— Halayna? Chama o Vilkus, precisamos sair daqui, rápido!
— Está bem.
Assim que os três deixam o salão principal, vão em direção ao dormitório; precisavam conversar melhor sobre as coisas e se preparar mais adequadamente para as situações que iriam surgir.
Mas, pelo caminho, Halayna viu de longe um rapaz muito lindo que estava treinando com uma espada em um boneco de madeira, enquanto outros ao redor treinavam em duplas. Ela ficou emocionada do nada quando o viu, mas tentou se esconder para não chamar a atenção dele.
Até que, pelo caminho, uma garota esbarra nela de propósito, dizendo:
— Halayna?! É você mesma? — A jovem de cabelos negros como Halayna e de olhos vermelhos lhe indaga, abraçando-a.
— Poly? Você ainda está aqui… — Halayna pergunta, surpresa.
— Como você está linda, de cabelo curto! Sua vida mudou bastante, quase não te reconheci, amiga — ela diz, dando-lhe um beijo na bochecha. — Você já viu o Eldy? Olha ele ali, está treinando sozinho, como sempre. Eldy?! Vem cá! Olha quem voltou!
Halayna fica envergonhada quando ele olha para ela e, ao se aproximar, fica nervosa com a presença dele.
— Halayna? Você retornou?! Tudo bem? — Eldy a cumprimenta, guardando a espada.
— Eu… eu… — Ela tenta pensar em uma resposta, mas antes que pudesse falar, Kelvisk a interrompe, pedindo licença aos dois para continuarem andando, pois tinham negócios a tratar com urgência.
— Até mais, amiga! Veja se não desaparece! — Poly diz, toda alegre.
— Que amiga mais linda você tem, Halayna! Depois você fala sobre mim para ela? Queria conhecê-la melhor — Vilkus fala, todo animado.
— Vamos entrar, vocês primeiro — Kelvisk diz, olhando para todos os lados antes de fechar a porta e entrar no quarto. O lugar era grande, tinha cinco cômodos e espaço suficiente para três pessoas se acomodarem. — Atenção!
— O que houve, Kelvisk? — Vilkus indaga, curioso.
— Como falei para a Halayna, os três conselheiros reais dos sobrenaturais estão aqui, provavelmente para fazer uma reunião sobre assuntos do império. E isso muda todos os nossos planos; agora não vamos mais roubar, por enquanto. Mas quero me informar sobre tudo a respeito dos três, por isso quero que você, Halayna, invada a sala de reunião e escute tudo o que eles falarem. Vou te dar um anel de invisibilidade. Sei que você pode usar seus poderes, mas como não sabemos quanto tempo vai durar a reunião, é bom usar o anel, pois o tempo dele é ilimitado, o seu não.
— Está bem! — Halayna diz, confiante.
— Sim, algo que posso fazer por você agora, agora que estamos em outra ocasião, permita-me… — Kelvisk diz, pegando nas pontas do cabelo de Halayna e lançando uma bruxaria de crescimento nos fios.
— Minha nossa! Que incrível! Não sabia que podia fazer isso, muito obrigada! — Ela diz, abraçando-o por ter os cabelos grandes de volta.
— Então, Kelvisk, teria algo para mim também? Não que seja obrigado, entende, mas gosto de presentes — Vilkus diz, sem graça.
— Na verdade, já te dei algo. Quero que use por tempo indeterminado o anel de aparência, pois os elfos não são muito bem-vindos aqui. Já que vamos nos envolver com os conselheiros reais, precisamos agradá-los em tudo!
— Está certo, vou usá-lo — diz, ficando chateado.
— Mas tenho algo novo para você. Na verdade, não sei se vai querer, mas vou te dar assim mesmo! — Quando Kelvisk diz isso, ele retira a lâmina de Coldbreath da bainha e, olhando para ela, Vilkus indaga:
— O que é? Vai me dar a sua espada? Sério? — Quando ele pergunta, Kelvisk dá um sorriso leve nos lábios e soca a espada no coração de Vilkus, matando-o.
— Ah! Kelvisk… por que fez isso? Ah… — Vilkus morre.
— NÃO! Por que você fez isso, Kelvisk?! Por que?!
— "NA MORTE SÚBITA… RESURJA!" — Segurando no cabo da espada, que ainda estava cravada no coração de Vilkus, Kelvisk lança um feitiço sombrio de bruxaria por meio da magia, um trio de energia poderosa que apenas um Lich é capaz de realizar.
— O que está acontecendo com ele?! — Halayna questiona, toda assustada. Vilkus começa a passar por um processo de transformação mágica, e seu corpo começa a se mexer e tremer todo. Depois de alguns segundos, Vilkus acorda.
— O que houve? Eu morri… — Ele pergunta, todo assustado.
— Bem-vindo de volta, meu amigo! — Kelvisk diz, pegando sua mão e ajudando-o a se levantar.
— Você está bem, Vilkus? Está sentindo alguma coisa? — Halayna pergunta, toda preocupada.
— Estou bem, só estou sentindo algo diferente no meu estômago, como se estivesse em erupção. É estranho, eu nunca senti frio, mas acho que agora estou. Acho que estou doente… — Vilkus responde, sentando-se na cadeira.
— Vem cá! Por acaso você é maluco?! Tem noção do que acabou de fazer com ele?! — Halayna pergunta a Kelvisk, toda brava e irritada, mas quando fica olhando para ele, ele fecha os olhos e cai para trás no chão, desmaiado.
— Kelvisk?! — Vilkus o socorre.
Os dois tentam ajudá-lo, mas ele não acorda, apenas fica em um estado imóvel e seu corpo começa a suar bastante. Ficando com uma febre alta e o corpo muito quente, e depois de duas horas, o mesmo acontece com Vilkus.
Ele caiu com a cara no chão na frente de Halayna e desmaiou, ficando no mesmo estado que Kelvisk. Ela apenas ficou super preocupada com os dois e não sabia o que fazer, mas foi atrás de água para molhar um pano e colocar em suas testas.
Precisava ajudá-los de alguma maneira, não queria que os dois morressem, ainda mais naquele estado horrível e deprimente.
Até que, pela madrugada, depois de horas passadas, Kelvisk finalmente acordou, com uma baita dor de cabeça intensa e sentindo muito frio no corpo inteiro.
— Nossa, até que enfim você acordou! Pensei que seria o seu fim — Halayna diz, ajudando-o a se levantar do chão.
— Minha cabeça dói, preciso de ervas negras para fazer um chá — fala, tentando enxergar direito as coisas ao redor.
— Eu já fiz, toma! — Ela entrega um copo com líquido dentro, e Kelvisk bebe tudo. — O que aconteceu com você?
— Faz parte do processo… — Diz, levando a mão sobre o peito. — Espera! Cadê o meu colar?!
— Ah! Aquele com um cristal escuro brilhante? Eu peguei e escondi. Só vou te devolver quando me contar o que fez com o pobre do Vilkus!
— Isso é simples, eu o transformei em um mago… Na verdade, não sabia se iria funcionar, pois ele é um elfo e não humano. Mas estou na torcida por ele, acredite — fala, retirando a espada da bainha.
— Espera, você matou ele para transformá-lo em um mago, sem ter certeza de que o processo vai dar certo? É sério isso?! Kelvisk?! — Halayna indaga, toda irritada.
— Me devolve o colar! Não deveria tê-lo removido do meu pescoço, ele é muito importante! — Fala, começando a ficar bravo.
— Ah, é? Então me conta o motivo, vai! Fala! Não te dou até falar! — Ela diz, olhando com ódio em seus olhos, mas Kelvisk apenas se aproxima dela lentamente e a coloca contra a parede.
— O colar é uma das relíquias de Coldbreath, criado para a primeira bruxa que se tornou discípula dele. Contém uma parte do poder do cristal das trevas; apenas bruxos podem usar! Agora pode devolvê-lo? Por gentileza.
— Humpf! Está bem, toma.
— Espera, onde conseguiu gelo? — Kelvisk indaga, estranhando.
— Não foi difícil, peguei na cozinha do palácio. Na verdade, procurei por todos os lados.
— Ah, pode me falar do passado daqueles seus dois amigos? Aquela sua amiga é uma fada vampira — diz, sentando-se na cadeira da mesa, pegando um pedaço de pão e tomando um gole de chá.
— Como assim ela é uma fada vampira? Como sabe disso? Eu conheço ela desde pequena, ela é uma maga! — Halayna diz, com firmeza em suas palavras.
— Reconheci pela cor dos olhos dela; são vermelhos carmesim. Apenas fadas vampiras têm essa coloração nas pupilas. Acho que você não conhece tão bem assim a sua amiga de infância… — Conta, fechando os olhos e mastigando.
— Fadas vampiras existem? Como foram criadas? — Pergunta, ficando curiosa.
— É simples: se um elfo é transformado em um vampiro, ele se torna um, e fica com os olhos vermelhos carmesim. Da mesma forma, se um elfo for transformado em um lobisomem, fica com os olhos amarelos caramelados. Ambos, quando são transformados, se tornam humanos. Se ela também é uma maga, possivelmente foi transformada por um híbrido, um mago vampiro, por exemplo. Por isso, herdou os poderes quando foi transformada em vampira; no caso, ela era uma elfa. Se ela não sabe disso, provavelmente foi transformada quando ainda era criança.
— Minha nossa… não sabia que isso era possível!
— A verdade é que poucos sabem dessa informação, então aconselho não contar nada para ela, muito menos comentar algo a respeito com quem quer que seja — fala, abrindo os olhos lentamente e olhando para ela.
— Pode deixar, ficarei calada. Obrigada por me contar — diz, indo até Vilkus verificar se está melhor.
— Não se preocupe com ele; caso fosse morrer, ele já teria partido, o que significa que o processo ainda está em andamento. Vamos aguardar mais algum tempo; precisamos conversar sobre a reunião — falou, levantando-se da cadeira e indo lavar o rosto e a boca.
— Não precisamos; eu já estive nela. Peguei o anel da invisibilidade na sua mochila; não vai acreditar em tudo que ouvi!
— O quê? Então me conta!