BERENICE VOLUME 01 - a filhinha do paipaizinho
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...A FILHINHA DO PAIZINHO...
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Então eu acordei numa carruagem preta, estava bem trajada com roupas de luxo. Me vestiram enquanto eu estava desacordada. Era confortável o banco de couro, e havia um homem velho conduzindo a carruagem.
Quando ele me olhou, eu me assustei e fiquei em choque. Era o homem velho que me queria. Aquele maldito que estava usando minha mãe drogada para me comprar. Sua estética magra, seu rosto enrugado, ele talvez tivesse quase 60 anos, algo acima do normal, somente ricos viviam tanto, pelo que um dia me contaram, a espectativa de vida era de 37 a 42 anos, ele gostava de azul claro, é seus olhos era castanhos, seu cabelo liso e branco, era sempre bem cortado e arrumado, não parecia ser um bêbado, apesar de sempre estar com uma garrafa de vinho por perto.
O pior de tudo é que a dona do bordel, no qual tanto confiei, me vendeu. Ela me traiu. Aquilo foi como uma facada no peito. Uma angústia tomou conta de mim, meus olhos se encheram de lágrimas. Era sufocante, eu não sabia como reagir. A tristeza tomou conta do meu ser, um sentimento de vazio e angústia foi o que me dominava naquele momento. Eu queria explicações. Porém, não havia nada que pudesse me salvar.
Então, ao perceber que eu havia despertado e ficado lúcida após ter sido dopada, ele falou comigo, e sua voz me arrepiou, deixando-me desconfortável e com medo.
"Olá, minha filha! Estamos chegando perto de casa, ainda bem que acordou. Temos muito o que conversar, foi uma longa jornada! Mas saiba que você será bem cuidada!"
Um sorriso malicioso saiu de seu rosto. Ele me causava medo. Eu sentia que estava longe de casa. Esse foi o dia que fui vendida, fui abandonada por quem eu confiava. Acho que essa foi a minha primeira lição de vida.
"Por favor, eu não quero ir!" Tentei ser firme, falei com uma voz trêmula. Logo as lágrimas caíram enquanto eu segurava o desespero.
"Você será minha filhinha! Seja uma boa garota!"
"Eu já disse que não quero!"
Ele falava com uma voz mansa e tranquila, era frio e esquisito. Ele me dava arrepios. Em meus pensamentos existiam inúmeros conflitos.
"Precisamos conversar antes de chegarmos à minha cidade, sua nova morada!" Disse ele calmamente, sem tirar os olhos da estrada.
"Filha, por que eu seria sua filha?" Questionei ele.
Ele sorriu e me olhou com um olhar profundo e perturbador. Eu via a malícia em seus olhos, ele desejava algo a mais do que dizia em suas palavras.
"Eu te comprei por essa razão!"
"Qual razão?"
"Eu serei seu papai, e você será minha filha. A partir de agora, quero que me chame de papai!"
"Não! Eu me recuso, eu já tenho um paí!"
"Garota, vai me desobedecer?" Ele perguntou friamente.
"Eu não quero isto, eu quero voltar para casa, quero minha mãe, minha família!" Aumentei meu tom de voz tentando mostrar firmeza em meio ao meu desespero.
Então ele parou a carruagem, e naquele momento seu rosto simpático de um maníaco se revelou em um ser raivoso e autoritário, mostrando sua verdadeira face do diabo.
Seu tom de voz firme e forte ecoou alto, quase gritando comigo. Falou gravemente, impondo medo sobre mim, me deixando assustada e tremendo sem reação diante dele eu fiquei.
"Garota! Escuta aqui, sua maldita! Eu te comprei para que faça o que eu mandar! Entendeu? O que eu falar você vai obedecer. Eu sou uma pessoa boa, te darei comida boa, roupas e uma enorme casa! Porém, você deve me mostrar gratidão!"
Ele ficou me olhando, e vendo que não respondi, continuou.
"Me chamará de papai, e será obediente! Senão terá uma vida pior do que de onde veio! Estamos entendidos?"
Eu acenei a cabeça afirmativamente, com bastante medo.
Ele se acalmou e sorriu, voltou a falar mais tranquilo comigo com uma voz suave, quase me mimando.
"E claro que farei muito bem o que desejar, sou o seu papai agora. Te darei tudo o que pedir. Porém, tem uma coisa que você terá que fazer por mim todos os dias."
Eu engoli seco, fiquei apavorada, já imaginando o que ele queria de mim.
Eu vim do trabalho de limpeza do bordel, minha mãe era a cortesã dele no qual o miserável drogou mais ainda, é a cortesã me vendeu, fui jogada como uma ferramenta.
"Se as pessoas souberem que você prefere crianças eles vão te matar!" Eu tentei ameaçar ele com o que sabia.
"Ninguém precisa saber, aliás você é minha filha, é um pai sempre ama sua criança de forma incondicional!" Ele disse friamente como se não tivesse medo.
"Eu presenciei uma vez, todos os cidadões da cidade, apedrejando um homem, devido ele querer o mesmo que você!"
"Mas você é inteligente não é?"
"Sim, acredito que sim!"
"Então saberá que se não disser que você é milha filha, antes de morrer sua mãe e família morreram primeiro, e depois eu vou deixar um caçador atrás de você!"
Ele sorriu ao dizer isso, eu me enganei ao tentar ameaçar o velho, achando que isso me salvaria.
"Então, o que será?" Ele me perguntou sorrindo friamente, aquilo me trazia calafrios.
"Não entendi?"
"Você vai arriscar tentando falar coisas indevidas?"
Naquele momento eu comecei a compreender, estava sem saída, eu não tinha opções, abaixei minha cabeça e fiquei quieta, não consegui falar mais nada depois dali.