou, sua voz carregada de ameaça, "mas toque nas minhas coisas de novo, e eu te mato. Pra valer."
Suas coisas?
Ah não.
Violeta instantaneamente entendeu que ele era o dono do colar. Nesse caso, será que isso significa que o cara de cabelos verdes roubou dele? Finalmente fez sentido por que ele estava correndo. E graças ao idiota, ela estava prestes a ser assassinada. Era essa a punição por roubo nessa instituição? Alguém a ajude! Ninguém a havia informado sobre isso.
A visão de Violeta ficou turva, as bordas de sua visão escurecendo enquanto ela lutava por ar. A raiva dele era opressora, irradiando dele em ondas quentes e furiosas. Ela podia sentir suas mãos tremendo, não de medo, mas pelo esforço que ele fazia para conter sua força e não esmagar seu pescoço.
E então, tão rapidamente quanto começou, o brutamontes a lançou para longe como se ela não fosse nada.
Violeta caiu no chão com força, a dor irradiando por sua coluna à medida que ela se encolhia. Ela observou enquanto ele se abaixava e pegava o colar que tinha caído no chão e a deixava sozinha, felizmente.
Sem fôlego e tremendo, Violeta ficou ali, a humilhação e o terror de quase morrer grudados em sua pele. Antes que ela pudesse se recompor, uma sombra se projetou sobre ela.
Deus, quem era desta vez?
Ela olhou para cima e esqueceu como respirar. Essa academia só aceita caras bonitos e atraentes, ou o quê?
Um cara alto e imponente estava diante dela. Ele usava óculos escuros, dentro de um ambiente fechado, e algo em sua presença fazia seus instintos gritarem. Quem usa óculos escuros dentro de casa? Chamem isso de instinto, mas algo lhe dizia que os óculos não eram apenas por moda, mas por necessidade. Era algo mais, algo mais sombrio.
E, ainda assim, ela se pegou o analisando. Seu cabelo preto era desbotado nas laterais, enquanto as mechas mais longas caíam desordenadamente sobre seu rosto, gritando que ele estava precisando de um corte de cabelo em breve. De ombros largos e musculoso, ele não tinha o volume do ruivo ou a elegância esguia do ladrão de cabelos verdes. No entanto, seu uniforme aderia perfeitamente ao seu físico atlético, destacando sua fisionomia de atleta. O coração de Violeta batia forte, e uma sensação inexplicável se espalhou por ela, um calor se acumulando baixo em seu ventre.
O que diabos estava errado com ela hoje? Devia ser o excesso de rostos bonitos; se ela soubesse que a Academia Lunaris tinha tantos homens impressionantes, talvez ela tivesse se preparado mentalmente melhor.
Por um instante, seus olhares se cruzaram, pelo menos, ela pensou que sim. Por baixo daqueles óculos, ela sentiu o peso de seu olhar avaliando-a. Parte dela esperava, tola, que ele a ajudasse a se levantar. Mas não foi o caso. Em vez disso, seus lábios se curvaram em um sorriso frio e zombeteiro, do tipo que fazia Violeta se sentir como uma presa — um brinquedo a ser manipulado.
Seus olhos percorreram seu corpo e o fôlego dela falhou, não por atração, mas por um medo repentino. Ela já tinha lidado com caras assim antes em sua antiga escola, e Violeta sabia melhor do que confiar em homens com aquela intensidade sombria e pensativa. O que quer que a atraísse para ele, não era nada bom.
De repente, seus lábios se curvaram em um sorriso selvagem e inquietante. "Bem-vinda, minha flor roxa. Eu estive à sua espera por tanto tempo."
Que diabos?