Chereads / A Saga de Lunizs - Livro 1: O Alvorecer / Chapter 26 - Capítulo 25 - A Prisioneira

Chapter 26 - Capítulo 25 - A Prisioneira

Era manhã cedo quando toda a realeza acordou e se levantou de suas camas. Antes de comerem alguma coisa, todos se reuniram para discutir os últimos questionamentos que faltavam a respeito da retomada.

Conversaram por alguns minutos sobre a entrada, com força total, depois que os quinhentos soldados bélicos descessem no castelo da cidade-capital e conseguissem tomar todo o lugar de volta.

Assim que terminaram, estavam prontos para enfrentar qualquer inimigo inesperado que encontrassem durante a batalha; os mercenários eram imprevisíveis. Era preciso um pouco de cautela por parte deles, mesmo sabendo da certeza da vitória.

Nino estava acompanhando tudo e bem atento a cada palavra que saía das bocas de cada um. Ele estava prestando atenção para entender por qual motivo estava fazendo parte de tudo aquilo. Como era um dos guardiões, todos concordaram que ele deveria compreender as coisas que aconteceriam a seu respeito e que decisões ele teria que tomar em algum momento da sua vida.

Por algum motivo, ele sentia que estava encurralado por todos os lados, sem saber direito o que estava disposto a enfrentar. Apesar de Hélia ter sido escolhida para lutar em seu lugar e estar um pouco pronta para tal missão, isso não o confortava. Sabendo disso, só o deixava aflito por não poder fazer nada a respeito. Ele gostava de Hélia e a admirava por ser uma mulher que não desiste fácil, mesmo sabendo da tamanha dificuldade que iria enfrentar.

Isso o animava, encorajando-o a lutar por aquilo que realmente importava para todos. Apesar do medo em seu nobre coração, ele tinha determinação. Mesmo ainda sendo uma criança (apesar de ter completado dezesseis anos), ele ainda tinha muito que amadurecer. No entanto, a maioria acreditava que ele não estava pronto. E sabendo disso, ele decidiu provar que estavam errados sobre ele, por isso a repentina curiosidade e empenho de se manter informado sobre tudo que estava ocorrendo nas terras dos seis reinos.

— Gente! Venham ver, os três reis acabaram de chegar — Nino fala, correndo para fora da sala de reunião e indo para o terraço aberto que ficava à vista do grande jardim.

— Oh! Meu jovem rapaz, me ajude aqui a descer, por favor — Balton diz, o rei dos anões, ao tentar descer de uma criatura com longas asas.

— Pelos espíritos, Rei Balton, que bicho é esse? — Nino pergunta, admirando o animal que tinha uma aparência maçante.

— Bom, chamamos de hipogrifo. São criaturas vorazes, mas, quando domadas, se tornam mansas para seus domadores. Quer subir nele? — Balton pergunta, ajudando-o a montar no belo voador de quatro patas.

— Nino? O que faz em cima desse bicho? Você vai cair daí! Sai de cima dele! — Unises diz, preocupado — Oh! Minha nossa.

— Saia da frente, rapaz, caso não queira ser esmagado por nossos pesos dobrados — Golem diz, o rei dos gigantes, ao pousar em cima de uma ave enorme que era do tamanho dele, suficiente para poder fazê-lo montar sobre o animal de longas asas.

— Pelos espíritos, qual o nome dessa ave? — Unises pergunta, assustado.

— São rocs, meu jovem. Nós, anões, já tentamos domá-los assim como os hipogrifos, mas nunca conseguimos. Fracasso total, infelizmente — Balton diz, removendo seu capacete da cabeça e movendo-a para os lados, lamentando.

— Bom dia, desbravadores de primeira viagem! Chegamos para ajudá-los — Eldarion fala ao se apresentar em cima de uma criatura que chama de grifo, um animal que tinha cabeça de águia e corpo de leão, com um dorso coberto de penas, além de ter enormes patas.

Os hipogrifos eram apenas o cruzamento de um grifo com uma égua. Já os rocs se tornaram aves gigantes por conta da rica alimentação que o terreno arenoso, conectado com o deserto, produzia em pouca quantidade. Uma fruta típica daquela área tinha nutrientes que continham uma energia corporal mais crescente do que o normal. Por conta disso, os gigantes investiram em produzir mais desses frutos para que não chegassem a ser extintos, já que os rocs faziam uma enorme diferença em seu exército e locomoção.

Esses frutos, na verdade, só eram encontrados dentro das grandes cavernas, onde os gigantes construíram suas casas. Era por causa da temperatura ideal e da terra macia (que havia dentro delas) que mantinha as condições necessárias para o fruto se desenvolver e crescer.

Os grifos, por outro lado, eram um mistério de como haviam sido criados. Ninguém fazia ideia de como eles chegaram à existência, mas a verdade era que Kelvisk, o primeiro homem dotado de sabedoria, os criou matando um leão e uma leoa, além de duas águias. Depois de mortos, Kelvisk usou seus poderes e uniu a cabeça de águia com o corpo dos felinos, assim criando uma nova criatura: os grifos.

Ele decidiu fazer isso por causa dos cristais elementais que estavam enterrados dentro da grande montanha, rodeada pela Floresta Escura, criando-os para proteger os cristais dos homens perversos.

Mas, sabendo que essa nova criatura poderia ser caçada pelos homens, ele decidiu também criar muitas fadas (pequenos espíritos que tinham a capacidade de curar ferimentos e doenças) para que pudessem dar suas vidas para reviver os homens de bom coração. Quando esses homens morriam, as fadas davam suas vidas para revivê-los, transformando-os em elfos. Os elfos, então, recebiam a grande missão de proteger os cristais ao lado dos grifos, e como parceria, eram domados por eles com uma forma de união para tal missão. Os elfos, também por terem o espírito da fada, tinham a capacidade de permanecer jovens por longos anos.

Os anões tinham rixas com os elfos desde os primórdios de suas relações; eles não se davam bem uns com os outros. Mas, certo dia, os elfos pediram ajuda dos gigantes para protegê-los a proteger os cristais, e eles aceitaram a união. Os gigantes, então, decidiram pedir a ajuda dos anões, e, depois de longas conversas e discussões, eles aceitaram, criando assim a primeira sociedade real entre três raças.

Os anões só aceitaram a união se pudessem domar os rocs, e os gigantes aceitaram essa condição, mas o que os anões não sabiam é que não conseguiriam essa proeza. Foi então que os elfos, vendo a necessidade dos anões, pediram aos grifos para se cruzarem com as éguas, criando assim uma nova criatura que os anões poderiam domar: os hipogrifos.

Atualmente, ninguém mais avistou uma fada; acredita-se que todas elas chegaram à extinção, mas ainda há alguns que acreditam que estão vivas, em algum lugar.

— Pelos espíritos! Que belas criaturas! — Durmog fala ao se aproximar dos animais.

Balton estava acompanhado de quatro companheiros de guerra, Golem de seis gigantes e Eldarion de oito guerreiros. Todos vieram montados nos voadores de aparência majestosa, o que deixava Durmog admirado com tanta beleza, unida a uma pintada de voracidade dos bichos.

— Viemos ajudar a retomar o Reino do Trovão. Quando me pediu ajuda para consertar as máquinas, Golem se ofereceu para ajudar no combate contra os inimigos — Eldarion conta, bastante animado com a situação.

— Serão bem-vindos na missão! — Tok diz ao observar as feras.

— Bem, então vamos! — Eldarion fala, ordenando à ave para subir aos céus.

Com a ajuda dos três reis da sociedade real, seria bem mais fácil derrubar os guerreiros que estavam presentes nos castelos das cidades, uma vantagem que poderiam aproveitar muito bem.

E foi assim a jornada de cada um deles. Depois de retomarem o Reino do Trovão, não foi difícil fazer o mesmo com os outros quatro reinos que faltavam. Uma vitória deliciosa e com uma sensação gostosa de poder tomar de volta o que lhes pertencia por direito; aquelas eram, sim, suas terras.

Depois de três dias e meio de conflito e retomada, todos os seis reinos estavam novamente com seus povos inseridos em suas terras. Cada cidadão estava feliz e contente por poder estar em sua casa mais uma vez. A saudade tinha apertado o coração, mas isso fez com que eles pudessem aprender a dar mais valor ao que realmente importava na vida: um lar e a família.

Concluídas todas as vigílias, as seis realezas decidiram se reunir novamente para discutir assuntos urgentes que precisavam de maior atenção naquele momento, como, por exemplo, a Kolizeu nas mãos dos piratas e o desaparecimento da Kira.

Sabendo da situação complicada, naquela altura todos chegaram à conclusão de que Kira havia sido aprisionada pelos vikings e que seria muito difícil conseguir tê-la de volta.

Como a própria Kira não estava presente, já que era ela quem tinha a capacidade para montar grandes estratégias, e também a Kolizeu não estava, eles ficaram de mãos atadas, sem saber o que fazer. Além das duas, apenas o Imperador Konnix era um hábil estrategista, mas até ele estava sem ideias.

Apesar da tamanha dificuldade em recuperar Kira das mãos dos vikings, a situação dela era a mais favorável no momento, já que Kolizeu estava em outro continente, do outro lado do mundo. E ninguém fazia ideia de onde os piratas poderiam levá-la e mantê-la presa.

Situação muito complicada, mas o que eles não sabiam é que ela já estava a caminho de volta para casa, ao lado de Twoguns, Egobett, Raygor e Sarah. Harley havia ficado para comandar o império, mas tinha odiado a ideia de ficar sozinha e abandonada.

Kolizeu estava com a mente muito preocupada; não sabia o que tinha acontecido nas terras dos seis reinos, e se Durmog não tivesse uma boa explicação por tê-la abandonado, ele provavelmente iria morrer, infelizmente.

Enquanto isso acontecia, Kira estava presa em uma cela feita de madeira pelos vikings. Um lugar sujo e coberto de lama podre de carcaças de animais mortos. Um lugar realmente desprezível aos olhos da realeza. Mas, apesar do infortúnio, ela estava firme, com um semblante de uma princesa digna de respeito. Assim como Kolizeu (pois as duas se pareciam muito uma com a outra), ela não estava nada satisfeita com o tratamento que estava recebendo; comida estragada era-lhe oferecida, além de comidas cruas.

O sofrimento era nítido e muito desagradável, mas Kira tinha uma certeza em seu coração: iria se vingar de cada um que a havia tratado mal. E, quando ela menos esperava, sua raiva e ódio em seus olhos a fizeram sentir algo que nunca havia se passado por todo o seu corpo, uma sensação estranha, mas ao mesmo tempo poderosa e surpreendente.

Ao perceber sua respiração lentamente saindo do nariz, ela sentia um ar quente e agradável, que a fazia sentir um calor dentro de todo o seu corpo. E isso estava aumentando cada vez mais, chegando ao ponto de ela não conseguir suportar a intensidade. Quando menos esperou, uma labareda de fogo saiu pela sua boca e queimou toda a madeira ao seu redor, e suas mãos estavam com bolas de fogo queimando sem parar, como uma chama viva.

Ela não sabia o que estava acontecendo, mas agradeceu aos espíritos por aquele imenso poder; finalmente estava livre daquela situação horrível e decadente. O que iria fazer agora, apenas ela sabia.