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Chapter 8 - Declínio

BERENICE VOLUME 01 - Declínio

E os homens que visitavam apenas a noite, vinham também durante o dia.

Minha mãe ficou magra e irreconhecível, parecia falar coisas com coisas, não ajudava e tinhamos que insistir para ela banhar e se cuidar.

Minha irmã começou a tomar a frente das coisas, foi quando um dia, estavamos curiosas para saber o que ela tanto fazia com os homens, decidimos então subir o andar de cima e tentar curiar.

Eu não consegui ver, o barulho já me causava repulsa e horror, parecia fazer algo horrível com minha mãe eu saí correndo chorando, e logo veio minha irmã com o rosto vermelho assustada também querendo chorar.

Após nós acalmamos decidimos conversar.

Eu. "Você viu alguma coisa?"

Irmã. "Lembra daquela vez que vimos o boi em cima da vaca mimosa e saímos correndo achando que eles estavam brigando e pedimos para nosso pai brigar com ele!"

Eu. "Sim, até hoje não gosto do boi Bill por bater na mimosa!"

Irmã. "Sim, eu também! Mas eu queria saber porque eles e meu pai acharam graça da briga que pedimos para separar!"

Eu. "Eu não sei, o que eles disse?"

Irmã. "O papai falou que eles não estavam brigando, era uma dança que faziam para ter novos bebês!"

Após ela falar aquilo fiquei horrorizada e nervosa chorando, minha irmã ficou do mesmo jeito.

Quando minha mãe terminou o trabalho que ela dizia fazer, fomos chorando para brigar com ela.

Eu. "Eu não quero um novo irmão! Eu não quero novos irmãos! Eu quero o papai, se for vir um irmãzinho tem que ser do papai!"

Minhas mãe estava seria com uma garrava de run na mão, e me olhava sem reação.

Mãe.( Estremamente brava) "Garota até hoje você não entendeu, seu pai nunca mais vai voltar! (silêncio chocante) Este é o único jeito que tenho de sustentar a familia agora! Quando juntar um dinheiro iremos para a capital!"

Isso me deixou sem ar e em desespero, eu gritava muito, fazendo muito escândalo, minha irmã engolia o choro quieta, ela parecia entender as coisas e aceitar melhor que eu.

Irmã. "Como? Como vamos ir para a capital se nem pão direito está tendo em casa, e você trabalha de dia e de noite, mas ficou pior que no início!"

Minha mãe ficou quieta, e saiu deixando nós chorando, ela fumava muito e bebia muito, já não era mais a mesma de antes.

Até que um certo dia chegou ima mulher na casa nossa batendo na porta, ela era elegante, e bela. Bem maquiada com um batom vermelho, ela andava de maneira que ficamos tentando imitar depois, devido ela balançar muito a cintura e cruzar as pernas ao andar.

"Seus serviços são bem requisitados, porém apartir de amanhã é proibido vender essas dorgas em casa, e fazer o teu serviço de cama! A um casarão no centro, lá e o lugar ideal para isto agora, serão bem pagas e devem pagar as taxas, se desobedecer vai por em risco sua família e você! Te aguardo amanhã."

A mulher saiu do local e minha mãe sentou abriu seu uísque especial e começou a beber até passar mal e vomitar pela casa. Ela quando bebia, falava do papai e do vovó, começa a chorar, quando ficava mais bêbado chingava até as paredes, até cair no chão é ficar resmungando, ver aquilo doía muito, um sentimento de impotência tomava conta de mim.

No outro dia ela juntou tudo, e foi no local.

Depois disso quase não vimos mais ela em casa, sempre cansada, ou bêbada e drogada, ao invés de trazer homens com ela igual antes vinha mulheres duas as vezes três, achavamos estranhos mas no fim descobrimos que era a mesma coisa que os homens faziam antes.

Elas trabalhavam com a minha mãe e minha mãe alugava o quarto para elas ficarem.

Cada vez foi se tornando pior, até chegar num ponto onde minha mãe não reconhecia nós como suas filhas por estar sempre embriagada e drogada, mesmo vestida bem devido a exigência do local, ela estava horrível de corpo e aparência, pois não comia direito e nem bebia direito.

Fomos até a dona do trabalho de mamãe, e pedimos para trabalharmos lá também.

Ela riu da situação. "Voces são crianças, eu não posso deixar isso acontecer, não sou louca, tenho limites pra fazer crueldade!"

Irmã. "A gente sabe o que a mamãe faz e queremos ajudar ela diminuindo o trabalho dela para ela ficar mais tempo conosco!"

A mulher ergueu uma de suas sombrancelhas e olhou para nós.

"O que sua mãe faz?"

Eu. "Ué, ela faz a dança da primavera para trazer bebês ao mundo!"

A mulher soltou um suspiro de alívio é começou a rir de nervosismo.

"Vão embora! Não darei trabalho a vocês, aqui é um lugar para adultos, não é para criancas, vocês já ajudam muito sua mãe só de manterem sua casa arrumada!"

Eu lembro que eu e minha irmã abaixamos a cabeça frustadas, viramos indo embora querendo chorar com uma dor no peito, que parecia um vazio.

A mulher retornou a falar como se tivesse arrependido.

"Esperem! Pensando bem vou dar trabalho a vocês, o mesmo que fazem em suas casas, vão dobrar os cobertores, limpar o chão tirar poeira dos móveis, vai ter uma empregada chefe auxiliando vocês! Vão receber comida é meia moeda por dia pelo trabalho, começam quando o sol nascer e terminam o dia quando o sol se por!"

Ficamos felizes com a notícia e quase não conseguimos dormir, sentiamos especiais, importantes e com muitos sonhos.

Quando falamos com mamãe ela nem estava exalando a mesma felicidade, estavamos perdendo nossa mãe e sentiamos que precisávamos buscar aquela pessoa de volta para nosso mundo.

Mãe. "Otimo! Pelo menos agora não vou gastar com tanto pão, sobrando assim para a minha bebida!"

Ela soprou a fumaça do cigarro e saiu cambaleando com uma garrafa na mão indo dormir.

Apesar da sua ação deplorável, eu e minha irmã amava minha mãe, é queriamos fazer o melhor por ela, assim como ela fez por nós.