Com olhos curiosos, Arthur observava a densa energia das sombras de toda a caverna convergir no cristal. Após alguns segundos, o cristal começou a se liquefazer, transformando-se em um líquido sombrio com um brilho roxo. Lentamente, o líquido começou a tomar forma, revelando uma pequena coruja negra de aparência majestosa e adoravelmente fofa, com cerca de 30 centímetros de altura.
Ela tinha penas felpudas de um preto profundo, intercaladas por pequenos traços dourados que percorriam sua plumagem como veias luminosas. Seus olhos, grandes e redondos, brilhavam intensamente em dourado, irradiando uma sabedoria que contrastava com seu pequeno tamanho. Mesmo jovem, a criatura já demonstrava um ar de mistério e poder, embora seus movimentos ainda fossem um pouco desajeitados, cheios de uma curiosidade natural.
Assim que colocou os olhos em Arthur, a pequena coruja soltou um som baixo, como se reconhecesse um parente muito próximo. Sem hesitar, ela bateu suas pequenas asas e voou desajeitadamente até os braços de Arthur, aconchegando-se em seu peito com confiança, como se aquele fosse o lugar ao qual sempre pertenceu.
Vendo a pequena criatura demonstrando tanta familiaridade com ele, Arthur não pôde deixar de se sentir extremamente feliz e esboçar um pequeno sorriso.
De repente, Arthur sentiu uma onda de energia percorrer seu corpo, aumentando sua força de forma significativa. Ele sabia instintivamente que isso era o feedback gerado pela conexão com a pequena coruja. Curioso, ele ativou os Olhos da Verdade para verificar seu estado atual, e o painel que surgiu diante dele o deixou impressionado:
Nome: Arthur
Caminho de Cultivo: Mestre de Bestas
Nível: Ferro Preto ("8 estrelas")
Bestas Guardiãs: 1
Habilidades: Olhos da Verdade (Grau S), Cópia Divina (Grau S)
Arthur estava estupefato. Ele havia passado de nenhum cultivo para o nível de Ferro Preto, 8 estrelas, algo que normalmente levaria anos de dedicação.
Sem perder tempo, Arthur resolveu examinar a pequena coruja para entender mais sobre sua nova companheira e ativou novamente os Olhos da Verdade.
Nome: Rainha Coruja das Sombras
Raça: Ser Elemental
Nível: Bronze ("4 estrelas")
Habilidades:
1. Garras da Penumbra
Garras envoltas em energia sombria que causam danos físicos enquanto drenam a energia vital do alvo, enfraquecendo-o progressivamente.
2. Manipulação das Sombras
Permite moldar e manipular as sombras ao seu redor, criando formas ou armas temporárias para ataques e defesas.
3. Transição Sombria
Realiza teletransportes de longa distância para lugares previamente visitados ou com uma forte concentração de sombras.
Depois de ver o painel da pequena coruja, Arthur não conseguiu evitar que seu coração acelerasse.
"Acaba de nascer e já está no nível Bronze, 4 estrelas! Não é à toa que eu cheguei ao nível Ferro, 8 estrelas. Além disso, três habilidades... Normalmente, uma besta guardiã no nível Bronze só possui duas habilidades. Eu sabia que os seres elementais eram fortes, mas não imaginei que seriam tanto assim."
Arthur olhava para a coruja com um misto de admiração e orgulho, reconhecendo que tinha nas mãos um ser único e poderoso.
Arthur fez uma pausa para acalmar seu coração e colocou seus pensamentos em ordem. Então, olhou para as três habilidades da pequena coruja com um sorriso. Duas habilidades de ataque e uma de locomoção. E o mais impressionante: todas eram extremamente fortes. Arthur estava radiante de felicidade.
No entanto, logo sua atenção se voltou para a caverna ao seu redor. Quando chegou, ele ainda não possuía nível de cultivo, o que o impedia de perceber a energia ao seu redor. Agora, com mais clareza, ele refletiu:
"Agora entendo por que este foi o local de nascimento de um ser elemental. A energia na caverna é incrivelmente densa, e é por isso que tudo ao seu redor parece tão sombrio. A energia das sombras aqui é quase palpável.".
No entanto, apesar da densa energia das sombras, Arthur não se sentia mais incomodado. Pelo contrário, parecia que a energia o evitava, como se reconhecesse sua presença e soubesse que ele estava conectado àquela força. Seus olhos se voltaram para a pequena coruja em seus braços, e ele teve a certeza de que isso acontecia por causa dela. Com um olhar terno, ele a observou por um momento e, com um sorriso, disse:
"Muito bem, pequenina, acho que está na hora de dar um nome a você, não é?"
Arthur fez uma pausa, refletindo por alguns minutos. Ele parecia ter dificuldades em encontrar um nome adequado. Olhou para a coruja novamente, seus olhos se suavizando. Finalmente, com um sorriso confiante, ele disse:
"Muito bem, a partir de agora, seu nome será Nyx, como a deusa do panteão grego das sombras."
Ele sentiu que o nome se encaixava perfeitamente com a essência da coruja, uma criatura tão misteriosa e poderosa, ligada diretamente à energia das sombras.
A pequena coruja, depois de ouvir o nome, olhou para Arthur com seus olhos dourados, como se entendesse perfeitamente o que ele dizia. Ela permaneceu em silêncio por um momento, os olhos fixos nele, e então, de forma suave e quase musical, deu um pequeno assobio, como se estivesse respondendo ao seu novo nome. Arthur sorriu, sentindo sua conexão com a pequena Nyx.
Agora que Arthur já tinha feito seu primeiro contrato com uma besta guardiã e não localizou ninguém na caverna, garantiu que o local estava totalmente vazio. Arthur decidiu explorar para ver se conseguia achar uma saída, afinal, ele não sabia onde estava nem a profundidade que estava do chão. Agora que ele conseguiu enxergar direito, graças à sua conexão com Nyx, ele caminhou pelo túnel de onde veio.
Depois de 20 minutos de caminhada, chegou a um beco sem saída. O túnel era uma via única, aparentemente formado pela erosão do tempo e da energia escura. Nenhum ser vivo havia passado por ali. Isso assustou um pouco Arthur, afinal, se o colar tivesse transportado ele um pouco mais para o lado ou para cima, ele teria parado dentro de rocha sólida e teria morrido sem nem saber como.
Graças a Deus, isso não aconteceu. Então, Arthur retornou à caverna, pensando em uma maneira de sair dali. Em última hipótese, ele achou que teria que usar a habilidade de Nyx. Ele ainda não sabia como funcionava, mas, pela descrição, dizia que ela poderia se teleportar para lugares que já havia visitado ou com forte concentração de sombras. Se os cálculos dele estivessem certos e ele ainda estivesse em um reino secreto, como esperava, seria fácil se teleportar para a superfície, já que o reino secreto era totalmente noturno e nunca via o sol.
Arthur decidiu passar dois dias ali, pois a caverna era segura, sem nenhuma ameaça externa e cheia de energia que poderia fortalecer Nyx. Ele optou por deixá-la cultivar, e a pequena corujinha parecia estar muito feliz com essa decisão. Enquanto Arthur se sentava no chão em posição de lótus para meditar, para assimilar seus novos poderes e energia, Nyx ficou sentada em seu ombro, com a cabecinha encostada em suas bochechas e os olhinhos fechados. Arthur podia sentir a energia sombria se aproximando dela e sabia que ela estava cultivando, mas, por algum motivo, ela não queria se separar dele.
Arthur pensou e chegou à conclusão de que isso era graças à natureza dos seres elementais. Ela via Arthur como seu pai e único parente, e não queria se separar dele. Ela ainda era muito jovem, então Arthur não ligou muito para esse comportamento.
Em uma caverna escura, a alguns metros abaixo do solo do reino secreto, Arthur abriu os olhos. Dois dias haviam se passado. A pequena coruja, Nyx, ainda estava em seu ombro. Arthur deu um soco no ar para verificar sua força. A pequena coruja abriu os olhos por causa do movimento brusco, soltou um grito em desagrado, bateu suas asas e pousou no chão a alguns metros.
— Ah, me desculpe, Nyx! Não notei você aí. Haha... — Arthur disse, meio sem graça.
A pequenina não desgrudou dele nesses dois dias, então ele meio que já tinha se acostumado com ela em seu ombro e não a notou quando acordou muito empolgado para testar sua força. Sorte que ela estava dormindo e não cultivando, ou isso poderia afetá-la gravemente. Arthur decidiu definitivamente não cultivar com ela no ombro. Na verdade, era uma escolha óbvia, mas, como era sua primeira besta guardiã, ele não conseguiu dizer não à pequenina. Agora, ele se arrependia de ter sido tão tolo.
Depois de um suspiro, ele se acalmou e continuou testando sua força.
Demorou um dia para ele assimilar todas as energias que havia recebido do feedback de Nyx. Ele passou outro dia tentando cultivar, para ver até onde conseguia chegar.
Depois desses dois dias, Arthur descobriu que cultivar não era tão simples quanto parecia nos mangás e animes que ele assistia em sua antiga vida. Apesar de ter absorvido energia por um dia e meio inteiro dentro de uma caverna repleta de energia espiritual das sombras, ele não teve nenhum tipo de desenvolvimento concreto. Ainda assim, podia sentir que seu corpo e sua energia haviam passado por uma melhora significativa, mesmo sem avançar de nível.
A pequena Nyx, por outro lado, não cultivou tanto quanto ele. Ainda era jovem e um tanto rebelde, dedicou-se apenas cerca de cinco horas por dia ao cultivo. Mesmo assim, isso era impressionante para alguém que acabara de nascer. Nessas dez horas acumuladas de cultivo, Nyx demonstrou uma melhora notável.
Embora ela também não tivesse avançado de nível, Arthur, por meio da conexão que compartilhava com ela, podia sentir claramente que Nyx estava muito à frente dele em termos de potencial e progresso.
Nesses poucos dias, Arthur confirmou por que tão poucas pessoas alcançavam algum tipo de realização no cultivo, especialmente no cultivo de mestres de bestas. A cada evolução, a dificuldade para avançar de nível aumentava exponencialmente.
Arthur, que havia passado por uma evolução extremamente brusca, agora enfrentava uma barreira significativa para continuar progredindo. Apesar de ter cultivado por menos de dois dias, ele já sentia o peso dessa dificuldade.
Embora não estivesse excessivamente preocupado, essa experiência o ajudou a compreender melhor o funcionamento desse mundo e as limitações que ele teria de superar para alcançar o próximo nível.
Depois de alguns alongamentos, socos e chutes desleixados e sem nenhuma técnica, Arthur desistiu de tentar praticar luta sozinho. Ele nunca havia lutado antes ou praticado qualquer tipo de arte marcial. Além disso, ele era um Mestre de Bestas; não precisava necessariamente lutar cara a cara.
Arthur concluiu que poderia aprender a se defender adequadamente mais tarde, quando tivesse dinheiro para contratar um professor e aprender de forma apropriada.
Arthur decidiu que era hora de deixar a caverna. Ele ainda tinha um dia no Reino Secreto e queria testar a força de Nyx, além de explorar o local.
Antes de partir, resolveu contabilizar tudo o que possuía. Durante todos esses dias, Arthur não ficou ocioso. Com sua habilidade Cópia Divina, já havia acumulado 6 colares dos elementais e 1 cristal de espírito elemental, que ainda precisava de 2 dias e 22 horas para se transformar em um cristal elemental e nao poder mais criar um espirito elemental.
Arthur copiava o colar uma vez por dia, exceto no momento em que usou a habilidade para copiar o cristal. Hoje, ele ainda tinha uma chance de cópia disponível, mas decidiu guardá-la para emergências. Considerou que o colar era mais fácil de esconder e transportar, ao contrário do cristal, que era relativamente grande e não cabia em seus bolsos. Como essa era uma atividade de sobrevivência, fora as bestas guardiãs, os professores não permitiram que trouxessem mais nada.
Depois de arrumar todas as suas coisas, Arthur se virou e olhou para a pequena corujinha, que estava em um canto isolado da caverna. Ele se aproximou lentamente e disse com uma voz terna e baixa:
— Tudo bem, me desculpe, é minha culpa por não ter notado você antes.
Arthur parecia mais um pai cuidando de uma filha do que alguém com uma besta guardiã. Ele levou cerca de 20 minutos para acalmar a pequena Nyx, que parecia estar chateada.
— Muito bem, pequenina. Você acha que consegue nos levar para fora dessa caverna?
— Kreee!
Com um grito baixo, Nyx ativou sua habilidade Transição Sombria. Todas as sombras da caverna começaram a se condensar ao redor dela e de Arthur, como se tivessem vida própria. Em instantes, as sombras os engoliram completamente.
Para Arthur, era como estar em um mundo desprovido de luz e som, um lugar onde só existia escuridão. Ele não conseguiu evitar sentir medo. Afinal, até pouco tempo, ele era apenas um humano normal. Apesar de já ter passado 16 anos neste mundo, nunca havia presenciado algo assim. Qualquer pessoa inexperiente sentiria um arrepio ao encarar uma escuridão tão absoluta. Felizmente, a experiência não durou muito, apenas alguns segundos.
Em algum lugar do Reino Secreto, no coração da Floresta Negra, uma energia das sombras extremamente densa se formou. Em poucos segundos, a figura de um garoto e um pequeno pássaro emergiram das sombras.