Assim que Kelvisk ficou frente a frente com os dois filhos de Tauron, ele sorriu. Mas os dois sorriram de volta com um sorriso falso perceptível. Elendil e Aranel cumprimentaram Sanja, beijando a mão dela e sorrindo maliciosamente para ela. Estêvão apenas ficou se segurando para não pegar fogo ali mesmo e atacar todo mundo.
— Prazer em conhecê-los, senhores e senhora! — Ariella diz, fazendo uma reverência para todos. — Quero apresentar a minha querida mãe, Sariel.
— Olá! Vocês não são bem-vindos aqui, como minha filha quis dizer. Não aceitamos qualquer um no meio da realeza, se é que me entendem. Contem o que vieram fazer aqui e vão embora logo! — Sariel fala com rispidez e muito séria.
— Vossa Alteza, pegamos esses quatro indivíduos na estrada da floresta, com a posse de cinco carroças repletas de diversas riquezas incalculáveis! — conta o líder, seriamente.
— Roubaram as nossas riquezas?! Como se atrevem! Prendam todos eles imediatamente! É uma ordem!
— Arkadius? Agora… — Kelvisk diz baixinho, se teletransportando para trás de Sanja e cravando a espada no coração dela. Ela apenas sente a perfuração profunda e suspira fortemente, sem acreditar.
— Traidor! — Arkadius então lança uma rajada forte de magia por meio do cristal do cajado, acertando Kelvisk em cheio e o jogando longe do corpo de Sanja. — Estêvão?! Mata ele!
— SEU TRAIÇOEIRO! — Estêvão começa a voar em chamas em direção a Kelvisk e o acerta precisamente com um soco potente no rosto, que o deixa quase meio tonto e desnorteado.
— Ele me disse que se matar qualquer discípulo usando a relíquia, ele perece para sempre! Você nunca mais vai ver a sua mãe novamente! Acaba com ele! — Arkadius diz, removendo o colar de Sanja do pescoço dela e criando um portal para fugir.
— Você… MATOU ELA PARA SEMPRE?! MORRA! — Estêvão começa a liberar toda a sua energia em chamas intensas e se prepara para se sacrificar, matando Kelvisk no processo da explosão. A temperatura era tão alta ao redor do redemoinho flamejante que todos ali presentes começaram a fugir desesperados.
Em segundos de um fogaréu gigantesco, houve uma explosão tão grande que toda a estrutura ao redor ficou chamuscada e derretida em algumas partes, uma cena de impressionar qualquer um que presenciasse a cena tão chocante.
Arkadius então surgiu no meio do templo do espírito da planta, onde deixou o corpo de Sanja em cima de uma pedra, onde anteriormente havia sido revivida. Após colocá-la lá, a Rusalka apareceu das sombras e foi até ele, perguntando por Kelvisk.
Ele disse estar ao lado dele, colocando em prática um plano audacioso e bem planejado. Algo tão bom que parecia um sonho para o próprio que falava com ela. Ela disse que ainda estava esperando o cumprimento da promessa de Kelvisk e que estava começando a ficar sem paciência de tanto esperar.
Arkadius apenas respondeu que não era problema dele e que ela não o perturbasse com problemas pessoais entre os dois, pois ele não dava a mínima para os problemas dos outros, independentemente de quem fosse a pessoa.
Após dizer isso, ele criou outro portal em direção ao castelo do Império Dark para conversar com Wylzer a respeito de uma estratégia que acreditava cegamente que daria certo.
— Arkadius?! Como conseguiu fugir da prisão dos orcs? — Wylzer pergunta, surpreso.
— Te conto mais tarde, preciso da sua ajuda. A sua irmã está aqui? Precisaremos dela, tenho um plano em mente para conseguir as relíquias que estão na posse da sua mãe. Vamos!
— Está bem…
Após encontrar Luyza, Arkadius cria novamente outro portal em direção ao castelo de Hannibal e, antes de entrar, ele escreve duas cartas para entregar em breve.
Ao chegar na frente do castelo, ele ordena que Wylzer fique esperando na entrada, pois iria receber algo em pouco tempo. Em seguida, entra pelos fundos ao lado de Luyza, acorrentada pelas mãos por algemas que removem a capacidade de usar magia.
Hannibal e seus conselheiros estavam terminando de almoçar naquele começo de tardezinha, quando um dos seus subordinados entrou no salão e entregou uma carta para o Rei Tauron e a conselheira de magia Sheyla.
Lendo a carta, o Rei Tauron viu:
"Prezado amigo Tauron. Quem fala é Arkadius. Para sua surpresa, estou livre e muito bem. Acredito que já saiba disso, pois bem. Quero informá-lo que desejo que me entregue o cajado de Sarah. Sei que não vai entregá-lo por livre e espontânea vontade, por isso resolvi fazer uma coisinha muito ousada… bom, estou com o seu filho chamado Vilkus em minha posse e vou matá-lo caso não entregue o cajado para o meu subordinado Wylzer. Ele está o esperando na entrada do castelo. Basta entregar o cajado nas mãos dele e o seu filho estará seguro e vivo. E lembre-se, caso não aceite os termos citados acima, estou com uma carta pronta em mãos para entregar à sua querida esposa e filhos, revelando a verdadeira origem do seu querido filho Vilkus. Atenciosamente, Arkadius!"
— Senhor Hannibal? — Tauron o chama, todo nervoso.
— Sim?
— O senhor saberia onde está o seu servo Vilkus? Aquele que o senhor contratou recentemente…
— Ah… não. Na verdade, não o vejo há um bom tempo. Até ia comentar com você sobre isso, seu servo não está me sendo muito útil.
— Perdão, meu senhor, vou conversar com ele… com licença, preciso fazer uma coisa. — Tauron diz, se levantando da cadeira e deixando o salão.
Depois de alguns minutos, Sheyla leu a carta que continha dizendo:
"Prezada querida Sheyla. Sou Arkadius, para sua surpresa. Meus pêsames pela morte trágica do seu falecido amado marido, mas quero aproveitar a ocasião para lhe entregar meus pêsames pela morte da sua querida filhinha… bem, quase morte. Ela está em minhas mãos nesse exato momento e seu filho querido concordou em me auxiliar a matá-la, caso você não me entregue as duas relíquias agora mesmo. Estou lhe esperando na cozinha real, vá sozinha e não tente fazer nada que me faça matar a sua filha. Basta um único movimento em falso e eu cortarei a garganta dela facilmente. Assinado, Arkadius!"
— Com licença, senhor Imperador Hannibal. Preciso ir até a cozinha. Eu já volto.
— Fique à vontade, querida. — Ele diz, vendo-a se levantar da cadeira e sair às pressas para a cozinha.
Na entrada do castelo, Tauron encontra Wylzer esperando, todo agoniado e ansioso para pegar o cajado.
— Cadê o meu filho?!
— Desculpe, senhor, mas só vai vê-lo depois que entregar o cajado. São os termos!
— Espero que não tenham machucado ele, se não vou destruir todos vocês! — Tauron diz, entregando o cajado nas mãos de Wylzer. Ao pegá-lo, Wylzer se teletransporta para a cozinha real e chega para ajudar Arkadius.
— Até que você não demorou, achei que fosse resolver tudo sozinho… — Arkadius diz, nervoso, pegando o cajado.
Depois de alguns minutos, Sheyla chegou. Toda assustada e nervosa, temia perder a sua filha e não estava acreditando que o seu filho estava a favor dessa atrocidade.
— Wylzer?! O que pensa que está fazendo?! Não já teve a prova suficiente de que se aliar ao Arkadius só vai levá-lo à morte?! — Sheyla diz, chorando. — Viu o que aconteceu com o seu pai?! Tudo devido à traição!
— Você que matou ele! Vi tudo! Você que deveria ter sido morta no lugar dele!
— Eu nunca pensei que tinha criado você assim… tão… tão cruel!
— Mãe?! Eu não quero falecer! Me ajuda! — Luyza grita, aos prantos.
— Entregue os braceletes, agora! — Arkadius ordena, seriamente.
— Desculpe, filha… mas… eu não posso fazer isso — diz, pegando impulso para trás e criando bolas de magia nas mãos para lançar, mas antes que ela pudesse fazer isso, Artana chegou por trás dela e quebrou o pescoço da mesma, matando-a no mesmo instante.
— Foi muito arriscado o que planejaram, mas admiro a coragem de vocês. Agora vão embora, antes que descubram o que aconteceu aqui. — Artana ordena, deixando o local.
Luyza então pega os braceletes e coloca em seus pulsos, e os três vão embora por um portal.
Hannibal, quando soube do ocorrido, ficou muito surpreso e sem entender o que havia acontecido, apenas mandou enterrar o corpo de Sheyla no mesmo lugar do seu falecido marido.
Tauron então, com medo, contou para Hannibal o que havia feito, o que deixou Hannibal mais surpreso ainda. Agora, Arkadius estava novamente na mesma posição de antes, mas será que ele tentaria novamente outro duelo contra Hannibal?
O que ele estava planejando com tudo isso ocorrendo… Hannibal ficou tão atordoado que foi para o seu quarto se deitar, e seus conselheiros ficaram confusos por vê-lo tão abalado de uma maneira jamais vista. Ele não estava com o mesmo vigor de antes, além de estar diferente e estranho.
Com o passar do tempo, as horas se passaram e a noite chegou. E Hannibal estava deitado, dormindo, e o seu anel vermelho estava sobre a cômoda ao lado da sua cama, como sempre.
De repente, Arkadius entrou no quarto, atravessando a parede e se aproximando da cômoda. Então pegou o anel e colocou no dedo, sentindo o poder fluindo por todo o seu corpo. Quando se preparava para matar Hannibal, uma pessoa surgiu no meio do quarto.
— Não faça isso… — diz, baixinho.
— Desculpe tê-lo traído, Kelvisk, mas o seu plano era bom demais, tão bom que não precisei me esforçar em nada para concretizá-lo de tão perfeito que era. Agora, não posso perder essa oportunidade!
— HANNIBAL?! — Kelvisk grita, se teletransportando para a frente de Arkadius e o empurrando para afastá-lo da cama.
Hannibal então desperta e fica surpreso com a cena que se depara em sua frente.
— Não adianta, Kelvisk! Eu já tenho o anel, você não pode me derrotar! Quer perecer tentando?!
— Sei que não posso… por isso, Vilkus?! Entregue o anel ao Arkadius! — Kelvisk ordena a Vilkus, que entrega o anel para Arkadius.
— Hummm… — Arkadius dá várias gargalhadas altas, rindo muito por dentro e por fora. Aquele era o seu dia mais feliz da sua vida inteira. Ao colocar o anel amarelo no seu dedo, sentiu todo o poder das seis relíquias fluindo em todo o seu corpo. Apenas faltava uma única coisa agora.
— Faça o que quiser, o que tiver vontade. Mas não mate ninguém! Você conseguiu o que queria; agora governe com sabedoria! — Kelvisk diz, entregando a lâmina de Coldbreath nas mãos de Arkadius.
Arkadius, ao segurar o cabo, não conseguia mais aguentar sua emoção de tanta felicidade, e acabou caindo de joelhos no chão, gargalhando.
A confusão era tão grande que ninguém havia notado que Kanchom e Hácan estavam no quarto, abismados com o que viam. Estavam paralisados de medo e terror com tudo o que presenciaram. Quando Arkadius pegou a lâmina de Coldbreath, os dois saíram correndo para contar o que havia acontecido.
— Vamos embora, Vilkus. — Kelvisk diz, saindo às pressas do quarto.
Arkadius finalmente conseguiu o que queria: obteve todo o poder supremo do espírito das trevas, e agora a profecia poderia ser cumprida de uma vez por todas. O que ele faria agora, apenas o espírito da luz conhecia.