— Bom dia, senhores. E senhorita! — Sentam-se os quatro na sala de reunião.
— Quem é ela, sua dama de companhia? — Pergunta um homem meio velho, com uns quarenta anos, barba longa e longos cabelos loiros.
— É meu braço direito, confio minha vida a ela. Caso precise, não é, querida? — Conta um homem velho, com uns sessenta e poucos anos, de barba longa e branca, além dos cabelos também.
— Claro, meu mestre, à sua disposição sempre! — Responde uma jovem mulher de cabelos ruivos, com mais ou menos vinte e poucos anos, alta e de aparência deslumbrante.
— Gosto de mulheres jovens na minha presença. Será que poderíamos conversar depois sobre alguns assuntos mais pessoais? — Pergunta um homem meio velho, com trinta e poucos anos de idade, de barba e bigode feitos, e um penteado de dar inveja em muitas pessoas.
— Minha vossa alteza presente não me dá permissões para fazer tal banalidade, como essa que acabou de sugerir! — Diz a dama de olhos azuis.
— Ela tem uma língua afiada, gostei! — Diz o careca nos fundos, sentado na cadeira, magro e sem pelos no corpo.
— Maike? Não lhe dei permissão para falar, fica quieto! — Fala o conselheiro de magia.
— Então, Arkadius, por qual motivo fez essa reunião? Não estava com um pingo de vontade para vir até essas terras longínquas! — Diz o conselheiro de ossos.
— Tenho algo muito importante para revelar. Na verdade, venho planejando isso há muito tempo sozinho, mas agora preciso de ajuda para colocar em prática — conta Arkadius — vamos destronar o imperador Hannibal!
— O QUÊ?! — Grita o segundo mais velho dos três, dando um pulo da cadeira — como ousa conspirar contra o grande Hannibal?!
— Não espero que compreenda a minha ganância, por isso precisei me preparar muito bem para quando chegasse esse momento presente — fala, levantando-se da cadeira — estão vendo isso em meus braços? São dois braceletes, e estão vendo os cristais? Eles contêm poderes do cristal das trevas! — Arkadius revela, sorrindo sarcasticamente.
— Humpf… então quer dizer que você finalmente encontrou uma das relíquias de Coldbreath, meus parabéns! — O parabeniza o conselheiro de sangue.
— Como encontrou esses objetos? Eles estão desaparecidos há séculos no mundo inteiro! — Pergunta o segundo velho conselheiro.
— Rhinoch… compreendo os seus motivos de não desejar a remoção do Hannibal do trono, mas vamos ser sinceros: faz mais de mil e seiscentos anos que ele senta no trono dos grandes impérios. Não acha que está na hora de alguém melhor assumir? — Arkadius pergunta, olhando-o malignamente.
— Eu apoio o Arkadius! — Diz o mais novo dos três.
— Desculpe, Dakell, mas você não será mais o conselheiro de sangue, será a Khadija, meu braço direito! — Arkadius revela, tenebroso.
— Quê?! Isso é sério? Você não pode fazer isso comigo! Não deixarei barato se você tomar essa atitude, entendeu? — Dakell fala, ficando nervoso.
— Não quero recorrer à força bruta, muito menos ter que gastar minhas energias com vocês dois, mas… se for preciso, confesso que estou ansioso para descobrir o tamanho do poder desses dois braceletes em minha posse! — Diz, dando gargalhadas altas.
— Eu odeio você, Arkadius, nunca vou te perdoar por isso, não se esqueça! — Dakell fala, sentindo algo estranho, deixando o local.
— Lembre-se, meu amigo, caso pense em contar para o Hannibal o nosso plano, saiba que sofrerá as consequências!
— Creio que não precisarei fazer isso… — Diz, olhando ao redor e indo embora.
— Muito bem, Rhinoch? Vamos fazer o seguinte… — E Arkadius explica como será feita a conspiração contra o imperador Hannibal e seus súditos. Agora tudo estava nas mãos de Kelvisk e seus companheiros.
— E foi isso que aconteceu. Não sei dizer direito, mas tive o pressentimento de que o conselheiro Dakell sentiu a minha presença, mas não sei dizer com precisão — Halayna fala, sentando-se na cadeira.
— Humpf… talvez ele tenha sentido, mas não queria dizer nada, já que ele estava contra o Arkadius. Precisamos tomar cuidado a partir de agora. Vou criar um líquido de odor forte, um perfume de fragrância leve, mas que fará o seu cheiro desaparecer. Não queremos que ele te descubra. Obrigado pelo ótimo trabalho, foi ousado, confesso. Mas mandou muito bem, parabéns! — Kelvisk agradece, levantando-se da cadeira e indo até Vilkus.
— Ele não vai acordar, já se passaram horas e nada? — Halayna questiona, muito preocupada.
— Ele acordou, como vai, meu amigo? — Kelvisk pergunta, mexendo-o.
— Ah… nossa, minha cabeça está girando, nunca passei por algo parecido antes. O que houve comigo? — Vilkus indaga, atordoado.
— Eu te transformei em um mago!
— O QUÊ?! — Vilkus grita, dando um pulo e saindo do chão — você pode fazer isso mesmo?! Sério?! Eu sou um mago agora?!
— Acredito que sim. Falta apenas treinar seus poderes e verá, mas aconselho descansar por enquanto. Não queremos nenhum efeito colateral da transformação.
— Obrigado, Kelvisk! Muito obrigado! Sabe o quanto eu desejei isso na minha vida? É simplesmente incrível! Você me deu o melhor presente da minha vida! — Vilkus conta, abraçando forte Kelvisk.
— Chega, Vilkus, está bom, chega! — Fala, empurrando-o um pouco.
— Halayna?! Eu sou um mago agora! Acredita? AH! — Diz, todo feliz e animado.
— E eu aqui imaginando que você ia odiar o Kelvisk pelo que ele fez contigo. Sabe que ele te matou, não é? — Halayna confessa, intrigada.
— Não tem problema, valeu o sacrifício. O importante é que agora estou vivo e sou um MAGO!
— Viu, Halayna? Eu sabia que ele ia gostar.
— Humpf! Pois se tivesse sido comigo, você estaria morto agora no lugar dele… — fala, deixando o quarto e saindo um pouco.
Kelvisk estava satisfeito com os planos dando certo e saindo melhor do que ele estava esperando, mas ainda estava bastante preocupado. Principalmente com a Halayna, ele precisava fazer alguma coisa para ajudá-la a controlar seus poderes. Caso não fizesse isso, em algum momento crucial, ela acabaria se tornando um empecilho no caminho.
Mas lhe deixava aflito não encontrar uma solução para tal problema. Já bastava ter que trabalhar consigo mesmo; ajudar outra pessoa estava além da sua capacidade. Até que, pensando bastante no assunto, ele se lembrou dos elfos antigos, que foram expulsos de suas terras e de sua casa, para as profundezas das antigas terras sombrias.
Talvez conseguisse ajuda por lá, mas seria uma viagem longa de volta por aquelas terras, e o risco de retornar lá seria alto para os três, ainda mais com Vilkus sendo um mago agora. Mas pensou nas possibilidades de tudo isso e que provavelmente seria a única saída que poderia ter encontrado.
Querendo ou não, estava de mãos atadas e precisava tomar uma grande decisão. Mas antes, precisava fazer algo a respeito da conspiração; não iria demorar muito para Arkadius colocar seus planos em prática. Só restava para eles três se unirem para combater isso com muita inteligência.
Kelvisk não queria que a conspiração acontecesse, não da sua maneira, pois era a favor, mas ele queria que acontecesse do seu jeito, e isso seria difícil de se fazer. Precisaria pensar bastante a respeito de tudo que Halayna lhe contou; cada detalhe seria crucial.
Vilkus foi descansar, como aconselhado, depois de ter comido bastante, pois estava com uma fome de uma semana em seu estômago. Ele não aguentava tanta ansiedade para poder começar os treinamentos e lançar bolas de energia mágica pelas mãos. Sempre sonhou em ser um mago, mas sempre se conformou por ter nascido um elfo. Mas, no fundo, o que ele tanto almejava conseguiu. Isso deixava claro para nossos aventureiros que nunca devemos desistir de algum desejo que temos, principalmente quando ele nos faz bater os céus imaginando acontecer e se tornar realidade algum dia.
Halayna, depois de ter saído, encontrou sua amiga Poly, e as duas conversaram bastante depois de ficarem íntimas como eram antigamente. Contaram tudo que aconteceu com elas no passado e tudo que estava acontecendo no presente. Poly ficou surpresa com os eventos que Halayna passou ao lado de Kelvisk e Vilkus. Halayna não se preocupou em revelar tudo para ela, sabia que podia confiar em sua melhor amiga de infância. Mas talvez isso não fosse uma boa ideia.
No entanto, depois de alguns minutos, Eldy se apresentou e cumprimentou as duas, e Halayna novamente ficou tímida e estranha com a presença dele. No fundo, ela ainda lembrava dos belos momentos que passou ao lado de Eldy quando eram pequenos. O relacionamento que os dois tiveram ainda deixava claro que existia alguma fagulha de fumaça no ar. Mas apenas o tempo confirmaria isso; ela, no momento, tinha coisas mais importantes para se preocupar e não queria se distrair com coisas que ficaram em um passado esquecido por ela. Trazer à memória algo que não existia mais só a deixava desconfortável e um pouco insegura consigo mesma. Mas deixou os pensamentos de lado.
Kelvisk foi atrás dela, queria outra reunião urgente pela manhã, além dos dois dispostos a ouvir e prestar atenção. Não queria que nada desse errado, muito menos que fossem pegos no ato que iriam realizar. No fundo, Kelvisk sabia que não podia confiar totalmente nos dois, e ele tinha seus bons motivos para isso. Talvez, com o tempo, ele descobrisse que podia se abrir de verdade com eles, mas até conseguir enxergar isso, demandaria tempo. No mais, ele só queria cumprir a sua missão no final de tudo, mas não sabia se conseguiria concretizá-la. A resposta dessa revelação apenas o amanhecer revelaria, em uma chuva de neve sendo derramada sobre o chão.