Chereads / A Saga de Lunizs - Livro 1: O Alvorecer / Chapter 11 - Capítulo 10 - A Revelação

Chapter 11 - Capítulo 10 - A Revelação

Era noite quando Hélia se deu conta de que tinha sido sequestrada. Ao olhar ao redor da cela em que estava, viu Jadita e Unises deitados no chão, como ela.

Não fazia ideia do motivo de terem feito isso, mas logo pensaram que talvez um deles três fosse o escolhido.

Assim que se levantou, uma criatura se apresentou diante da entrada e lhe disse:

— Seja bem-vinda ao reino dos elfos. O nosso rei e rainha desejam falar com vocês três. Por favor, acorde os outros dois logo e me acompanhem.

— Quem é você? — Hélia pergunta, desnorteada.

— Me chamo Elrian, herdeiro das estrelas. Caso não saiba, eu sou um elfo. Sua raça corre um enorme perigo e talvez um de vocês três seja o guardião do espírito elemental. Por favor, não demore.

— Certo! Jadita? Unises? Acordem! — Ela falou, mexendo e balançando os dois.

— Hélia? O que houve? Onde estamos? — Jadita fala, com uma pequena dor de cabeça pelo efeito da flecha tranquilizante.

— Meninas! Onde estamos?! O que aconteceu? — Unises pergunta, todo tonto e meio enjoado.

— Precisamos ir, gente! Esse jovem está nos esperando para falar com os reis. Vamos, levantem.

Logo que deixaram a cela, os três avistaram árvores enormes, cheias de galhos grossos que se conectavam umas às outras, fazendo um caminho para que pudessem passar.

Ali era o centro do reino élfico, que ficava debaixo da terra, sustentado pelas fortes raízes das grandes árvores dos solos. O lugar era enorme, e nas paredes de cipós havia vários cristais de diferentes cores: vermelhos, azuis, amarelos, verdes, pretos e brancos. Os cristais tinham alguma relação com os elementos, pois deixavam claras as reluzentes faíscas que saíam de cada um deles, ainda mais brilhando no escuro e clareando o ambiente.

— Olá, jovens guerreiros destemidos. Sejam bem-vindos ao nosso reino. Pedimos desculpas pelos nossos modos singulares em trazê-los até aqui. Infelizmente, não havia outra forma mais adequada para a tamanha urgência que tínhamos em tê-los em nossa presença, não é mesmo, minha querida esposa? — conta o rei élfico.

— Sim, meu amor. As circunstâncias são necessárias, e o tempo é curto demais para nos preocuparmos com pequenos detalhes de comportamento. Me digam, como se chamam? — pergunta a rainha élfica.

— Bom, eu me chamo Unises, sou um simples camponês, nada mais que isso. Caso tenham me sequestrado por algum motivo maior, sabe... — ele diz, tentando disfarçar o medo que estava sentindo naquele momento.

— E as moças? São tão lindas e jovens, suas belezas são radiantes aos meus olhos, não é mesmo, Eldarion?

— Sim, Elara, meu amor. São lindas.

— Me chamo Hélia, e essa aqui é minha irmã Jadita. Somos simples camponesas também, como o Unises, mas somos do Reino da Planta.

— Sim, sim. Foi por serem da nação da planta que acabamos os raptando de seus lares. Mas, na verdade, nossos batedores interceptaram uma carta que uma de vocês escreveu, e quando soubemos das informações que ela continha, não podíamos ficar parados de braços cruzados. Foi preciso agir contra o tempo — conta Eldarion, o rei élfico, que significa filho das estrelas.

— O que meu marido quer dizer é que um de vocês pode ser o tão aguardado guardião, e não podíamos permitir que a realeza dos seis reinos colocasse as mãos em vocês. Nossos servos já estão trazendo o cristal da planta. Apenas a realeza dos seis reinos tem esses cristais, mas eles têm apenas um. Já o nosso povo tem milhares debaixo desta montanha enorme, onde estamos presentes no momento — explica a rainha Elara, que significa luz das estrelas (aquela que brilha como uma estrela) ou estrela da manhã (estrela do amanhecer).

— O que farão conosco? — Jadita pergunta, assustada e com medo.

— Nada demais, minha jovem. Vocês só terão que tocar no cristal. Quem tocar e ele brilhar, significa que é o guardião — fala a rainha.

— Primeiro o rapaz. Já quero descartar de primeira se ele é o guardião ou não — dá a ordem o rei.

— Pelos espíritos, espero que seja eu. Não quero que uma das meninas morra — fala em pensamentos Unises. Assim que o servo apresenta o cristal, Unises olha atentamente para ele e, quando o toca, nada acontece. O cristal permanece brilhando normalmente. — Ah não, tinha que ter sido eu!

— Interessante! A maioria dos séculos de guardiões foram homens, mas me parece que desta vez serão as mulheres — conta Eldarion.

— Jadita, você é a próxima. Vamos — Elara diz.

— Espero que seja eu, Hélia. Não se preocupa comigo. Se eu morrer, me promete que vai se cuidar e que jamais vai desistir de viver. Me promete!

— Não fala isso! Não é você, sou eu! Não posso te perder, jamais! — Logo que Jadita toca no cristal, ela fecha os olhos e derrama algumas lágrimas, mas nada acontece.

— Minha nossa, temos uma vencedora! — grita a rainha para todos ouvirem.

— Eu não esperava que fosse eu, mas se o destino quis assim, só posso aceitar o desígnio dos espíritos. Façam o que quiserem comigo, mas deixem a minha família ir embora em segurança! Por favor! — Hélia fala, caindo no chão de joelhos e chorando muito, tremendo da cabeça aos pés.

— Muito bem, vamos tirar a conclusão de uma vez por todas. Coloque o cristal na mão da jovem! — diz o rei, ordenando ao seu servo.

— Desculpa, Jadita, me desculpa! — Hélia diz. Assim que toca no cristal, passam-se alguns segundos segurando-o, mas nada acontece.

— Pelos espíritos, meu amor, não é ela! — conta Elara para Eldarion.

— Como pode? Mas a gente leu a carta, e dizia claramente que vocês três podiam ser o escolhido!

— Então terão que procurar em cada cidadão do Reino da Planta se quiserem descobrir! — Unises fala aos gritos, com bastante raiva por terem feito passar por aquela pressão toda.

— Graças aos espíritos, Hélia, não somos a guardiã! Viva! — diz Jadita, levantando Hélia do chão e a abraçando.

— E agora, meu amor, o que faremos? Se não são eles, quem poderá ser? — pergunta Elara, decepcionada.

— Guardas? Levem nossos hóspedes para conhecer o nosso lar e lhes deem comida para saciar a fome. De agora em diante, eles serão nossos amigos e compartilharão do melhor que a nossa terra tem a oferecer! — dá a ordem o rei, com um sorriso no rosto.

— Aproveitem a estadia em nossa moradia. Ficarão surpresos com a quantidade de beleza que nosso gigantesco lugar apresenta! — Elara diz, toda alegre e sorridente.

Foi totalmente inesperado o que acabara de acontecer. Se eles três não eram o escolhido, quem mais poderia ser o dominador? Quem mais teria escapado das mãos da realeza e conseguido se esconder deles esse tempo todo? As respostas estavam na profecia, que poucos conheciam.

— Será que devemos contar a eles? — pergunta Elara, baixinho, para Eldarion.

— Seria bom eles saberem a verdade. Isso já foi escondido há tempo demais do povo deles... — conta o rei. Assim que os três jovens estavam caminhando para fora do palácio, o rei gritou e os chamou de volta: — Esperem! Temos algo a lhes contar!

— O que foi, Rei Eldarion? — pergunta Hélia, nervosa.

— Vocês já devem ter ouvido falar das profecias, não é mesmo? Pois bem, a verdade é que ela foi modificada pelos primeiros reis e rainhas dos seis reinos para esconder a verdade dos povos. Mas nossos grandes elfos sábios conseguiram identificar os detalhes de cada uma delas e interpretá-las corretamente. A primeira dizia assim:

"De um dia para o outro, nasce a luz do destino. No dia do nascimento, surge o descendente."

— Essa foi a primeira profecia entregue ao povo, mas foi modificada pelos reis e rainhas. A verdadeira diz assim:

"Na lua ao nascer do sol, brilha o raio do farol. Ao desabrochar da flor, floresce a rosa do amor."

— Bem, com alguns estudos mais aprofundados pelos nossos sábios, eles descobriram que está faltando uma última frase na profecia. Depois de anos de esforço, conseguimos decifrar cada palavra, que diz assim:

"No raiar da escuridão, submerge o furacão."

— Nossos sábios tentaram interpretar toda a profecia, mas não conseguimos até hoje. Se soubéssemos o que ela significa, poderíamos entender o que vai acontecer no destino do mundo inteiro — revela o rei, decepcionado.

— Não sabemos o que significa, infelizmente — Unises diz, debochando.

— Eu também não sei. Desculpa não poder ajudá-los... — fala Jadita, com um olhar triste.

— Espera... ao nascer do sol... floresce a rosa do amor... e... submerge o furacão... eu sei o que significa! — grita Hélia, toda animada e contente, dando um rápido pulo do chão.

— O quê?! — dizem o rei e a rainha ao mesmo tempo, assustados.

— Significa: "Ao nascer do sol nasce o guardião, na idade certa despertará o espírito, assim os guardiões nascerão!"

— Pelos espíritos, ela sabe! — grita a rainha, surpresa e sem acreditar.

— Guardas? Segurem ela! — diz o rei, com uma autoridade embravecida.

— Mas por que me segurar? Eu não sou a guardiã! — grita Hélia, com raiva e assustada.

— Agora você nos deixou confusos, senhorita Hélia. Se você não é a guardiã, como conseguiu decifrar a profecia? — pergunta o rei Eldarion, com raiva.

— Eu não sei, apenas decifrei. Veio na minha mente! — Hélia diz, tentando se soltar dos guardas.

— Desculpe, querida, mas se você conseguiu decifrar a profecia, só significa uma coisa: você é a guardiã!