Chereads / A Saga de Lunizs - Livro 1: O Alvorecer / Chapter 29 - Capítulo 28 - A União

Chapter 29 - Capítulo 28 - A União

— Primeiramente, queremos saber o que a Kira viu nas terras sombrias. Poderia nos contar, Kira? — Redbad pediu a primeira palavra a Kira.

— Sim, quando eu e a Erita estávamos na busca, um senhor de idade nos perguntou o que procurávamos sozinhas naquele lugar. Nós respondemos a ele nossos motivos. Ele disse que tinha ouvido rumores de três jovens ao lado de um velho fazendo coisas impossíveis. Foi então que eu decidi ir em busca da verdade sobre esse relato, e a Erita voltou para avisar vocês que poderíamos ter encontrado os três jovens.

— Ficamos sabendo disso pela Erita, mas o que houve depois? Você encontrou esses três jovens e o velho? — Redbad questiona.

— Encontrei e fiquei surpresa com o que vi. O velho tinha a capacidade de levantar uma pessoa apenas com a sua presença e jogá-la longe. Acredito que ele tenha poderes, mas como conseguiu é um mistério — Kira conta aliviada.

— O escolhido do espírito das trevas começou seu trabalho há muito tempo. Agora é apenas questão de tempo até que ele comece o seu ataque contra as terras dos seis reinos! — Conta o espírito do fogo.

— Minha nossa, uma voz estranha acabou de vir da espada e chegou aos meus ouvidos. Essa é a voz do espírito do fogo? — Kira pergunta, um pouco assustada.

Sorrindo, Hélia fala:

— É sim, Kira. Eles se comunicam dessa maneira conosco. Você se acostuma com o tempo — Hélia diz, um pouco animada.

— Bom, ele disse que o escolhido do espírito das trevas começou o seu trabalho há muito tempo e que agora é apenas questão de tempo até começar a atingir as nossas terras — um pouco nervosa, Kira fala, temendo o que está por vir. Talvez ter recebido esse novo poder do fogo requeira um sacrifício.

— Bem, o espírito da planta já nos havia avisado sobre as forças das trevas e o escolhido por ele. Mas não fazemos ideia de quem seja ou onde mora. Talvez possa estar aqui nos reinos e não sabemos — Redbad conta, ficando aflito.

— Calma, Redbad. Tira esse seu semblante de agonia. O que podemos fazer no momento é treinar e nos preparar para qualquer coisa inusitada e fora do normal. Só assim estaremos preparados — Raina fala com autoridade.

— Com licença, queria dizer que estou oferecendo quatrocentos mil dos meus soldados para o exército da planta e mais duzentos mil para o exército da água. Já que vocês dois os treinaram, é justo agora eles lutarem pelos seus reinos. Também estarei disponibilizando mais cem mil para as outras quatro nações. Peço apenas que os treinem de acordo com a especialidade militar dos reinos de vocês. Essa é a minha ajuda e contribuição para com todos — Soygor fala, temendo as novidades.

— Agradecemos, Soygor, pela sua generosidade. Vai ajudar muito. Depois que perdi mais da metade do meu exército, estou precisando desses reforços. Kira, mais alguma coisa para nos contar? — Redbad pergunta, querendo passar para o próximo.

— Sim, falando sobre poder, eu descobri que também tenho poderes. Vejam isso — Kira demonstra o fogo saindo pelas suas mãos, e todos ficam abismados.

— Minha nossa, Kira! Que incrível! — Yuki diz, juntando suas mãos uma na outra e colocando no coração.

— E isso não te queima, Kira? — Kolizeu pergunta, surpresa.

— Não, apenas sinto a temperatura quente. Mas não dói. Também posso liberar pela minha boca, mas o desgaste é maior — Kira responde com um grande sorriso no rosto.

— Isso é novidade para a gente, Cristelme — Ociban expressa sua reação de não acreditar no que seus olhos veem.

— Minha dúvida agora é: se eu sou a guardiã e tenho poderes, será que vocês três não têm? — Kira questiona Unises, Nino e Durmog.

— Durmog? — Persephone pergunta, assustada.

— Eu não tenho poderes, não que eu saiba.

— É provável que tenha, grande guerreiro. Desde o primeiro dominador, ele tinha a capacidade de liberar rajadas de fogo pelas mãos, pelos pés e pela boca também, como a jovem disse. Basta conseguir despertar esse poder dentro de você! — Conta o espírito do vento para Durmog.

— "Humpf... interessante" — ele pensa em sua mente.

— Então, gente, seria bom darmos prioridade a essa questão de poder. Se todos os guardiões têm essa capacidade, podemos explorar e aproveitar isso a nosso favor. Todos os guardiões agora vão treinar dia e noite para conseguir essa proeza! — Redbad ordena, esperançoso.

— Eu sabia, eu sabia, eu sabia que tinha poderes escondidos, e o espírito da planta não quis me contar. Ah, ela me paga! — Nino diz, todo animado.

— Nino, relaxa aí. Você não precisa lutar, então não precisa de poderes. Baixe o fogo, beleza? — Unises reclama, seriamente.

— Acha mesmo que só você vai ter o prazer de usar seus poderes? Há! Nem em sonhos vou te obedecer — Nino responde com uma cara emburrada.

Como o espírito havia dito, provavelmente todos os outros guardiões teriam a capacidade de liberar os poderes, o que seria algo incrível para ajudá-los no combate contra o poder das trevas. Mas ainda faltavam mais dois guardiões, água e trovão, para finalmente o ciclo elemental ser concluído.

— Outra coisa, pessoal. Agora que a Kira já despertou o espírito do fogo, devemos descobrir quem é o guardião da água — Redbad explica, olhando para Raina.

— Eu trouxe a espada fulcral da água para a Raina fazer o teste. Tome, querida, segure — Ociban diz, entregando-a em suas mãos.

— Pelos espíritos! Sou eu! — O cristal começa a liberar grandes faíscas de poder, confirmando que Raina é a guardiã da água.

— Parabéns, minha filha! Sabia que você era muito especial desde que nasceu! — Cristelme conta, abraçando-a fortemente.

— Isso é um alívio. Todos os que foram escolhidos são nossos conhecidos. Isso significa que temos a vantagem a nosso favor — Redbad fala, feliz com a revelação.

O próximo e o último era o guardião do trovão. Todos apostaram que poderia ser o Rei Tok, e ele estava contando com isso. Depois que descobriu que haveria guardiões de todos os elementos, inclusive do seu, ele tem mantido esperanças de que seja o escolhido. Um sonho sendo realizado para ele, e agora, sabendo da capacidade de liberar poderes, ficou mais animado ainda. Não podia mais esperar.

Enquanto eles discutiam sobre esse assunto, um dos guardas pediu permissão ao Rei Redbad para falar e lhe contou que três líderes vikings estavam presentes no castelo, querendo falar com ele, e os seus exércitos e muitas crianças estavam do lado de fora, esperando. Surpreso, Redbad disse que podia trazê-los até a sala e pediu a todos da realeza que fizessem silêncio e prestassem atenção no assunto dos vikings.

— Qual o seu nome, jovem guerreira? — Redbad pergunta, curioso.

— Násvita. Desculpa por ter matado os seus homens naquele ataque, mas peço que deixe isso de lado e escute as minhas palavras! — Ela diz, desesperada.

— Se acalme, pode falar. Estamos ouvindo — Vataipa, ao ouvir essas palavras de Redbad, começa a ter um alívio no coração, que estava muito acelerado.

— O meu grande líder, chamado Hannibal, conversou com aquele homem da nação do vento novamente, e ele transformou Hannibal em uma criatura horrível, que tinha a forma de um lobo, depois de ele ter aceitado a sua proposta. Então, decidiu transformar todo o povo em lobos, até as crianças!

— Lobos? Isso é novidade para mim — Redbad diz, sem acreditar.

— Não, não é. Também temos uma nova criatura entre nós: são os centauros, meu exército pessoal — Hélia conta, seriamente.

— Me parece que aconteceram muitas coisas enquanto estive fora. Por favor, me atualizem. Násvita, será que pode esperar um momento lá fora? Depois te chamo.

— O traste do Heigor está por trás de mais uma atrocidade. Como isso é possível? Eu vi ele preso no império do Twoguns. Você sabia disso, Twoguns? — Kolizeu questiona, sem entender. — Pensei que ele ficaria preso.

— Bem, eu entreguei ele nas mãos de um amigo que me pediu para fazer parte da sociedade dele. Não sabia que ele podia se transformar em uma criatura horrível — Twoguns responde, um pouco nervoso.

— Por que está ficando nervoso? Foi apenas uma pergunta, nada demais — Kolizeu diz, achando estranho. — E aquele seu amigo era muito estranho. Tinha algo misterioso nele, eu podia jurar que tinha.

Twoguns não falou mais nada, apenas desviou o olhar, e Kolizeu ficou prestando atenção nessa reação dele inesperada. Alguma coisa importante estava acontecendo, e provavelmente esse amigo dele tinha alguma coisa a ver com a capacidade de transformação de Heigor. Mas, para não demonstrar que estava vendo coisa onde não havia, Kolizeu decidiu ficar quieta, mas bem atenta.

Násvita saiu com bastante medo do que iriam conversar. Já tinha dito o que aconteceu, só faltava a petição por apelo às crianças. Elas eram o real motivo do seu desespero. As amava muito e daria a sua própria vida por elas. Vataipa também, mas ele já era mais meigo e apegado a elas. Násvita tinha o seu jeitinho de demonstrar carinho e afeto.

Depois que Redbad ficou sabendo de tudo, ficou surpreso e sem acreditar que os elfos existiam e que, através do sangue humano com o poder do cristal, poderia se criar uma nova criatura com inteligência. Realmente, aquelas terras haviam mudado inesperadamente. E quando ouviu falar dos anões e gigantes, ficou mais surpreso ainda, e nem se fala das criaturas voadoras. Raina ficou perplexa com tanta informação atrás da outra, uma mais inusitada que a outra, e eles dois ficaram felizes em saber que o povo e o exército foram salvos graças ao Rei Eldarion.

Ao terminar as revelações, Kolizeu apresentou Twoguns e lhe contou tudo que tinha acontecido com ela. Raygor também contou sobre ele, e Egobett contou sua história inusitada de sobrevivência. Terminados de conversar tudo que tinham para falar, Redbad chamou Násvita e perguntou o que ela queria com ele, dizendo:

— Agora me diga, por que veio até aqui?

— Sei que os seis povos se salvaram do grande ataque feito aos seus reinos, se escondendo em algum lugar que não sei. Então, queria pedir ao senhor que permitisse, pelo menos, que as crianças ficassem nesse lugar, protegidas das mãos de Hannibal. Se fizer isso, prometo que, de alguma forma, vamos devolver alguma parte das riquezas que pegamos.

— Entendi… — Redbad fica pensando por um momento — mas o que me pede não está em minhas mãos para dar. O nosso povo ficou nas terras dos elfos, e aquele lugar não nos pertence. Terá que pedir a ele.

— Não poderia pedir por mim? Sei que, se pedir por mim, ele aceitará! Por favor, estou implorando que salvem essas crianças; o exército de Hannibal já deve estar a caminho daqui. Não temos muito tempo.

— Humpf... Don? O que me diz a respeito disso? E você, Hélia, é a guardiã das profecias e tem um exército em seu poder. Pode convencer o rei elfo a ajudá-los?

— Acho que sim. O Rei Eldarion é muito generoso, e criamos uma aliança de sociedade real com os gigantes e os anões que já existia. Agora fazemos parte dessa sociedade. Acredito que ele ajudará — Don diz animado.

— Eu também acredito nisso. Posso pedir a ele um favor pessoal. Vamos te ajudar, Násvita! — Hélia fala toda animada.

— Valeu, gente! — Násvita agradece com um leve sorriso.

Apesar de Don e Hélia terem aceitado o pedido de ajuda de Násvita, os outros, no entanto, não estavam contentes com a presença dela ali no meio deles. Querendo ou não, foram eles que os saquearam e eram inimigos declarados de anos atrás.

Redbad estava sendo brando com tudo que estava acontecendo, talvez porque estava tendo ajuda por parte de Soygor e Twoguns. Mas, a qualquer momento, ele iria desferir a sua raiva contra os vikings. Foi com a ajuda deles que o exército do vento destruiu mais da metade do exército dele. E isso não era algo que se esquecia facilmente ou deixava de lado.

Com o fim da reunião, Don, Hélia e Násvita deixaram o castelo e foram em direção ao reino élfico para falar com Eldarion. E os outros foram comer alguma coisa depois de uma longa discussão de assuntos importantes. O treinamento dos guardiões começaria em breve, e Raina comeu bem rápido para poder despertar o espírito da água, para logo descobrir quem era o guardião do trovão. Tok decidiu ir com ela, acompanhando-a e levando consigo a espada do trovão em sua bainha, pois, assim que Raina despertasse o espírito, ele iria tocar no cabo da espada para descobrir se era o escolhido.

Durmog ficou intrigado em relação ao poder que poderia ter. Estava apenas pensando nisso o tempo todo. A princípio, ele não queria ser o guardião, mas, a essa altura, já tinha se acostumado com a realidade e a aceitou com tranquilidade. Mas agora que ficou sabendo de possíveis poderes, ficou animado com isso. Poder liberar rajadas de vento pelos pés só o deixava mais agitado com a tal possibilidade.

Unises gostou de saber dos poderes e também estava esperançoso de conseguir, quem sabe, lançar pedras pelos ares e fazer outras coisas incríveis. Mas não podia demonstrar muita alegria em relação a isso por causa do Nino. Não queria deixá-lo triste por não ter permissão de usar, apesar de que provavelmente Nino não irá lhe obedecer.

Raina, no entanto, quando sentiu o cristal brilhando em suas mãos, imaginou correntes de água passando por suas mãos e pelos seus braços e sendo lançadas pelo vento, ou, quem sabe, atingindo inimigos dessa forma, o que seria incrível. Tok, por outro lado, estava um pouco nervoso, mesmo não tendo a certeza de que seria o escolhido. Ao seu ver, o trovão seria algo terrivelmente perigoso.

Assim que Hélia chegou ao palácio do castelo élfico, Eldarion a saudou com um festejo de música suave das harpas dos elfos, dizendo:

— Seja bem-vinda, jovem Hélia. Você é sempre bem-vinda aqui em nossos domínios. O que deseja?

— Senhor Eldarion, vim pedir aquele favor que o senhor me disse que poderia fazê-lo a qualquer momento, e agora surgiu uma oportunidade — Hélia responde um pouco constrangida.

— Por favor, me diga o que é, e atenderei — Eldarion diz sorrindo.

— Essa aqui é a Násvita. Ela é uma das líderes dos vikings, mas veio pedir a nossa ajuda para salvar todas as crianças das mãos do grande líder dela, chamado Hannibal. Infelizmente, ele se transformou em um lobo e decidiu transformar também todas as crianças, mas Násvita deixou o reino viking a tempo para pedir socorro. Peço, por favor, que a ajude e conceda o que ela lhe pediu, que o senhor permita que as crianças fiquem dentro dos seus domínios enquanto se passa a vontade de Hannibal. Só assim elas serão salvas.

— Hmm... Entendo a situação, mas ela é uma viking, não? Inimigos de vocês há séculos, agora estão fazendo uma união?

— Sim, estamos. Assim como o senhor aceitou fazer uma união com os homens novamente e fazer parte da sociedade real, peço que também aceite essa união por parte deles, bem, em parte.

— Concedo a minha ajuda que ela tanto deseja, mas tenho uma condição. Ela e as crianças terão que abandonar as práticas do seu povo e se unir totalmente à cultura dos elfos, e não poderão mais deixar os meus domínios sem a minha permissão! Aceita a minha proposta?

— Násvita? — Hélia coloca a sua mão no ombro dela, perguntando a sua resposta.

— Eu aceito!

— Muito bem, como prova da nossa união, traga as crianças para cá. Os meus guerreiros vão acompanhá-las até a saída.

No fundo, Násvita não queria aceitar essa condição, mas era preciso. Talvez, depois, ela conseguisse dar um jeito de fugir dessa nova responsabilidade que firmou. Enquanto eles conversavam, Hannibal e seu grande exército marcharam em direção às terras dos seis reinos, em busca de Násvita e dos outros com as crianças, e ele estava com muita raiva pela rebelião dos três líderes. Não iria poupá-los quando os encontrasse; agora Násvita teria que lidar com o que estava por vir.