Chereads / A Saga de Lunizs - Livro 1: O Alvorecer / Chapter 24 - Capítulo 23 - O Trabalho

Chapter 24 - Capítulo 23 - O Trabalho

Não demorou muito tempo, apenas algumas horas, para que Raina e Redbad finalmente chegassem ao império de Adgor. A imponente muralha era de uma vista deslumbrante, e as torres de vigia eram altas e robustas, com vários guerreiros posicionados observando a área.

Assim que os avistaram, os portões reforçados de ferro e metal abriram para que pudessem passar; aquele realmente era um império poderoso e de força sem igual. Ele ficava localizado no centro do leste, no meio do grande deserto, um território bastante difícil de ser atacado por conta da areia fofa que fazia os pés atolar.

Desde que foi construído, alguns mercenários tentaram invadir, mas nunca ninguém conseguiu adentrar os muros da cidade, que rodeavam toda a cidadela que cercava o enorme castelo, localizado no centro de todo o território dominado.

Não existiam outras saídas por baixo da terra; por conta da areia, a única forma de entrar seria pelos portões ou por cima, voando, e eram poucos os que tinham transportes para fazer tal coisa. Algumas pessoas diziam que existiam passagens secretas, feitas há muitos anos, para uma possível saída de emergência para a família real, túneis que levariam a um oásis com fontes de águas limpas e doces, mas só quem poderia confirmar essa informação era o próprio imperador.

— Morrison? Quem são esses aí? Não parecem ser daqui da região — fala uma bela mulher morena de cabelos cacheados.

— Encontrei-os vagando aqui por perto. Você sabe as nossas leis; por ordem do imperador, eles estão presos e devem passar pelo julgamento. Ficaria responsável por eles, Martina? Preciso verificar algumas coisas com os guerreiros.

— Claro, venha comigo, senhores! — Martina diz, caminhando em direção ao tribunal.

— É Martina, não é? Poderia nos dizer por qual motivo seremos julgados e qual lei infringimos para sermos condenados? Eu me chamo Raina, sou a princesa do Reino da Água. E esse meu companheiro é o Redbad; ele é o rei do Reino da Planta — Raina pergunta, sem entender os motivos.

— Você aprende rápido os nomes das pessoas, mas não me interessa quem são vocês, muito menos os seus nomes. Devem tratar seus assuntos com o imperador; aguardem aqui sentados nessas cadeiras. Vamos reunir o conselho para começarmos o julgamento.

— Por favor, nos ajude! — pedi, aflita.

Passadas mais de meia hora, todo o conselho adentrou o tribunal, que era amplo e robusto em altura, um lugar bem organizado e com estrutura de pilares que sustentavam o lugar. Podia-se dizer que demorou muito tempo para ser construído.

— Atenção! Todos se levantam para que o grande imperador possa falar — diz um homem com uma perfeita barba e bigodes bem feitos, realmente uma pessoa apresentável.

— Obrigado, Nicu. Podem se sentar agora. Muito bem, hoje estamos julgando uma bela jovem e um homem de aparência forte, culpados de terem pisado em nossas preciosas terras sem permissão. Caso não saibam, só é permitida a entrada de pessoas em nosso império através de mercadores ambulantes que têm negócios a tratar com o nosso povo. Caso contrário, serão presos por infringir nossas regras, que foram criadas para evitar espiões e forasteiros indesejados. Vamos começar; que os acusados se apresentem — conta o imperador imponente.

— Bem, o meu nome é Raina. Sou princesa do Reino da Água, que fica a oeste daqui, depois de atravessar o grande oceano verde. E esse é meu companheiro de viagem, Redbad; ele é o rei do Reino da Planta, que fica praticamente colado ao meu. Somos aliados e pretendemos nos casar para formar uma aliança entre as nossas nações — Raina fala nervosa.

— Me conte, senhorita Raina, por qual motivo estavam vagando por nossas terras e sozinhos, sem companhia alguma? Acredito que, se realmente são da realeza, não faz muito sentido estarem sem proteção alguma, não é mesmo? — questiona o imperador seriamente.

— Desculpe responder, mas a decisão foi minha de estarmos sozinhos. Queria que nós dois pudéssemos ter um tempo a sós para nos conhecermos melhor, já que o nosso casamento foi arranjado pelos pais da senhorita — Redbad conta com firmeza em suas palavras.

— Entendo, mas ainda não me responderam à pergunta principal: por qual motivo estavam aqui? — pergunta o imperador com um olhar julgador.

— Estamos em uma missão de resgate, à procura de três jovens que desapareceram. Eles são muito importantes e devem ser encontrados o mais rápido possível. Todas as realezas se reuniram para criarmos um grupo de busca; nos dividimos e ficamos com o lado leste. Nosso objetivo era o nordeste, onde existem os grandes impérios. Mas a minha companheira me fez vir pelo leste-central — Redbad fala com verdades em suas palavras.

— Entendo... mas vocês não deveriam ter entrado em minhas terras. Por isso... — Antes que ele pudesse completar a sua frase, uma bela mulher adentra o tribunal pela porta da frente ao lado de Martina — meu amor? O que faz aqui? — questiona o imperador para sua esposa.

— Meu querido marido, peço que termine esse julgamento sem sentido. A Martina me contou tudo; você sabe de onde eles dois são? São das terras dos seis reinos. Creio que esse nome pode fazê-lo lembrar de algo muito importante, ou não? — pergunta a imperatriz com raiva.

— Samy, eles já me contaram tudo, e agora que me lembrou disso, bem, não há motivos para prendê-los aqui. Estão livres para retornarem às suas terras, mas antes, só sairão daqui depois que treinarem nossos guerreiros com as especialidades militares dos seus reinos. Depois que concluírem esse trabalho, poderei deixá-los partir em segurança.

— O quê?! Como assim? Não pode nos obrigar a isso, isso não é certo! — Raina fala aos gritos, com bastante raiva.

— Calma, Raina, vamos obedecê-lo e fazer o que nos pede. Não custa nada ensiná-los nossas estratégias; eles são do outro lado do mundo, não poderiam ser uma ameaça para nossas nações se souberem nossas habilidades militares. Nós aceitamos, grande imperador! — fala Redbad com ânimo em seus lábios.

— Antes que possam começar, quero apresentar os meus conselheiros. Esse é o general do meu exército, Morrison. Esse é o meu conselheiro pessoal e braço direito, Nicu. Essa é a Martina, comandante do meu exército e treinadora dos meus guerreiros; ela é responsável por tudo relacionado às coisas militares. Essa é Afina, minha melhor guerreira de combate; ela faz parte do meu grupo pessoal de luta. Esse outro é o Faren, meu negociador de comércio e negociações exportadoras; ele é um ótimo amigo e conselheiro, além de fazer um ótimo trabalho na sua área. Essa outra é a Senya, minha conselheira pessoal; ela é responsável por todos os recursos do nosso povo e trabalha com tudo relacionado à administração do império, também é lutadora nas horas vagas. E por último, Limonija, meu melhor guerreiro, um hábil espadachim de guerra. Todos eles fazem parte do meu conselho, e sem eles nada aqui funcionaria como deveria. Graças ao esforço de cada um, o nosso império continua prosperando e crescendo todos os dias. Somos esforçados quando se trata de trabalho, então esperamos que vocês dois deem o seu melhor no treinamento — diz o imperador com um sorriso de satisfação em seu olhar — Martina vai levá-los aos seus aposentos e depois lhes dará comida e um banho, para que possam se sentir mais confortáveis para a missão. Obrigado pela atenção; agora tenho negócios a tratar, com licença.

— E agora, Redbad, culpa minha termos vindo parar nesse fim de mundo. Quanto tempo vamos passar aqui? — Raina pergunta com desespero em sua face.

— Fique tranquila, vou protegê-la a qualquer custo. Vamos sair daqui bem; só precisamos colaborar. Eles não me parecem ser maldosos, apenas querem aproveitar a oportunidade da nossa presença aqui. Sinceramente, eu faria o mesmo no lugar dele — Redbad fala sarcasticamente.

Redbad deu uma pequena gargalhada, apesar da situação complicada em que se meteu, mas podia ser uma experiência boa para os dois. Ajudar um grande império não poderia ser tão ruim assim, não é? As verdadeiras intenções do imperador só ele mesmo poderia dizer, e que planos tinha em mente para se aproveitar do momento oportuno. Infelizmente, os outros iriam ter que esperar eles retornarem depois de algum tempo, e isso durou meses. Os dois não viam a hora disso ter fim.

Até que o imperador recebeu uma informação muito importante vinda do sudeste, que se passou pelo leste-central e chegou ao nordeste, algo que lhe deixou muito incomodado e fez questionar se já estava na hora dos dois retornarem às suas terras.

— Nos chamou, imperador? — pergunta Raina ansiosa.

— Sim, por favor, sentem-se os dois. Bem, acho que faz muito tempo que vocês dois estão conosco e nos ajudaram grandemente com seus conhecimentos militares, a que sou grato por tudo, pois agora os meus guerreiros estão bem mais treinados e tenho em minhas mãos um exército mais poderoso. E acredito que já está na hora de revelar algo que ficará surpreendidos em ouvir, algo que aconteceu há muitos anos atrás.

— E o que seria? — pergunta Redbad curioso.

— Eu me chamo Soygor. Sou irmão do Imperador Raygor e do Imperador Heigor do Vento. Creio que os conhecem bem.

— Pelos espíritos! Já ouvi falar sobre você; é aquele que decidiu levar consigo metade do povo e metade do exército do Vento para construir seu próprio império. Não acredito que sobreviveu esse tempo todo — Raina conta, abismada com a revelação.

— Sim, creio que o tempo de vocês aqui conosco já chegou ao fim. Agradeço de coração por tudo que fizeram pela minha nação. Mas eu irei junto com vocês para as terras dos seis reinos; quero eu mesmo descobrir o que está acontecendo por lá.

— Desculpe, Soygor, pelo que vou dizer agora. Mas o seu irmão Raygor desapareceu misteriosamente depois que você foi embora. Ninguém sabe o que realmente aconteceu com ele, o Heigor que assumiu o trono do Reino do Vento, e colocou ao seu lado dois imperadores: Durmog e Konnix. Mas, no momento atual, o Heigor está aprisionado no calabouço por ter destruído a nação da planta.

— Meu irmão Raygor, desaparecido. Isso não pode ser verdade! Logo ele, que é tão diferente dos outros. Éramos muito unidos um com o outro; treinávamos juntos todos os dias. Éramos grandes amigos — Soygor diz com tristeza em seu olhar e um semblante abatido com a notícia.

— Não fique triste, Soygor. Agora que sabe disso, está na hora de descobrir o que realmente aconteceu. Venha conosco! — Raina fala com esperança em suas palavras.

— Eu vou, mas antes tenho que deixar algumas coisas organizadas. A Samy ficará no comando do império durante a minha ausência. Por favor, me esperem aqui.

E foi assim que os dias de trabalho de Redbad e Raina finalmente acabaram. Graças ao desastre de Kolizeu, eles podiam retornar para suas terras e descobrir as coisas que aconteceram durante as suas ausências. As coisas só estavam piorando cada vez mais; intrigas e mistérios emergiram no meio dos nossos aventureiros, traições e conflitos aconteciam um atrás do outro, e o pequeno resquício de paz esvaía-se como uma brisa suave de verão ao bater nas folhas das árvores. Mas o pior ainda não havia chegado.