Chereads / A Saga de Lunizs - Livro 2: O Escurecer / Chapter 13 - Uma Lembrança Marcante

Chapter 13 - Uma Lembrança Marcante

Já era madrugada quando Halayna chegou às terras vulcânicas, acompanhada de seus novos amigos. A prisão era enorme, muito gigantesca; havia em torno de quinhentas pessoas aprisionadas ao todo, mas era difícil dizer onde Kelvisk e Vilkus estariam naquela altura.

— O lugar é muito grande, não vamos conseguir achá-los aqui fora — Thalassa diz aflita.

— Se conseguirem me colocar lá dentro, eu conseguirei achá-los. Posso ficar invisível! — Halayna conta esperançosa.

— Espera, você consegue usar a invisibilidade? Eu tentei por muito tempo aprender essa habilidade, mas nunca consegui me concentrar direito. Você realmente é especial! — Nerissa diz, sorrindo. — Vem, eu te levo até lá embaixo.

Criando um portal, Nerissa deixa Halayna dentro da prisão e depois retorna para os seus amigos em cima do morro. Agora Halayna só precisava manter o foco até encontrar os dois companheiros, uma tarefa complicada.

— Procurando alguém, amigo? — Um senhor de idade pergunta a Kelvisk, que estava olhando para os lados.

— Um jovem de aparência bonita, além de um elfo com a mesma semelhança. Viu alguém desse tipo? — Kelvisk pergunta sério.

— Não tem elfos nessa prisão, mas chegou um aqui alguns dias atrás. Ele logo fez amizades com alguns ex-dominadores, estão juntos do outro lado da prisão, nos fundos. É só seguir por esse corredor que você vai encontrá-los… — diz o velho, sorrindo.

— Obrigado! Com licença — Kelvisk então segue na direção indicada e, depois de alguns minutos andando e passando pela prisão, avista Vilkus conversando com um jovem rapaz bem simpático. — Vilkus?!

— Ih… Kelvisk?! Você veio, eh! Muito obrigado, meu amigo, por ter vindo. Sabia que você viria! — Ele fala, andando um pouco rápido até Kelvisk para abraçá-lo.

— Como você está? — Kelvisk pergunta, cumprimentando o novo amigo de Vilkus.

— Prazer em conhecê-lo, me chamo Ryuki!

— Estou bem. Você não vai acreditar nas pessoas que estão aqui. Há muitos séculos atrás, existiram dominadores elementais que tinham a capacidade de dominar os elementos da natureza e até combinações de elementos. Por exemplo, o Ryuki, ele é um ex-dominador de lava. Acredita? — Vilkus conta, todo animado.

— Já ouvi histórias sobre eles, mas nunca tive o interesse de querer conhecer. Sempre tinha coisas mais importantes para me preocupar — Kelvisk diz, indo até Vilkus e falando em seu ouvido. — Estou esperando um grupo de resgate vir nos pegar. Se prepare para fugir!

— Sério? Que maravilha, meu amigo! Sabia que você era a solução para os ex-dominadores! — Vilkus fala, mais animado ainda.

— Perdão, mas apenas nós dois vamos sair daqui. Não podemos chamar muita atenção. Esse pessoal está aqui há anos. Se eles fugirem conosco, seremos caçados! — Kelvisk diz, seriamente.

— Mas Kelvisk, precisamos ajudá-los! Eles esperam por alguém poderoso que possa tirá-los daqui! Eles estão aqui há anos e perderam todas as esperanças de salvação. Mas você, comigo e a Halayna, podemos ajudá-los! — Vilkus conta, ficando aflito.

— Essa pessoa não sou eu. Apenas se prepare para sair daqui em breve — Kelvisk diz, olhando para as altas muralhas de vigia.

Ele começa a andar um pouco pela ala da prisão, verificando a melhor posição para um portal ser criado, onde não pudesse chamar atenção.

Enquanto ele faz isso, Vilkus pede para Ryuki aguardar, até que ele convença Kelvisk a ajudar os ex-dominadores.

— Kelvisk? Olha, sei que tem seus motivos para tomar suas atitudes, mas poderia me acompanhar, por favor, até aquela cela? — Vilkus aponta para o lugar.

— Vamos… — Kelvisk ordena, caminhando até o local.

Ao chegar na entrada, ele avista duas jovens mulheres jogando xadrez. Elas estavam bem concentradas e sérias, pensando em cada movimento que a peça iria fazer. Quando uma delas percebeu a presença de Kelvisk, pediu para ele entrar.

— Olá, grande anciã. Esse é o meu amigo Kelvisk, que comentei antes. Ele gostaria de ouvir o que a senhorita tem para falar… — Vilkus comentou, sentando-se ao lado delas.

— Sente-se, velho homem. Lhe confesso que nós duas não mordemos — diz a mais nova delas.

— Prazer em conhecê-las — Kelvisk fala, cruzando as pernas e observando o jogo. Ele gostava de xadrez e era muito bom.

— Então você é o portador da lâmina de Coldbreath. Seu amigo nos contou — diz a mais velha das duas. — O que sabe sobre os dominadores?

— A única coisa que sei é que reinaram por alguns séculos e depois foram destronados — responde, tirando o capuz.

— O resumo realmente foi isso, mas foi mais realista do que poderiam descrever — fala, empatando o jogo com a sua colega. — Gostaria de jogar? Nós duas sempre empatamos, pois somos muito boas. Queria enfrentar alguém mais velho como você. Sabe jogar? — pergunta a mais nova.

— Sei sim, serei as pretas — ele fala, sentando-se no lugar da mais velha.

— Esperamos que seja paciente, pois esse jogo requer isso, e a história que vamos lhe contar também… — Então a ex-dominadora começa a contar a história da criação dos espíritos elementais, desde a fundação de Lunizs até a existência dos primeiros dominadores que reinaram. O ciclo elemental que existia por séculos e as guerras entre os seis reinos por poder e ambição. Além das duas profecias que foram criadas para o destino do mundo, revelando tudo que aconteceu de importante no tempo da realeza, há dois mil e quatrocentos anos, tempo em que os seis espíritos foram despertados e os dominadores criados.

— Humpf… — Kelvisk suspirou com tanta informação uma atrás da outra.

— Até que chegou o dia da grande reunião, onde se reuniram todas as realezas aliadas: o império Tfw, o império Adgor, o império dos elfos, dos anões e gigantes, duas nações poderosas ao norte e sul do oeste, além do império das valquírias… — conta a mais nova. — Estávamos todos conversando a respeito do escolhido pelo espírito das trevas, e o espírito da planta nos falava a respeito da ascensão deles e que estariam prestes a atacar a qualquer momento. Mas o que todos não esperavam é que ele já estava lá, preparado para atacar. Quando a gente menos esperava, nem imaginava, ele arrombou os portões do grande salão, e uma fumaça gigantesca subiu e invadiu a sala. Todo mundo ficou praticamente cego, sem reação alguma, e quando ela começou a diminuir, só vimos uma pessoa em pé, segurando uma espada na mão. Até que ele levantou-a para cima e cravou contra o chão, causando uma explosão enorme de energia contra todos na sala.

— Depois… — começa a contar a mais velha — vários membros da realeza estavam desacordados com o impacto contra as paredes do salão e as colunas. Eu só vi a Hélia perguntar quem era ele e por que estava fazendo aquilo. E aí, ele, ainda segurando o cabo da espada, começou a liberar toda a energia do cristal das trevas, e uma luz começou a irradiar do cristal e tomar conta de todo o salão.

— Foi aí que… — continua a mais nova — o cristal foi destruído, pois como toda a energia dele foi liberada para destruir os outros seis cristais, ele próprio foi destruído, e o espírito das trevas foi libertado. Ele então começou a tomar os poderes dos outros seis cristais elementais para si, e quando tomou todo o poder, os seis cristais perderam o seu brilho, ficando totalmente vazios. Mas aí alguns dos membros começaram a acordar, e todos ouvimos o grito e o desespero do espírito das trevas.

— O que aconteceu com ele? — Vilkus pergunta curioso.

— Ele não estava podendo suportar, muito menos controlar todo o poder que absorveu dos seis cristais elementais. Além do mais, os poderes dos seis cristais eram puros, mas o poder do espírito das trevas era contaminado, então houve uma incompatibilidade entre os poderes. Foi aí que ele percebeu que não poderia controlar e, pior, o imenso poder estava descontrolado e ia destruir o espírito das trevas de uma vez por todas.

— O espírito das trevas nem Coldbreath imaginaram que poderiam acontecer essas duas coisas. Primeiro, a intenção deles era destruir os cristais elementais, assim pensaram que poderiam destruir de uma vez por todas os seis espíritos que estavam aprisionados. Mas aconteceu o contrário do que eles esperavam. Foi aí que aconteceu a segunda: o espírito das trevas pensou muito rápido quando decidiu tomar os poderes para si. O que foi o seu segundo erro. Mas, para ele não ser destruído, por não poder controlar os poderes dos seis espíritos, ele tinha que tomar alguma atitude do bem. Só assim ele poderia controlar um pouco os poderes naquele momento e impedir de ser destruído — conta a mais velha.

— Foi então que ele criou a nova profecia: "No grande dia desperta o mal, mas à meia-noite dorme o anormal. Com enorme força inflige a dor, mas com reforços domina a sorte, rendido à ganância do amor" — fala a mais nova.

— Só que… — diz a mais velha — o espírito das trevas teve muito pouco tempo para pensar em uma profecia, e então ele criou uma com o pouco tempo que lhe restava antes de ser destruído. Coldbreath depois nos contou tudo que fez ao lado do espírito das trevas.

O seu primeiro discípulo era seu melhor amigo de infância; ele o transformou no primeiro sobrenatural, o primeiro vampiro, Edward. Depois foi uma mulher chamada Sanja, a primeira bruxa, e transformou o filho dela também, chamado Estêvão, em uma fênix.

O terceiro foi a Sarah, a primeira feiticeira. Depois, o quarto e o quinto, que foram dois irmãos chamados Hayaki e Reylta, os primeiros magos, o mago dos sentimentos e a maga dos pensamentos.

E por último, o sexto chamado Heigor, o primeiro Lycan, que criou os lobisomens. Coldbreath também nos contou que, quando libertou o espírito das trevas, o espírito lhe pediu para pegar com o seu pai seis cristais elementais, de cada um dos seis elementos, que ele guardava no cofre.

Foi assim que o espírito das trevas transferiu parte do seu grande poder para os seis cristais elementais, contaminando-os e os transformando nas seis relíquias de Coldbreath.

— Um anel de vampiro para Edward, que tem a cor vermelha carmesim; um colar de bruxa para Sanja, que tem a cor verde esmeralda; um cajado de feiticeira para Sarah, que tem a cor azul marinho; dois braceletes para os dois magos, um dos sentimentos, de cor branca como a neve, e outro dos pensamentos, de cor preta como a noite; e, por último, um anel de lobisomem para Heigor, que tem a cor amarelo caramelo — conta a mais nova. — No total, são seis relíquias de Coldbreath, mas essas seis relíquias não tinham essas cores escuras quando foram criadas; elas eram todas negras como as trevas. Houve uma mudança na magia sobrenatural por causa da profecia, depois que ela foi criada.

— E, depois de anos convivendo com ele e seus discípulos, eu descobri que quem estiver usando as seis relíquias pode ser capaz de usar e controlar todo o poder da lâmina de Coldbreath por completo! — revela a mais velha.