Chereads / A Saga de Lunizs - Livro 1: O Alvorecer / Chapter 9 - Capítulo 8 - O Dominador

Chapter 9 - Capítulo 8 - O Dominador

Uma grande tensão pairava no ar; todos os soldados estavam com um frio na barriga e temerosos do que haveria de ocorrer naquela negociação difícil.

Raina não estava nada contente por ter sido obrigada a negociar com esses mercenários. Sua vontade mesmo era dar um soco no nariz do vice-líder e cravar sua espada em seu coração para finalizar essa tolice de exigências absurdas.

Tok, por outro lado, estava sério e focado a cada palavra que saía da boca do homem magro e meio forte. Ele pensava nas tantas possibilidades de enfiar sua espada e em quantos iriam atacá-lo assim que tomasse essa atitude inesperada.

— Então! O que me dizem de tudo isso? Estou pedindo apenas o que acredito ser justo, já que estamos falando de duas famílias reais, não é mesmo? — Perguntou o homem animado, esperando a resposta. Ao seu redor, estavam doze guerreiros fazendo a sua proteção e com uma cara de poucas conversas.

— Que tal nenhuma moeda de ouro! — Ao dizer isso, Tok se levanta da cadeira, puxando sua espada da bainha e levantando-a para cima, como um sinal em resposta aos seus exércitos, que estavam aguardando o comando de ataque.

Os arqueiros já estavam prontos e armados com as flechas flamejantes e só precisavam levantar seus arcos, mirar e esperar para disparar.

O vice-líder, com seus doze homens, estava no centro do terreno na presença das famílias reais. Com Tok e Raina, vieram apenas dois soldados para acompanhá-los, mas não seria necessária a ajuda deles naquele rápido combate.

Enquanto isso, os exércitos de ambos os lados estavam a uma distância significativa e levariam apenas dois minutos para alcançá-los. Assim que Tok abaixou sua espada, ele avançou em cima do vice-líder e cravou-a na goela do homem.

Logo em seguida, Raina já armou seu arco e disparou três flechas ao mesmo tempo, atingindo três mercenários. Depois dos disparos, ela jogou o arco no chão e puxou sua espada, cortando a perna de um dos guerreiros e rasgando a barriga de outro.

Tok deu algumas piruetas e enfrentou os sete restantes. Não demorou muito e ele os finalizou com um corte giratório em seus pescoços, atingindo quatro deles. Sobrando apenas três, ele desferiu alguns golpes e foi atingido no braço com um pequeno corte, mas conseguiu derrotá-los. Ele realmente era muito hábil com a espada, um verdadeiro espadachim.

Com essa rápida luta acontecendo, o exército dos mercenários avançou a toda velocidade, mas assim que deram alguns passos em direção à realeza, os arqueiros da água dispararam suas flechas, atingindo vários deles. Logo em seguida, a cavalaria, que já estava pronta e aguardando o momento certo, avançou a toda velocidade e, em alguns minutos, passou por cima do exército inimigo.

Depois que a cavalaria recuou, os machadeiros da terra já estavam ao alcance do exército de mercenários e finalizaram a batalha, matando os sobreviventes. Felizmente, nenhum soldado dos três reinos morreu; houve apenas feridos e alguns machucados.

Logo, as famílias reais estavam salvas e poderiam retornar para suas casas em paz.

— Rei Dalton? O Rei Redbad deseja conversar com o senhor o mais breve possível e me pediu para dizer que não parta ainda para o seu reino, pois ele tem algo a lhe dizer antes que faça isso — Tok diz seriamente. — Príncipe Don? Os conselheiros do seu reino lhe enviaram esta carta urgente e pedem que vá o mais rápido possível para a sua nação!

— Já sei do que se trata — assim que lê a carta, Don fica assustado com o conteúdo. — Pelos espíritos.

— O que diz, Don?! — Kira pergunta curiosa e brava. — Deixa-me ler isso!

— Não posso acreditar, meu pai me coroou o mais novo rei do Reino do Fogo! — Don coloca as mãos sobre os joelhos e tenta não cair no chão com a informação que recebeu.

— Não! Ele não pode ter feito isso, NÃO! — Caindo de joelhos sobre o chão, Kira começa a chorar bastante, toda irritada e tremendo. Naquele breve momento, o seu maior sonho de se tornar a grande rainha da nação do fogo estava sendo destruído por completo.

Não fazia muito sentido essa última decisão do Rei Egobett, pois, de acordo com as leis das dinastias, Kira e Erita deveriam se tornar as mais novas rainhas do Reino do Fogo.

Era direito delas duas criarem a primeira dinastia com duas rainhas no comando de uma nação. Mas, como era também lei que o último pedido do antigo rei fosse cumprido, não podia ser revogada a decisão de Egobett, e Kira sabia disso, por isso suas lágrimas.

Dessa forma, Don tinha legítimo direito de se tornar o mais novo rei da nação do fogo.

Depois que todos deixaram o campo de batalha e retornaram às suas nações, o rei Redbad e Dalton começaram a conversar entre si, dizendo:

— Meu caro amigo Redbad, como vai? Não tenho palavras para agradecer pelo que fez por mim, salvando a minha pele da morte — Dalton fala, abraçando Redbad rapidamente.

— Sempre às ordens, meu grande amigo. Saiba que estou sempre à sua disposição e do seu reino, mas queria lhe contar uma notícia maravilhosa.

— Então, me conte, por favor — Dalton disse, apreensivo e sentando-se na cadeira.

— Bom, creio que irá gostar e ficará bastante feliz. Saiba que não só o seu povo, mas também o seu exército estão todos bem.

— Como?! Mas o que aconteceu? — Levantando-se da cadeira, Dalton fica de boca aberta.

— Não sei se prestou atenção na batalha, mas não estava presente toda a minha cavalaria, muito menos todo o meu exército. Enviei apenas dezessete mil cavaleiros lanceiros; o restante estava todo reunido em frente às muralhas do seu reino, protegendo a sua nação.

— Não posso acreditar, meu amigo, você fez isso por mim? — Dalton fala, abraçando novamente Redbad, mas dessa vez mais forte.

— Não foi apenas por você, mas sim pelo seu povo. Eles não mereciam uma tragédia como essa que iria acontecer. E também, tudo isso foi graças à rainha Cristelme. Ela me informou que um dos seus informantes havia dito que o Imperador Heigor tinha tramado com o Rei Egobett para atacar a sua nação. Assim que soube, preparei o meu exército e os enviei; graças aos espíritos, eles chegaram a tempo.

— Que maravilha, meu amigo! Graças aos espíritos, a minha nação está de pé — dando gargalhadas, ele continua dizendo — temos que comemorar, amigo, isso é uma verdadeira vitória! — Pegando uma taça de vinho, Dalton tomou vários goles até terminar todo o líquido.

— Bom, vamos sim, mas antes de comemorarmos, tenho que saber como andam os preparativos do teste do dominador. Ocorre nesta tarde ainda, antes que o dia chegue ao seu fim — Redbad conta, deixando a sala. Estavam presentes com eles dois o comandante de Dalton e Unises ao lado de Jadita, até que Jadita, ouvindo as palavras de Redbad, leva Unises para o canto da sala e lhe revela algo inesperado.

— O que foi, Jadita? — Unises pergunta, sem entender nada.

— Preciso te contar algo muito importante e sério! — Ela diz, falando baixinho. — Eu e a minha irmã podemos ser a dominadora escolhida!

— O quê?! Como assim? — Unises pergunta, todo arrepiado.

— Nós duas nascemos no mesmo dia, no primeiro dia do primeiro mês do ano três mil e seiscentos. Logo em breve, completaremos vinte anos.

— Pois não se preocupe com isso mais — ele diz, segurando suas mãos.

— Como não irei me preocupar? Eu preciso sair daqui o mais rápido possível! Se eu for a dominadora, serei morta!

— Estou dizendo, não precisa se preocupar, pois eu sou o dominador! A minha mãe, antes de morrer, contou ao meu pai adotivo que o meu pai morreu tentando me esconder junto com a minha mãe para os guardas não descobrirem que eu poderia ser o dominador. Eu tenho certeza de que sou, mas não contei isso a mais ninguém, nem ao Nino.

— Como pode ter tanta certeza disso? — Jadita pergunta, muito preocupada.

— Ei, vocês dois aí, vamos para o navio aguardar o Rei Dalton. Assim que ele terminar de comemorar, partiremos para o Reino da Terra — diz o comandante da terra, deixando a sala de reunião.

— Não podemos arriscar que um de nós dois seja o dominador. Vamos logo para o navio para ninguém desconfiar! — Fala Jadita, levando Unises pelas mãos.

A profecia realmente estava prestes a se cumprir. Existiam três jovens que poderiam ser o dominador escolhido, conhecido também como o guardião do templo do espírito elemental, que receberia poder ao completar vinte anos e poderia despertar o espírito do seu elemento.

Será que os três vão escapar por muito tempo das mãos da realeza? E pior ainda, vão fugir de seu destino, que era crucial para a mudança total do destino do mundo? Só aguardamos o que nossos aventureiros fariam em relação a tudo que estava acontecendo ao seu redor.

Já Hélia havia ido junto com Don para o Reino do Fogo, pois, apesar da tragédia que havia acontecido, já estava tudo preparado para a cerimônia de coroação, e todo o povo já estava reunido na expectativa de quem seria nomeado rei ou rainha. Todos também sabiam da traição do Rei Egobett com sua esposa e das leis que davam direito a Don, se fosse decisão final de seu pai, colocá-lo no trono.

Don estava com o coração aflito e sem saber como iria proceder daquele dia em diante, pois não estava em seus planos governar uma nação tão poderosa e cheia de riquezas. Realmente era um sentimento apavorante, que deixaria qualquer um sem muita noção do que estava fazendo. Ele iria precisar, mais do que nunca, da ajuda de Hélia com seus conselhos e carinho.