A lua brilhava intensamente naquela noite, que ficaria marcada nas histórias das dinastias. Heigor estava com cinquenta soldados dentro de um dirigível bélico construído pelo Imperador Durmog. Ele havia feito cinco protótipos, e cada um suportava cinquenta pessoas. No total, havia duzentos e cinquenta guardas preparados para descer no jardim do castelo do Reino da Planta.
E, para facilitar ainda mais a entrada deles, uma névoa densa estava se formando naquela hora, ajudando-os a surpreender os soldados que faziam a guarda no jardim. Todos foram mortos por flechas, e ninguém conseguiu avisar que estavam sendo atacados. Heigor e seus soldados apenas se posicionaram para atacar qualquer pessoa que entrasse ali e ficaram esperando os bélicos trazerem mais soldados. Seriam precisos mais duzentos e cinquenta como reforços para tomar o castelo inteiro; então, seria uma noite bastante agitada.
— Redbad, meu amigo? Foi avistado o exército viking se aproximando das muralhas, e tem mais: é um exército enorme! — conta Billying, conselheiro pessoal de Redbad.
— Pronto para morrer pela sua nação, Billy? — pergunta Redbad, ansioso e determinado.
— Sim, meu amigo! Pelo Reino da Planta!
— Senhor Redbad?! O castelo está sendo tomado! Cuidado! Ah... — morre o soldado que estava avisando, atingido por uma flecha no peito.
— Como conseguiram chegar aqui tão rápido? — Billy perguntou, apavorado.
— Eu não sei, mas temos que lutar até o fim. Vamos! — Redbad sai correndo do seu escritório e se depara com Heigor no meio do palácio, na presença de alguns de seus soldados. Assim que Redbad olha para ele, alguns soldados da Planta se aproximam do seu rei, e ambos os lados se encaram.
— Está vendo tudo isso, Rei Redbad? É a sua queda! Por anos, a nação da Planta se sustentou sozinha e sempre se manteve firme e forte defendendo suas terras, mas chegou o dia do seu fim iminente, hoje! Eu, Heigor, serei o dominador da nação da Planta! — Dando gargalhadas, ele olha malignamente.
— Só por cima do meu cadáver! — Redbad fala, avançando para cima de Heigor e seus soldados também.
Havia dezesseis soldados da Planta ao lado de Redbad e nove do Vento ao lado de Heigor.
Redbad deu um corte lateral para acertar a barriga de Heigor, mas ele desviou e desferiu um golpe para rasgar o seu pescoço, mas Redbad recuou a tempo.
Depois, Heigor deu uma pirueta e fez um corte pequeno na perna de Redbad, mas ele aproveitou a chance e rasgou o braço de Heigor.
Enquanto os dois lutavam, quatro soldados da Planta enfrentavam cinco do Vento de um lado, e do outro, doze da Planta enfrentavam quatro do Vento. Os cinco do Vento do primeiro lado conseguiram derrubar os quatro da Planta, e no segundo lado, caíram quatro da Planta e três do Vento morreram.
Sobraram seis do Vento e oito da Planta. Um do Vento que estava sozinho do segundo lado foi morto por dois da Planta, e os outros seis de cada lado lutaram ferozmente, e os do Vento conseguiram matar quatro da Planta, sobrando apenas quatro da Planta e quatro do Vento.
A decisão foi rápida: três da Planta morreram, morrendo apenas um do Vento. Ficando apenas um da Planta, ele se rendeu e ficou de joelhos no chão, sobrando apenas três do Vento.
Depois de alguns minutos de luta entre Heigor e Redbad, o fim estava chegando. Os dois já estavam cansados e sem forças para o combate, e eram realmente bons, mas Heigor estava mais ferido que Redbad. Então, Heigor chamou dois de seus soldados que sobraram para ajudá-lo na luta.
Redbad então se viu encurralado e, quando estava pensando em fugir para não morrer, Billy chegou com mais trinta e dois soldados da Planta e cercou Heigor e seus dois companheiros. Aquela era a vitória de Redbad.
— Eu venci! — diz Redbad com seriedade.
Dando mais gargalhadas, Heigor diz:
— Pode ter me derrotado nesta luta, mas não venceu a guerra. O exército viking, a essa altura, deve estar passando pelas suas muralhas e invadindo o reino. E mais: mais soldados do Vento estão chegando pelo seu jardim. Em breve, tudo aqui estará cercado por soldados do Vento!
— É o que veremos! Billy? Reúna o máximo de soldados possíveis e fechem todas as entradas e saídas do castelo. Vamos tentar segurar o máximo que pudermos!
— Pode deixar!
— Façam o que quiserem, não poderão evitar o inevitável... — fala Heigor com deboche.
Heigor estava certo. Os exércitos vikings já haviam ultrapassado as muralhas e invadido as três cidades: norte, sul e a principal no oeste. Apenas no leste, onde ficava o mar, não havia sido atacado.
Redbad ainda pensou na possibilidade de fugir na direção do porto marítimo, mas estava na hora de enfrentar seu destino, seja lá o que fosse acontecer no final disso tudo.
Os outros reinos estavam aflitos, sem saber quando os vikings iriam atacar. Eles mal faziam ideia do que estava acontecendo na nação da Planta. Redbad nem pensou em pedir ajuda naquele momento; não daria tempo para os outros reinos ajudarem.
Era uma derrota fria e calculista por parte de Heigor. Ele tinha tramado algo grande assim desde seus primeiros anos no reinado da nação do Vento, sempre raciocinando sobre como faria para dominar a nação mais forte entre os seis reinos.
E aquele era o dia tão sonhado por ele: o poder supremo e o controle geral das seis nações estavam mais perto do que nunca de se concretizarem. Depois da nação da Planta, o reino mais forte era o do Fogo.
Seria muito difícil conseguir derrotar o Reino do Fogo, mas Heigor estava contando com o poder do dominador que esperava encontrar no povo da Planta. Ele tinha certeza de que o escolhido estava escondido ali em algum lugar. E Heigor não iria parar até achá-lo.
Distante daquela invasão cruel, Jadita, Hélia e Unises estavam deitados para dormir, pensando em tudo que poderia estar acontecendo naquele momento nas terras dos seis reinos.
Os três não queriam presenciar aquela destruição, mas também não queriam ficar sem poder fazer nada. Querendo ou não, era muito melhor estarem ali com os elfos do que nas mãos de Heigor, caso Hélia fosse realmente a guardiã tão esperada.
O Rei Eldarion e a Rainha Elara tinham certeza de que era Hélia, mas não conseguiam provar com precisão que realmente era ela.
Alguma coisa estava errada naquela era do dominador; era a única explicação que os reis tinham em mente. Se a profecia realmente iria se cumprir naquele tempo, então a única explicação clara era que tudo estaria diferente dessa vez, e que o dominador poderia ser qualquer um a essa altura.
Mas a pergunta era: onde estaria o dominador? O que ele estaria fazendo neste momento? E para onde iria quando descobrisse que era o escolhido? Esses questionamentos vagavam pelas mentes do rei e da rainha, deixando-os confusos e aflitos em relação ao destino do mundo inteiro.
Enquanto os dois se preocupavam com o futuro guardião, Unises estava com a mente agitada, pensando em Nino naquele momento. Ele temia que o Reino da Terra fosse atacado pelos vikings, mas o que lhe confortava era saber que Nino sabia se virar sozinho. Apesar disso, ele não confiava totalmente nisso; Nino ainda não tinha muita noção das coisas do mundo e poderia ignorar muitas outras coisas ao seu redor para se preocupar com coisas inúteis que, para ele, seriam importantes.
Por exemplo, Nino, naquela noite, havia deixado sua casa e entrado na Floresta Lamentação para visitar a senhora Nayla e poder conversar com ela um pouco, e quem sabe aproveitar aquela comida caseira que ela havia falado na última vez para ele. O que lhe incomodava era por qual motivo lhe chamavam de bruxa da caverna e o que realmente tinha acontecido em sua vida para lhe chamarem de algo abominável aos olhos do povo.
— Senhora Nayla? Está em casa...? — Nino bate com uma expressão séria em seu rosto. Assim que Nayla ouve seu batido, ela corre para abrir e se surpreende com sua visita àquela hora da noite.
— Nino? O que faz a essa hora aqui? Não é seguro caminhar pela floresta nesse horário, e ainda mais tudo escuro com névoas sobre o chão. Você poderia ter caído em algum buraco grande.
— Relaxa, eu sei me virar sozinho. Unises sempre me repreende quando faço algo ousado, mas é o meu jeito, sabe? Então, queria saber se aquela refeição ainda está no contrato. Eu queria aceitá-la com todo prazer.
— Contrato? Do que está falando? — Nayla pergunta, confusa e intrigada.
— Não lembra que da última vez me fez o pedido para comer em sua casa? Então, eu vim aceitar a oferta. Eu chamo de contrato. Sempre faço contratos com o Unises, apesar de que a maioria ele não os cumpre.
— Ah, entendi. Entre, entre! Tenho sopa ao molho de camarão; acredito que vai gostar.
— Que delícia! Obrigado! — Nino agradece, adentrando o recinto que é belo por dentro e todo decorado com flores e rosas nas paredes. O chão era coberto de algodão, provavelmente custou uma fortuna, pois nem nos palácios reais havia isso.
Mas Nayla tinha uma fonte de renda muito estável para a idade dela. O que será que ela guardava dos olhos das outras pessoas? Nino iria conseguir descobrir. Só quando o sol fosse brilhar pela manhã é que as respostas iriam se revelar. O final daquela noite só pertencia a cada um deles aproveitar bem, mesmo aqueles que estavam passando por um momento de terror e aflição.