Chereads / A Saga de Lunizs - Livro 1: O Alvorecer / Chapter 23 - Capítulo 22 - A Retomada

Chapter 23 - Capítulo 22 - A Retomada

— Eles são bem fortes, vamos chamá-los de centauros. Poderão ir na linha de frente derrubando o inimigo no chão para a retaguarda atacar — Durmog diz ao ver a transformação do cavalo em meio homem.

— Obrigado pela sua grande ajuda, Imperador Durmog. Se não fosse o senhor, não teríamos conseguido construir as espadas fulcrais. Você realmente é um ótimo engenheiro, parabéns! — diz o rei élfico Eldarion.

— Fico me perguntando quantos segredos ainda existem por trás dos poderes dos espíritos elementais. Sabemos tão pouco sobre eles que, às vezes, assusta — Durmog fala apreensivo.

Assim que dizem isso, os dois retornam para o ajuntamento em cima, deixando as cavernas que ficam embaixo da terra. Estavam reunidos todos os seis povos, além do povo élfico, para ouvir as novas da realeza. Já fazia meses que todos estavam ali sem poder sair para ver a luz do sol, e, apesar de Hélia ter dito ao espírito da planta que não sabia lutar, ela não estava sendo honesta consigo mesma, pois tinha treinado todos esses meses ao lado de Don, com Erita, Jadita e Unises. Até Nino participou, aprendendo alguns golpes, mas não era páreo para alguém mais velho.

Antes desse ajuntamento, houve uma reunião entre todas as realezas e discutiram, junto com o rei dos gigantes e dos anões, sobre o que deveriam fazer a respeito do maior roubo da história das dinastias reais.

Boa parte ficou a favor de reunir os exércitos e ir atrás dos vikings, já que não estariam esperando um ataque repentino. Mas haveria muitas baixas para ambos os lados, então todos aceitaram fazer isso quando seus exércitos estivessem todos armados, com espadas elementais, e quando todos os centauros estivessem criados.

Dessa forma, seria muito mais fácil retomar os tesouros. O que seria difícil de conseguir seria a parte que os piratas levaram consigo, mas todos concordaram em deixar essa parte com eles, já que poderiam deixar os mares quietos por um longo tempo.

A maior preocupação de todos naquele momento era o desaparecimento de Kira e a Kolizeu nas mãos dos piratas. A maioria acha que Kira foi levada pelos vikings, mas Erita já teme por ela, pois pode ter sido pega pelo velho e seus três jovens que estavam amedrontando as terras sombrias.

O que todos não sabiam é que Kolizeu foi vendida várias vezes por vários membros da realeza pelo sudeste, depois pelo leste-central, e foi parar no nordeste. Durante essas viagens, ela foi maltratada e ridicularizada por todos, que a viam naquele estado moribundo, pois estava com as roupas rasgadas e toda suja de lama, fedendo a peixe morto. O pior não era isso, e sim os cortes em sua pele que alguns mercenários fizeram contra ela quando observavam a mercadoria, como Quangan a chamou.

Kolizeu, em seu coração, só queria que aquele sofrimento acabasse. Ela estava sentindo na pele a dor e a angústia que muitas mulheres pelo mundo inteiro passaram por serem vendidas como objetos de troca nas mãos de homens perversos.

— Humpf... — Kolizeu fica pensativa ao olhar mais um comprador que se aproximou do vendedor dela, negociando as condições da troca.

— Olha, ela é muito boa, sabia? Dizem que é uma imperatriz do vento, coisa parecida. Deve valer uma fortuna em algum lugar por esse mundo. Estará fazendo um ótimo negócio se a levar com você, nobre senhor.

— Posso dar uma olhada nela? — O homem permite e se aproxima dela, a observando bem — como se chama, bela mulher dos cabelos dourados?

— Para quê quer saber? Vai me comprar também como muitos compraram e depois me vender por um preço mais alto? Me poupe das suas palavras de gentileza.

— Em parte você está certa, vou comprá-la. Mas não irei vendê-la; virá comigo para o meu castelo. Tenho algo para lhe entregar.

— O quê?! Não serei a sua escrava pessoal, muito menos sua mulher!

Dando gargalhadas, ele diz:

— Você é engraçada. Senhor? Vou levá-la. Quanto custa? — O dono pede mil moedas de ouro por ela, e o comprador entrega um baú cheio delas — aí está, tem bem mais que mil moedas. Aproveite, foi um prazer fazer negócio com você. Com licença.

O nobre homem leva Kolizeu ao seu lado para o seu castelo. Assim que chega ao palácio, ele dá ordens às suas criadas para dar a ela um banho demorado, que removam todos os mal-odores e que lhe vistam com um dos vestidos da Harley. Queria ela pronta o mais rápido possível para poder conversar com ela em uma situação mais confortável e prazerosa.

Depois de uma hora e meia, ela estava pronta, toda arrumada dos pés à cabeça e cheirosa com um dos perfumes mais caros daquela região. Realmente digna de uma imperatriz do Reino do Vento. Aquele nobre homem sabia bem como tratar uma nobre mulher.

— Finalmente, pensei que não seria hoje que iria conversar com você, mas agora posso me apresentar direito. Me chamo Twoguns, sou o imperador do Império Tfw.

— Hmm... me chamo Kolizeu, sou a imperatriz do Império do Vento. Obrigada por me tratar bem, foi o único até agora que me recebeu de forma digna.

— Eu suspeitava quem era você, mas agora, vendo-a de perto, tenho certeza do que está me dizendo. Bem, eu ouvi falar das terras dos seis reinos e fiz uma visita recentemente naquele lugar. Mas, assim que cheguei, estava tudo desorganizado e um vazio enorme; tinha apenas mercenários e bárbaros por todos os lados. Saberia me dizer o que houve com o povo da sua nação?

— Eu não sei. Estava no sudeste ao lado de um amigo imperador como eu. Estávamos em uma missão de resgate de três jovens desaparecidos, mas nós dois nos esbarramos com o Rei Quangan e seus piratas. Eles nos cercaram e nos aprisionaram. O meu amigo, chamado Durmog, fez uma proposta a ele de entregar muito ouro em troca da nossa liberdade. Ele concordou, mas não sei por qual motivo meu amigo não retornou. E isso é tudo que sei. Depois, o Rei Quangan saiu e foi atrás da sua riqueza. Depois de alguns dias, ele retornou cheio de moedas de ouro, entre outras, e me vendeu para um rei do leste-central, até que vim parar aqui.

— Entendo… Acredito que passou por muita coisa para ter chegado até aqui em minhas terras. Bem, vou deixá-la descansar por algumas horas em uma cama macia. Depois que acordar, poderemos fazer uma ótima refeição juntos e continuar a nossa conversa. Como lhe disse no começo, tenho algo para lhe entregar.

— Está certo.

Enquanto isso acontecia com ela nos dias atuais, os exércitos dos seis reinos já estavam todos reunidos e fora da Floresta Escura, prontos para retomar o que lhes pertencia por direito: suas queridas terras.

Não seria difícil dominar os reinos novamente; seria preciso apenas alguns flecheiros para matar os vigilantes nas muralhas e os machadeiros com infantaria avançar com tudo pelo portão principal, depois de alguns elfos abri-los. Foi fácil entrar, mas demoraria para matar todos os vagantes nas ruas das casas e a concentração maior dos líderes nos cinco castelos, principalmente na cidade-capital.

Depois de algumas horas de patrulhas e matança, o primeiro reino foi retomado: a nação do vento. Yuki correu para os cofres para ver se havia restado alguma moeda, mas não havia nenhum rastro da tamanha riqueza que tinha ali dentro.

Todos lamentaram a perda das riquezas, mas o que importava mesmo era o povo ter sobrevivido, todos eles. Graças à ideia do Rei Eldarion e sua gentileza em ceder o espaço de seu reinado, todos foram salvos de um massacre sangrento.

Todos os cidadãos agradeceram pessoalmente a Eldarion e lhe prometeram visitar constantemente o seu povo e poder compartilhar recursos diversos, além de dar presentes. Quase todos estavam satisfeitos com a hospitalidade élfica, mas havia aqueles que não estavam se sentindo confortáveis e não viam a hora de poder retornar aos seus queridos lares.

Com o passar do tempo, a noite chegou. E foram realizados vários acampamentos do lado de fora do Reino do Vento. Os outros cinco povos estavam aguardando o próximo dia para retomar as suas casas de volta. Os elfos lhes ofereceram comidas para passar a madrugada, e, naquela altura, muitos estavam com bastante fome.

— Conseguimos facilmente dominar a nação do vento. Acredito que será fácil também os outros cinco. O que você acha, Durmog? — Tok pergunta, pois o seu reino seria o próximo na lista.

— Será complicado retomar o Reino do Trovão por causa das muralhas. Vamos ter que nos disfarçar para poder entrar. Assim que tivermos uma boa quantidade de gente lá dentro, poderemos lutar — Durmog fala, bastante pensativo.

— Meu amor? Está se esquecendo de algo muito importante. Por que não usa os dirigíveis bélicos para entrar? Os vikings não levaram nenhum deles, acredito que porque não sabiam controlá-los — Persephone diz, acariciando o ombro de Durmog.

— Eu sei disso. Dei uma olhada neles e estão danificados. Os vikings não nos deixariam ilesos para podermos usá-los contra eles. Posso fazer alguns reparos, mas precisarei de alguns dias para consertá-los sozinhos.

— Então não seja por isso. Peça ajuda dos engenheiros do Rei Eldarion. Ele te agradeceu por tê-lo ajudado a forjar as espadas. Creio que não recusará uma ajuda como essa. Vai!

Durmog estava meio distraído com as coisas. Sua mente não parava de pensar no que aconteceu no palácio élfico, depois que Unises descobriu que era o guardião da terra.

Quando falaram que o próximo elemento no ciclo elemental era o do vento, todos os dois imperadores e duas imperatrizes ficaram com medo de algum deles ser o escolhido. Até que, quando Durmog segurou o cristal, ele brilhou intensamente. E ficou abismado por ter sido escolhido; não estava acreditando naquilo até esse momento atual presente em sua casa.

Ele podia jurar que seria Kolizeu ou outra pessoa, mas ele não podia ser possível. Até que aceitasse aquela realidade, teria que lutar contra a sua própria vontade em ter que ajudar a Hélia em sua missão contra as forças das trevas. Durmog não queria, mas, no fundo, ele desejava.

O próximo, depois do vento no ciclo elemental, era o fogo, que era o início do ciclo: fogo, água, trovão, planta, terra e vento. Erita e Don tocaram no cristal, mas não eram nenhum dos dois. Depois, fizeram o teste com o povo do fogo, e ninguém foi o escolhido. A única ideia que passava pelas suas cabeças era que Kira seria a guardiã, mas onde ela estaria e qual seria a sua situação atual, depois de meses, ninguém fazia ideia.

Como o guardião do fogo não foi encontrado, o ciclo não podia continuar; então, ficariam faltando os guardiões da água e do trovão. Tok era o único entre todos que desejava ser o escolhido. Ele tinha em mente que ser o guardião do espírito era algo muito grandioso e que só os dignos de mudar o destino do mundo eram aceitos.

Já Ociban e Cristelme tiraram da cabeça a possibilidade de um deles ser o escolhido, pois a geração deles não fazia sentido algum, por serem velhos, e aquela geração de guardiões era apenas com jovens abaixo dos trinta anos. Então, era provável que Raina seria a escolhida, mas não havia certeza disso. Os dois apostaram nisso sem medo de errar, tanto é que ninguém do povo da água foi escolhido.

Com algumas horas passadas, Durmog já tinha conseguido alguns engenheiros para ajudá-lo na reparação dos bélicos. Agora, só era questão de tempo até todos os cinco dirigíveis estarem prontos para serem usados novamente. Enquanto isso, Ociban e Cristelme estavam tramando algumas possíveis entradas em seu reino, por passagens secretas por túneis debaixo da terra. Seria ótimo invadir os castelos e retomá-los com segurança.

Depois do Reino da Água, o mais próximo era a nação da planta. Billy tinha algumas ideias em mente para poder adentrar as muralhas, mas estava sentindo falta do seu companheiro de trabalho, Redbad, e Raina ainda não haviam dado notícias de seu retorno. Ninguém fazia ideia de onde eles estavam naquele momento. E falando neles dois, alguns meses atrás, quando se perderam no deserto do leste, ficaram sem direção e estavam prestes a morrer de sede e fome, até que foram encontrados por guerreiros estranhos.

— Quem são vocês?! E o que fazem nessas terras distantes? Não sabem que esse território é ocupado pelo grande império de Adgor!

— Perdão, senhores, mas estamos perdidos nesta terra estranha. Poderiam nos guiar até a cidade portuária mais próxima para que possamos sair daqui? — pergunta Redbad, sem fôlego.

— E se tiverem um pouco de água, seria muita gentileza da parte dos senhores. Estamos com muita sede, caminhamos muito por esse deserto quente — diz Raina, toda suada e cansada.

— Vocês não podem mais voltar. Em nome do imperador, vocês dois estão presos pelas leis do grande deserto. Vão ser julgados no tribunal. Bebam um pouco de água para se refrescarem; não queremos ter que levar corpos moles durante a viagem.

— Como assim presos? Não fizemos nada contra o seu império! — fala Redbad, caindo no chão de joelhos.

— Isso é o que veremos na presença do grande imperador. Agora vamos! Levantem! — ordena o líder do grupo de guerreiros.