Chereads / A Saga de Lunizs - Livro 2: O Escurecer / Chapter 20 - Uma Forte Traição

Chapter 20 - Uma Forte Traição

O sol raiava alto naquela bela manhã; os raios de luz podiam penetrar os olhos intensos de Kelvisk, que admirava a beleza do ambiente. Havia pássaros por todos os lados cantando, coelhos e esquilos caminhando, e um aroma de flores vindo do bosque.

De repente, os dois presentes no templo ouviram passos ligeiros se aproximando. Kelvisk logo pensou que poderiam ser magos arruaceiros e delinquentes.

— Opa! Minha nossa, mas que dama mais linda temos aqui, não? — disse, dando gargalhadas, um jovem vampiro de cabelos loiros.

— Olha, ela não está sozinha. Bom dia, velho! O que fazem por aqui sozinhos? Não sabem que é perigoso para essas bandas? — perguntou outro jovem lobisomem de cabelos loiros.

— Não queremos ser incomodados, então aconselho a não me deixar irritado. Não dormi essa noite e não estou muito humorado para suportar brincadeiras… — Kelvisk falou, bastante sério.

— Pena, meu velho, mas a brincadeira só está começando… AH! — O lobisomem se transforma rapidamente e avança para cima de Kelvisk, que, em segundos, retira sua espada da bainha com tanta facilidade que, quando o lobisomem vai tocá-lo, ele se teletransporta para trás dele, cravando a espada no meio da barriga e dizendo:

— Na morte incerta, há descanso eterno, para nobres espertos dormirem na certa! — Ao dizer essas palavras, Kelvisk se concentra um pouco no controle de seus poderes e libera uma onda de energia, explodindo totalmente o corpo do lobisomem em pedacinhos que voam para todos os lados.

— MEU IRMÃO?! NÃO… NÃO! — O vampiro então começa a sentir falta de ar, com Sanja atrás dele, tocando em seu pescoço e lançando uma bruxaria em sua mente, ordenando que ele parasse de respirar.

— Nossa… que coisa horrível, gente! Mãe? Quem fez isso? — Estêvão pergunta surpreso.

— Filho?! Meu amor! — Sanja solta o vampiro e abraça Estêvão, e o rapaz loiro aproveita para fugir dali às pressas.

— Conseguiu entregar o anel a tempo? — Arkadius pergunta, curioso.

— Preciso conversar com você. Pode me acompanhar um pouco longe deles? Vamos deixá-los colocar o papo em dia — Kelvisk diz, se afastando um pouco de Sanja e Estêvão. — Vou te contar uma coisa: eu não pretendo reviver o Coldbreath. E estou revivendo os discípulos dele, pois, quando são mortos usando a própria relíquia criada para eles, eles morrem para sempre!

— Sério?! Por isso matou o Edward? — Arkadius pergunta, surpreso.

— Eu não pretendo reinar, se é o que pensa de mim, mas não posso deixar o Hannibal como imperador para sempre. Por isso, quero ajudá-lo a colocá-lo no trono dos impérios. O que você me diz?!

— Hm… estou muito surpreso com essa proposta vindo de você. Ainda não entendi por que você me escolheu; não me conhece — fala, olhando nos olhos de Kelvisk.

— Você que pensa. Lembra da jovem que você pegou das mãos dela o cajado de Sarah? Bem, ela e o amigo dela, um elfo, que você disse que morreria se ela não entregasse o cajado, eram meus companheiros de viagem. Me ajudaram até certo ponto a conseguir o que eu queria. Eu ia pegar o cajado dela no momento certo, até que você apareceu e mudou todos os meus planos. Por isso, quando soube que estava preso junto com o Estêvão, vi a oportunidade de ajudá-lo a conseguir o que queria. Meu ex-companheiro elfo seguiu você por semanas da academia de magia para outros lugares distantes, usando os braceletes para criar portais. Ele estava invisível com um anel de invisibilidade. Eu sei tudo que preciso saber sobre você, Arkadius. Eu quero você no trono; você é o mais indicado para ocupar essa posição tão alta!

Dando algumas gargalhadas de leve, Arkadius fica mais surpreso ainda por não acreditar que estava sendo monitorado.

— Agora você me convenceu; aceito a sua proposta!

— Vamos aproveitar a oportunidade de Sanja conseguir o colar com o Goldon, sem precisar usar a força, e, junto com ela, vamos pegar o cajado de Sarah com Tauron. Depois de feito isso, preciso que você lute contra o Estêvão, enquanto eu mato ela…

— Certo! Entendi… — diz, olhando para os dois conversando.

— Espera, você já conseguiu chegar ao ápice do seu controle? Quando tiver o cajado de Sarah, não poderá usá-lo sem ter alcançado o controle de seus poderes.

— Ainda não; tentei muitas vezes, mas sem sucesso.

— Então vou te ajudar com isso. Eu consegui com a ajuda dos elfos brancos. Vou te levar até eles para te ajudarem. Vou falar isso para a Sanja, deixarei ela pegar o colar com o Goldon, e então nos reencontramos na maior cidade ao lado dos domínios élficos, certo? Assim, vamos todos juntos pegar o cajado.

— Concordo, é um bom plano.

Assim, Kelvisk contou o novo plano para Sanja e Estêvão, que concordaram em tudo para conseguirem as duas relíquias. Arkadius e o portador da lâmina de Coldbreath partiram para as terras dos elfos brancos, depois das terras nulas, antigas terras sombrias.

Sanja e Estêvão partiram para o império de Goldon, onde Wylzer estaria preso com sua irmã Luyza, sem poderem sair. Enquanto isso acontecia no oeste, ao longe, no leste, Hannibal já estava acordado, recebendo as últimas notícias ocorridas na noite passada, um momento de tensão e problemas.

— Como você se chama? — Hannibal pergunta com um olhar malicioso.

— Me chamo Harley, sou a esposa do grande Drácula chamado Edward! Quero avisá-lo que o portador da lâmina de Coldbreath reviveu ele e a mim, mas ontem, pela madrugada, ele matou meu marido sem motivos claros e me deixou presa no lugar de um tal de Arkadius!

— Arkadius foi solto?

— Sim! E mais, a sua filha estava lá presente e pretendia entregar o anel de Edward para o Arkadius!

— Minha filha? Como ousa acusar a minha própria filha de conspirar contra mim?! Hácan? Kanchom? Mandem essa mulherzinha para as terras vulcânicas e que ela apodreça lá para sempre!

— Não! Eu estou falando a verdade, ela lhe traiu, não pode confiar nela! Me soltem, seus nojentos… — ela grita, tentando se soltar dos dois.

— Grande pai? Acredita nas palavras desta insolente estranha… — Artana pergunta com um semblante temeroso.

— Não se preocupe, minha filha. Eu sei que você jamais me trairia, mas parte do que aquela jovem falou é verdade. Recebi logo cedo informações dos orcs, dizendo que o Arkadius conseguiu fugir, além do Estêvão… creio que esse tal de portador da lâmina de Coldbreath esteja se preparando para acabar com o meu reinado.

— O que pretende fazer a respeito?

— Vou fazer uma reunião com os portadores das relíquias e decidir o que é melhor a ser feito. Poderia se encarregar disso para mim?

— Claro!

Bem perto dali, na casa mais rica dos impérios existentes, Goldon apreciava mais uma refeição ao lado dos filhos e da esposa, comemorando a nova oportunidade que Hannibal havia lhe concedido. Quando, durante a degustação, Sanja e seu amado filho chegaram ao castelo, pedindo para se encontrar com o imperador.

— Sanja?! É quem eu estou pensando? — Goldon pergunta surpreso e assustado ao mesmo tempo.

— Olá, meu querido aprendiz Goldon! Como vão tantos anos de reinado na minha preciosa ausência? — Sanja pergunta, pegando alguns petiscos na mesa.

— Sanja? É você mesma?

— Sim, meu querido. Vim pegar com você algo que me pertence: meu colar! Poderia me dá-lo? Não estou acostumada a ficar sem ele; me sinto diferente sem o poder dele fluindo em meu esbelto corpo…

— Mas é claro, minha rainha… — Goldon fala, retirando o colar do pescoço e colocando no de Sanja.

— Obrigada, meu aprendiz querido! Quero recrutá-lo para uma missão!

— Goldon?! Por que entregou o colar para ela? Hannibal lhe deu este colar; se entregar para ela, estará traindo o imperador! — Sheyla fala, levantando-se da cadeira, surpresa.

— Minha querida, o Goldon foi um dos meus primeiros alunos. Ele faz parte da primeira linhagem de bruxos da sociedade sobrenatural. Acha que ele vai obedecer ao Hannibal, que é um mero lobisomem qualquer? — Sanja fala, passando a mão no corpo de Goldon.

— Sua atrevida! O senhor Hannibal faz parte da primeira linhagem de lobisomens; ele tem tanto direito quanto você de comandar os impérios! — Sheyla diz, abrindo as mãos e fazendo surgir bolas de energia de magia.

— Goldon? — Sanja o chama.

— Sim, minha senhora?

— Mate ela!

— Desculpe, Sheyla, mas você não compreende a sociedade dos bruxos. Como uma maga, você é uma classe inferior a nós, então, se não quiser morrer, deixe a senhora Sanja em paz! — Goldon fala, também fazendo bolas de energia nas mãos.

— Você ousa defendê-la e ficar contra mim?! É sério isso, Goldon?! Estão vendo, meus filhos? O pai de vocês não presta! Ele prefere proteger essa mulher do que a própria esposa…

— Mãe! O pai está certo; o Hannibal deve morrer, e a gente deve governar! — Wylzer fala, levantando-se.

— Também estou com o pai; prefiro a senhora Sanja como imperatriz do que o traste do Hannibal… — Luyza diz, levantando-se também.

— Está vendo o que você fez?! Colocou os meus próprios filhos contra mim. Você não presta mesmo, Goldon; eu vou te matar, infeliz! — Sheyla usa a potencialização dos dois braceletes e aumenta o tamanho das bolas de magia. Juntando as duas uma na outra, ela arremessa contra Goldon, que tenta segurar com as duas mãos para não ser atingido.

— Sheyla?! Pare com isso agora! Você vai me matar; está maluca!

— Mãe! Para! Não mate o papai! — Luyza exclamou aflita.

— AH! VOCÊ VAI MORRER… — Sheyla, em vez de continuar forçando a bola de energia, faz com que se transforme em uma nuvem de fumaça, rodeando Goldon por completo. Então, começa a fazer com que ele fique sem respirar.

— Estêvão? Vamos embora; ela vai matar ele, vamos! — Sanja diz, saindo às pressas.

— Mãe?! Solta o pai; você está matando ele! — Luyza ordena, derramando lágrimas.

— MÃE! — Wylzer grita alto quando Goldon cai no chão, morto.

— Seu imprestável… imprestável! — Sheyla diz, chorando bastante e caindo de joelhos no chão, sentindo a traição de Goldon em seu peito.

Wylzer e Luyza apenas ficaram paralisados, sem acreditar no que seus olhos estavam presenciando. Aquela manhã estava apenas começando.