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Chapter 2 - Capítulo 2 - Duas Habilidades e o Colar em Forma de Estrela

— Arthur: Habilidade despertada, grau S — Olhos da Verdade.

Logo após o anúncio, a luz da Pedra do Despertar pulsou rapidamente duas vezes antes de começar a se apagar lentamente. Porém, além de Arthur e da professora Laila, ninguém notou esse peculiar fenômeno devido à intensa luminosidade anterior, que ainda deixava todos ofuscados.

Arthur, ainda atônito com o que acabara de ouvir, olhou para a professora em busca de explicações, mas o rosto dela estava marcado por uma mistura de surpresa e preocupação. Algo na reação de Laila deixava claro que aquele evento não era algo comum.

Olhando para o semblante preocupado da professora, Arthur não pôde evitar perguntar:

— Há algo errado com minha habilidade, professora Laila?

Laila suspirou, tentando escolher bem suas palavras, antes de responder:

— Bem, não é que tenha algo errado com sua habilidade, nem nada do tipo... É que os Olhos da Verdade não são uma habilidade nova, Arthur. Ela já apareceu antes, mas sempre foi classificada como grau C. Sua única função é a capacidade de ver informações sobre bestas, ervas e artefatos.

Arthur franziu o cenho ao ouvir isso. Então, por que a Pedra do Despertar emitiu aquele brilho tão intenso, indicando um grau S? Algo definitivamente não fazia sentido, e ele sabia que precisava descobrir o motivo por trás disso.

Mas antes que Arthur pudesse reagir, ouviu o tumulto crescendo no pátio. Muitos alunos estavam conversando de maneira eufórica:

— O quê? Toda essa luz para uma habilidade como Olhos da Verdade? — exclamou um aluno de cabelos espetados, em tom de incredulidade.

— Mas a Pedra do Despertar disse que era uma habilidade grau S, não foi? — questionou uma aluna, franzindo o cenho.

— Como poderia uma habilidade como Olhos da Verdade ser grau S? A Pedra deve estar com defeito — zombou outro aluno.

— E eu achando que seria uma habilidade incrível — disse um aluno com desdém.

— Pelo menos ele tem uma habilidade. E você, o que tem? — rebateu outro, irritado.

Antes que as discussões se intensificassem, uma voz grave ecoou pelo pátio:

— Já chega!

O tom autoritário fez o ar ao redor do grande pátio cair bruscamente, como se a temperatura tivesse despencado cinco graus. Um silêncio imediato tomou conta da multidão, e todos os alunos instintivamente voltaram os olhares para o palco.

Ali, uma figura imponente surgiu, caminhando em direção à Pedra do Despertar. Os olhos do homem eram como gelo, e sua presença emanava uma aura que parecia sufocar o ambiente.

O homem estava impecavelmente vestido com um terno cinza, que parecia feito sob medida, ajustando-se perfeitamente ao seu físico. Ele aparentava ter 28 anos, com uma postura confiante que exalava autoridade. Sua barba bem feita destacava as linhas fortes de seu maxilar, enquanto seus olhos castanhos penetrantes pareciam analisar tudo à sua volta com precisão quase intimidadora.

Arthur olhou para o homem que se aprosimava da grande pedra do despertar e um painel apareceu em seus olhos

Arthur sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao ver o painel surgir diante de seus olhos.

Nome: Eduard Frost

Caminho de Cultivo: Mago Elemental

Nível: Diamante

Eduard Frost, o nome não era estranho. Ele era o reitor da academia, o líder absoluto da instituição, conhecido por sua força avassaladora e pela autoridade inquestionável. Cada passo dele parecia carregar um peso, e o silêncio absoluto do pátio deixava claro que ninguém ousaria desafiá-lo.

— Alunos, a cerimônia de despertar é um momento sagrado. Qualquer forma de desrespeito será tratada com a devida severidade. — Sua voz soava fria e cortante, como uma lâmina afiada.

O olhar penetrante de Eduard passou pelos alunos antes de se fixar em Arthur. Ele caminhou até o jovem, parando ao lado da Pedra do Despertar.

— Arthur, não se deixe abalar pelos comentários alheios. A Pedra do Despertar não erra. Se ela classificou sua habilidade como grau S, então há algo mais que precisa ser entendido.

Ouvindo as palavras de Eduard, Arthur assentiu lentamente, ainda tentando processar tudo o que estava acontecendo. Ele sabia que, pela explicação de sua professora, Olhos da Verdade deveria funcionar exclusivamente em bestas espirituais, ervas e artefatos.

No entanto, diante de seus olhos, o painel com as informações de Eduard continuava claro e detalhado, como se desafiasse as limitações impostas pela descrição da habilidade. Como era possível que ele estivesse vendo as informações de uma pessoa?

Arthur respirou fundo, mantendo a calma e não demonstrando nenhuma emoção, apesar das perguntas que borbulhavam em sua mente. Talvez, afinal, Olhos da Verdade fosse mais do que parecia ser.

Logo depois que Eduard apareceu, a agitação no pátio se acalmou. A cerimônia de despertar seguiu seu curso normalmente, com os alunos sendo chamados um a um para se aproximarem da Pedra do Despertar. Alguns despertaram habilidades, outros não, mas nenhum outro aluno teve a sorte de despertar uma habilidade de classe S.

Depois da cerimônia de despertar, todos os alunos seguiram seus respectivos professores até as salas de aula.

Na classe número 5, a professora Laila começou dando os parabéns aos alunos por conseguirem passar pelo despertar. Ela olhou para a turma com um sorriso, satisfeita com o progresso dos estudantes.

— Parabéns a todos que conseguiram despertar suas habilidades, vocês deram um passo importante no caminho do cultivo — disse ela, sua voz firme e confiante. — Não importa o grau ou a natureza da habilidade, o mais importante é que agora cada um de vocês tem um novo potencial a explorar.

Ela fez uma pausa, observando as reações dos alunos, que estavam ainda processando o que acontecera.

— Arthur, eu sei que sua habilidade não é das mais comuns, mas lembre-se de que uma habilidade especial, seja qual for, sempre tem seu valor. Agora é hora de entender o que ela pode fazer e como usá-la da melhor forma.

Arthur concordou com a cabeça, dizendo:

— Eu entendo, professora Laila.

Ela sorriu levemente, satisfeita com a resposta, e então continuou com a aula, mudando de tema.

— Alguém poderia me dizer por que as habilidades são chamadas de habilidades especiais? — perguntou, olhando para a turma com um olhar atento, esperando que algum aluno se manifestasse.

Um aluno da fileira da frente, usando óculos, levantou a mão e começou a explicar com confiança:

— As habilidades são chamadas de habilidades especiais porque podem ser adquiridas por qualquer um dos três sistemas de cultivo, independentemente de qual caminho você siga. Até onde se sabe, para seguir o caminho dos magos elementais ou dos mestres marciais, é necessário ter um físicos específico, mas mesmo assim, essas habilidades não são chamadas de habilidades especiais, pois muitas pessoas acabam possuindo.

Ele fez uma pausa, ajustando os óculos.

— Já as habilidades especiais são muito mais raras. Apenas alguns poucos, entre todos os três caminhos, conseguem despertar essas habilidades. Os níveis dessas habilidades são divididos de F, E, D, C, B, A e S, sendo F o mais baixo e S o mais alto. Quanto maior o nível, maior a raridade e o poder da habilidade.

Laila sorriu levemente e disse em tom firme:

— Muito bom, todos estão liberados. Lembrem-se de que têm três dias de folga. Quando retornarem, teremos uma aula de campo no Reino Secreto. Durante esses dias, devem conseguir suas próprias bestas guardiãs ou, se preferirem, tentar firmar um contrato durante a aula de campo no Reino Secreto.

Os alunos começaram a deixar a sala, alguns discutindo animadamente sobre as possibilidades de encontrar uma boa besta guardiã. Antes que Arthur pudesse sair, Laila chamou sua atenção:

— Arthur, você pode ficar por um momento.

Curioso, Arthur se aproximou da professora e perguntou:

— Precisa de mim para alguma coisa, professora Laila?

Ela cruzou os braços e olhou diretamente para ele, com uma expressão levemente preocupada.

— Bem, queria discutir com você sobre quais seriam seus próximos passos. Como você deve saber, a escola não fornece filhotes de bestas para os contratos iniciais dos alunos. Você sabe o motivo disso?

Arthur respirou fundo antes de responder, mostrando que entendia bem o assunto:

— Porque, apesar da maioria das pessoas normais que não têm físico ou afinidade para cultivar as artes marciais ou o caminho do mago elemental ainda poderem condensar seus espaços de bestas e seguir o caminho dos mestres de bestas, esse caminho é muito mais acessível, mas também tem muitas desvantagens. Ser um mestre de bestas é incrivelmente caro.

Ele fez uma pausa, reunindo seus pensamentos, e continuou:

— Outros cultivadores só precisam gastar com ervas e fórmulas nutritivas para si mesmos. Mas um mestre de bestas está em desvantagem desde o começo. Apenas um filhote de besta com qualificações mais baixas pode custar cerca de 100 mil dólares federais. Além disso, criar uma besta é extremamente caro, desde a alimentação até as fórmulas evolutivas necessárias para seu crescimento. Sem contar que o progresso de um mestre de bestas depende diretamente do feedback de suas bestas guardiãs. E a cada nível, um mestre pode contratar uma besta adicional, tornando os custos exorbitantes.

Arthur olhou para Laila, que parecia satisfeita com a explicação, e completou:

— Até mesmo mestres de bestas renomados geralmente contratam apenas três ou quatro bestas, mesmo estando em níveis mais altos e teoricamente podendo ter mais. Além disso, há uma desvantagem ainda maior: mestres de bestas não podem alcançar a divindade. Nosso sistema é dividido em nove niveis sendo eles, Ferro Preto, Bronze, Prata, Ouro, Diamante, Grande Lua, Grande Sol, Lendário, Monarca e Divindade, com cada nível subdividido em nove estrelas. Embora existam muitos seres que alcançaram o Reino da Divindade, é mundialmente conhecido que nunca houve uma divindade entre os mestres de bestas. Apesar de não sabermos o motivo exato, há muitas teorias.

Laila assentiu, com um sorriso de orgulho no rosto, e acrescentou:

— Muito bem, Arthur. Apenas pelo fator financeiro, muitas famílias não conseguem criar ou sequer comprar um ovo ou filhote de besta. E, mesmo assim, a escola ainda dá a chance de tentar contratar uma besta no Reino Secreto. Mas isso é uma oportunidade em milhões, porque, como todos que escolhem o caminho de mestre de bestas sabem, só é possível contratar bestas a partir de ovos ou filhotes com menos de um ano de idade.

Ela fez uma pausa antes de continuar, seu tom sério.

— Depois desse período, é impossível contratar uma besta. E, na natureza, é praticamente impossível para uma pessoa comum pegar um filhote ou um ovo, já que eles são fortemente protegidos pelos pais.

Laila fixou seus olhos em Arthur, sua expressão carregando uma mistura de preocupação e ternura. Sua voz, suave e cuidadosa, parecia buscar confortá-lo ao mesmo tempo que revelava a realidade:

— Arthur, eu sei da situação financeira da sua família. Todos vocês trabalham duro na pequena loja do seu pai, mas mal conseguem sustentar a loja, muito menos comprar uma besta guardiã. Criar uma então, nem se fala. Por isso seus pais, assim como sua irmã, desistiram de tentar o caminho do cultivo e decidiram viver uma vida comum.

Ela fez uma pausa, observando a reação de Arthur antes de continuar:

— Mesmo que seus pais, de alguma forma, consigam comprar uma besta de baixo nível, ou que você tenha a sorte de encontrar uma no Reino Secreto, criá-la seria praticamente impossível. Sem falar que passar no vestibular para uma universidade de mestres de bestas é algo que exige recursos que sua família não tem. Sei que minhas palavras podem soar duras, mas estou sendo sincera porque quero o seu bem.

Arthur permaneceu em silêncio, absorvendo cada palavra. Laila respirou fundo antes de prosseguir, sua voz agora levemente animada:

— No entanto, desde que você despertou a habilidade Olhos da Verdade, surgiu uma oportunidade que pode mudar tudo. Tenho uma amiga que possui uma loja e está precisando de um avaliador. Sua habilidade torna você perfeito para o trabalho. Além disso, o salário é bom. Em alguns meses, você poderá juntar dinheiro suficiente para comprar um filhote de besta e até mesmo criá-lo.

Laila fez uma pausa, permitindo que Arthur processasse a proposta, e completou com um leve sorriso de esperança:

— Passar no vestibular para uma universidade de mestres de bestas ainda será um desafio enorme, mas ao menos você terá um ponto de partida. Com esforço e determinação, o futuro pode se abrir para você de formas que ninguém espera. Então, o que me diz, Arthur?

Arthur levantou a cabeça e respondeu com uma voz firme:

— Posso pensar no assunto, professora?

Laila sorriu, compreensiva, e disse:

— Claro, Arthur. Me avise assim que voltarmos daqui a três dias.

Com isso, ela o liberou.

Quando chegou em casa, Arthur percebeu que seus pais e sua irmã ainda estavam na loja. Ele subiu para o quarto, fechou a porta e começou a refletir sobre o que Laila havia dito. As palavras dela pesavam em sua mente. Depois de muito pensar, Arthur percebeu que ainda não conseguia tomar uma decisão. Decidiu que conversaria com sua família sobre o assunto mais tarde.

Enquanto isso, resolveu testar sua habilidade recém-despertada. Pegou vários objetos em sua casa e tentou usar Olhos da Verdade. Para sua frustração, nada aconteceu.

"Então, se tudo for como a professora disse, minha habilidade só deve funcionar em bestas, ervas ou artefatos", pensou Arthur, analisando os resultados.

De repente, ele se lembrou do momento em que sua habilidade havia ativado automaticamente no diretor da escola. Com isso em mente, decidiu testar a habilidade em si mesmo.

Para sua surpresa, funcionou. Um painel translúcido surgiu diante de seus olhos:

Nome: Arthur

Caminho de Cultivo: Mestre de Bestas

Nível: Nenhum

Habilidades: Olhos da Verdade (Grau S), Cópia Divina (Grau S)

Arthur ficou extremamente surpreso ao ver o painel.

"Duas habilidades de Grau S?! Isso é ainda mais raro do que eu poderia imaginar!", pensou, seu coração disparando.

Antes que pudesse se concentrar em explorar as possibilidades dessas habilidades, ouviu a voz de sua irmã chamando-o. Decidiu descer para cumprimentar sua família.

Na sala, Arthur encontrou seus pais e sua irmã já de volta. Depois de cumprimentá-los, começou a contar os eventos do dia: a cerimônia de despertar, sua conversa com Laila e a proposta de trabalho na loja da amiga dela.

Ele então pediu a opinião dos pais sobre o que deveria fazer, esperando que suas palavras pudessem ajudá-lo a tomar uma decisão.

Depois de uma conversa sincera com sua família, Arthur começou a acreditar cada vez mais que aceitar a oferta de sua professora era a melhor opção. Seus pais, preocupados com o futuro dele, explicaram que já haviam discutido com Lucy, sua irmã, mais cedo naquele dia. Eles concordaram em tentar economizar o suficiente para comprar uma besta, mas admitiram que mesmo uma besta de baixo nível seria um peso financeiro enorme para a família.

— Arthur, queremos ajudar, mas com o lucro atual da loja, criar uma besta seria muito difícil, — disse seu pai com uma expressão de culpa no rosto.

Arthur olhou para o rosto preocupado de seus pais, deu um suspiro e falou:

— Está tudo bem, pessoal. Acho que não é um acordo tão ruim assim. Vou conversar com a professora daqui a três dias sobre isso.

Ele tentou manter uma expressão neutra para não preocupar mais a família e, em seguida, acrescentou:

— Agora vou me retirar para o meu quarto. Preciso pensar um pouco sobre tudo isso.

Quando Arthur estava prestes a sair, seu pai o chamou:

— Arthur, vem aqui um pouco. Só um minuto.

Arthur parou e se virou, caminhando de volta até seu pai. Havia algo no tom dele que parecia sério, mas ao mesmo tempo reconfortante.

— O que foi, pai? — perguntou Arthur, curioso.

Darius, o pai de Arthur, olhou com um olhar firme para o filho e, com um gesto cuidadoso, retirou um colar de seu pescoço. O colar tinha um formato de estrela azul, que reluzia suavemente à luz. Colocando o colar na palma de sua mão, Darius disse com seriedade:

— Arthur, este colar pertenceu ao seu avô. Foi a única herança que recebi dele quando ele faleceu. Seu avô dizia que este colar era mágico e que me traria grandes oportunidades. Porém, depois de investigar muito, nunca descobri nada que comprovasse seus poderes. Mesmo assim, o guardei como uma lembrança e como um amuleto da sorte. Agora, passo-o para você. Espero que consiga descobrir seus mistérios e que isso possa ajudá-lo em sua jornada.

Arthur, ao pegar o colar, teve uma expressão de surpresa. Não foi pelas palavras de seu pai, mas sim pela repentina aparição do painel diante de seus olhos.

Relíquia: Colar dos Elementais