11:00
Estava bem difícil de se concentrar com tantas pessoas ao redor e com tanto barulho vindo da rua. Então, Zeke decidiu ir ao ferro velho que tinha ido no dia anterior, era um espaço bem grande e sossegado e a melhor parte,era um pouco afastado da cidade. Ou seja, sem risco de chamar muita atenção para si. Claro, não sem antes fazer uma parada pra comprar alguns doces. Estava estranhamente, precisando consumir açúcar naquele dia.
***
Em um estacionamento de um condomínio, mesmo horário:
- Eai? O que você trouxe pra mim hoje? - Disse a garota, em um tom pedante.
- Comprei um celular. Um dos mais procurados na loja que eu fui! - Disse um garoto que parecia estar em uma espécie de transe.
Ele entrega a caixa com celular novo para a garota. Que por sua vez pegou a caixa,abriu e começou a analisar o conteúdo.
- Bonitinho! - Disse a garota, secamente.
O garoto se anima com sua resposta, como se a aprovação da garota fosse a coisa mais importante para si.
- Mas... muito barato! - Respondeu ela, jogando a caixa com o celular novo no chão, rachando a tela.
O garoto olha para o chão, surpreso.
- Cê acha mesmo que eu iria gostar desse modelito de 2000 reais? Quem você que eu sou? Essas putinhas que estudam em escola pública, que se satisfazem com qualquer merda? "Hello",eu sou filha de um dos homens mais poderosos do estado, esse celular não paga nem o spar do meu cachorro! - Disse a garota.
- D..desculpa, Jade! Eu achei que você ia gostar! - Disse o garoto, muito apreensivo.
- Você achou errado! Talvez você não me ame tanto assim! - Disse Jade, e fez questão de falar a última parte bem claro para que o garoto ouvisse.
- N..não, não! Jade, eu te amo! Eu faço qualquer coisa por você! Você é a minha rainha! - Disse o garoto, ficando de joelhos, como se implorasse que a garota não o deixasse. Como se ela fosse mais importante de sua vida.
Ao ouvir a última frase, Jade sentiu um arrepio correndo pela sua espinha. Ela era uma garota que tinha tudo. Dinheiro, poder, beleza. Mas ver aquele garoto a endeusar daquela forma... ah, isso era como uma droga para ela.
- Diga a última parte de novo! - Ordenou, Jade.
O garoto respirou fundo e disse sem hesitação:
- Você a minha rainha, Jade! Eu faço tudo por você!
- É... issso aí! Eu sou sua rainha! Então, é melhor me trazer um presente melhor da próxima vez! - Disse a garota, com uma soberba que parecia sair de seus poros.
Ele se levanta e diz:
- Sim,"podechá"! Vou trazer algo digno da minha rainha!
Ele estava indo embora, quando foi impedido por Jade, que diz:
- Pera aí! Me traga flores!
- Flores? - Pergunta o garoto.
- É, idiota, flores! Eu quero o buque de flores mais bonito que você achar! - Ordenou, Jade.
- Beleza, beleza! O buque mais lindo pra garota mais linda! - Disse o garoto, muito meloso.
- Isso, meu lindo! Vai logo, não me deixa esperando! - Disse Jade.
O garoto sai correndo dali, deixando Jade sozinha no estacionamento. Mas não por muito tempo. Pois, cinco minutos depois, mais dez garotos vieram se encontrar com ela.
- Oi, Jade! - Os garotos disseram ao mesmo tempo. Como se estivessem no mesmo transe que o primeiro garoto que estava ali não muito tempo atrás.
- Oi, meus lindos! O que trouxeram pra mim? - Disse a garota, em um tom de malícia.
***
Depois de comprar seus doces, Zeke chegou ao ferro velho, já com a intenção de passar seu dia lá. Não era o mesmo que dá um "rolê" shopping ou passar um tempo com os amigos. Mas pelo menos ali, poderia ficar em paz para decidir o que fazer a partir dali.
"Ta, acho que antes de mais nada, eu preciso saber controlar melhor esses poderes! A última coisa que eu preciso é chamar atenção desnecessária ou pior, acabar machucando alguém sem querer"! - Pensou Zeke.
Ele olha pras próprias mãos, as aperta e diz:
- É... vai dar certo! Tem que dar! Depois eu posso tentar descobrir como eu fiquei assim!
O garoto inseto coloca suas coisas dentro de um carro velho e enferrujado, que não tinha nada além da carroceria,as portas e o banco de trás. Deixa tudo no banco e fecha a porta do carro em seguida.
- Beleza! O que eu tento primeiro? Talvez eu deva testar a minha força primeiro! Daí eu penso num jeito de controlar melhor, tá ligado? Seria ruim se eu fosse fechar a porta lá de casa e acabasse arancado ela sem querer! - Disse Zeke, imaginando a situação.
- Por um lado, acho que até seria engraçado ver essa cena, hehehe.... Tá, tá bom! Chega de perder tempo! - Disse Zeke, tentando se manter focado no seu objetivo.
Ele olha ao seu redor, procurando objetos que parecessem pesados. Até que fitou o pneu de trator que estava sentado no dia anterior. Parecia perfeito pra começar.
"Ta, vamo lá !" - Pensou Zeke.
Ele segura o pneu com as duas mãos e o levanta sem esforço nenhum. Na verdade, ele passa a segurar com uma mão só. O pneu estava muito leve.
- Mano, parece uma bolinha de tênis, ta ligado? - Disse o garoto, impressionado com a própria força.
Ele passa a jogar o pneu de uma mão pra outra, como se fosse mesmo uma bolinha.
- Opa, opa! Ta,"vamo" testar com outra coisa agora! - Disse Zeke.
E então ele joga o pneu pra um lado. Só que acaba usando força demais e o pneu sai quicando, batendo e fazendo uma bela bagunça.
- Ai.... - Disse o garoto, cobrindo os olhos com a mão, envergonhado.
"Tomara que ninguém tenha ouvido isso"! Pensou Zeke.
Passado o "mico", ele procura outro objeto, até que vê uma geladeira caída num canto, sem a porta.
-"Nice"! - Disse Zeke.
Novamente, o garoto se prepara pra levantar outro objeto pesado. E novamente levanta sem esforço algum. Na verdade, a geladeira era mais leve que o pneu de trator, como se fosse uma caixa de papelão.
"Hum, e se eu testasse com alguma coisa maior?" - Pensou Zeke.
Ele olhou em volta novamente. Tinha uma grande variedade de objetos naquele ferro velho. Ferro, aço, cobres, alumínios, vigas, placas, barris, porcas, parafusos, vergalhões. Alguns em bom estado, outros completamente enferrujados. Mas os objetos que tinham em abundância eram carros, dos mais conservados aos mais danificados. Vendo isso, Zeke já sabia qual era o seu próximo desafio.
- Ta! Carros então! - Disse Zeke.
Ele se aproxima de um dos veículos que estavam em melhores condições, prestando atenção se de onde estava, poderia ser visto. Mas para sua sorte, sua localização se encontrava entre "montanhas " de metais. Então, dificilmente alguém o veria ali.
"Ok, acho que ta de boa"! - Pensou Zeke.
O garoto vai até à parte de trás do carro, flexiona os joelhos, segura embaixo do porta malas, se preparando pra levanta-lo.
- 3,2,1 e... - Disse Zeke.
Com um pouco mais de esforço, Zeke consegue levantar a parte de trás do carro, conseguindo deixar os braços completamente erguidos. Mas, ele sentiu que poderia fazer melhor que aquilo. Então, ele aos poucos, ainda levantando o carro, vai se movendo para o meio do veículo. Posicionando bem suas mãos, em poucos segundos, todo o carro estava erguido.
- Há, há, há! Mano, isso é incrível! - Disse Zeke, completamente maravilhado com a extensão da sua força.
O carro pesava bem mais que os objetos anteriores, mas Zeke ainda conseguia aguentar. E talvez até pudesse levantar um pouco mais.
Agora, já satisfeito com os resultados, ele tenta colocar o carro de volta ao chão. Porém, por um deslize seu, o veículo escorrega de suas mãos e cai com tudo no chão.
- Ai, merda! Pelo menos não tem como piorar! - Disse Zeke.
Mas, infelizmente, tinha sim. Pois o veículo ainda tinha um alarme de segurança e após a batida, o alarme começa a apitar.
- É, acho que dá pra piorar sim! - Disse Zeke, incrédulo.
- EI! QUEM É QUE TA AÍ??? - Gritou um homem que estava um pouco afastado de Zeke. Provavelmente, um funcionário que trabalhava por lá.
Sem pensar duas vezes, vai até o carro onde estavam as suas coisas. Mas na pressa de sair logo dali, acaba puxando a porta do carro com muita força, arracando a mesma.
- Ah, fala sério! - Disse o garoto, olhando incrédulo pra porta na sua mão.
-APARECE, SEU MERDA! PODE VIM, EU TENHO UMA ARMA! - Ameaçou o homem e parecia estar se aproximando.
- Ai, puta que pariu! - Disse Zeke, nervoso.
Ele então tenta jogar a porta pra longe, mas algo estranho acontece. A porta não sai de sua mão, como se estivesse grudada. Ele tenta sacudir pra todos os lados, mas nada funciona.
- Sai, sai! Anda! - Disse Zeke, sem ter ideia do que estava acontecendo.
O homem se aproximava cada vez mais, para o desespero de Zeke. Que olhava na direção em que a voz do homem vinha.
- Sai logo, merda! - Disse Zeke, ainda mais nervoso, sacudindo com mais força a sua mão.
De repente, a porta desgruda da mão do garoto e voa longe, acertando o topo de uma das "montanhas" do ferro velho. Então, sem perder tempo, Zeke pega suas coisas e sai de lá correndo. Poucos segundos antes do homem chegar até onde ele estava.
- Que porra? Hum, acho que eu botei o malandro que tava aqui pra correr! - Disse o homem, segurando a chave inglesa, que era a sua "arma".
Zeke foi correndo até avistar a cerca de grade, que cercava o local.
- Beleza, mais um pouco e eu caio fora daqui! - Disse Zeke, mais aliviado.
Ele ia se aproximando cada vez mais da cerca. Só que na pressa para escapar do homem "armado", ele acabou acelerando um pouco mais do que devia. E agora, ele parecia um caminhão desgovernado indo em direção daquela cerca.
- Merda eu esqueci! COMO É QUE EU FREIO? AHHHHH!!!! - Gritou o garoto, desesperado.
Estava a menos de dois metro da cerca. Tentou inutilmente parar, mas estava rápido demais. Porém, no último segundo, ele teve uma ideia.
"Se não dá pra parar, então..." - Pensou Zeke.
Antes que chegasse na cerca, ele salta alto o suficiente pra impedir que se chocasse. Aterrissando um pouco mais a frente, sem nenhum arranhão, só um susto.
- Arf, arf.... essa foi quase! - Disse o garoto, mais ofegante pelo susto, do que pela corrida.
Zeke então começa a caminhar e vai embora dali. Enquanto caminhava, ele olha pra sua mão, lembrando de como estava grudada naquela porta, dois minutos atrás.
- Quando eu acho que tô começando a entender melhor os meus poderes, vem mais uma surpresa..... Parece até matematica, tá ligado? - Disse Zeke, se perguntando que outras surpresas, o aguardam.
Continua...
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