Chereads / A Saga de Lunizs - Livro 1: O Alvorecer / Chapter 21 - Capítulo 20 - O Despertamento

Chapter 21 - Capítulo 20 - O Despertamento

Assim que Don colocou os pés na estrada que leva para dentro da Floresta Escura, vários elfos o cercaram, apontando seus arcos para ele. Quando viu, ficou assustado e apreensivo, mas disse que tinha vindo sozinho e que estava ansioso para se encontrar com Hélia novamente.

Ele ficou muito surpreso por ver com seus próprios olhos os elfos à sua frente e ficou observando a aparência deles, que tinham orelhas pontudas e uma expressão meio enjoada, como se não tivessem comido direito. Foi por esses motivos que Nino estava os xingando de vários nomes ofensivos quando foi carregado por um deles.

Por coincidência, haviam chegado naquele instante em que Don foi cercado o rei dos anões e o rei dos gigantes, que estavam todos bravos pela longa viagem que durou dias para acabar, mas finalmente estavam reunidos com os elfos.

Logo de início, Eldarion iniciou uma reunião de urgência para falar com eles a respeito do guardião e o que deveriam fazer sobre isso. Quando Don chegou ao palácio do castelo e avistou Hélia, ele correu para tê-la em seus braços, e ela também foi ao seu encontro. Se abraçaram fortemente, e Don beijou a testa dela com um largo sorriso no rosto, dizendo que nunca mais queria ficar longe dela daquela forma horrível.

Hélia disse o mesmo, pegando em seu rosto com as mãos e o beijando na bochecha. Os dois ainda precisavam acertar como ficaria o relacionamento íntimo deles, mas aquele não era o momento certo. O momento insistia que problemas maiores requerem suas atenções.

— Então você estava aqui esse tempo todo? Nunca conseguiria imaginar que esse lugar existia dentro dessa floresta enorme. Estou realmente surpreso — Don diz alegre e contente.

— O Rei Eldarion deseja conversar com você. Vamos falar com ele agora, vem — Hélia fala, pegando em sua mão e o levando.

Depois de alguns minutos caminhando, os dois chegaram à entrada da sala de reunião. Perguntaram ao guarda se podiam entrar, e ele disse que sim. Quando entraram, todos que estavam conversando pararam bruscamente e olharam para os dois, envergonhados.

— Desculpe atrapalhar a sua conversa, Rei Eldarion, mas o Don chegou — Hélia disse, meio tímida.

— É ela?! A guardiã das profecias? — Pergunta o rei anão ao rei élfico.

— Sim, ela mesma. Entre, Hélia! Se aproximem, por favor — Eldarion fala, meio nervoso.

— Você é a guardiã das profecias? Como assim? Pensei que existisse apenas uma… — Don pergunta, sem entender.

— Depois eu te conto tudo que aconteceu aqui. Foram muitas coisas — Hélia diz, segurando em seu braço.

— Bem, Hélia. Infelizmente, as coisas tomaram um rumo bem diferente do que todos nós esperávamos em relação ao destino. Ele mudou drasticamente e de uma forma que nos colocou em uma situação muito complicada — Eldarion conta, desabafando.

— O que houve? — Hélia pergunta, apreensiva.

— O Rei Balton dos anões nos informou que um enorme exército viking, entre outras nações, está a caminho das terras dos seis reinos, marchando lentamente, mas em grande quantidade. Ele disse que jamais viu um batalhão tão grande como esse presenciado em sua vida. As seis nações correm um enorme risco de serem destruídas para sempre — diz o rei élfico.

— Eu estou sabendo. Eu e meu irmão estávamos fazendo buscas pela Hélia e os outros dois por aquelas terras e fomos informados. Então, retornamos o mais rápido possível para avisar aos reinos — Don fala, com medo do que irá acontecer.

— Você é um novo rei, não é mesmo? Não sabe como é o peso ainda de carregar a tamanha responsabilidade de proteger um povo. Por isso, devemos ajudá-los, Rei Eldarion — Golem diz, o rei dos gigantes.

— Eu sinceramente não sei o que devo fazer além de ordenar aos meus homens para se prepararem para defender o reino. Queria que houvesse outra saída, mas não sei qual. Não consigo pensar em nada — Don conta, com raiva da situação.

— Eu tenho um plano para salvar todos os seis povos da morte iminente, mas vai custar um preço muito alto e que todos devem estar dispostos a pagar, sem exceção — Eldarion diz, com seriedade e esperança em seus olhos.

— E o que seria essa ideia e esse preço tão alto? Creio que nessa situação todos farão qualquer coisa para se salvar — Hélia pergunta, curiosa.

— Bem... todos os seis povos e, inclusive, os exércitos devem se refugiar dentro dos domínios do reino élfico! Aqui cabem todos e ainda sobra espaço, pois temos a floresta em cima e a cidade embaixo, na terra. Mas todos os seis reinos terão que deixar para trás todas as suas riquezas. Esse é o preço para continuar todos vivos. E mais, todos deverão permanecer aqui até o dia quinze de outubro deste ano e não poderão sair em nenhum momento para nada! — Revela Eldarion, com autoridade em suas palavras.

— Todas as riquezas? Mas isso vai nos deixar em uma crise financeira enorme. Jamais vamos conseguir nos recuperar — Don fala, surpreso e assustado com a ideia.

— Pensa bem, Don. Se é isso que vale o preço das vidas do nosso povo, então devemos aceitar. Se permanecermos vivos, podemos conseguir sobreviver depois. O importante é não morrermos agora — Hélia diz, o abraçando forte.

— Não apenas você, mas todas as realezas devem concordar. E se você for o primeiro, pode conseguir convencer os outros. As nossas portas estão abertas para todos que desejarem continuar vivendo. Mas acredite, não há muito tempo. Ou vocês se decidem agora, ou vão perecer para sempre. Escolham a sua decisão. Essa reunião está acabada. Obrigado a todos — falando isso, o rei élfico deixa a sala e vai à procura da sua esposa. Precisava dos seus conselhos naquele momento crucial.

— E então, Don, o que decidiu? — Hélia o questiona.

— Um rei de verdade deve sempre colocar a vida do seu povo em primeiro lugar. Meu pai sempre me ensinou isso, e ele estava certo. Vamos salvar o nosso povo, Hélia!

Sem perder tempo, Don correu em seu cavalo para retornar ao seu reino o mais breve possível. Estava nas mãos dele contar a única saída para todos os seis povos se salvarem da morte iminente.

Quando colocou os pés no castelo e adentrou o palácio, chamou aos gritos pelo conselheiro pessoal de Kira, que, ao ouvir, perguntou o que desejava e o mandou enviar cartas para todos os cinco reinos, avisando da proposta do rei élfico.

Os primeiros a receber o aviso foram o Reino da Terra. Dalton ficou totalmente arrasado quando soube que deveriam deixar para trás todas as riquezas e correr em direção à Floresta Escura. Mas era preciso, e ele não se recusou. Chamou Fall para ajudá-lo a dar ordens aos servos e soldados para recuar todas as cidades da nação e marcharem em direção ao reino élfico.

Quando Billy, conselheiro real de Redbad, ficou sabendo da situação, ele não perdeu tempo e correu para avisar todos os membros da realeza a recuarem o reino inteiro e que deveriam apenas levar armas necessárias para se defender. Todos obedeceram sem questionar. Redbad havia deixado ordens implícitas de que ele estava no comando geral da nação da planta. E depois daquela invasão e destruição que os vikings causaram, ninguém era maluco de permanecer ali.

Ociban e Cristelme também ficaram arrasados quando leram as palavras que diziam que era necessário deixar as riquezas para trás, algo que eles passaram a vida inteira juntando e guardando. Mas a sobrevivência era mais importante, então não ficaram parados e agiram de imediato.

Já Tok, quando soube e contou à sua mãe, Hilda, ela deu conselhos de que deveria salvar o seu povo, que eram eles que iriam sustentar e manter a existência da dinastia do trovão. E que todos juntos conseguiriam recuperar tudo depois. Seria apenas questão de tempo e bastante trabalho.

E o Reino do Vento, quando foram informados, Yuki, esposa do Imperador Konnix, quase desmaiou ao ouvir que seria preciso abandonar as riquezas, algo que a sua família nobre trabalhou anos para conseguir. Eram seus falecidos pais que trabalhavam nas importações e exportações de recursos no reino, e ver todo o trabalho jogado fora não era fácil de aceitar. Muito menos entregar de mãos beijadas para povos indignos.

Não demorou muito tempo para que Durmog chegasse às suas terras novamente, com a informação de que Kolizeu estava como moeda de troca nas mãos do Rei Quangan. Infelizmente, Kolizeu ia ter que ficar com eles, e o que iria acontecer com ela só o destino sabia. Não haveria tempo para que Durmog reunisse a quantidade necessária que os piratas exigiam para tê-la de volta.

Persephone não aguentou saber disso e morreu de chorar. Ela era a melhor amiga de Kolizeu e tinha fortes memórias com ela desde que se conheceram. Era triste a situação, mas era necessário tudo que estava acontecendo naquele momento.

Depois que todos os seis povos estavam seguros nas terras élficas, os primeiros a chegar nas terras dos seis reinos foram os piratas, cheios de ódio e vontade de matar. Mas quando avistaram os portos marítimos vazios e sem movimento algum, todos eles estranharam a situação, mas mesmo assim continuaram avançando e desceram em terra.

Quando adentraram a primeira cidade no leste, não acreditaram no que os seus olhos estavam vendo: sem nenhuma alma viva vagando pelas ruas e nas casas, tudo estava vazio e apenas o silêncio do vento fazia companhia naquele momento.

O Rei Quangan, quando se certificou de que estava tudo realmente vazio, entrou no castelo da cidade-capital e procurou pela sala do tesouro. Ao abrir, seus olhos brilharam ao ver tanta riqueza reunida em um só lugar: quantidades enormes de moedas de ouro, prata, entre outras.

Mas a felicidade dos piratas não iria durar muito tempo, pois bem próximo estavam os exércitos vikings com seus aliados, chegando nas direções das muralhas. Havia uma guerra entre os dois exércitos para ver quem conseguiria ficar com mais riquezas. O Rei Quangan, pelo menos, não foi imbecil e ordenou aos seus homens para colocar o máximo de riquezas nos navios, enquanto outro grupo deles defendia as muralhas por algum tempo.

Houve um confronto rápido entre os vikings e os piratas, e quando o Grande Líder Hannibal soube que não eram os exércitos dos seis reinos, e sim os piratas, viu-se ódio em seus olhos, misturado com sangue. Aquele era o momento oportuno da vingança dos vikings contra os piratas amaldiçoados. Aconteceram algumas baixas do lado dos piratas, mas foram bem poucas, pois a maioria deles conseguiu fugir a tempo nos navios, de volta às suas terras no continente que ficava a sudeste dali.

Hannibal não pôde acreditar em tudo aquilo que estava ao seu redor: riquezas e mais riquezas que não acabavam, e comidas que não tinham fim. Parecia o paraíso para eles, e como chamavam, aquela era a Valhalla nas terras de Lunizs.

Kira, quando colocou os seus pés no território da nação do fogo, foi surpreendida por guerreiros vikings que a cercavam de todos os lados e a levaram presa para o calabouço. Em algumas semanas, os vikings levariam todas as riquezas para suas terras, para guardá-las muito bem escondidas, e Kira iria se juntar a eles.

E foi isso tudo que aconteceu nas terras dos seis reinos: não houve uma grande guerra, mas o maior roubo da história das dinastias reais. Nenhuma outra realeza tinha registrado um saque tão grande como esse que aconteceu, ainda mais logo seis reinos de uma só vez e ao mesmo tempo.

Como exigido pelo Rei Élfico Eldarion, ninguém saiu das terras dele sequer um dia, e se passaram meses todos eles reunidos no mesmo lugar, acordando e dormindo juntos e compartilhando da mesma comida, algo totalmente inesperado para ambos os lados da realeza.

Até que chegou o dia quinze de outubro do ano três mil seiscentos e vinte, o dia em que Nino completaria dezesseis anos de idade e receberia poder para finalmente despertar o espírito da planta. E quando o Rei Eldarion revelou a verdade sobre Nino, todos da realeza dos seis reinos ficaram abismados com a notícia; não podiam acreditar em tudo que lhes contaram. Quando Nino tocou o cristal da planta e ele brilhou fortemente, irradiando uma intensa luz de paz, todos acreditaram e ficaram com medo do que iria acontecer agora. Mas Eldarion disse que levaria Nino para o templo do espírito da planta, para despertá-lo de uma vez por todas.

Assim que Nino entrou no templo, uma aura de energia começou a emanar de seu corpo. Quando ele retirou a espada que o rei élfico havia forjado especialmente para ele da bainha, ele a cravou no centro da sala, e um estrondo e terremoto começaram a acontecer ao redor do templo, e as portas se fecharam, deixando Nino preso, sozinho.

Uma intensa luz começou a surgir dentro do templo, irradiando da espada, e uma forte explosão de energia foi liberada pela lâmina, jogando Nino longe e fazendo-o bater com a cabeça na parede, desmaiando no processo. Até que o espírito da planta acordou e disse através do cristal na espada:

— Acorde, jovem guerreiro Nino! O seu destino começou!