BERENICE VOLUME 01 - Prólogo
Era tempos difíceis, guerra, fome, doenças, um mundo cheio de malfeitores e abusadores, onde o rei perdeu o poder, e os criminosos eram a lei.
Eu havia sido vendida, porém por um milagre consegui escapar.
Foi o que fiz, me reerguer, e garantir que ninguém me conduzisse ao caminho que nunca quis. Até aquele momento eu aceitava tudo, não mais! Se eu continuasse assim morreria naquele fim de mundo.
Eu não tinha uma resposta certa, porém, eu sabia que não dava mais para continuar com a mesma vida que eu levava.
Pois, foi naquele dia, eu estava passando fome, fiquei dias caminhando, testemunhando a dor e desespero, não sabendo se eu viveria ou morreria.
Dias andando sem dormir direito, o medo era minha única companhia, eles separaram minha família de mim, e agora eu procurava ela de volta, como eu era tola, eu fui vendida pela minha mãe, e mesmo assim, ainda procurava por ela e minha querida irmã, acho que lembrar delas é a única coisa que me fazia chorar.
Eu não havia noção de tempo, mas havia passado semanas, mas tenho que agradecer aquele velho maldito, aquele senhor que me negou o pão, ele me fez acordar para a realidade daqueles tempos cruéis.
Faminta, bebendo a água da chuva em poças de Lama, tinha que brigar com os cães pela água e resto de comida. Eu estava arrependida por fugir daquele lugar onde fui vendida, mas ao ver um vilarejo veio-me a esperança.
Foi quando essa esperança morreu.
"Saia daqui imunda, eu não tenho pão para você!"
Aquele velho bateu a porta em meu rosto, ele me ignorou, um velho magoe e calvo, eu sei que estavamos em guerra, e que tudo era difícil, mas aquilo me entristeceu profundamente.
Eu curiosa olhei pela janela, ele balança algum tipo de criança, acho que era um bebê. é percebi que na sua mesa habia frutas e pães.
Aquilo me deixou enfurecida, eu decidi naquele dia mudar, decidi ser a protagonista de minha própria história.
Naquela mesma noite eu invadi a casa do homem, e roubei todo o pão e comida que eu podia levar, perto da fogueira, o carrinho do bebê dele estava, um filho todo embrulhado e aquecido, ao ver o filho dele eu fiquei furiosa, eu o matei, com uma faca, foi um golpe rápido porém o golpeei várias vezes. Então arranquei a cabeça do filho do velho e coloquei no prato da mesa onde os pães ficavam.
Eu dei o corpo para meu zuzu comer e os cães da rua, e o que sobrou dos ossos deixei na mesa, mas aquilo não era suficiente, eu ainda estava furiosa, eu queria mais, queria vingar até me sentir satisfeita.
Eu precisava me sentir feliz.
Então joguei óleo por toda a casa, e fiz um caminho até fora perto do bosque onde fiquei observando com uma tocha.
O velho acordou cedo e ao perceber o seu filho morto, entrou em desespero e gritava como um louco chorando, eu cuidadosamente deixei um bilhete para o velho.
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"Obrigado por negar o pão!"
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O velho saiu com uma balestra não mão xingando, e naquele momento eu taquei fogo na trilha de óleo que fiz, queimei o velho vivo e a casa.
Eu nunca pensei que me sentiria tão bem.
Foi nesse momento que me senti, viva, intocável, com a justiça fluindo ao meu favor. Os gritos daquele velho trouxe-me felicidade, e a cena da sua casa queimando e ele agonizando-se no meio do fogo, até cair morto, trouxe um sentido poético ao meu coração.
Neste dia, foi quando eu realmente comecei a minha jornada.
E a minha história começa aqui...