Arthur acorda, esticado na cama, completamente envolvido pelos cobertores e confortável. Ele estava se permitindo dormir mais um pouco, já que a escola não era a prioridade dele naquele momento.
"Levanta, vai se atrasar para o colégio!" disse uma jovem extremamente bonita, enquanto jogava o travesseiro na cara de Arthur.
Ele abriu os olhos com um suspiro pesado, sentindo-se irritado pela interrupção do seu sono.
"Ah, só mais 5 minutos, Lucy..." murmurou, tentando se esconder mais uma vez debaixo das cobertas.
"Arthur, se você não levantar, vou chamar a mãe! Se eu tiver que chamar, vou te jogar pela janela!" respondeu Lucy, extremamente zangada, seus olhos chamam a atenção de qualquer um, com a mesma intensidade de seu tom de voz.
Arthur, Respondeu de forma relaxada e preguiçosa:
"Tá bom, tá bom... Eu vou levantar..." Ele sabia que Lucy não estava brincando. Ela tinha uma maneira única de até convencer o mais teimoso a fazer o que ela queria.
Arthur, Pulou da cama e correu para o banheiro. Após uma lavagem rápida, ele desceu as escadas e foi direto para a cozinha. Ao descer, o café já estava pronto, e seu pai e sua irmã já estavam sentados à mesa. Sua mãe, Helena, fez um café muito caprichado. Apesar de ser simples, estava muito bom, com alguns ovos de besta e carne. Era um café reforçado, algo que Arthur não via todo dia.
"Bom dia. Algum motivo especial para esse café hoje?" disse Arthur, ainda com os olhos meio cerrados, tentando entender o que estava acontecendo.
"Você esqueceu que hoje é seu aniversário, não é mesmo?" respondeu Lucy, com um sorriso travesso no rosto.
Arthur concordou. Ele realmente havia esquecido.
Arthur se sentou à mesa.
Lucy continua a conversa:
Além disso, hoje é o dia do teste de habilidades dos despertados na sua escola, certo? - disse Lucy, com uma cara séria.
Arthur não precisa ficar muito nervoso. Não importa se não despertar nenhuma habilidade, não precisa se preocupar. — disse o pai de Arthur, preocupado, tentando acalmar o filho, já que ele sabia que Arthur estava sob muita pressão.
Na família deles, ninguém havia despertado nenhuma habilidade especial ou física para cultivo, e apesar de todos os três terem um espaço para Besta Guardiã, não passavam de mortais normais.
— Isso mesmo, filho. Seu pai, sua irmã e eu não temos talentos especiais, mas ainda conseguimos abrir um espaço para Besta Guardiã. Apesar de não termos muito dinheiro para alimentar quatro Bestas Guardiãs, seu pai e eu já conversamos com sua irmã e decidimos que vamos comprar uma para você.
Ouvindo sua mãe falar, e vendo o olhar de seu pai e sua irmã, o coração de Arthur se encheu de alegria. Era a primeira vez que ele sentia o calor de uma família. Em sua vida passada, Arthur era um órfão e nunca conhecera sua família.
Isso mesmo, Arthur era um reencarnado.
Em sua vida passada, viveu na Terra como órfão e passou por todo tipo de provações. Casou-se aos 20 anos, mas foi traído pela esposa, o que deixou uma grande sombra em sua alma. Nunca mais conseguiu confiar novamente, então nunca se relacionou de novo. Viveu uma vida simples até os 35 anos, quando morreu em um acidente de carro.
Quando Arthur deu por si, ele já havia reencarnado neste mundo. Aos cinco anos de idade, ele recuperou todas as memórias de sua vida passada. Muito empolgado, Arthur estudou intensamente como funcionava este novo mundo e descobriu que o lugar em que ele estava se chamava Arcanis.
O mundo de Arcanis é rico em energia espiritual, a força vital que permeia todo o ambiente. Cada ser vivo, seja humano, besta ou Demonio, tem a capacidade de absorver essa energia para se fortalecer. No entanto, o cultivo em Arcanis é dividido em três formas básicas.
Cultivo de Artes Marciais: Utiliza a energia espiritual para fortalecer o corpo físico e concede grandes poderes para o uso de técnicas místicas. Para seguir esse caminho, a pessoa deve ter um corpo apto, chamado de Corpo Marcial, que favorece o desenvolvimento de habilidades físicas.
Cultivo de Magos Espirituais: Consiste em utilizar as energias elementais do mundo para realizar grandes magias elementais. Para se tornar um mago espiritual, o corpo precisa ter afinidade com um dos elementos naturais, como fogo, água, vento ou terra.
Cultivo de Bestas Guardiãs: Utiliza bestas espirituais para lutar e fortalecer o próprio corpo. Ao contrário dos outros tipos de cultivo, o cultivo de bestas guardiãs exige menos restrições. A única exigência é ser capaz de condensar um Espaço para Besta dentro do corpo, permitindo que o cultivador estabeleça um vínculo com essas criaturas poderosas.
As pessoas de Arcanis só podem seguir um único tipo de cultivo, e uma vez que escolhem seu caminho, não podem mudar. Cada tipo de cultivo requer condições únicas e específicas. Para as artes marciais, é necessário ter o corpo adequado para suportar o treinamento físico intenso. Para os magos, é preciso ter uma conexão natural com um elemento. Já para os mestres de bestas, a principal habilidade necessária é a capacidade de criar e manter um espaço para suas bestas, que auxiliam tanto no combate quanto no fortalecimento do corpo do cultivador.
Arthur não tinha um corpo apto para o cultivo de artes marciais e também não possuía afinidade com nenhum elemento. Sua última opção era se tornar um mestre de bestas. Hoje seria o dia em que a escola realizaria o teste para ver se os alunos que ainda não haviam descoberto um caminho de cultivo poderiam, pelo menos, condensar seu espaço de besta e seguir nessa trajetória. Para Arthur, esse teste era sua última chance de descobrir se tinha um futuro no mundo de Arcanis.
Depois de tomar seu café, Arthur pegou sua mochila e saiu correndo para a escola. Ao chegar, encontrou um pátio enorme, completamente lotado. Olhando por cima, podia-se estimar que havia mais de 20 mil alunos ali. Eram todos jovens que, assim como ele, não possuíam corpos marciais nem afinidade elemental. Eles estavam prontos para realizar o teste de despertar o espaço de bestas, sua última esperança de iniciar um caminho de cultivo.
Em cima do palco, havia uma pedra de aproximadamente quatro metros de altura, um cristal perfeitamente esculpido que irradiava uma suave luz azul oceano. Aquela era a Pedra do Despertar, um artefato sagrado utilizado para revelar o potencial dos jovens cultivadores.
Todos os alunos que despertassem para qualquer uma das três formas de cultivo teriam a chance de adquirir habilidades especiais. Porém, como os mestres marciais e os magos elementais geralmente despertam seu físico único aos 10 anos de idade, nenhum deles estava presente. Os únicos que restaram eram aqueles que ainda não haviam conseguido despertar para qualquer forma de cultivo.
Normalmente, essas habilidades despertariam junto com o físico correspondente ao caminho de seu cultivo. No entanto, os alunos presentes não possuíam nenhum físico especial, e sua última esperança residia naquele momento. Os mestres de bestas, em particular, tinham uma pequena chance de despertar habilidades únicas. Contudo, a probabilidade era significativamente menor: enquanto um desperto marcial ou mago elemental tinha cerca de 10% de chance, os mestres de bestas tinham apenas 3%.
Por conta disso, muitos dos alunos não estavam muito entusiasmados com a possibilidade de obter uma habilidade especial. Ainda assim, havia um fio de esperança, pois qualquer habilidade especial significava estar anos-luz à frente de seus pares no início da jornada.
Enquanto olhava para a multidão, Arthur ouviu uma voz extremamente zangada falando com ele.
— Senhor Arthur, nunca pensei que chegaria atrasado em um dia tão importante como hoje. Faz ideia de que, se perdesse essa cerimônia de despertar, teria que pagar muito para poder despertar seu espaço de besta? Dada a situação financeira da sua família, achei que seria mais responsável com seu futuro! — repreendeu a mulher com cabelos loiros bem cuidados que caíam até os ombros, levemente ondulados.
Ela usava óculos de armação discreta e sofisticada, que realçavam seus olhos verdes vibrantes. Sua roupa era composta por uma camisa de uma marca renomada, feita com tecido de alta qualidade e corte impecável, em um tom azul claro. Ela combinava a camisa com uma saia lápis preta, ajustada ao corpo, terminando logo acima dos joelhos, destacando sua postura confiante. Nos pés, sapatos de salto médio, clássicos e confortáveis, em cores neutras.
— Professora Laila, eu sinto muito! Esqueci que a cerimônia seria hoje e acabei dormindo demais — disse Arthur, em um tom de desculpas.
Ele sabia que a culpa era realmente dele, e que a professora só estava tentando ajudá-lo. O peso das palavras dela o fazia se sentir ainda mais culpado, pois sabia que havia esquecido uma data tão importante. Se não fosse sua irmã tê-lo acordado, o dia poderia ter sido um desastre.
— Esqueceu? Como pode esquecer de uma coisa tão importante? — disse a professora Laila, ainda com o tom um pouco alterado.
Depois de um leve suspiro, ela pareceu se acalmar e continuou:
— Ainda bem que não chegou mais tarde, ou teria sido um verdadeiro desastre. Venha comigo! Nossa turma da classe número 5 já começou a despertar, e você será o próximo! — disse Laila enquanto agarrava o braço de Arthur, puxando-o às pressas por entre a multidão.
Arthur mal teve tempo de reagir enquanto era arrastado. Sentia os olhares curiosos de outros alunos e professores enquanto seguia atrás dela, tentando não tropeçar no caminho. Ele sabia que não podia se dar ao luxo de desperdiçar essa chance, ainda mais com os sacrifícios que sua família já havia feito por ele.
A professora Laila levou Arthur até o palco, onde a imponente Pedra do Despertar irradiava sua luz azul serena. Ela o posicionou à frente do artefato e começou a instruí-lo com um tom sério, mas encorajador:
— Senhor Arthur, primeiro deve encostar a mão na Pedra do Despertar. Depois, siga o método que foi ensinado nas aulas e use a energia da pedra para condensar seu espaço de Besta. Se tiver alguma habilidade, ouvirá a voz da Pedra Espiritual anunciando o resultado.
Arthur assentiu e, com o coração acelerado, fez exatamente como instruído. Encostou a mão na pedra, fechou os olhos e se concentrou profundamente. Ele sentia uma energia pulsante fluindo do cristal para seu corpo. Usando o método aprendido, começou a guiar a energia para condensar seu espaço de Besta.
Quando puxou o último fio de energia da pedra, um brilho intenso e surpreendente emanou do cristal. Uma luz azul ofuscante preencheu todo o vasto pátio, obrigando todos a fecharem os olhos. O brilho era tão poderoso que muitos ficaram atônitos, pois conheciam o significado por trás daquele fenômeno: era o sinal inequívoco de que uma habilidade especial havia sido despertada.
Mas não era apenas isso. O brilho da luz azul era excepcionalmente forte, muito além do habitual, indicando que a habilidade despertada era de nível extraordinariamente alto.
De repente, uma voz grave e autoritária ecoou por todo o pátio, silenciando o murmúrio da multidão:
— Arthur: Habilidade despertada, grau...