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Chapter 3 - Memórias

BERENICE VOLUME 01 - memórias

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...MEMÓRIAS...

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Eramos felizes, não me lembro tão bem daquela época, foram poucas coisas que ficaram em minha memória, o cheiro das flores do campo, o som de crianças sorrindo, a imagem de meus pais tecendo aqueles panos coloridos, a fogueira que queimava no meio do vilarejo, reuniamos a noite e contávamos histórias, sorriamos como se tudo fosse tão belo, o mundo era belo, eu amava aquele lugar, mas essas coisas é perderam em minhas lembranças, ou simplesmente não são tão perfeitas, como se houvessem uma fumaça tentando apagar toda minha memória da minha infância que eu tinha de tal especial.

Eu era uma garota, como todas as outras, brincavamos de esconde esconde, e pega paga, os garotos usavam a roda da carroça e ficavam girando ela e correndo atrás no meio do vilarejo como se aquilo fosse de outro mundo, enquanto eu e as meninas brincavamos de faz de conta, eles pareciam distantes com suas brincadeiras de lutinha ou de sair chutando qualquer coisa no chão! Ficavam chutando uma bola feita de feno, eram garotos estranhos.

Quando brincavamos de esconde esconde, eu tinha um lugar favorito, perto de nossas casas habia um morro e por um grande tamanho, tinhamos uma flor especial, algo que nunca mais vi, suas petalas eram roxas, e ela se fechava no inverno e abri florescendo na primavera.

Ficamos todos os dias cedo esperando elas se abrirem, eu e minha irmã pela janela, e triste, pois não me lembro mais de seu rosto, mas sei que eramos felizes, sua risada ainda consigo lembrar, o evento era como um ano novo, era a época mais feliz do vilarejo.

Como idiotas acordavamos cedo antes do sol nascer, meu pai ia tirar leite, e já viamos alguns homens trabalhando, o mais legal de todos era o ferreiro da vila, faziamos pegadinha com ele para o deixar furioso, mas tudo era brincadeira, ele parecia outra criança perto de nós e por isso sentiamos muita empatia por ele, sua mulher sempre oferia doces para nós, e ele ensinava os meninos sua arte de manipular o metal e moldar as coisas, nós o ajudavamos as vezes pelos doces, e na época nem sabiamos que trabalhavamos para ele, pois era divertido e simples, e gostavamos disso.

Quando as flores se abriam era início da primavera, nos saímos gritando pela rua, acordando todo mundo, era uma festa enorme, era sinal que os dias frios e ventos gelados, iam acabar, para nós era sinal que teriamos mais tempo para brincar e um sol constante que não impedisse de ficarmos fora de casa.

Para nossos pais era sinal de plantação, comemorarmos como se fosse o início do ano acendiamos uma fogueira enorme no no centro do vilarejo, cantavamos, dançávamos, e naquela época todos ofereciam o melhor banquete, falavam sobre os deuses e cultuavam o deus fogo, agradeciam a deusa água pelo inverno, e a primavera era a época da deusa do vento, eu adorava como falavam dos deuses fundadores, os quatro elementos.

Comiamos muito, cantavamos e era o dia mais feliz e esperado por todos, ficavamos alegres e motivados por ter algo tão pequeno e demorado ocorrer.

Eu queria que nunca acabasse aquele dia, eu nem queria dormir, pois acreditava que se eu dormisse o dia acabaria e eu teria que esperar novamente quatro estações para aquele dia tão bom. Mas eu era uma criança, de 07 anos na época, o mundo era belo e colorido, o céu tinha cores maravilhosas, as flores era minha maior admiração, eram únicas daquele lugar de planícies.

Eu era inocente e feliz, e me imaginava crescendo e vivendo naquele mundo de fantasia fora da realidade que ocorria.

Pois não imaginava como era ser adulto e nem o peso de suas dores e responsabilidades, as coisas eram difíceis naquela época, mas eles cuidavam de nós e mantinha tudo como se nenhum problema acontecesse fora daquele vilarejo e mundo maravilhoso diante de meus olhos.

Até que então o céu começou a ficar em cinzas, e naquele dia eu descobri que havia uma guerra de reinos ocorrendo, e o nosso vilarejo estava no meio do conflito.