BERENICE VOLUME 01 - FLORE
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AS FLORES DA PRIMAVERA DE UMA INOCÊNCIA
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Fomos a um lugar distante, por dias viajamos, mamãe mantinha o silêncio constante, pouco falava e isso trazia desconforto em meu coração. Mas esqueciamos das coisas quando paramos para comer no campo e banhar, se divertiamos eu e minha irmã esquecendo de tudo, jogando água uma na outra, observando a beleza do lugar, por um certo momento as coisas ficaram mais coloridas, as borboletas voando próximas, descobrindo animais e insetos que nunca víamos antes, as flores estranhas, e tinha até uma flor que comia insetos, aquilo nós deixou apavoradas lembro que saimos correndo gritando como se tivessemos vindo um monstro, os viajantes foram lá ver o que era, e eu morrendo de medo, esperando que eles matassem aquilo estranho, mas ao verem ficaram rindo nos ironizando, aquelas pausas eram bons momentos e eu ficava muito feliz esquecendo do clima ruim do momento.
No final aquela planta virou nossa amiga, e passamos um bom tempo perto dela brincando e fingindo que ela era nossa filha, fazendo comidinha e imaginando um mundo legal de se viver.
queiramos levar a planta, mas um dos viajantes disse que certas coisas vivem melhor aonde estão, isso me deixou nervosa, e eu comecei a brigar com o velho.
"Então, deveríamos ter ficado no vilarejo!"
Velho. "Berenice, nós não somos plantas! Podemos viajar elas não!"
Eu fiquei chateada com o senhor e passei um bom tempo emburrada, mas logo me distrai com a criatividade da minha irmã, na carruagem que pegou uma flor e tava tentando dar uma Formiga morta para a flor de cor amarela comer.
Irmã. "Come filhinha! Senão tu vai morrer de fome! Eu sei que tá triste porque saiu da sua casa, mas precisa comer!"
Minha mãe vendo aquilo riu, e aquilo séria um dos poucos sorrisos que eu me lembraria dali em diante vindo dela.
Mãe. "Ela não come insetos igual aquela! as que comem insetos são parecidas!"
Eu teimosa queria ter a razão contra os mais velhos.
"Come sim! E por que ela tá com vergonha agora ou de barriga cheia, tenho certeza que ela vai comer!"
Minha mãe ria. "Claro que não Berenice!"
Eu. "Então porque fica um monte de abelhas voando perto delas e borboletas?"
Mãe. "Eu não sei, mas essas flores não comem."
Eu. "Ela tá com vergonha, tenho certeza que vai comer quando formos dormir!"
Ficamos durante a viagem toda tentando descobrir eu e minha irmã quais plantas comiam insetos também, ficavamos olhando as flores.
irmã. "Olha lá, a abelha sumiu dentro dela deve ter comido! Viu elas comem também!"
Eu curiosa. "aonde? deixa eu ver!"
Ela apontou o dedo para a flor-do-campo, porém saiu a abelha de dentro da flor voando em seguida.
Irmã. "Anão dona flor, você não mastigou direito a abelha!"
Eu. "Ela devem ter vomitado!"
Irmã. "Eca que nojo!"
Naquele dia dormimos com a flor do nosso lado como se fosse um urso de pelúcia, e deixamos várias formigas mortas perto da flor, acreditavamos que ela tinha vergonha de comer com nós olhando para ela, apelidamos a flor de menina vergonhosa, aquela flor era da espécie margarida.
Enquanto dormiamos, outros insetos levaram as formigas para comer, e ao acordarmos achavamos que a flor havia comido, ficavamos felizes com aquilo, minha mãe sabendo de tudo apenas ria de nós.
Mamãe permanecia distante, era sempre uma mulher séria mas seu tim de voz era mais baixo e grave, ela não transmitia a mesma coisa de antes do papai sumir. Sua voz era reconfortante e as vezes com risadas, eu amava a mamãe, mas ela não parecia feliz.
Na viagem durante a carruagem eu e a minha irmã ficávamos rabiscando a carruagem fazendo desenhos, faziamos a nossa casa, a vila, as flores e a nossa família, de maneira inconsciente queiramos lembrar da nossa casa e mostrar que aquilo era o mais importante.