Chereads / A Saga de Lunizs - Livro 2: O Escurecer / Chapter 24 - Um Novo Plano

Chapter 24 - Um Novo Plano

— Quem seria essa, traste?! Me diga!

— Sarah! Ela, sim, foi a mais esperta em toda a história. Ela não juntou riquezas, mas treinou os mais hábeis e habilidosos lutadores feiticeiros da época dela; ninguém mais conseguiu fazer o que ela alcançou. Lembro que até os dois magos irmãos Hayaki e Reylta tentaram fazer o mesmo com os magos, mas não conseguiram.

— Verdade, mãe! — Estêvão diz de cabeça baixa.

— Besteira! Sarah era uma delinquente sem noção que só pensava em lutas… ela era a que mais odiava o governo do Cold. Não sei por que o Cold não a matou e colocou outro no lugar. Ele realmente devia gostar dela. Mas era apenas uma metida e não passava de uma mulher bonita, que conseguia conquistar a lealdade dos seus subordinados com aquele rostinho fofinho que ela tinha… — Sanja conta, morrendo de ciúmes e inveja por dentro e por fora.

— Desculpe, Sanja. Mas nessa concordarei com o Arkadius. Admito que quem tem riquezas tem o poder, mas nada se compara à lealdade! Nenhuma riqueza no mundo compra a lealdade de corações convictos. Sarah provavelmente sabia disso e foi muito esperta em trabalhar com isso; ela sabia realmente o que fazia. Não é à toa que os feiticeiros se tornaram mais poderosos do que os bruxos na época dela. Mesmo feiticeiros sem o ápice do controle eram mais fortes que bruxos com o ápice do controle, só para se ter uma ideia do trabalho que ela teve… — Kelvisk diz, deixando o lugar.

— Para onde você vai? — Estêvão pergunta.

— Precisamos de uma ou duas carroças para levar o ouro. Poderia me ajudar nisso?

— Kelvisk?! Falta apenas um fio de cabelo meu para que você perca a minha doçura com você! — Sanja fala, bufando de raiva. — Deixe o Estêvão e o Arkadius cuidarem disso. Preciso conversar com você, venha aqui!

— O que deseja? — Fala, se aproximando da mesma.

— Meu filho me contou e me alertou sobre você em relação ao Edward! Por qual motivo matou ele? E não tente me enganar, sei muito bem se estiver mentindo.

— Revivi-o para me ajudar em minha missão, mas quando ele colocou o anel no dedo, eu vi em seus olhos a ganância por poder. Ele jamais iria obedecer às minhas ordens, por isso o matei. Talvez ele obedecesse por um tempo, mas poderia me trair a qualquer momento, e eu não gosto de fiapos soltos ao meu lado!

— Se tivesse me revivido primeiro, não teria sido preciso fazer isso, pois eu saberia mantê-lo no lugar dele. Mas tudo bem, ele seria um fardo mesmo. Mas quero saber uma coisa: você planeja reviver o Cold?!

— Não!

— Admito que o governo dele é bem cruel, mas vamos ser sinceros, ninguém é melhor do que ele para governar as terras de Lunizs. Apoio-o, e você deveria também; não o conhece como eu o conheci. Vocês dois seriam ótimos amigos, têm a mesma personalidade!

— Por que você confia tanto nele? E por que o seguiria para sempre se fosse preciso? Parece que o teme profundamente; vejo isso em seus olhos.

— É uma coisa que ele disse a todos os discípulos e que a gente diz a todos os nossos criados. Existe uma ligação entre os discípulos e o Cold. Essa ligação impede todos os discípulos de matarem o Cold se desejarem fazer isso… e, caso tentem, o corpo não obedece à vontade. Essa ligação também existe com todos os que os discípulos criaram… em outras palavras, meus alunos não podem me matar!

— Isso existe mesmo? Como sabe que não é uma mentira?

— Porque ele próprio nos ordenou para o atacarem, mas não conseguimos mover um passo dos nossos pés ou as mãos. Nem fazer nenhuma magia.

— Nossa… — Kelvisk fica pensando por um momento. — E se existisse uma forma de quebrar essa ligação?

— Não existe essa possibilidade. Coldbreath deixou bem claro que a única forma de quebrar essa ligação é destruindo as seis relíquias, depois quebrar a lâmina dele e, por último, matá-lo com alguma arma mais poderosa que a espada dele… em outras palavras, algo impossível de acontecer.

— Mas se existisse outra forma diferente de quebrar a ligação, você estaria disposta a fazê-la?!

— Não existe essa possibilidade, Kelvisk, ou você tem algo em mente que pensou?

— Acho que pensei em algo, sim, mas você é bem difícil de convencer, então vou precisar mais do que meras palavras. Depois te digo o que é… verei se os dois conseguiram as carroças. Com licença.

Ao passarem alguns minutos caminhando e procurando por Arkadius, Kelvisk o encontra e conversa com ele a sós.

— O que foi? — Arkadius pergunta, percebendo o semblante diferente de Kelvisk.

— Tenho um plano novo em mente, mas vou precisar da sua ajuda. É preciso confiar em mim de olhos fechados, pois o que vou lhe contar é algo muito grande!

— Pode deixar, fale! — Kelvisk então começa a revelar o novo plano para Arkadius. O que iria acontecer, apenas os dois sabiam. Será que daria certo no final de tudo? Apenas o dia revelaria.

A madrugada passou rápido como uma brisa suave de verão. Quando o meio-dia havia chegado, os quatro terminaram de preencher as cinco carroças cheias de moedas de ouro, cristais e joias.

Assim que concluíram o trabalho duradouro, Arkadius abriu um grande portal para poder passar com os veículos através dele, e assim logo chegaram na estrada do reino élfico, na antiga Floresta Escura.

Após atravessarem tudo, eles decidiram acampar rapidamente e comer um pouco antes de prosseguir para a outra parte do plano. Sanja estava se sentindo toda suja e grudenta com o suor que escorria por todo o seu corpo, então decidiu tomar um banho em alguma cachoeira ali próxima. Arkadius queria ter ido junto apenas para vislumbrar a bela vista que teria, mas, caso se atrevesse a fazer isso, acabaria virando espetinho assado na brasa.

Kelvisk estava com uma aparência tranquila, como se tudo estivesse saindo como planejado. Ele era o mais esperto dos quatro, pois sabia estudar bem seus inimigos, coisa que Arkadius e Sanja também faziam, mas eram bem discretos, igual ao Kelvisk. Estêvão era mais na dele, mas também não deixava passar nada, sempre de olho em cada movimento.

Estêvão temia que Kelvisk acabasse traindo-o e a mãe, ou pior, matando os dois por qualquer motivo. Apesar do próprio tê-lo libertado e lhe dado uma nova oportunidade de continuar vivendo livre de uma prisão com quatro paredes. Sem ver a luz do sol ou poder respirar um ar puro, ou admirar a beleza das florestas, flores e rosas, além dos aromas doces e refrescantes dos lindos jardins e bosques.

Depois que Sanja retornou do seu banho diurno, todos estavam se sentindo melhor para continuar, mas Sanja reclamou com todos por ficarem ali parados e não terem ido tomar banho. Pois, se pretendiam se encontrar com a realeza élfica, deveriam ao menos estar apresentáveis adequadamente para a ocasião.

Quando Kelvisk se levantou para acompanhar os outros dois até a cachoeira, um grupo de guardas élficos apareceu no caminho que os quatro estavam, abordaram-nos e revistaram as carroças cheias de ouro e riquezas abundantes. O líder perguntou se eles haviam roubado toda aquela riqueza e de onde estavam vindo com tudo aquilo.

Kelvisk apenas retirou a espada da bainha e se preparou para atacar todos. O líder percebeu e mandou que ela largasse a espada. Estêvão, ao ouvir o comando, logo ficou em chamas e todos se assustaram, recuando para longe deles.

O líder novamente acusou-os de terem roubado toda aquela riqueza do castelo e que não iriam continuar seguindo viagem. Sanja então interferiu, sorrindo e dando gargalhadas altas para os soldados. Ao se aproximar de um deles lentamente, começou a tocar na vestimenta e armadura do guarda, que ficou intimidado com a ousadia dela. Ela disse que, se eles quisessem descobrir realmente a verdade, teriam que escoltá-los até o Rei Tauron e mandar analisar toda aquela riqueza…

Caso contrário, todos os quatro iriam atacar todos eles e os matariam ali mesmo, dizendo que ela era a primeira bruxa criada no mundo de Lunizs e que Kelvisk era o escolhido da profecia, apontando para a lâmina de Coldbreath. Dizendo que Estêvão era a fênix lendária das antigas histórias e que Arkadius era o conselheiro de magia do Imperador Hannibal.

Apenas falando isso, ela conseguiu convencer o líder a levá-los até o castelo, mas ele disse que o Rei Tauron não estava presente, pois havia sido convocado pelo Imperador Hannibal.

O que deixou os três e, principalmente, Kelvisk surpresos com a notícia. Dessa maneira, os planos teriam que ser mudados ou improvisados na hora.

Kelvisk então começou a pensar em uma estratégia; provavelmente teriam que arrumar alguma desculpa para se manter presentes no reino até o retorno de Tauron, mas isso poderia levar dias, ou ele poderia até não voltar tão cedo.

Ao chegar na entrada dos portões principais do castelo real, havia vários guardas segurando cajados nas mãos. E algo mais estranho chamou a atenção de todos: todos eles eram humanos.

Arkadius perguntou o que havia acontecido com todos, e o líder disse que Tauron revelou que Hannibal o transformou em um lobisomem-feiticeiro e que agora a raça dos elfos deveria ser destruída para sempre.

Apenas aquele grupo de reconhecimento ainda estava como elfos, mas em breve seriam transformados também, pois, como Tauron havia saído, ele não pôde concluir o trabalho. Era nítida a tristeza de muitos deles através de seus semblantes e olhares caídos. Muitos deles estavam acostumados a serem elfos, e a maioria nascera já sendo um. Então, a mudança era algo que os incomodava bastante por dentro; querendo ou não, os elfos também tinham sentimentos, e, como humanos, esses sentimentos eram intensificados.

Agora, com todo esse novo processo, a única raça dos elfos que continuaria existindo seriam os elfos brancos, que moravam depois da Floresta Sombria. Ninguém queria admitir, mas a classe dos lobisomens estava claramente dominando as terras de Lunizs.