Chereads / A Saga de Lunizs - Livro 2: O Escurecer / Chapter 14 - Um Resgate Surpreendente

Chapter 14 - Um Resgate Surpreendente

Estava noite quando Wylzer chegou com Halayna em seu castelo. Ela pensou em contar tudo para os pais dele, mas ele havia lhe dito que eles já sabiam de tudo e a apoiavam em suas decisões.

Halayna estava cheia de ódio por dentro, cansada e exausta da viagem, mas ainda tinha forças para xingar o traste do príncipe esnobe e cruel. Por um momento, Halayna esperou que Kelvisk a salvasse; ela sabia que ele viria, mas estava demorando muito.

Wylzer mandou que ela tomasse banho e se arrumasse, pois queria que ela estivesse pronta para receber alguns convidados muito importantes, de realezas vizinhas, que o príncipe conhecia e eram seus amigos. Ele também queria apresentá-los à sua nova noiva e futura esposa, divulgando-a como um troféu conquistado para poder ser admirado e cobiçado por todos. Wylzer realmente era muito cruel.

Depois de pronta, a jovem de dezenove anos, com cabelos escuros, estava com um semblante triste, caído e deprimente. Wylzer, ao perceber isso, lhe ordenou que ficasse feliz e sorridente, o que ela fez sem poder recusar.

— Obrigado, meus companheiros, por terem vindo até o meu humilde castelo! — disse o príncipe, cumprimentando seus colegas.

— Senhor? Tem um homem velho querendo conversar, diz que é urgente — contou um dos guardas para ele, quando, simplesmente do nada, Kelvisk chegou e se apresentou na frente de todos, chamando Halayna para vir com ele.

— Espere! Halayna? Pare! — Halayna parou bruscamente no meio do caminho, atendendo à ordem de Wylzer.

— Halayna? Vem! — Kelvisk a chamou, e ela andou até sua direção, obedecendo à sua ordem, segurando sua mão com bastante força.

— Por favor, não me solte! — ela disse, com lágrimas nos olhos.

— Kelvisk? Sabia que você viria atrás da Halayna, por isso me preparei para esse momento, chamando os orcs para recebê-lo! — disse o príncipe, fazendo um gesto com as mãos, e vários orcs adentraram o recinto, segurando espadas e lanças. — Sei que você é um bruxo, pois acredito que fez esse anel de obediência que está no dedo da sua amada, para que ela não fugisse das suas mãos. E eu o admiro por isso; tanto é que fiz o mesmo com ela. Obrigado pela ideia!

— Kelvisk? Onde está a sua espada? Veio sem ela até aqui por quê? — Halayna perguntou, sem entender.

— Pegaram o Vilkus e levaram para a prisão nas terras vulcânicas. Pensei que tivessem feito o mesmo com você, até que seu amigo me contou onde estava — ele disse, abraçando Halayna com muita força e falando em seu ouvido baixinho — te ordeno que corra até o corredor. Tem uma porta amarela no segundo andar, subindo as escadas. Entre lá e estará segura, confie em mim!

— Está bem! — Quando Halayna confirmou, Kelvisk se teletransportou para trás de Wylzer, segurando seu pescoço e usando um comando de magia, mandando-o ficar calado. Então, se rendeu, ficando de joelhos, e Halayna correu com os orcs prendendo Kelvisk.

Quando ela finalmente chegou ao segundo andar e passou pela porta, havia uma menina de sua idade esperando por ela, dizendo:

— Halayna? Vem comigo, precisamos fugir, rápido! — Ela pegou na mão da portadora do cajado de Sarah e pulou dentro de um portal que foi criado.

Kelvisk foi amarrado por correntes e preso às mãos com algemas, sendo levado para o mesmo lugar que Vilkus, para a grande prisão nas terras vulcânicas. Ele não seria preso facilmente; apenas se deixou prender para continuar o plano de fuga de Vilkus, que tinha calculado durante a viagem até o império do príncipe.

Já Halayna surgiu dentro de um navio, com destino ao norte, em direção à prisão. Com ela estava uma mulher mais velha, que era a líder do grupo, além de dois irmãos jovens e mais um rapaz. Halayna não sabia o que estava acontecendo, mas era bem melhor do que estar nas mãos perversas de Wylzer.

Depois de cumprimentar todos, ela decorou rapidamente os nomes dos novos companheiros de viagem. Os dois irmãos eram magos, chamados Haldir e Anoril. O outro menino era um bruxo, chamado Amroth. Além da menina que a salvou, chamada Nerissa, uma feiticeira. E, por último, a líder, que também era uma feiticeira, chamada Thalassa. Os cinco faziam parte de um grupo que chamavam de clã de magia; eles trabalhavam de forma secreta pelo mundo todo, resolvendo problemas de gangues e salvando pessoas.

Todos os cinco eram elfos, uma marca que deixava registrada a particularidade do grupo em si, comparado a outros que existiam ao redor das terras de Lunizs.

— Obrigada por me salvar. Vocês conhecem o Kelvisk?

— Sim! Ele é um grande amigo nosso. Na verdade, foi ele quem criou esse clã e me deixou no comando — Thalassa falou, comendo uma maçã.

— Ele nunca me contou nada sobre vocês — Halayna disse, pegando uma maçã que Amroth lhe entregou.

— O Kelvisk é muito reservado; é normal não saber. Mas quando ele soube que precisaria da nossa ajuda, ele nos chamou. Então, a Nerissa nos reuniu e trouxe a gente até aqui para te salvar. Você tem muita sorte, sabia? Kelvisk não confia em ninguém para querer salvar dessa maneira que ele nos pediu. Agora estamos indo até o seu amigo Vilkus; será a minha primeira vez nas terras vulcânicas.

— Eu não entendo. O Kelvisk pode se teletransportar; por que ele não me levou junto? Ele se deixou prender por aqueles orcs imundos — Halayna perguntou, confusa.

— O teletransporte não funciona dessa maneira; o usuário o usa sozinho. Não é possível levar ninguém junto — Amroth disse, descascando sua maçã.

— Ah… não sabia que feiticeiros poderiam criar portais. Eu também sou uma, mas não sabia disso — disse, amarrando o cabelo.

— Podemos criar um através do cajado, mas requer muita energia do usuário. Um aprendiz jamais pode conseguir realizar essa habilidade, e alguém mais experiente só consegue fazer uma vez por mês. Já eu consigo fazer quantos quiser, pois já alcancei o ápice do meu controle; não gasto tanta energia para criar um. Foi assim que a gente se reuniu tão rápido — Nerissa contou, toda animada.

— Nossa, vocês devem ser muito fortes. Como conheceram o Kelvisk? — Halayna perguntou, pegando uma pequena vasilha com sopa dentro que Nerissa lhe deu e sentando-se em um barril.

— Somos todos amigos de infância do Kelvisk. A linhagem da família dele e amigos fugiram com o povo dos anões para as terras selvagens, e nascemos e fomos criados lá juntos. Depois que o Kelvisk conseguiu a lâmina de Coldbreath, ele nos transformou em sobrenaturais, criando o clã de magia e nos enviando para o mundo para fazer as missões que ele nos ordenou. Isso foi há dez anos; desde então, a gente nunca mais tinha visto ele pessoalmente, até agora — Thalassa contou, chateada.

— Ele também transformou o Vilkus em um mago, mas havia me dito que nunca tinha tentado em um elfo antes… — Ela disse, pensativa. — Que tipos de missões vocês faziam? — questionou, curiosa.

— Você é bem curiosa, sabia? Mas podemos te contar. Estamos atrás das relíquias de Coldbreath; passamos todo esse tempo procurando, mas nunca conseguimos encontrar nem pelo menos uma — ela disse, bufando alto.

— Halayna? Você é mesmo uma feiticeira; cadê o seu cajado? Ele ficou no castelo? — Nerissa perguntou, curiosa.

— Não, eu sempre estou com ele guardado — ela disse, sorrindo.

— Espera, como assim? Guardado como? — Thalassa indagou, sem entender.

— Um momento… — Halayna então se levantou e invocou seu cajado. Quando ele surgiu das sombras, os dois irmãos caíram para trás, onde estavam sentados nos barris.

— Pelos espíritos! — Thalassa disse, surpresa.

— ESSE É O SEU CAJADO?! — Nerissa perguntou, dando um pulo do barril e derrubando-o no chão.

— Sim! Por quê? — Halayna perguntou, admirada com a surpresa de todos.

— Halayna? Você não sabe que cajado é esse?! — Thalassa perguntou, aflita.

— Não, pertenceu à minha falecida mãe, que morreu há muitos anos, em um trágico acidente — disse, abaixando a cabeça e ficando triste.

— Meus pêsames, querida, mas esse cajado em suas mãos é nada mais, nada menos que o cajado de Sarah! — Thalassa revelou, pegando o cajado e o examinando.

— Quem é Sarah? Já ouvi o príncipe Wylzer dizer que esse cajado é dela, mas não conheço essa mulher — Halayna perguntou, confusa novamente.

— Sarah foi a terceira discípula criada por Coldbreath. Acredita-se que ela foi a primeira feiticeira que veio à existência nas terras de Lunizs! — Nerissa ficou toda assustada contando.

— E outra coisa: o cajado dela é o único no mundo que existe e que pode ficar guardado pelo portador na escuridão das trevas. Além do mais, ele também é uma das relíquias de Coldbreath! — Thalassa explicou, toda eufórica.

— É sério? Eu não sabia… — Halayna disse, pegando o cajado de volta que Thalassa lhe devolveu.

— Você deve ser muito poderosa para conseguir controlá-lo. Li histórias sobre ele e conta que muitos feiticeiros e feiticeiras tentaram controlá-lo, mas não conseguiram. Com o passar dos séculos, ele se perdeu pelo mundo, e ninguém mais o achou, até agora.

— Eu posso tentar pegá-lo? — Nerissa perguntou, se aproximando, mas com medo.

— Não, Nerissa, você já chegou ao ápice do controle de seus poderes; o cajado pode te matar se você apenas o tocar — Thalassa avisou, seriamente.

— Halayna, pode descansar em uma das cabines; a viagem vai demorar um pouco. É bom você estar revigorada para a missão de resgate que teremos… — Amroth disse, indo até o convés.

Halayna estava muito surpreendida com todas as informações que recebeu. Agora, algo lhe questionava em sua mente: se aquele cajado era de Sarah, como foi parar nas mãos de sua mãe? E se ela podia controlá-lo como ela, por que nunca lhe contou nada a respeito? Isso e outras dúvidas vinham em sua cabeça; agora, apenas o tempo lhe responderia.