As estrelas brilhavam bastante em mais uma noite nas terras de Lunizs, onde Kelvisk e seus seguidores estavam a caminho das terras dos orcs. O portador da lâmina de Coldbreath ordenou que todos fossem à frente, pois tinha algo muito importante para resolver em outro lugar, assuntos que não poderiam esperar e que exigiam uma urgência extrema.
Edward pediu que ele tomasse cuidado com a espada; caso a perdesse, seria um problemão que teriam em mãos para resolver. O salvamento de Estêvão já era algo bem complicado e difícil de se realizar. Fora isso, agradeceu-lhe mais uma vez pelo que fez por Harley; seria grato por isso eternamente a ele. Depois que Kelvisk os deixou, ele viajou por vários lugares diferentes, até que seu último destino foi a academia de magia, para conversar com uma certa pessoa.
— Poly?! — Kelvisk a aborda sorrateiramente. — Preciso te contar uma coisa muito importante!
— Ah! Nossa… você não é aquele amigo da Halayna, o que deseja?
— Me escute com bastante atenção, o que vou te contar talvez não faça sentido para você logo de primeira instância, mas acredite, é a verdade!
— Estou ficando com medo, o que foi? Alguma coisa aconteceu com a Halayna?!
— Com ela sim, mas é outra coisa mais urgente, um segredo que você não sabe ainda, mas preciso te contar. Espero que não fique assustada, pois é algo muito revelador — Kelvisk diz, olhando para os lados.
— Já estou com muito medo do que seja, me conta logo de uma vez!
— É que… — Kelvisk então conta a verdade para Poly, e ela fica extremamente surpresa e abalada com a notícia. Agora parte da missão do portador da lâmina de Coldbreath estava concluída.
Distante dali, no império de Hannibal, exatamente em seu castelo, o Rei Tauron havia chegado para conversar sobre algo muito importante com o imperador. E estava prestes a acontecer o julgamento contra os ajudantes de Arkadius, em sua rebelião profana.
Quando Tauron adentrou a sala do trono, todos olharam para ele, sereno e com muita raiva em seu semblante; com certeza, algo o estava perturbando muito naquele momento. Quando se aproximou de Hannibal, ele perguntou:
— Grande Imperador Hannibal! Perdão pelo meu incômodo inesperado, mas preciso conversar a sós com o senhor — diz, fazendo uma reverência.
— Não incomoda, meu bom amigo. Se não for urgente, gostaria que esperasse um momento até que eu termine de julgar esses traidores, vermes insolentes!
— Mas é claro, meu senhor, eu aguardo — Tauron fala, indo se sentar em uma das cadeiras que estavam ali perto do trono.
— Imperador Goldon do império Dark, se aproxime! — Hannibal ordena ao senhor meio velho, mas ainda bastante novo na aparência. — Seus filhos são uma vergonha para você e sua esposa, além da sua prestigiosa família!
— Peço perdão pela traição dos meus dois filhos, meu senhor. Eu juro que não sabia dos planos de rebelião que eles tinham em mente; estou extremamente envergonhado, meu senhor! — Goldon diz, com a cabeça baixa.
— Só não mandei os matar no mesmo instante porque percebi a semelhança da sua filha com a sua esposa; se não, eles dois estariam mortos agora, juntos com a montanha de cabeças que mandei erguer lá fora!
— Pedimos clemência, Grande Imperador Hannibal! Nossos filhos são jovens e não sabem ainda com precisão que lado devem seguir. Devemos confessar que Arkadius é bem astuto com seu linguajar e conseguiu convencer os dois facilmente dessa maneira. Peço ao senhor que os perdoe e lhes dê uma nova oportunidade… — diz a esposa de Goldon.
— Humm… — pensa por um breve momento. — Você é boa com as palavras, senhora Sheyla. Gosto da senhora e do seu marido; confio nos dois para manter meu reinado seguro e próspero. Por isso, quero confiar a vocês dois o colar de Sanja e os braceletes dos magos… nomeando-a a nova conselheira de magia e Goldon meu guarda pessoal.
— Sério mesmo, Grande Hannibal?! Faria isso? — Goldon pergunta, surpreso.
— Sim! Não tenho ninguém em mente no momento para ocupar os cargos, e eles não podem ficar vazios por muito tempo. A instabilidade do meu reinado pode cair em decadência em segundos por causa disso… — diz, levantando-se do trono. — Mas! Não quero ver seus dois filhos fora dos seus domínios; devem mantê-los em sua casa por tempo indeterminado!
— Claro, minha alteza. Muito obrigado pela nomeação e pela confiança; não iremos decepcioná-lo, não é, querida? — Goldon pergunta, com um largo sorriso no rosto.
— Sim, meu amado, vamos fazer tudo que nos mandar. Muito obrigada! — Sheyla fala, fazendo uma reverência.
— Estão dispensados agora; podem levar seus dois filhos. A minha conselheira Mentilí lhes acompanhará onde se encontram as relíquias. Vá com ela e cumpram suas novas funções… — Hannibal diz, sentando-se novamente. — Tauron? Aproxime-se.
— Bem, senhor. Recebi informações de que um elfo foi aprisionado pelo príncipe Wylzer, filho do Imperador Goldon. E não sei se o senhor se lembra, mas eu tenho um filho bastardo que se chama Vilkus, e, por um acaso do destino, é ele que se encontra preso nas terras vulcânicas.
— Lembro bem dessa sua história, meu amigo, e queria mesmo falar sobre isso com você. Preciso de um feiticeiro para usar o cajado de Sarah, e não encontrei ninguém melhor que você para ocupar esse cargo… Sei que, para aceitar essa função, será preciso revelar grandes acontecimentos, mas não há outra escolha para mim e você. Então, o que me diz?
— Eh… realmente eu queria que houvesse outra saída melhor do que essa, mas… aceito o seu pedido caso faça algo por mim. Eu mandei expulsar o Vilkus do meu reinado porque minha esposa pegou ele beijando a minha filha, a princesa Ariella. E, como o senhor sabe, os dois são irmãos. Por causa desse ocorrido, eu o expulsei para que não viesse a acontecer algo mais constrangedor entre os dois, se é que me entende… — Tauron fala, todo constrangido.
— Seu conselheiro conhece esses acontecimentos? — Hannibal pergunta, olhando para o subordinado de Tauron.
— Thalion é meu conselheiro mais fiel; confio na descrição dele em relação aos meus problemas pessoais. Não se preocupe, meu senhor — Tauron fala, olhando para Thalion ao seu lado. — No entanto, eu aceito seu pedido, caso receba o meu filho Vilkus em sua casa e torne-o um dos seus servos pessoais. Desta maneira, ele ficará longe da minha filha e evitará problemas maiores.
— Compreendo perfeitamente, meu amigo, mas… vou pedir que faça algo quando ele chegar até aqui — diz, levantando-se.
— E o que seria? — Tauron pergunta, curioso.
— Como você vai revelar sua verdadeira identidade, quero que transforme o seu filho Vilkus em um lobisomem. Dessa maneira, ele me será mais útil; não quero ter um frágil elfo entre meus fortes serviçais — conta, deixando a sala do trono.
— Claro, meu senhor, farei o que me pede. Obrigado pela sua ajuda — Tauron agradece, fazendo uma reverência.
— Veltis? Quero que vá buscar o elfo chamado Vilkus; traga-o até aqui o mais rápido possível. Quero conhecê-lo em breve! — Ele ordena, indo para seu quarto dormir.
— Sim, meu rei!
Enquanto isso ocorria no império de Hannibal, o exército de minotauros estava preparado nas montanhas, vigiando a entrada da grande prisão. O local inteiro estava infestado de criaturas horripilantes que eram os tão feiosos orcs.
Edward e Harley estavam esperando Kelvisk chegar; ele que iria decidir como iriam entrar sem serem notados no meio daquela multidão de monstros horríveis.
Passaram-se cinco horas esperando e já era alta madrugada, até que Kelvisk finalmente chegou em um cavalo preto. Ambos estavam exaustos da viagem, mas Kelvisk estava muito diferente de antes, com um semblante mais amedrontador e muito sério.
— Conseguiu fazer o que queria? — Edward pergunta, curioso.
— Mais ou menos. Precisamos libertar o Estêvão logo; não temos muito tempo. Fiquei sabendo que o Arkadius também está aqui; ele foi derrotado pelo Hannibal. Agora sabemos quem está no controle. Vamos!
Kelvisk então entrega anéis de invisibilidade para Edward e Harley, e os três entram sozinhos, enquanto o líder dos minotauros fica esperando caso aconteça algum problema lá dentro.
Quando estão no recinto, eles andam por alguns minutos dentro da caverna, que é um lugar gigante. Havia várias celas grandes com grifos, rocs e hipogrifos aprisionados; provavelmente estavam ali há muito tempo. Pareciam que alguns estavam doentes e outros machucados, e alguns feridos. Kelvisk queria os libertar, mas não tinha tempo para isso, mas jurou em pensamentos retornar um dia para salvá-los.
Assim que eles se aproximaram da cela onde se encontrava Arkadius, havia uma jovem mulher muito bonita conversando com ele, e Kelvisk parou bruscamente para ouvir a conversa.
— Me conte logo de uma vez, quem é você? E o que quer aqui? — Arkadius indaga, ficando irritado.
— Me chamo Artana, sou a filha de Hannibal, além de uma híbrida muito poderosa. Como sabe, meu pai é um lobisomem e minha mãe, uma vampira. Mas não vim aqui falar sobre minha vida; vim para lhe entregar isto! — Ela diz, abrindo a mão e mostrando um anel com um cristal vermelho no centro.
— Não pode ser! Como conseguiu esse anel? — Arkadius pergunta, ficando animado.
— Meu pai tem um hábito que pratica todos os dias pela noite, um costume, na verdade. Ele sempre retira o anel de Edward para poder dormir; ele odeia ficar acordado o dia inteiro. Além de que, é por causa desse ritual todos os dias que ele permanece tão revigorado o tempo inteiro — ela fala, fechando a mão.
— Humm… posso saber quais são as suas intenções vindo até aqui me contar isso? Acredito que nesse exato momento esteja ferrada nas mãos de seu querido pai — diz, sorrindo.
— Eu odeio o Hannibal, não aguento mais o reinado dele, que já dura séculos atrás de séculos da mesma coisa, sempre as mesmas ordens e as mesmas coisas de sempre. Eu quero que isso tenha um fim!
— Então veio pedir a minha ajuda? — Arkadius pergunta, olhando para ela com esperanças nos olhos.
— Sim! — Quando ela confirma, Edward aparece por trás dela, prendendo os braços dela com uma das mãos e colocando a outra no pescoço dela, dizendo:
— Olá, bonitinha. Não vai acreditar quem eu sou, mas sou o dono deste anel e, caso não queira ter o seu lindo pescoço rasgado fora, peço que me entregue sem movimentos bruscos! — Edward fala com sangue nos olhos.
— Entregue a ele! — Harley diz, removendo o anel de invisibilidade.
— Quem são vocês?! — Artana pergunta, com raiva.
— Minha querida, ele é nada mais nada menos que o grande Drácula chamado Edward! Meu querido amado e futuro marido, rei de todos os vampiros! — Harley diz, indo até ela e segurando seu queixo — dê para ele, agora!
— Tudo bem… — Artana fala, removendo o anel e entregando-o a Harley, que o entrega rapidamente a Edward, colocando-o no dedo.
— Finalmente… agora sim me sinto totalmente bem! — Enquanto ele admira o anel em seu dedo, com a mão levantada para cima, Kelvisk chega por trás dele, ainda invisível, e crava a lâmina de Coldbreath no coração do mesmo, dizendo:
— Na ligação, quebra-se a união!
— NÃO! — Harley grita alto, desesperada, vendo Edward morrendo, e os orcs que estavam ali perto escutam o som e mandam chamar reforços para averiguar — seu imprestável! Morra! — Quando Harley vai dar um soco em Kelvisk, Artana segura o braço dela e lhe desfere um soco na barriga, dando mais um chute no rosto que faz ela cair de costas para trás.
Kelvisk então remove a espada do coração de Edward e, como ele estava morto, o anel podia ser removido. Kelvisk pega-o, abrindo a cela de Arkadius com um golpe da lâmina.
— Pegue! — Kelvisk entrega o anel de Edward para Arkadius.
— Por que está fazendo isso? — Arkadius pergunta, confuso.
— Não temos tempo para explicação. Sabe onde fica a cela de Estêvão? — Quando ele pergunta, Harley se levanta e vai para cima de Kelvisk novamente, e ele a derruba no chão com um chute, depois de ter bloqueado um murro dela, colocando-a na cela e fechando-a bem.
— Me sigam! — Arkadius diz, deixando o local.
Os três então seguem por um corredor pequeno e estreito, indo mais para o fundo da caverna. No final dela, havia um lugar amplo e bem fechado; seria preciso uma explosão grande para abrir aquela prisão.
— Afastem-se, por favor! Vou fazer algo que jamais consegui antes… — Kelvisk segura o cabo da espada com muita força e, olhando para as grades da prisão, foca a sua energia, lembrando da boa memória que teve com Halayna. Então desfere o golpe através da lâmina, e quando ela se choca com a grade, uma enorme explosão acontece, abrindo um buraco no meio das grades. Kelvisk então é arremessado longe, batendo com a cabeça nas pedras e desmaiando.
Os orcs então chegam ao local da explosão e cercam os quatro, apontando suas espadas. Estêvão, todo em chamas, diz:
— Minha vingança começou!