Chereads / A Saga de Lunizs - Livro 1: O Alvorecer / Chapter 16 - Capítulo 15 - O Guardião

Chapter 16 - Capítulo 15 - O Guardião

— Pelos espíritos! — Unises diz, lembrando-se de algo muito importante ao ouvir Hélia dizer que o guardião completaria o ano no dia quinze de outubro.

— O que foi, Unises? Por que o espanto? — Jadita pergunta, confusa.

— O Nino! Ele vai completar dezesseis anos neste novo ano que está se iniciando nesta madrugada, dia quinze de outubro!

— Quem é Nino? — Pergunta o Rei Eldarion, muito curioso.

— É o irmão caçula do Unises. Ele tem quinze anos de idade e vai completar dezesseis neste novo ano que começou — Jadita diz, muito aflita.

— Então devemos mandar nossos guardas pegar esse garoto, meu amor. Não podemos deixá-lo cair nas mãos da realeza! — Elara fala, bastante assustada.

— Muito bem, agora que temos certeza de quem é o guardião, está na hora de reunir as três raças do mundo inteiro para ajudar o guardião a despertar o espírito da planta.

— As três raças? — Hélia pergunta, sem entender direito do que se trata.

— Sim, meu amor. Os gigantes, os anões e os elfos: a sociedade real de todas as raças unidas para proteger os cristais elementais e o guardião da profecia! — Conta Elara, toda animada.

— Pensei que fossem apenas rumores sobre a existência de gigantes e anões. Onde eles vivem? — Unises questiona, querendo saber mais a respeito das raças que sempre sonhou em conhecer algum dia, se fossem reais.

— Os anões vivem nas grandes montanhas das neves ao sul, onde construíram uma grande fortaleza ao redor da montanha inteira, e os gigantes vivem nas grandes cavernas do deserto ao leste, onde construíram suas grandes invenções e maquinarias. Caso não saibam, ao oeste vivem... — Eldarion interrompe Elara, não querendo que ela revelasse ainda o que existia nas terras do oeste, muito menos o que poderia haver nas terras ao norte.

— Vou mandar nossos guardas buscar o garoto Nino para nosso reino. Depois discutiremos o que iremos fazer quando os outros dois reis dos gigantes e anões chegarem. Agora, por favor, vão descansar. Isso tudo foi informação demais para um único dia. Obrigado, jovem Hélia! — Diz o Rei Eldarion.

— De nada, foi um prazer ajudá-los — Hélia fala, menos aflita e um pouco mais tranquila.

Os primeiros raios de sol estavam começando a surgir e iluminar as folhas das grandes árvores da Floresta Escura, indicando o início de mais um novo ano: três mil seiscentos e vinte, o ano mais esperado por todos no mundo inteiro e tão aguardado pelas famílias reais.

E citando as famílias, nas terras dos seis reinos, estava um caos total. Os quatro exércitos tinham cercado, dos quatro lados, o território da nação da planta: o exército do trovão ao lado norte, o exército da água ao lado leste, o exército da terra ao lado oeste e o exército do fogo ao lado sul.

Heigor não queria se render facilmente e já não aguentava mais esperar tanto para que o dominador fosse encontrado. Kolizeu conseguiu adentrar o castelo e fez um discurso para os soldados do vento, falando que aquele era um novo ano e que o dominador não iria aparecer mais, que deveria ser uma nova era de paz e harmonia entre os seis reinos, e que todos deveriam se unir para ter uma vida tranquila e de sossego.

A maioria dos soldados ficou do lado de Kolizeu e fez uma reverência, indicando que a partir daquele momento iriam apoiá-la e seguir suas ordens como imperatriz do Reino do Vento. Durmog, com sua esposa, que também já havia chegado para apoiar Kolizeu, juntamente com Konnix e sua esposa, estavam ao seu lado, todos reunidos em prol da causa da paz.

Não existia mais motivos para tanta destruição e guerra entre as seis nações. Estava na hora de haver trégua entre eles e que uma nova dinastia deveria ser instaurada por todos eles juntos, criando uma sociedade real, assim como existia com os elfos, anões e gigantes.

Don, Kira, Erita, Dalton, até Fall, Redbad, Ociban, até Cristelme, Raina, Tok, Hilda e a realeza do vento, todos estavam de acordo em criar uma aliança definitiva entre as seis nações para construir, pela primeira vez na história, um enorme império entre os seis reinos.

Seria algo extremamente poderoso e único no mundo inteiro, pois nunca houve em séculos uma união como essa que todos desejavam que começasse a acontecer.

Mas Heigor não gostou da ideia. Ele disse que todos estavam certos tendo isso em mente, mas que ele deveria ser o imperador supremo e que só concordaria com essa união se todos o aceitassem como o governador das terras dos seis reinos.

Entretanto, todos recusaram seu pedido, dizendo-lhe que ele não tinha caráter para liderar, muito menos para governar um império daquele porte que seria construído.

Se ele fosse colocado no trono e no comando do novo império, poderia colocá-lo em ruína em pouco tempo e causar uma crise econômica em toda a terra.

Depois de uma longa conversa e um discurso exaustivo, os soldados do vento aceitaram a remoção de Heigor do comando do Reino do Vento e que ele deveria ser preso por suas atitudes contra a nação da planta e o roubo das riquezas.

Assim, todos ficaram felizes e contentes com o fim da guerra e que agora haveria paz nas terras dos seis reinos, e que se iniciaria uma era de harmonia e tranquilidade.

Mas o que todos eles não sabiam é que o Grande Líder Hannibal não iria deixar barato a traição de Heigor, muito menos ficaria conformado com a falta de moedas que ele não pôde saquear, e que dessa vez iria vir com tudo para cima dos seis reinos, tomando à força todas as riquezas das seis nações e destruindo de uma vez por todas as dinastias da realeza da história.

Ele começou a visitar povos distantes e recrutar bárbaros e os piores mercenários que existiam por aquelas terras. Até nas terras sombrias ele foi parar para encontrar os maiores assassinos perigosos que matam apenas por diversão. Dessa vez, seria realmente uma guerra de proporções gigantescas.

As seis nações teriam chances de vencer uma batalha tão difícil como essa apenas se unissem seus exércitos e usassem as estratégias de ataque combinado. Dessa forma, conseguiriam vencer e derrotá-los.

Mas, com as baixas do exército da planta, já os deixavam em desvantagem com a cavalaria, então teriam que trabalhar os movimentos de outras maneiras que pudessem levá-los à vitória.

— Sinto muita falta da Hélia, Erita. Não sabia que ela poderia me fazer sentir dessa forma tão solitária — Don diz, aflito.

— Você ainda não percebeu, não foi? — Erita pergunta, sorrindo levemente.

— Do que está falando? — Pergunta ele, sem entender.

— Homens, pelos espíritos! Não entendem nada sobre o amor. Você não viu, Don? Está apaixonado totalmente pela Hélia. Seus olhos brilham quando fala nela, e desde que você a conheceu, está mais contente e sorrindo por qualquer motivo bobo. E eu, sinceramente, gosto disso. Te ver feliz me faz pensar no sorriso da minha mãe.

— Sério? Não sabia. Também gosto de te ver feliz e sorridente — Don fala, abraçando sua irmã fortemente por alguns segundos.

— Aí estão vocês dois! Parem de brincadeiras e venham logo resolver os problemas da nossa nação. Eles não vão se solucionar sozinhos! — Kira diz, bastante brava e toda agitada.

Enquanto Kira repreendia seus irmãos, Tok apenas observava-a de longe. Ele tinha uma quedinha pelo jeito de Kira ser; seu modo de falar o deixava encantado e, quando ficava brava ou irritada por qualquer coisa, fazia com que ele se atraísse ainda mais por ela. Ele começou a prestar atenção em Kira quando seus pais eram amigos anos atrás, e os dois sempre brincavam juntos de luta com espadas de madeira, e Tok sempre deixava Kira ganhar.

Por algum motivo, ele nunca se atreveu a chamar a atenção dela, apesar de não ser um rapaz tímido com as mulheres. Com as nobres de seu reino, sempre conversava sobre assuntos de compromisso, e ele falava naturalmente sobre o assunto.

Talvez lhe faltasse coragem mesmo para tomar a iniciativa, mesmo sendo um dos guerreiros mais corajosos que existiam por aquelas terras. Mas, quando se trata de amor, os homens não são muito bons nisso, não é mesmo? Mas ele estava tomando coragem a cada dia que se passava, e pelas vezes que se esbarrava em Kira, em algum momento ele iria falar algo para ela a respeito de seus sentimentos.

Bem distante dali, nas terras dos seis reinos, ao oeste, onde ficavam as terras sombrias, existe uma enorme ravina formada por grandes e grossas raízes de árvores.

Onde também morava um povo que há muito tempo foi esquecido pelos homens, que guardavam em segurança o único cristal das trevas. E eram eles também que, assim como a realeza, aguardavam o surgimento do guardião da profecia. Eles também esperavam pelo dia em que o cristal das trevas fosse brilhar intensamente.

— Meu rei?! Meu rei! Aconteceu! Aconteceu, o cristal! O cristal começou a brilhar fortemente! Venha ver, rápido! — Conta um dos servos do rei.

— Finalmente! O grande dia chegou. A hora do poder das trevas será conhecida por todas as terras do mundo inteiro, e seu reinado será instaurado para sempre!