— Peço que me escutem com atenção. De onde vim, do oeste, existem seis grandes reinos poderosos que existem desde a primeira monarquia no mundo inteiro, e se dá através deles a existência de todos os seres humanos em Lunizs — conta o mestre das trevas.
— Sim, já ouvimos falar sobre as terras dos seis reinos, mas as histórias contadas sobre eles se apagaram neste continente. Ninguém daqui tem mais contato com o povo daquele lado. E também não temos interesse neles. Se for sobre isso, por favor, poupe as suas palavras e vamos mudar de assunto — Harley diz, desanimada com o assunto da conversa.
— Perdoe a intromissão da minha querida irmã; ela não gosta de assuntos fora dos nossos domínios, entende? Mas continue — fala o Rei Twoguns.
— Pois bem, como estava falando, esses seis reinos têm uma profecia que fala que, no dia primeiro do primeiro mês do ano três mil seiscentos e vinte, um dominador do elemento da planta receberia poder para despertar o espírito da planta, e, fazendo isso, eles teriam o poder necessário para dominar o mundo inteiro. Então, queria a ajuda de vocês dois para fazerem uma visita a eles, que se envolvam com eles em um relacionamento amigável e descubram tudo relacionado ao dominador: quem é ele e se já despertou o espírito.
— Interessante a sua proposta, mas eu aceitaria ajudá-lo se você tivesse provas concretas de que tudo isso que acabou de falar não foi apenas mera fantasia — diz o rei, bastante sério.
— Quer uma prova? — Pergunta o mestre das trevas com um leve sorriso em seus lábios.
— Sim! Por favor — fala o rei, ansioso.
— Muito bem, então veja isso! — Assim que fala, o mestre das trevas levita Harley, removendo-a do trono e arremessando-a na parede, e começa a sufocá-la um pouco. Fazendo isso, os guardas que estavam presentes se aproximam do rei e cercam o mestre das trevas, apontando as lanças e suas espadas.
— Como isso é possível? O que você é? — Pergunta o rei, assustado.
— Eu sou o mestre das trevas! Isso que você está presenciando é apenas um resquício do meu grandioso poder — ele diz, gargalhando.
— Por favor, não machuque-a! Você já conseguiu provar a verdade, por favor, solte-a! — Diz o rei, agoniado com a situação.
— Tolos! Pensam que essas armas e espadas podem me ferir. Recebam isso! — O mestre das trevas então puxa a sua espada da bainha e a crava no chão, liberando uma gigantesca onda de energia que empurra e lança os soldados no chão com bastante força, e lhes suga o vigor que tinham.
— Pare! Não machuque os meus soldados! Vamos ajudá-lo com o seu plano, aceitamos a sua proposta! — Fala o rei, com um pouco de autoridade, mas com medo em suas palavras.
— Ótimo! Não esperava menos de você. Agora vamos ao grande plano: o que vocês realmente farão para me ajudar! — Diz o mestre das trevas, com o sorriso maligno em seus lábios.
Enquanto o príncipe de trinta anos resolvia suas questões com a realeza de outro continente, as terras dos seis reinos não estavam nada bem. Os piratas se esbarraram com Kolizeu e Durmog e lhe disseram que estavam indo em direção às seis nações para destruí-las de uma vez por todas.
Kolizeu tentou persuadi-los a adiar o ataque, mas o Rei Quangan percebeu sua estratégia e disse que não era tolo ao ponto de dar ouvidos a uma mulherzinha de beleza mediana, o que deixou Kolizeu bastante irritada com o insulto.
Mas Durmog, sabendo da urgência que iria enfrentar e do tamanho perigo que o seu povo correria, fez a proposta de entregar riquezas em troca de trégua entre os piratas. Ele deu uma alta quantia de ouro e prata em troca de paz por algum tempo, até que todos os outros cinco reinos aceitassem a mesma proposta que ele estava oferecendo. Naquele momento, Durmog falaria qualquer coisa para salvar as terras dos seis reinos da destruição iminente.
Quangan ficou interessado e até gostou da negociação, mas queria uma prova da parte dele. Então, Durmog ofereceu Kolizeu como oferta de suas palavras, que deveriam se cumprir em breve. O rei não recusou e até gostou bastante de poder ter em suas mãos uma bela mulher de cabelos loiros e um corpo esbelto de inveja.
Já Kolizeu ficou com uma cara de quem iria engolir Durmog vivo se fosse possível, mas, no fundo, ela compreendia que tudo aquilo era necessário para salvar o seu povo. Então, aceitou a ideia e ficou sem reclamar, mas apenas pediu que ninguém ousasse tocá-la, pois, se fizessem isso, iriam ser massacrados de uma forma cruel e horrível pelas suas mãos. Todos que estavam presentes ficaram surpresos por sua coragem com aquelas palavras ameaçadoras, mas o Rei Quangan não dava importância para suas ameaças; ele sabia que estava com a vantagem.
Depois de deixar Kolizeu sozinha ao lado daqueles homens sujos, Durmog saiu correndo em direção aos navios da sua nação, que estavam esperando que ele retornasse para voltar ao Reino do Vento.
Os soldados estranharam a falta de Kolizeu e tinham certeza de que Durmog a havia deixado para trás, pois sabiam bem das intrigas que os dois tinham um com o outro. Mas Durmog explicou a situação, e a maioria deles não acreditou, principalmente a guarda pessoal de Kolizeu.
Saíram em alta velocidade para retornar o mais rápido possível. Durmog precisava chegar a tempo para informar aos outros reinos para se prepararem e defender suas terras e seu povo. A crise apenas estava começando, pois, do outro lado, ao sudoeste, os vikings estavam marchando ao lado dos piores mercenários, bárbaros, assassinos e saqueadores de todos os tipos que existiam, prontos para destruir os seis reinos.
Persephone e Tok foram os primeiros a retornar aos seus reinos. Procuraram bastante pelas áreas próximas e não descobriram nada, então decidiram voltar e se informar das buscas dos outros; talvez eles tivessem tido mais sorte.
Enquanto Don e Fall já tinham sido informados de que os vikings estavam a caminho de suas terras, eles dois não perderam tempo e voltaram o mais rápido possível aos seus reinos. Tinham que se preparar para o conflito que estava para chegar; já bastava as perdas da nação da planta, mais mortes não podiam acontecer, ainda mais quando podiam ser evitadas. No final de tudo, Hélia e os outros teriam que aguardar o resgate.
Os únicos que ainda estavam em campo eram Redbad e Raina. Os dois estavam bem concentrados na missão de resgate, mas, durante a travessia na embarcação em que estavam, Raina decidiu mudar o destino da busca, partindo para o grande deserto ao leste. Redbad não quis questionar a sua escolha, apenas deu ordem ao comandante para mudar o curso da viagem. Quem sabe o que eles dois iriam encontrar naquelas terras desérticas?
Passados alguns dias, Don e Fall retornaram aos seus reinos à noite e estavam exaustos da viagem. Fall foi chegando e já pedindo para enviar cartas aos outros reinos para se prepararem para a guerra contra os vikings. E Don ordenou que todos se preparassem para defender a sua nação.
— Meu rei?! Não faz muito tempo que recebemos essa carta endereçada ao senhor. Eu não quis abrir, pois seria uma intromissão da minha parte — Slawen entrega a carta nas mãos de Don, conselheiro pessoal de Kira.
— Obrigado, Slawen, por isso confio em você.
— Sempre à disposição, meu rei. Com licença — Slawen diz, fazendo uma reverência.
Assim que Don lê a carta, ele fica surpreso e feliz ao mesmo tempo; só em saber que Hélia estava bem já o deixava contente. A carta dizia:
— Caro Rei Don, me chamo Eldarion. Vai ser estranho lhe dizer quem sou, mas acredite, é a verdade. Sou o rei élfico da Floresta Escura e estou lhe enviando essa carta para lhe informar que a sua amiga Hélia está bem e aqui comigo, juntamente com sua irmã e amigo dela. Quero que saiba que desejamos que venha para o meu reino para se encontrar com eles três, mas faço uma observação: venha sozinho e não traga ninguém. Caso não faça isso, seus amigos sofrerão a devida punição. Espero que seja um rei sábio e tome a decisão certa. Assinado, Rei Eldarion.
— Hélia, graças aos espíritos, você está bem — Don diz, todo animado e feliz — Slawen?! Slawen!
— O que foi, meu rei? Algum problema?
— Mande cartas para todos os cinco reinos, informando-os de que já foram encontrados os três jovens. Rápido!
— Certo! Agora mesmo.
Hélia estava muito ansiosa para encontrar-se com Don novamente e estava contando os segundos para tê-lo em seus braços. Agora que estava cada vez mais perto, não podia ver a hora de poder dizer a ele que tinha conversado com o primeiro homem dotado de sabedoria e que tinha um destino reservado pelo espírito da luz.
Realmente havia um mistério ao redor de Hélia, e seu destino estava marcado de uma forma que ela não poderia imaginar. As coisas que iriam acontecer com ela e através dela. Por meio de suas mãos, ela iria salvar pessoas, mudar decisões importantes e fazer a diferença no destino do mundo. Quem iria se tornar no final disso tudo seria apenas o tempo que responderia.