Chereads / A Saga de Lunizs - Livro 2: O Escurecer / Chapter 12 - Um Plano Infalível

Chapter 12 - Um Plano Infalível

Amanhecendo o dia, Halayna e Kelvisk haviam retornado à academia de magia através do teletransporte do portador da lâmina de Coldbreath. Vilkus estava todo alvoroçado com as informações que havia conseguido coletar durante suas incursões na sala de reunião. Ele tinha ficado com o anel de invisibilidade e estava estudando o plano de Arkadius.

Por um momento, os três achavam que seria impossível impedir, pois o plano de Arkadius era tão perfeito que ele devia ter sido planejado há muitos anos. Kelvisk sabia que o Imperador Hannibal não seria destronado tão facilmente; manter o poder por mais de mil e seiscentos anos não era para qualquer um. A única forma de retirá-lo do trono era destruí-lo de dentro para fora, no caso, o que os seus próprios conselheiros estavam fazendo contra ele.

Vilkus contou que os três conselheiros sobrenaturais não eram os maiores nas patentes de liderança; eles foram apenas escolhidos por Hannibal para poder controlar os usuários de magia, os vampiros e os lobisomens. O conselheiro de magia se chamava Arkadius (líder dos bruxos, feiticeiros e magos), a nova conselheira de sangue, Khadija (líder dos vampiros), e o conselheiro de ossos, Rhinoch (líder dos lobisomens).

Mas os principais conselheiros de Hannibal continuavam sendo seus antigos líderes de muitos séculos atrás, que eram todos lobisomens, chamados: Kanchom, Hácan, Tenglu, Dolaco, Veltis e Mentilí.

Nesse século presente, a classe sobrenatural que estava governando era a dos lobisomens, ao comando de Hannibal. A segunda classe que mais liderava era a dos vampiros, e, por último, a classe de magia. Havia outras raças de sobrenaturais caminhando pelas terras de Lunizs, mas todos eles eram minoria comparados com as outras três citadas acima.

— Então, Vilkus, nos conte o plano… — Kelvisk diz, prestando bastante atenção. Os três estavam reunidos no quarto dos dormitórios, tinham feito uma refeição logo cedo e ainda estava clareando, além de terem treinado um pouco do lado de fora.

— Seguinte… Vocês precisam saber de uma coisa: esse Arkadius é um homem muito perigoso, e vocês não imaginam o quanto ele controla praticamente tudo que está relacionado aos sobrenaturais. Insubordinação, servos, alunos, mestres, comandantes, exércitos, criaturas e embarcações pelo mundo inteiro. Meu amigo, se alguém arrumar alguma encrenca com esse homem, pode ter certeza de uma coisa: ele não fica escondido por muito tempo!

— Então ele é praticamente a própria escuridão, consegue encontrar qualquer um em qualquer parte do mundo. Teremos que tomar mais cuidado com ele se quisermos impedi-lo — Kelvisk conta, sentando-se.

— Antes de fazermos qualquer coisa, não deveríamos nos aproximar dele? Para conhecê-lo melhor? — Halayna indagou, aflita.

— Eu já fiz isso, segui ele por vários dias e acompanhei cada passo dele. Descobri até a rotina antiga dele. Tipo, ele sempre passava uma semana na academia, depois viajava para as terras dos lobisomens, depois dos vampiros, e de lá seguia para o império de Hannibal, informando-o sobre as coisas que estavam acontecendo em cada lugar. Mas agora não, ele tem duas coisas nos braços que usa para criar um portal, e quando entra nele, ele aparece em outro lugar totalmente diferente. Agora ele passa apenas um dia na academia e um dia nos outros lugares. Além de que ele visitou outros lugares e conversou com gente de todo tipo; até nas terras nulas ele tem gente ao seu comando!

— Eh, mais complicado do que imaginei — Kelvisk fala, coçando a cabeça.

— E agora? Se a gente fizer alguma coisa e der errado, estaremos ferrados — Halayna diz, cruzando os braços — não teremos lugar para nos esconder, seremos caçados para sempre!

— Não contei a pior parte: existe uma grande prisão ao extremo norte daqui, criada para manter os piores prisioneiros do mundo inteiro, e não vão acreditar quem a comanda… os orcs! E todos eles obedecem a Arkadius. Me parece que o Arkadius não tinha tanto poder e controle das coisas como está tendo agora; parece que, de alguma forma, ele está conseguindo colocar medo nas pessoas e obrigando-as a seguirem suas ordens!

— São os dois braceletes nos braços dele, são duas das relíquias de Coldbreath! Muito poderosas, provavelmente ele se tornou muito forte e agora está aproveitando isso para colocar seus planos de conspiração em ação — Kelvisk conta, irritado.

— Que relíquias são essas? — Vilkus pergunta, sem entender.

— Não sei direito, apenas sei que pertencem a Coldbreath e foram criadas por ele para que seus primeiros discípulos se tornassem tão poderosos quanto ele era — diz, abaixando a cabeça e fechando os olhos para pensar.

— Humpf… bem, ele ordenou que os vampiros fossem até o povo sombrio para trazer todos os sobrenaturais que existem lá. Eu mesmo vi quando vários navios chegaram aos portos marítimos!

— O quê?! E você só nos conta isso agora, Vilkus? Então ele planeja uma rebelião, e não uma conspiração como pensávamos! — Kelvisk fala, levantando-se.

— Provavelmente ele falou que era uma conspiração porque o antigo conselheiro de sangue estava presente na hora; talvez não quisesse revelar o plano verdadeiro — Halayna fala, relembrando o assunto.

— Concordo, Halayna, ele foi muito meticuloso, pensou em cada passo antes de começar a andar. Acredito que já estamos sendo vigiados a essa altura por servos dele; o Vilkus não passaria despercebido por tantos dias sem ser descoberto de alguma maneira. Precisamos sair daqui, e rápido!

Quando diz isso, uma pessoa bate na porta do quarto, e os três ficam com o coração acelerado, pensando no que iriam fazer a partir de agora. Kelvisk correu e escondeu a sua espada, e pediu para Vilkus abrir.

— Desculpe-me o incômodo, a Halayna está? — Eldy pergunta, meio chateado.

— Halayna, é o seu amigo! — Vilkus a chama, fazendo careta para Kelvisk.

— Eldy? O que foi? — Ela pergunta, estranhando a sua presença naquela hora do dia.

— Me desculpa, vim te incomodar logo cedo, mas o conselheiro de magia me pediu para te chamar. Ele gostaria que comesse ao seu lado no café da manhã de agora. Você vem? — Pergunta, estendendo a mão para ela.

— Kelvisk, posso ir? — Halayna perguntou, aflita.

— Não se preocupe, vamos estar aqui te esperando. Só toma cuidado com as suas palavras, e vai dar tudo certo — Kelvisk diz, beijando a mão dela para tranquilizá-la.

Assim que Halayna adentrou o grande salão de refeições, o conselheiro de magia logo sorriu quando a viu de longe, chamando-a para se sentar ao seu lado. Queria vê-la mais de perto e poder conhecê-la um pouco melhor.

Kelvisk ordenou a Vilkus que usasse o anel e fosse até o salão espionar o que estava acontecendo, mas que ele fosse pelos fundos, para não chamar atenção passando entre tantas pessoas pelo caminho.

Halayna, quando sentou, agradeceu com gestos e reverência o privilégio de ser convidada, e Arkadius apenas retribuiu com um beijo em sua mão, pedindo para que comesse à vontade o que sentisse vontade.

Quando Vilkus chegou nos fundos e foi adentrar o recinto, uma mulher de rara beleza o chamou pelo nome, perguntando o que ele queria entrando por ali. Vilkus, assustado, ficou paralisado sem responder nada, ainda invisível. Na esperança de que a jovem fosse embora, ele segurou a respiração para não chamar atenção, mas a mulher ficou apenas parada em sua frente, rindo levemente.

— Você vem comigo, amiguinho. Se não for por bem, será por mal — diz, abrindo os braços para agarrá-lo.

— Eu não estou aqui! — Vilkus fala, saindo correndo pelos corredores do lado de fora do salão.

— Odeio quando pensam que podem ganhar, aff! — diz a jovem mulher.

Depois de correr por vários lugares, Vilkus é encurralado; vários jovens o estavam esperando do lado de fora dos dormitórios, onde ele queria entrar para avisar Kelvisk.

— Fim da linha, bonitinho. Espero que tenha aprendido que não adianta sair correndo desesperado; você só está adiando o inevitável — a mulher deslumbrante conta, com raiva.

Vilkus se rende, retirando o anel e ficando visível novamente, e junta os braços um no outro para que colocassem as algemas. Era o fim do elfo aventureiro em sua missão.

Halayna continuava sem imaginar nada do que estava acontecendo do lado de fora. Quando terminou de comer, ela agradeceu e disse que precisava ir embora, caso o conselheiro não se importasse. Mas ele disse apenas que ela seguisse um dos corredores indicado por ele, pois tinha uma pessoa que queria conversar com ela.

Ela seguiu o caminho e, sem imaginar quem era a tal pessoa que queria lhe falar, apenas respirou fundo e tentou se acalmar; não queria demonstrar que estava nervosa ou que alguma coisa estava errada com ela.

— Olá! Com licença, estava me esperando… — Halayna diz, adentrando uma sala escura, com poucas tochas iluminando e um completo vazio ao redor.

— Halayna? Finalmente chegou, estava te esperando. Sente-se, por favor — diz um belo homem de aparência majestosa.

— Wylzer? O que faz aqui? — Halayna pergunta, ficando nervosa e irritada.

— Eh, bem, você me surpreendeu na última vez que conversamos. Sabe, eu não lembrava de nada do que aconteceu depois que eu te ataquei, mas, depois de alguns dias, as lembranças surgiram na minha cabeça aos poucos, até que lembrei de uma coisa muito importante. E você sabe o que é?! Você é a portadora do cajado de Sarah! — diz, ordenando que a porta se fechasse e trancasse sozinha, com a bruxaria que havia colocado na fechadura.

— O quê está fazendo? Abre! — ela diz, olhando com ódio.

— Você é bem forte para uma feiticeira comum. Parece que o seu tio falso, chamado Kelvisk, não é um rei verdadeiro, não é mesmo? Perguntei ao Rei Tauron sobre ele, e sabe o que ele me disse? Que não o conhecia e não fazia ideia do assunto dele se tornar seu conselheiro!

— Humpf… — Halayna recua alguns passos da presença de Wylzer.

— Não precisa ter medo de mim, eu não vou te machucar. Você apenas me atrai, não só pela sua beleza; confesso que ficou ainda mais linda com esse cabelo grande, mas o que me chama mais a atenção é o seu talento! — fala, pegando uma taça e bebendo um gole de vinho.

— Me deixa ir embora! Não tenho assunto para conversar com você. Se quiser saber alguma coisa sobre o Kelvisk, fale diretamente com ele!

— Você gosta dele? Percebi o jeito que ele te olha, com um olhar intenso que transmite uma aura de energia positiva. Não percebeu isso? Admito que, se eu fosse ele, também estaria atraído por você. Como já falei, ele não é muito velho para você? Quantos anos tem? Eu tenho vinte — conta, sentando-se na cadeira.

— Não quero te ouvir! Abre essa porta, AGORA! — Halayna grita, olhando atentamente para os olhos de Wylzer, e seus olhos brilham de um verde fluorescente, assustando o rapaz.

— Minha nossa… você chegou ao ápice do controle dos seus poderes! Como conseguiu tal feito? Sabe o quanto almejo alcançar isso? Passei cinco anos inteiros estudando livros para entender como aprender mais rápido a adquirir tal habilidade, mas eis você aqui em minha frente, totalmente realizada!

— Deveria me temer agora. Estou muito mais forte do que antes, quando te ataquei daquela vez. Não vai querer me ver brava?!

— Querida… uma coisa é ter controle, outra coisa é ser extremamente poderosa. AH! — Wylzer dá um passo para trás para pegar impulso e, disparando pelas mãos duas bolas de energia mágica contra Halayna, ele a acerta em cheio e a derruba no chão.

Fazendo uma bruxaria em uma adaga bem afiada, ele a controla mentalmente, apontando-a para o pescoço dela, se abaixando e pegando seu cabelo.

— Agora que sei que você não é da realeza, mas uma simples feiticeira, será minha daqui por diante e ficará em minha posse. Vai me obedecer e fazer tudo o que eu mandar! E nem pense que aquele seu velho vai poder fazer alguma coisa. Já conversei com o conselheiro de magia; nesse exato momento, seus dois amigos devem estar presos e sendo levados para as terras vulcânicas ao norte daqui… Levanta-se, temos que ir — Wylzer ordena ao colocar um anel no dedo de Halayna. — Demorou para que eu pudesse entender o motivo da minha bruxaria não ter funcionado daquela vez, tudo por causa desse anel de obediência que você estava usando, o que me fez pensar em fazer o mesmo com você!

— Eu te odeio! — Halayna diz, derramando lágrimas e seguindo a ordem de Wylzer.