Chereads / A Saga de Lunizs - Livro 1: O Alvorecer / Chapter 28 - Capítulo 27 - A Conversa

Chapter 28 - Capítulo 27 - A Conversa

O sol brilhava alto naquele belo dia, no começo de mais uma semana de trabalho duro. Os seis reinos tinham um enorme rombo nas contas financeiras de suas nações. Com o grande saqueamento que houve, demandaria muito tempo para todos se recuperarem do prejuízo.

Mas, apesar da tamanha perda, nem tudo ainda estava totalmente perdido, pois apenas as riquezas relacionadas à administração do reino haviam sido levadas. Graças à sabedoria dos antigos reis, existia em cada um dos reinos um salão com uma entrada secreta, onde eram guardadas todas as joias da família real, inclusive os tesouros em forma de presentes que foram dados durante os anos de reinado das dinastias.

Mesmo tendo tido conflitos entre as realezas durante séculos, sempre houve momentos de trégua e pequena paz, onde eles compartilhavam mimos uns com os outros. E eram esses pequenos presentes que faziam total diferença quando reunidos em grande quantidade. Todos eles fizeram a conta do valor estimado e tinham o suficiente para manter as negociações exportadoras entre eles e com as outras nações vizinhas.

Então, por enquanto, eles não estariam em aperto, mas todos, inclusive a própria realeza, passariam por um racionamento de alimentos. Teriam que comer pouco e economizar bastante para os próximos dias, se possível, fazendo apenas duas refeições ao dia. Era uma crise, querendo ou não, mas não era o fim do mundo.

Twoguns, ao conversar com Durmog e Konnix, com suas mulheres ao lado, prometeu ajuda com alimentos por um preço bem baixo, apenas exigindo que as próprias realezas fossem buscar os recursos em seu império com os navios. Já que estava fazendo por um preço bem considerável, ele pediu uma união entre os dois impérios, tratando da possível união entre os seis reinos em se tornarem um único império. Com isso discutido, todos chegaram à conclusão de que Raygor deveria assumir a posição de Heigor como imperador e que todo o povo do vento deveria ser informado sobre o seu retorno.

Com essa decisão tomada entre todos, Raygor agradeceu a consideração por parte de cada um deles em colocá-lo de volta ao trono e que faria o possível para fazer a diferença no reinado do vento. Então, Twoguns, vendo a sua disponibilidade, resolveu propor um investimento por parte dos seis reinos: eles poderiam treinar uma parte do exército dele em troca de proteção, enquanto estivessem em seus territórios. Todos aceitaram a grande ajuda por parte dele; os seis reinos realmente estavam precisando de toda ajuda possível, e ela era bem-vinda.

Depois de concluírem as negociações, eles comeram um pouco juntos e falaram a respeito de muitas coisas do passado. Inclusive, Egobett, que também estava lá, comentou várias coisas a respeito dos seus filhos, e Kolizeu notou bastante a igualdade que ela tinha em relação a Kira.

A partir daquele momento, ela buscaria mais intimidade com ela, pois as duas juntas poderiam se tornar grandes amigas. Imagine o que essas duas mentes juntas não poderiam fazer. Ao terminar a refeição, Egobett agradeceu a todos pela hospitalidade e a Twoguns por libertá-lo.

Partindo logo em seguida de volta para o seu reino, Erita era a mais ansiosa em revê-lo novamente. Don estava feliz, mas triste ao mesmo tempo; ainda não tinha perdoado o seu pai pelo que fez à nação da terra. Apesar disso, isso o corroía por dentro, mas ele tinha seus motivos. Kira, no entanto, estava surpresa por seu pai ter sobrevivido, mas era incerto o que ela estava sentindo em relação a essa notícia. Mesmo não tendo dito nada contra o ataque do Reino da Terra, ela também não era a favor, mesmo gostando muito de guerra.

Para ela, só era necessária a guerra por motivos realmente justos, e destruir a nação da terra não era muito justo por parte da nação do fogo. Egobett realmente havia caído na lábia de Heigor e foi corrompido por ele e seus ideais. Se não fosse isso, Egobett jamais teria tido a ideia de confrontar um dos reinos, ainda mais o do seu grande amigo Dalton, que cuidou do seu amado filho Don. Ele ficou totalmente cego pelas propostas de Heigor e, por causa disso, teve uma morte que seria lembrada eternamente nas dinastias, por ter tido um fim trágico e uma memória horrível como sendo um péssimo rei.

Mas o destino tinha reservado algo melhor para ele e sua família. Talvez, dessa vez, com uma nova chance, ele pudesse corrigir os erros do passado e tomar novas atitudes dignas de honra e dignas de um verdadeiro rei. Como Don havia dito para Hélia que seu pai o havia dito, um verdadeiro rei sempre coloca em primeiro lugar o seu povo.

Aquela altura, todas as seis nações já estavam sabendo do retorno de Kira e Kolizeu e agradeceram aos espíritos por essa enorme bênção. Graças a esse acontecimento, não seria mais necessária uma busca enorme pelo mundo atrás delas duas. Agora, só estava faltando Redbad e Raina retornarem, e, falando neles, os dois estavam a caminho, chegando cada vez mais perto das águas da nação da água.

— Terras à vista! — disse o general Morrison, com um olhar penetrante ao vislumbrar a beleza do Reino da Água.

Entre todos os seis reinos, a nação da água era a mais bela de todas, destacando-se acima de todas as outras cinco. Mas, como o Reino do Vento era o maior em território e com beleza parecida, muitos admitiam que a nação do vento era a mais bela, mas outros discordavam. Seu destaque era a tecnologia avançada, que tinha com estudos e sabedoria antiga primitiva de anos reunidos em livros e pergaminhos velhos. A marca do Reino do Vento era a suave sabedoria vinda dos livros empoeirados, considerado a nação mais inteligente em formação de estratégias de guerra.

Em beleza de estrutura, o Reino do Trovão supera todos; não há nenhum outro que se iguale a ele, e a prova disso era a grande muralha de cem metros que rodeava o território inteiro da nação.

O Reino da Terra tinha sua própria beleza natural, que eram as perfeitas armaduras que compunham o seu forte exército. Não havia outro igual, com detalhes e encaixes perfeitos em todas as partes que formavam toda a estrutura da proteção vestida. Realmente, algo sem igual chamava bastante atenção quando avistado; era algo realmente nítido quando se olhava para elas com os soldados usando-as.

Enquanto isso, o Reino da Planta tinha o seu destaque com a beleza natural de plantas, árvores, arbustos e jardins floridos. Em questão dessa beleza primitiva, ninguém conseguia superar tal magnificência única e especial. Poderia se igualar à nação da água, mas os rios, lagoas e cachoeiras, com a vegetação, superavam em tudo; por isso, era a melhor.

E, por último, mas não menos importante, o Reino do Fogo se destacava em sua forma híbrida de construção de cidades e castelos. Era a nação conhecida como aquela que tinha a beleza da estratégia, pois tudo ao redor remetia a algo relacionado a guerra e batalhas, lutas e conflitos, um símbolo de um reino de guerra. E o que deixava isso claro eram as vestimentas tanto dos nobres quanto dos plebeus, que usavam uma combinação única que nenhum outro reino tinha, que eram as costuras bem alinhadas nos vestidos das mulheres, que se destacavam em todos os bailes e reuniões reais. E a coloração forte de vermelho carmesim deixava a marca registrada da nação do fogo. Uma dinastia realmente poderosa, tanto em poder como em essência.

— Minha nossa, Kira, e não dói? — Erita pergunta, surpresa, com o fogo saindo das mãos de Kira.

— Não, não dói. Apenas sinto o calor, que é reconfortante. Me sinto poderosa também.

— Precisamos contar aos outros sobre isso. Achamos que você é a guardiã do espírito do fogo; só sobrou você que ainda não tocou no cristal. Durmog e Unises são os guardiões do vento e da terra, e eles dois já despertaram os espíritos. O próximo é o do fogo — Don conta, também surpreso.

— Vocês têm algum cristal aqui para que eu possa fazer o teste? Se bem que, se eu não for, não tem problema algum; já estou satisfeita com esse novo poder.

— Sim, temos a espada fulcral que o Durmog forjou com os ferreiros élficos. Vou pegar.

Deixando a mesa, Don vai ao seu quarto pegar a espada do fogo; bastaria Kira tocar no cabo, e, se ela for a guardiã, o cristal brilhará intensamente como os outros.

— Aqui está ela, toma — Don entrega a espada nas mãos de Kira, e, ao tocar, o cristal começa a brilhar fortemente — pelos espíritos, é você!

— Parabéns, Kira! Você agora é o símbolo do poder da nação do fogo — Erita diz, alegre e sorridente.

— Bom, então devo agora despertar o espírito do fogo, não é? O templo fica no vulcão das sombras ao sul; acho que um dia e meio eu chego lá sozinha. Bem, não vou perder mais tempo, tô saindo, gente.

— Tem certeza que não quer que eu vá te acompanhando? — Don questiona, preocupado.

— Não precisa, irmãozinho. Com esse novo poder do fogo, ninguém pode mais me derrotar, até.

— Ela nem contou ainda o que tinha de tão importante nas terras sombrias. Acha que devemos nos preocupar, Don?

— Não sei. A Kira está um pouco estranha; talvez esses meses fora e esse novo poder tenham mudado algo dentro dela. Só espero que não a prejudique.

E realmente mudou Kira; ela agora estava menos preocupada com o perigo, e, depois das coisas incríveis que viu nas terras sombrias, fez com que ela deixasse sua temeridade de lado. Talvez isso fosse bom por um lado, mas poderia deixá-la com a guarda aberta, o que seria um sério problema.

Enquanto isso, Redbad e Raina, com Soygor, atracaram o navio no porto marítimo da planta e estavam desembarcando, felizes por estarem em casa novamente. Mas Raina tinha se apegado bastante a Redbad durante esses meses que se passaram juntos, o que fez crescer a relação deles para melhor. Então, Raina já estava considerando a nação da planta como seu novo lar. Os dois formavam um lindo casal juntos.

Billy ficou contente por reencontrá-los bem e com saúde. Ele estava esperando que o pior acontecesse com os dois, pois estavam longe e sem dar notícias há meses. A preocupação dele aumentava ainda mais por não saber como administrar sozinho o Reino da Planta, já que a crise era alta e ele não podia vender as riquezas pessoais que estavam guardadas.

Redbad o abraçou fortemente e a primeira coisa que lhe disse foi: "Obrigado por ter cuidado da nação enquanto eu estava fora." Os dois eram muito amigos e companheiros de batalha há muito tempo. Redbad confiava totalmente sua vida nas mãos dele, e Billy também. Ao apresentar Soygor, Billy não acreditou de imediato que era ele, mas depois caiu a ficha quando percebeu a seriedade de Redbad em seu semblante. Logo depois de conversarem rapidamente, Redbad pediu que enviasse uma carta aos cinco reinos, solicitando uma reunião urgente para discutir assuntos importantes e anunciar a volta de Soygor à sua terra natal.

Ociban recebeu imediatamente o aviso de que sua filha estava bem e ao lado de Redbad. Quando contou a Cristelme, ela quase ficou atordoada de tanta felicidade ao saber. Os dois não perderam tempo e correram para o Reino da Planta, pois não queriam perder mais nenhum segundo para abraçar Raina.

Tok, grande amigo de Redbad, ficou feliz em saber que seu grande amigo estava bem. Ele falou com Hilda, sua mãe, e se despediu dela para viajar, deixando os cuidados da sua nação nas mãos dela novamente. Ele confiava totalmente nela e não tinha motivos para duvidar disso; a amava muito.

Dalton e Fall, ao serem informados, ficaram surpresos ao saber que estavam bem, mas Dalton decidiu não ir à reunião. Ele precisava cuidar da administração da sua nação, então pediu que Fall fosse em seu lugar e, se fosse preciso, que desse sua opinião em relação ao que fosse falado, e que falasse sem medo e com seriedade.

Por fim, Don e Durmog receberam as notícias e se prepararam para viajar com muita pressa. Os dois tinham coisas importantes para contar. Don enviou um soldado para avisar Kira sobre a solicitação de Redbad e pediu que fosse o mais rápido possível. No entanto, a caminho dali, Násvita estava se aproximando das terras do Fogo ao lado de Vataipa e Ginifu, com as crianças e seus exércitos, esperando a clemência das realezas.

Depois de alguns dias, todos estavam reunidos no Reino da Planta, prontos para conversar sobre as novas ideias de cada um. Era tarde do dia, o ar estava fresco e uma leve brisa de vento corria, inundando os pulmões de cada um. Era um belo dia para resolver questões urgentes e colocar o papo em dia.

— Obrigado por terem vindo sem demora. Agradeço pela preocupação que tiveram ao meu respeito e da Raina. Estamos bem.

— Senhor Redbad? Lembra de mim? Sou o Raygor, o imperador do Vento.

— Nossa! Raygor? É uma surpresa revê-lo. Vai ficar feliz em saber que seu irmão Soygor também apareceu. Por favor, guarda! Chame o Imperador Soygor!

— Meu irmão também está aqui?

Quando Soygor adentra a sala e vê Raygor, ele para por um breve momento, surpreso, e sem mais demora corre e o abraça fortemente.

— Como é bom revê-lo, meu irmão! Pelos espíritos, você mudou muito.

— E você ficou mais forte! — Raygor diz, sorridente.

Todos ficam contentes com o reencontro, e Erita, ao entrar na sala e ver seu pai, corre para abraçá-lo e começa a chorar muito em seu peito. Don fica com a cara fechada, mas feliz por dentro; no fundo, ele gostou de saber que seu pai estava vivo e bem.

— Nossa, Don, seu pai está vivo! Como se sentiu? Você me contou que o odiou por um breve momento, mas e agora? — Fall pergunta, surpreso.

— Não sei, parece um misto de alegria e raiva ao mesmo tempo. Estou tentando processar a surpresa ainda. A Hélia está me ajudando com isso. Falando nela, ela queria conversar com você sobre uma coisa.

— Comigo? O que ela quer? — Fall fica assustado ao saber; não tinha nada para Hélia falar com ele, seja lá o que fosse.

— Twoguns? Aquele ali é o Rei Redbad, é o mais velho entre todos da realeza, por isso fica sempre na liderança das reuniões. Caso queira tratar de alguma coisa, fale com ele — Kolizeu diz, apontando.

— Durmog? Percebeu que a Kira está um pouco diferente? Sua aparência está estranha, não? — Persephone questiona.

— Não sei, não reparo nessas coisas de mulher. Você às vezes vê coisas demais — ele responde, grosso e direto.

— Muito bem, já que todos se cumprimentaram, vamos começar.