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Chapter 22 - Capítulo 21 - A Missão

Depois de séculos, finalmente o primeiro espírito dos seis elementos havia despertado pelas mãos de um garoto. Ele não tinha os atributos necessários para ser o guardião, mas tinha um coração digno para essa tamanha honra.

Foi através dele que o destino do mundo iria mudar, e por causa dele a esperança no mundo podia ressurgir, como uma brisa que passou e acabou em minutos, mas depois uma tempestade a trouxe de volta.

Todos estavam aguardando ansiosamente por esse dia, principalmente os espíritos, pois eles teriam a sabedoria necessária para guiar os guardiões em sua missão.

Depois de alguns minutos, Nino despertou do tombo que levou na cabeça; ela estava doendo, mas conseguia ouvir bem a voz suave do espírito da planta em seus ouvidos, chamando a atenção dela.

— Nino? Ouça bem as minhas palavras, nobre de coração puro. Preciso urgentemente conversar com a sua conhecida chamada Hélia. Tenho algo muito importante para falar com ela. Não perca mais tempo, vá atrás dela e lhe entregue a espada em suas mãos. Corra, meu pequeno guerreiro!

— É impressão minha ou você está dentro da minha cabeça? Como você entrou nela? Eu vou ficar maluco agora? Ou vou virar um zumbi que vaga pelos pântanos afora e nunca mais volta para casa? Pelos espíritos, o que vou fazer da minha vida agora? Ah! Eu vou me tornar um lunático nesse mundo sombrio e perturbado.

— Nino?! Se recomponha! Você vai ficar bem, não se preocupe. Estou dentro do cristal, falando telepaticamente na sua mente. Assim que você tocar no cabo da espada, eu posso me comunicar com você. Por isso pedi para entregar a espada nas mãos da Hélia.

— Sério? Que incrível! Agora eu tenho superpoderes para matar qualquer um que mexer comigo? Espera, eu posso derrotar o Unises agora com superforça? Ou posso sair voando pelos céus e correr super rápido pelas florestas?

— Nino... você é um nobre de coração puro, mas me surpreende a sua imaginação. Me escute: peça ao Rei Eldarion para levá-lo de volta ao reino élfico e entregue a espada nas mãos da Hélia. Rápido!

— Tudo bem, mas como eu vou sair daqui? Os portões se fecharam e não consigo abrir.

— Eu cuido disso. Toque com a lâmina da espada lentamente no chão. Vou usar meus poderes para abrir os portões.

— Tá bem — Nino não prestou atenção nas palavras do espírito da planta e socou com força a espada no chão, arrombando os portões e liberando uma energia que arremessou todos no chão que estavam do lado de fora do templo. — Desculpa, eu esqueci que devia fazer devagar.

— Nino? Conseguiu libertar o espírito da planta? — pergunta o rei élfico.

— Sim, consegui. E ela quer falar com a senhorita Hélia, irmã da Jadita. E ela disse que temos que ir rápido.

— Está bem, vamos.

Os dois, juntamente com os guardas, montaram rápido nos cavalos e saíram em disparada de volta aos domínios élficos. Hélia teria uma surpresa que jamais poderia imaginar quando ouvisse as palavras do espírito da planta.

Seria o reencontro do destino antigo com o destino do futuro, tudo colocado nas mãos de Hélia, para que ela conseguisse mudar o rumo do poder das trevas que estava contaminado nas terras de Lunizs.

Ela teria a chance que muitos séculos atrás outros desejaram ter a oportunidade de fazer a diferença no mundo, talvez mudá-lo para melhor. Mas nunca houve um resquício de esperança no ar; o ambiente sempre estava vazio e sem faísca alguma para iluminar uma mudança. Mas agora existia um brilho no fim do túnel e uma certeza de que as coisas, dessa vez, teriam um fim, para sempre.

— Vocês já voltaram? Então, Nino, como foi? — Unises pergunta ansioso pelas notícias.

— Bem, nada demais além de uma enorme dor de cabeça que recebi ao ser empurrado contra a parede do templo. Fora isso, nada anormal — diz ele, se aproximando de Hélia e colocando a espada nas mãos dela. — O espírito da planta quer falar com você, senhorita Hélia. Não faço ideia do que seja o assunto, mas é urgente.

— Obrigada, meu pequeno — Hélia fala, olhando para o cristal na espada. Então, ele começa a brilhar e uma voz sai, falando:

— Jovem Hélia? É uma honra conhecer a destemida que mudará o destino do mundo inteiro com suas mãos sábias. Saiba que estarei ao seu lado para ajudá-la em sua missão!

— Missão? Mas que missão? Como assim? Eu não entendo — Hélia pergunta, confusa e pensando se realmente era a escolhida para fazer algo grande.

— Me escute com atenção, Hélia. Quando o espírito da luz criou os sete espíritos elementais, havia harmonia no mundo. Mas depois, o espírito das trevas percebeu que era mais forte que os outros seis espíritos. Então, ele foi contaminado pelo seu orgulho e ambição, querendo tomar o lugar do espírito da luz. Ele nos fez a proposta de lutarmos ao seu lado contra o espírito da luz, mas todos nós recusamos. E foi então que ele iniciou uma guerra sem fim contra os seis espíritos. Lutamos por muito tempo, até que o espírito da luz percebeu que, a cada batalha, nossos poderes aumentavam. Então, foi preciso colocar um basta na guerra. Foi assim que o espírito da luz removeu metade de nossos poderes e colocou em cristais. Mas a metade do poder do espírito das trevas foi colocada em apenas um único cristal, que a essa altura já deve estar nas mãos de algum humano que usará esse enorme poder para criar um exército para destruir as terras dos seis reinos. Por isso, minha jovem guerreira, preciso que se prepare para lutar ao lado dos outros cinco guardiões, e que juntos possam lutar contra as forças das trevas.

— Mas por qual motivo tem que ser eu? Eu não sou uma guardiã, não fui escolhida. O Nino foi; essa missão é dele, não? — Hélia pergunta, com bastante medo em sua voz.

— Hélia, você foi sim escolhida. Foi você que decifrou a profecia e foi escolhida para lutar no lugar do pequeno Nino. Ele não tem idade ainda para lutar, mas você sim. Você é a guardiã dele, escolhida para protegê-lo e lutar por ele, fazer por ele o que ele não pode fazer por si mesmo. Você é a escolhida, não se esqueça disso!

— Mas por que eu?! Eu não sei lutar, nunca usei uma espada na vida. Eu com certeza vou morrer na primeira tentativa de atacar alguém. Eu não posso! — Hélia diz, se ajoelhando no chão e chorando.

— Calma, Hélia. O que foi que ela disse a você? — Don pergunta, aflito.

— Eu não posso ser a escolhida, não posso. Eu não sei lutar, não sei o que fazer contra algo maior que eu, muito menos mudar o destino do mundo inteiro! — Ela fala, gritando alto, e todos ao redor ficam observando assustados.

— Hélia? Por favor, coloque a sua mão na lâmina da espada. Vou te mostrar uma coisa que você precisa ver — assim que Hélia coloca sua mão, ela tem uma visão do futuro do que vai acontecer. A cena diz:

— Senhorita Hélia?! Eu não quero morrer! Por favor, me ajudem! Ah! — Assim que Nino grita, o mestre das trevas crava a sua espada em seu coração, dizendo:

— Eu sou o mestre das trevas, e ninguém tem capacidade para me impedir. Saiba de uma vez por todas que ninguém pode me parar, muito menos vencer!

— Nino?! Não! Não! Nino! — Hélia chora pela perda do garoto de cabelos lisos. E então a visão acaba.

— Viu? É isso que vai acontecer caso você não aceite o seu destino. Não pode fugir dele, caso contrário, haverá consequências graves. Você está disposta a enfrentar esse destino? Ou vai aceitar o que o espírito da luz te reservou?

— Eu... eu aceito o meu destino! — Hélia diz com firmeza, mas tremendo toda.

— Acalme-se, Hélia. Agora que aceitou o seu destino, saiba de uma coisa muito importante: você não estará sozinha. Deverá confiar a sua vida aos seus novos amigos que conheceu há pouco tempo. As realezas se uniram pela primeira vez em séculos apenas para ir atrás de você. Então, acredite, eles lutarão ao seu lado e estarão com você!

— É bom saber disso, obrigada por me lembrar — Hélia disse, um pouco mais tranquila.

— Mais uma coisa: precisamos criar o seu exército para ajudá-la na guerra que está por vir.

— Um exército? Como assim? — Hélia pergunta, sem entender direito.

— Peça ao Rei Eldarion para que seus forjadores façam muitas espadas de cada elemento. Existem nesta montanha cerca de quinhentos mil cristais de cada elemento. Diga a ele que peça a ajuda do Imperador Durmog para que juntos possam forjar as seis espadas fulcrais de cada elemento. Que elas sejam feitas de maneira que o cristal não possa ser removido do cabo e da lâmina. Assim, não haverá riscos do portador ficar sem a espada, pois as que contêm o espírito dentro do cristal podem ser teleportadas para as mãos do usuário, mesmo que estejam muito longe de seu alcance. Façam isso como primeira prioridade. Depois que tiverem as espadas em mãos, devem pedir aos seus soldados para colocar uma gota de sangue na lâmina e deverão cravar as lâminas com sangue dentro do coração dos cavalos mortos. Dessa forma, será criada uma nova criatura neste mundo, e todos eles terão consciência e poderão ajudá-los na batalha. Também poderão fazer o mesmo com os cavalos vivos, mas em vez de cravar a espada em seus corações, devem apenas fazer um corte em qualquer parte do corpo deles e não se esqueçam de dizer as palavras que ativam o poder, que são transformação!

— Nossa, isso é muita informação para processar de uma vez só, mas faremos tudo que está mandando. Confiamos em você, espírito da planta.

— Outra coisa, Hélia: deve encontrar com urgência os outros guardiões. De acordo com o ciclo elemental, o próximo é do elemento da terra. Veja se o Rei Dalton ou o seu filho Fall é o escolhido. Caso não, procurem entre o povo. Rápido!

— Está bem, Rei Eldarion?! Preciso conversar com o senhor!

E foi assim que começou o árduo trabalho nos domínios élficos, uma euforia de um lado para o outro, correndo contra o tempo. O espírito das trevas já estava à frente e com a vantagem, pois haviam se passado meses desde que ele foi despertado. A realeza dos seis reinos não podia desperdiçar nenhum minuto sequer.

O Rei Eldarion ordenou que trouxessem o cristal da terra para fazer o teste no Príncipe Fall e no Rei Dalton. Assim que o cristal chegou, Fall ficou com receio; a probabilidade era que ele poderia ser o escolhido, pois era jovem e fazia parte daquela nova geração.

Mas, quando o Rei Dalton segurou o cristal, nada aconteceu. Logo em seguida foi a vez de Fall; ele fechou os olhos ao pegar o cristal. E, quando abriu a mão, ele estava normal. Um alívio para ele, pois seria meio que um fardo ter que ajudar na grande missão ao lado de Hélia.

— Hum... Unises?! Vem aqui. Seria impressionante se você fosse o guardião da terra; poderia tocar o cristal? — Hélia pergunta animada.

— Eu não sei. Como sei que não vou morrer se for o escolhido, não seria problema poder ajudá-la em sua missão — assim que diz isso, Unises segura o cristal com força, e ele começa a brilhar intensamente.

— Pelos espíritos! É você! Unises! — Hélia diz, toda contente e apreensiva.