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Chapter 14 - Capítulo 9 – A Verdade nos Silêncios

Perséfone passou a noite examinando cada detalhe da carta deixada por Arthur. A caligrafia apressada parecia gritar urgência, e a incompletude do texto deixava um vazio impossível de ignorar. A imagem de Helena e Arthur permanecia em sua mente, como se a história deles estivesse sendo escrita através dela.

Na manhã seguinte, com poucas horas de sono, Perséfone decidiu revisitar a casa de Helena. Ela sentia que o local ainda guardava mais segredos. Dessa vez, porém, levou consigo as cartas e o colar. Talvez tê-los à mão pudesse ajudar de alguma maneira.

A casa estava tão silenciosa quanto no dia em que a encontrou. No entanto, algo parecia diferente. O ar estava mais pesado, como se a própria casa soubesse que Perséfone estava prestes a descobrir algo importante.

O Fundo Falso

Depois de horas revirando gavetas, armários e baús, Perséfone começou a se perguntar se estava apenas perdendo tempo. Porém, ao mover um antigo criado-mudo no quarto de Helena, notou algo estranho: um espaço vazio entre a parede e o móvel, coberto por tábuas soltas.

Com cuidado, começou a remover as tábuas. Debaixo delas, encontrou uma pequena caixa de madeira, cuidadosamente embrulhada em tecido. Quando a abriu, encontrou documentos antigos, um pingente em forma de chave e uma foto de Arthur com um homem que Perséfone não reconhecia.

Os documentos pareciam contratos, mas estavam escritos em uma linguagem jurídica que ela não conseguia decifrar. O que chamou sua atenção foi o nome dos Castellani repetido em várias páginas.

Ela também encontrou um bilhete que parecia ter sido escrito por Helena:

"Se alguém encontrar isso, saiba que fiz o que pude para proteger o que mais amo. A chave está no colar, e o caminho está traçado. A verdade pode ser dolorosa, mas apenas ela nos libertará."

Perséfone segurou o bilhete, tentando decifrar seu significado. "A chave está no colar." A frase ecoava em sua mente enquanto ela segurava o colar de diamantes.

Miguel Entra em Cena

Naquela tarde, enquanto andava pela vila tentando processar suas descobertas, Perséfone encontrou Miguel novamente. Ele estava na praça, ajustando uma bicicleta velha, mas seus olhos se iluminaram ao vê-la.

– Parece que você andou desenterrando segredos – disse ele, com um sorriso que misturava curiosidade e preocupação.

– Você nem imagina – respondeu Perséfone, mostrando a foto de Arthur e do homem desconhecido. – Por acaso, você reconhece ele?

Miguel pegou a foto e franziu a testa. – Acho que já vi esse homem em algum lugar... Espera. Ele costumava aparecer nos registros históricos da vila. Era um Castellani.

Perséfone sentiu um frio na espinha. Arthur estava mesmo envolvido com os Castellani, mas por quê?

– Você tem certeza? – perguntou ela, com urgência.

– Sim. Minha avó falava sobre ele. Acho que o nome dele era Lorenzo Castellani. Ela dizia que ele era o braço direito do patriarca da família.

As informações de Miguel despertaram mais perguntas. Perséfone precisava saber mais sobre Lorenzo e seu papel na história de Helena e Arthur.

O Cofre Escondido

De volta à casa, Perséfone lembrou-se do bilhete de Helena: "A chave está no colar". Ela examinou o pingente de diamantes com atenção e percebeu uma pequena abertura na base. Com cuidado, girou a peça e revelou uma minúscula chave escondida dentro.

Agora, tudo fazia sentido. O pingente em forma de chave que encontrou na caixa também parecia se encaixar no mistério, mas ela não sabia onde usá-los.

No entanto, ao examinar novamente o mapa da vila, notou que o X vermelho na praia estava mais marcado que os outros pontos. Perséfone decidiu investigar o local no dia seguinte, antes que sua ansiedade a consumisse.

A Revelação na Praia

A praia estava deserta quando Perséfone chegou. O som das ondas quebrando parecia um convite, ou talvez um aviso. Seguindo o mapa, ela encontrou uma rocha parcialmente encoberta pela areia. Na base da rocha, uma fenda estreita revelou uma pequena entrada, quase imperceptível.

Perséfone precisou rastejar para entrar, mas, ao fazê-lo, encontrou algo surpreendente: uma caixa metálica escondida no interior da caverna. A chave do colar encaixou perfeitamente na fechadura.

Quando abriu a caixa, encontrou uma pilha de documentos e um diário, este escrito por Lorenzo Castellani. Ao folheá-lo, Perséfone começou a entender o papel de Lorenzo naquela história.

Lorenzo, ao que parecia, era um aliado de Arthur e Helena, tentando ajudá-los a fugir das garras de sua própria família. No entanto, o diário também revelava algo ainda mais sombrio: os Castellani haviam descoberto o plano e não estavam dispostos a deixá-los escapar.

Enquanto lia as palavras de Lorenzo, Perséfone sentiu um misto de admiração e terror. Admiração pela coragem de Arthur e Helena, mas terror pelo que isso poderia ter custado a eles.

Ela fechou o diário, segurando-o contra o peito. Sabia que estava cada vez mais próxima de desvendar a verdade. Mas também sabia que o que descobrisse poderia mudar tudo o que acreditava sobre amor, sacrifício e lealdade.

A história de Helena e Arthur não era apenas um conto de amor proibido. Era uma luta por liberdade em um mundo controlado por forças sombrias – um mundo que, de alguma forma, ainda parecia assombrar a vila.