02:00
Zeke estava sentado em uma das bancadas, enquanto Mônica olhava seus ferimentos. Ele já tinha tirado seu moletom e colocado ao seu lado. Mônica estava priorizando o corte no braço do garoto, que a essa altura, o sangue que saía já estava seco.
- Bom, a boa notícia é que o corte não foi muito profundo, só vai ter que limpar e colocar uma bandagem por cima! Explicou Mônica.
- Ah, legal! E qual é a má notícia? - Pergunta Zeke.
- A má notícia é que pode arder um pouco quando eu for limpar! Então, é melhor você se preparar! - Explicou Mônica.
- Ai, merda! - Disse Zeke.
- Certo, certo! Agora vamos ver sua costas! - Disse Mônica, enquanto puxava a camiseta de Zeke para ver o ferimento.
...
- Mas, o que... - Tentou dizer Mônica, chocada.
- Hum, o que foi?! Eu tô sangrando? - Perguntou Zeke, preocupado.
- Não, não é isso! É que... você levou dois tiros, não é? - Perguntou Mônica.
- É... e daí? - Perguntou Zeke, ficando mais preocupado.
- Sabe qual era o calibre da arma? - Perguntou Mônica.
- Eu sei lá! Cê acha que eu perguntei pro "milico" antes dele atirar em mim? - Disse Zeke.
- Bem, você vai ficar feliz de saber que as balas não perfuraram a sua pele! Na verdade, apenas ficaram dois pontos roxos nas sua costas! - Disse Mônica.
- Que?! Sério?! - Perguntou Zeke, surpreso.
- Um, hum! Me fala, Ezequiel, qual foi a sensação quando você foi atingido pelas balas? Se pudesse classificar o nível da dor, como seria? - Perguntou Mônica, intrigada.
- Bom, doeu muito! E se fosse pra classificar, eu acho que seria...hum... como se tivessem jogado pedras em mim, tá ligado? - Disse Zeke.
- Pedras?! Como aquelas pedrinhas que se acha no mato e em riachos? - Perguntou Mônica.
- É, é tipo isso! Mas por que você ta perguntando? - Perguntou Zeke.
- Para avaliar até onde foram as mudanças que você sofreu! Eu soube que você acabou sendo atingido por um carro e depois se levantou sem muitos danos! Dá pra ver que você é bem resistente! E temos que saber o porquê disso! - Explicou Mônica.
- Tendi! Eu posso até ser resistente, mas ainda dói! - Disse Zeke.
- É, dá pra ver! E o que me deixa intrigada é esse corte nesse braço! O que causou isso? Foi algum tipo de faca? - Perguntou Mônica, intrigada.
Zeke para por instante, ao se lembrar com sua luta com Jefferson, e um arrepio percorre a sua espinha. De como esteve muito perto da morte e sentiu todas as suas esperanças irem embora. Nunca esqueceria do quão assustador era aquele ser.
Mônica nota o desconforto do garoto, e logo se preocupa.
- Ezequiel? O que foi? - Perguntou Mônica.
...
- Mônica, precisamos conversar! - Disse Zeke, de forma séria.
***
02:30
Brenda estava muita com dificuldade de dormir. Seus olhos doíam muito,como se tivesse olhado o sol por muito tempo. Tomou 2 remédios para dor de cabeça, mas não adiantou. Colocou um pano molhado em seu rosto, mas, de novo, sem resultado. Tinha que estar melhor de manhã. Seus pais precisavam da sua ajuda na loja de manhã.
"Droga! Eu acho que fiquei tempo demais no celular hoje! Talvez a minha mãe tenha razão sobre eu dá um tempo da tela!" - Pensou Brenda.
Não tinha muito o que fazer, no fim das contas. Só tentou dormir e torceu para que acordasse melhor. É isso, acordaria melhor sem nada de estranho. Só um dia normal, como qualquer outro. Foi o que Brenda pensou.
***
02:50
- Então quer dizer que existe outro como você!? Com "braços de inseto"!? - Perguntou Mônica, espantada.
- Sim, eu também fiquei de cara quando vi! Aquele cara, o Jefferson, é um total maníaco! Ele... ele... foi o responsável por aquelas mortes! Ele... c..comeu a carne daquelas pessoas! - Disse Zeke.
- Tudo bem! Tudo bem! Não precisa continuar! - Disse Mônica.
- Ahh...(suspiro), desculpa! - Disse Zeke.
- Não foi uma noite fácil pra você, não é? - Perguntou Mônica, preocupada com o garoto.
- Um, hum! - Confirma Zeke.
- Não se preocupe, você tá seguro agora! E nós vamos resolver isso juntos! Eu prometo! - Disse Mônica, colocando a mão no ombro de Zeke, tentando conforta-lo.
- Tá... obrigado! - Disse Zeke, mais calmo.
Mônica sorri e diz:
- Certo, agora...
- Chefa, eu já terminei de alterar as gravações! - Disse uma jovem mulher que possuía traços orientais, entrando no laboratório com pressa.
...
- Oh, então é ele? - Perguntou a jovem mulher, com um pouco de receio.
- Sim, é ele! - Respondeu Mônica.
Zeke observa a jovem e percebe o seu receio. Claramente, estava espantada com a aparência de Zeke,e isso ,o fez virar o rosto.
Mônica percebendo a situação, no mínimo, constrangedora decide se pronunciar, e diz:
- Deixe- me fazer as apresentações! Ezequiel, essa é Shion Fukuhara, a engenheira chefe do centro! Shion, esse é Ezequiel, quem vamos ajudar!
- Ah...oi! - Disse Shion, timidamente.
- Eai! - Disse Zeke, com um sorriso tímido e acenando de leve a sua mão.
...
Bom, agora que todo mundo já se conhece, eu vou tratar dos seus ferimentos! Disse Mônica.
- Tá, beleza! - Disse Zeke.
Enquanto a mulher mais velha tratava dos ferimentos de Zeke, ela notou que o garoto ainda estava usando sua máscara. E isso, a deixou intrigada.
- Ezequiel, por que ainda está usando a máscara? - Perguntou Mônica.
- Hein?! É... eu tô bem assim! - Responde Zeke, meio pego de surpresa pela pergunta de Mônica.
- Não tem que se envergonhar! Eu já disse que você está seguro e que vamos te ajudar! - Disse Mônica.
Zeke pensa por alguns segundos, e diz, seriamente:
- Quem sabe sobre mim?
- Só eu e a Shion, eu juro! - Responde Mônica.
- E as filmagens nas câmeras? - Perguntou Zeke.
- Todas alteradas! Relaxa, ninguém vai saber que você passou por aqui! - Responde Shion.
...
- Ok! - Disse Zeke, enquanto Removia a máscara.
Mônica e Shion observavam atentamente para o rosto do garoto, como se tentassem notar alguma coisa.
- Olha só, que rapaz mais bonito! - Disse Mônica, divertidamente.
- N... não zoa comigo! - Disse Zeke, incomodado e virando o seu rosto para o lado.
- Eu não tô! Desculpa, não queria te chatear! - Disse Mônica.
- Tá, tanto faz! Só não faz isso de novo! - Responde Zeke.
"Como se alguém pudesse me achar bonito com essas antenas!" - Pensou Zeke.
- Ok, ok! Eu não vou! - Disse Mônica.
...
- Pronto, terminei! Deve ficar melhor daqui a alguns dias! - Disse Mônica.
- Valeu! - Disse Zeke, enquanto tocava em seu braço,agora enfaixado.
Shion que estava encostada na parede de frente para Zeke e Mônica, olhava o garoto com um olhar curioso. Zeke percebendo isso, pergunta:
- O que foi?
- Não, nada! É que eu achei que você teria olhos de inseto! - Responde Shion, de forma direta.
- Shion! - Disse Mônica, repreendendo a garota.
- Desculpa, mas vai dizer que isso não passou pela sua cabeça? - Perguntou Shion.
- Bom, desculpa te decepcionar! - Responde Zeke, secamente.
- Olha, foi mal! Eu não devia ter dito isso! É que eu nunca vi nada assim antes, eu só tô curiosa! - Explicou Shion.
- Hum... eu sei tanto quanto você! - Disse Zeke.
- Ok, ok! Vamos parar por aqui! Já está tarde, e acho que todo mundo precisa descansar um pouco! Conversamos melhor pela manhã! - Disse Mônica, tentando apaziguar os ânimos.
- Tá! - Responde Zeke, ainda chateado.
Ok, até de manhã! Tchau, Ezequiel! - Disse Shion.
Zeke não responde e se vira para olhar um aparelho qualquer no laboratório.
...
Shion vai embora sem dizer mais nada e só ficam Zeke e Mônica.
"Ai, ai! Isso, talvez complique um pouco as coisas! É melhor eu falar com ele!" - Pensou Mônica.
- Olha, me desculpe pela Shion! Ela tem a péssima mania de falar demais, más não é má pessoa! É uma das que eu mais confio aqui! - Disse Mônica.
- Eu não tô chateado com ela! É que... Olha, não é como se eu não tivesse pensado sobre aparecer outras partes de inseto em mim! Mas é horrível ouvir isso de outra pessoa, tá ligado? - Disse Zeke, muito chateado.
...
- Mônica, eu vou virar um inseto gigante? - Perguntou Zeke, com seus olhos começando a lacrimejar.
Mônica se aproxima do adolescente e repousa as mãos em seus ombros, abaixando um pouco a cabeça para que ficassem no mesmo nível. E em seguida, ela olha nos olhos de Zeke e diz com bastante clareza:
- Me escuta! Ainda é cedo para tomarmos qualquer conclusão, há muita coisa que ainda não sabemos! Se você ficar pensando nessas coisas, isso só vai fazer mal pra sua cabeça! De manhã poderemos trabalhar mais sobre isso, mas por hoje tente descansar, ok?
...
- Tá bom, Mônica! Eu vou tentar! - Disse Zeke.
- Ótimo! Você pode dormir aqui, tem uma cama com um travesseiro ali! - Disse Mônica, apontando na direção da cama.
- Ok, beleza! - Disse Zeke.
- E logo ali na frente tem um banheiro! Lá tem um chuveiro, você pode tomar banho lá! - Disse Mônica.
- Um hum! - Disse Zeke.
- Você precisa de roupas? - Perguntou Mônica.
- Não, de boa, eu tenho uma muda de roupa na mochila! - Disse Zeke.
- Ah, que bom! Então, eu vou pra sala ao lado! Pode fica a vontade! - Disse Mônica, indo em direção a saída.
- Tá! Valeu, Mônica! - Disse Zeke.
A mulher mais velha apenas da um riso de leve e sai do laboratório.
"Caraca, aqui tem de tudo! Ela não tava mentindo quando disse que passava a maior parte do tempo aqui!" - Pensou Zeke.
Zeke pega as suas coisas e vai até o banheiro. Ao entrar, ele anda até o espelho que havia ali e franziu o cenho quando viu sua imagem nele. Estava quase cedendo aos seus medos novamente, mas lembrou-se do conselho de Mônica, respirou fundo e foi tomar um banho para relaxar. Depois do banho, ele trocou de roupa e foi direto para cama.
O garoto estava exausto. Muita coisa tinha acontecido e tinha muito o que processar. Mas aos poucos, o sono foi chegando e ele adormece.
Continua...
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