— Kelvisk? Eu estava aqui pensando em algo que me deixou intrigado e confuso… você disse que reviveu o Edward, não foi? Como você fez isso, com seu próprio poder? Porque você não estava com a espada depois que saiu da prisão vulcânica? — Vilkus questionou, curioso.
— Ah… bem, a lâmina de Coldbreath é igual ao cajado de Sarah; ele pode ser teleportado para qualquer lugar que o usuário chamar com a mente, independente de onde deixou o objeto. — Kelvisk conta descontraído.
— E não seria possível pegá-la de volta? Tipo, chamá-la agora e tirá-la das mãos do Arkadius?
— Não, assim como o cajado, depois que você entrega por livre e espontânea vontade a outra pessoa, você não tem mais controle sobre o objeto. Não posso pegá-la de volta.
— Complicado, amigo… mas vamos resolver juntos esse problema!
— Vocês dois, a Sanja quer falar com você, Kelvisk. — Halayna diz, um pouco irritada.
— Que foi, Halayna? Está irritada por quê? — Vilkus pergunta, brincando.
— Não enche, Vilkus! Essa Sanja é muito irritante, não gostei dela.
— Sim, você gosta de mim agora que sou humano? — Vilkus questionou alegremente.
— Eu sempre gostei de você, Vilkus, do jeito que você é. Por qual motivo isso mudaria agora? — Ela questiona, olhando para os olhos dele.
— Ah, tá. Tudo bem, então, vejamos o Kelvisk agora.
Quando Kelvisk se aproximou de Sanja, ela estava séria e ainda irritada, mas queria conversar de maneira civilizada.
— Como você está? Se passaram três horas desde que você perdeu o controle… — Kelvisk diz, chateado.
— Por qual motivo você me manipulou? Quero a verdade!
— Tudo bem, eu contei ao Arkadius que, se eu matasse algum discípulo usando a relíquia, ele morreria para sempre, mas era mentira. Falei isso para convencê-lo a me ajudar e acreditar em mim, e meus planos saíram como planejado até aqui.
— Mas ele traiu você, não foi? — Sanja diz, com raiva.
— Eu sabia que ele iria me trair. Vilkus estava no lugar do Hannibal, usando um anel de aparência que não só mudava a aparência dele, como também a voz. Eu pedi ao Vilkus para continuar se deitando para dormir, que em algum momento o Arkadius iria pegar o anel de vampiro. Se não estivesse em meus planos, Vilkus teria ficado acordado diariamente.
— Como assim? O que você ganhou entregando todas as relíquias para o Arkadius? Agora ele será invencível!
— Porque eu tinha uma carta na manga preparada pelos espíritos elementais, Halayna. Mostra a ela… — Halayna se aproxima, retirando a lâmina dos espíritos da bainha que estava em suas costas. — Essa é a lâmina dos espíritos; os seis espíritos elementais estão aprisionados nela. Eu transferi-os da lâmina de Coldbreath depois que criei as novas relíquias.
— Saudações, jovens guerreiros! — Dizem os seis espíritos elementais através da lâmina.
— E o que pretendem fazer com essa lâmina, enfrentar o Arkadius? — Sanja pergunta, debochando.
— O poder da lâmina dos espíritos é bem maior do que a lâmina de Coldbreath. Eles disseram que o poder do espírito das trevas foi enfraquecido quando ele tentou controlar os poderes dos espíritos. Temos uma vantagem contra ele em um duelo! — Kelvisk diz, esperançoso.
— Mas isso só vai funcionar se for um duelo. Arkadius tem as relíquias; ele não está sozinho. Em breve, ele unirá todos os sobrenaturais e ninguém poderá derrotá-lo. Ele terá todos os subordinados aos seus pés, até os líderes das gangues e dos clãs!
— Por isso vamos reviver os outros discípulos e trazer Edward de volta à vida! — Diz um dos espíritos através da lâmina.
— O quê?! Como vai revivê-los sem a espada do Coldbreath? — Sanja questiona, confusa.
— A lâmina dos espíritos tem essa capacidade se eu estiver usando todas as novas relíquias. Podemos revivê-los! — Halayna diz, animada.
— E é o que vamos fazer. A partir de agora, temos os espíritos para nos guiar. Estamos nas mãos deles, podemos ainda conseguir quebrar essa profecia! Juntos! — Fala Kelvisk, feliz.
Foi então que Kelvisk pediu a ajuda e cooperação de Sanja para convencer os outros discípulos a auxiliá-los na missão de quebrar a profecia. Sanja ainda questionou se o que ele disse sobre o quebrantamento da ligação de Coldbreath era mentira, mas o homem de cabelos brancos disse ser verdade, e ela já tinha tido as provas.
Ela ainda queria entender se Kelvisk pretendia deixar Arkadius pegar todas as relíquias no final de tudo. Por qual motivo ele não fez isso antes? Foi aí que Kelvisk disse precisar conquistar a confiança de Sanja e demonstrar a ela que ele realmente desejava ajudá-la.
Em outras palavras, Kelvisk não podia contar para Sanja seus reais motivos; isso faria com que ela não quisesse ajudá-lo. Foi apenas por causa dela que as coisas não aconteceram mais cedo do que o planejado. Tudo até o momento era apenas manipulação atrás de manipulação, e venceria quem fosse o melhor.
Eles estavam na vantagem, pois Arkadius jamais imaginaria a existência da lâmina dos espíritos e que, com ela, ele poderia ser derrotado e vencido. Agora, bastava todos eles trabalharem com cautela, fazer as coisas com calma e dar um passo de cada vez, que no final de tudo a vitória seria deles.
Mas ainda faltava um longo caminho pela frente. Os espíritos disseram que deveriam pedir a ajuda dos discípulos para reunir todas as gangues de magia e os clãs de lobisomens e vampiros para a grande guerra profética.
Essa guerra era iminente, então que fosse feita conforme os termos deles. E precisavam fazer isso rápido, pois Arkadius não perderia mais tempo arriscando perder o controle pela falta de Hannibal no trono. Àquela altura, os principais impérios ao redor já sabiam da notícia da morte de Hannibal, e seria agora apenas uma questão de tempo até todos ficarem sabendo.
Os povos das terras nulas também estavam todos preparados para a guerra, e os líderes constituídos pelo povo foram até o castelo élfico pedir a ajuda do Rei Eldarion e de seu exército. Ele recebeu os líderes e apresentou todos a Kelvisk e seus companheiros, e juntos conversaram para entrar em um acordo de aliança.
Seria a primeira vez que os povos das terras nulas iriam se aliar aos sobrenaturais, algo que jamais aconteceu. Mas os líderes confiavam bastante no Rei Eldarion, e se ele estava pedindo para se aliar, eles iriam fazer isso sem problemas.
Após todos se prepararem, deveriam se reunir nos portos marítimos, onde Kelvisk e os outros iriam reviver Edward e convencê-lo a reunir os vampiros nas antigas terras dos anões. De lá partiriam para as antigas terras dos piratas, para reunir os lobisomens mais poderosos ao comando de Heigor, caso ele decidisse ajudar.
Halayna recebeu a missão de pedir ajuda dos anões e dos gigantes nessa guerra. Provavelmente, eles aceitariam sem problemas, mas seria algo complicado de conversar, principalmente com os anões.
Assim que Kelvisk chegou à prisão, ele foi até a cela de Edward, e, para sua sorte, ele ainda estava lá. Quando Halayna cravou a espada no coração dele, ele abriu a boca bem grande, sentindo a lâmina em seu corpo. O seu sangue começou a fluir novamente e seu espírito começou a sentir vida de volta, algo realmente sobrenatural.
— Você… posso saber em nome de quem você me matou? — Pergunta, ainda fraco.
— Olá, Edward!
— Sanja?! Você também está viva…
— Precisamos da sua ajuda, por isso você foi revivido. Precisamos que reúna todos os vampiros poderosos para a grande guerra que irá acontecer!
— Humpf! Só porque precisam da minha ajuda me reviveram, não é?! Se não fosse por causa disso, eu continuaria aqui nesta cela suja, apodrecendo pela eternidade!
— É verdade! Quem manda ser ambicioso! Se você não nos ajudar, eu te mato novamente sem problemas! — Halayna diz, bastante séria.
— E quem é você? Quer saber, eu não fiz nada para me matarem, ou eu fiz? E você, Kelvisk?! Fala alguma coisa, ou você não tem o que falar?
— Te matei porque você estava usando a relíquia e precisava quebrar a profecia fazendo isso, mas não te revivi porque vi em seus olhos que pretendia seguir sozinho o seu destino!
— Me julgou errado, seu canalha! Você não me conhece. Sabe quanto tempo esperei pelo dia de ser revivido e poder estar ao lado de Harley?! Falando nela, onde ela está?
— Está presa na prisão vulcânica… — Vilkus conta, sorrindo sarcasticamente, pois ele mesmo havia mandado ela para lá.
— Eu só vou ajudá-los se soltarem ela! E quero a minha relíquia de volta! Pode me dar, garota!
— Essa não é a sua relíquia; Arkadius está com ela. Essas relíquias aqui são novas e são minhas! — Halayna diz, embravecida.
— Gente, precisamos ir agora! Tem orcs chegando a toda velocidade, vamos?! — Vilkus diz, agitado.
E foi dessa maneira que nossos aventureiros resgataram e conseguiram mais um aliado. A guerra agora se aproximava cada vez mais, e os momentos mais insanos estavam prestes a acontecer. Ainda poderia haver traições. Ninguém poderia dizer que ainda não estão acontecendo manipulações, não é mesmo? Mas uma coisa era certa: ninguém sabia o que iria acontecer nessa grande guerra, muito menos os espíritos. Mesmo tentando quebrar a profecia, essa guerra era iminente. Quem seria o vencedor? Apenas o espírito da luz saberia.