Sexta-feira, 2 de Março, 9:00.
João abre os seus olhos devagar, sentindo toda aquela luz entrando pelas suas pálpebras. Estava bem quente, tinha dormido em cima de uma laje, afinal. Era um costume comum para o garoto dormir em lugares distintos. João se virava bem sozinho e pegava as coisas bem rápido, apesar de não ir a escola já há algum tempo.
Era um garoto alto, bem alto para a sua idade, com os seus 1,85 cm. Tinha a pele na cor preta, seu cabelo cacheado era tingido de loiro Suas roupas eram bem simples, com uma regata preta, cordão de prata, e um tênis velho. Mas a peça de roupa que mais chamava atenção eram as suas calças, que tinham um número bem maior que o garoto aparentava usar, com um cadarço sendo usado como cinto.
"Ih, mano! Dormi demais, pô! Melhor eu vazar, antes que alguém apareça!" - Pensou João.
E sem pensar muito, João simplismente pula da laje direto para o chão. E aterrissa sem nenhum problema. O mais curioso disso é que aquela casa de que ele pulará tinhas 2 andares.
- Ahhh... (bocejo). – É melhor eu arranjar um lugar pra bater um rango! - Disse João, enquanto coçava a cabeça.
***
Centro de pesquisa Renascença, 9:45
Zeke agora estava sentado em um dos balcões do laboratório de Mônica. Lá iria realizar outros testes, mas diferentes do dia anterior, os testes seriam mais clínicos do que físicos. Tanto que teve que a primeira coisa que fez depois que acordou, foi fazer exame de fezes e urina. Algo que é bastante constrangedor quando ficam te esperando na porta do banheiro.
- E..e agora? O que a gente vai fazer? - Perguntou Zeke, um pouco envergonhado.
- Não se preocupe! Os testes vão ser menos invasivos agora! - Respondeu Mônica.
- Amém! - Disse Zeke.
- Estenda o braço, por favor! - Disse Mônica, enquanto pegava um aparelho.
- Ok... - Disse Zeke, não muito confiante.
Mônica então passa o aparelho com uma espécie de sensor pelo braço do garoto. E ao mesmo tempo pegava uma espécie de controle remoto e ligou o grande telão presente no laboratório.
- Certo, agora vamos ver o que temos aqui! - Disse Mônica, concentrada no telão.
E então o monitor começa a transmitir a imagem ampliada de Zeke. E que parecia diferente do que você pode ver na Internet ou em um livro escolar.
- Um hum, bem como eu suspeitava! - Disse Mônica, convicta.
- Mônica... o que isso na minha pele? - Perguntou Zeke.
- Bem, se eu tivesse que definir, diria que é uma espécie de exoesqueleto! - Explicou Mônica.
- Exoesqueleto? Tipo, aquela carapaça que os insetos têm? - Perguntou Zeke.
- Sim, exatamente isso! Veja bem, os insetos não possuem ossos como nós! Na verdade, o interior deles é frágil! Então, eles tem o exoesqueleto que funciona como uma armadura! - Explicou Mônica.
- Hum... - Disse Zeke.
- E você também tem essa armadura revestindo a sua pele! Por isso você conseguiu resistir á uma quantidade de danos que poderia matar uma pessoa comum! A questão é que não era possível ver a olho nu, por isso você não notou antes! - Explicou Mônica.
- Tendi! Mas é muito estranho! Eu não percebi nada de diferente na textura da minha pele! Parece o mesmo de sempre, tá ligado? - Disse Zeke, enquanto passava a mão no seu braço.
- Sim, é realmente interessante! O exoesqueleto não é tão aparente! Parece como a pele de uma pessoa qualquer, mas ao mesmo tempo muito resistente a fortes impactos! - Disse Mônica, impressionada.
- É, mas mesmo assim, aquele maluco conseguiu me cortar! - Disse Zeke.
- Bom, isso é porque ele é o seu predador natural por assim dizer! As "garrinhas" que ele tem nas mãos são feitas para capturar sua presa! Sabe, depois que você me contou o que aconteceu, eu só consegui pensar em um inseto que se encaixava no que você me descreveu! E esse seria o Louva-Deus! - Explicou Mônica.
- Louva-Deus!? Olha Mônica, aquele cara não parecia nenhum um pouco santo pra mim! - Respondeu Zeke, não muito convencido.
- Há, há, há! É um nome meio irônico! Mas deram esse nome porque a posição que esse inseto fica com suas patas,se parece muito com uma pessoa rezando! - Explicou Mônica.
- Ah, tendi! Mas ainda parece muito fora do tom pra mim! - Disse Zeke.
- De fato! Na natureza, os Louva-Deuses são predadores implacáveis que se alimentam de vários tipos de inseto! E em alguns casos, devoram membros da própria espécie! Em especial, em rituais de acasalamento, a fêmea devora a cabeça do macho após o acasalamento! - Explicou Mônica.
- Hum, agora que você falou, eu já vi isso na escola! Pena que não tem nenhuma fêmea pra devorar a cabeça dele! - Disse Zeke, em tom irônico.
- Há, há, há! É, mas se tivesse uma fêmea, teríamos vários pequenos assassinos correndo por aí! E só iria aumentar o problema! - Disse Mônica.
- É... verdade! - Respondeu Zeke, meio sem jeito.
- Enfim, é melhor continuar com o exame! - Disse Mônica, enquanto continuava analisando a pele do garoto.
Zeke não diz nada, apenas acena com a cabeça.
Mônica continuou passando o aparelho pelo antebraço até a divisa com o resto do membro, até que notou algo estranho.
- Hum... - Disse Mônica, surpresa.
- O que foi? - Perguntou Zeke.
- Espera um pouco, Zeke! Quero testar uma coisa! - Disse Mônica.
- Ok... - Disse Zeke.
5 minutos depois, Mônica voltou trazendo uma bandeja com uma seringa, um elástico e alguns tubinhos de coleta. O tipo de material que você vê quando vai tirar sangue.
- Ah, já entendi! Mas a gente já não conversou sobre a minha pele ser muito dura? - Disse Zeke, um pouco confuso.
...
- Estenda o braço! - Ordena a mulher mais velha.
Zeke, apesar de achar tudo aquilo inútil, obedece. Mônica, por sua vez, amarra o elástico no braço do garoto, e logo depois começa a procurar pela veia. E ao encontrar, pega a seringa e se prepara para colocá-la.
- Não vai adiantar! Só se você tivesse uma agulha de titânio, tá ligado? - Disse Zeke, com um olhar descrente.
Mônica ignora os comentários do garoto e se concentra na sua tarefa. Tentando com certa dificuldade furar a pele de Zeke com a agulha.
- Tá vendo! Eu falei que... AI! - Reclama Zeke, após sentir a pontada da agulha em sua pele.
Para a surpresa do garoto, Mônica tinha realmente conseguido enfiar a agulha em sua pele. Mas como ela tinha conseguido fazer aquilo?
- Au! - Disse Zeke, em um tom mais brando.
- Olha só! E não é que eu consegui? - Disse Mônica, em tom de deboche.
A mulher mais velha,então termina de coletar o sangue de Zeke e coloca um curativo em seu braço.
- M...as como? Não era pra minha pele ser super resistente? - Perguntou Zeke, surpreso.
- E é mesmo! Mas como todo armadura, ela também têm brechas! - Disse Mônica.
- Como assim? - Perguntou Zeke.
- Ora, vamos fazer um exercício mental! Imagine se as armaduras dos cavaleiros da idade média fosse completamente coberta! De fato, eles iriam ficar mais protegidos, mas perderiam muito em mobilidade! Pois não poderiam dobrar seus braços e pernas, e também não conseguiram andar e nem correr! - Explicou Mônica.
- Hããã... É tipo quando você joga um "rpg", e quando o seu personagem "upa", você acaba colocando todos os seus pontos em defesa e ignora a agilidade! O seu personagem fica desbalanceado! - Disse Zeke.
- É.... Mais ou menos isso! Você realmente gosta de jogos, né? - Perguntou Mônica.
- Sim!!! Eu amo! Se bem que eu não tenho jogado nada ultimamente! Tô com medo de quebrar os controles! - Disse Zeke, empolgado e no fim, meio preocupado.
- Entendo! Bom, se isso ajuda você a entender toda essa situação, então continue! Enfim, tudo que conversamos até agora também se aplica no corpo dos insetos! Eles também têm partes mais vulneráveis em seus corpos para auxiliar na movimentação! E é por isso que eu consegui aplicar a injeção! - Explicou Mônica.
- Ah, entendi! Então... as minhas articulações são menos resistentes que o resto do meu corpo! Que bom que eu descobri isso cedo! - Disse Zeke, intrigado.
- De fato! Eu diria que o ligamento dos braços, debaixo das axilas, atrás dos joelhos e a virilha,são seus pontos mais vulneráveis. Então, evite ser acertado nesses lugares, entendeu? - Disse Mônica, com firmeza.
- Não se preocupe! Não pretendo entrar em outra luta de novo! - Disse Zeke.
Mônica apenas acena seriamente para o garoto. Querendo ter certeza que o pior não acontecesse.
- Então... cê vai examinar o meu sangue agora? - Perguntou Zeke.
- Vou sim! Vou colocar em análise e logo iremos saber quais genes foram misturados ao seu DNA! - Explicou Mônica.
- Ah... ok! - Disse Zeke, um pouco ansioso.
...
- Que tal se fizéssemos outros testes, enquanto o resultado não chega? - Perguntou Mônica.
(Suspiro)
– Tá, é... pode ir na frente! - Disse Zeke.
Embora, estivesse cada vez mais perto das respostas que queria, Zeke nem imagina os desafios que vinham á frente.
Continua...
N/A: Brigado por chegar até aqui! Não se esqueça de votar e deixar um comentário, que ajuda demais!