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Chapter 4 - Capítulo 4: Monstro

Ainda meio atordoado com o que tinha acabado de fazer, Zeke nem percebeu as reações do outro assaltante e da vítima. Mas ao se recuperar do choque, ele se vira e começa a caminhar devagar em direção aos outros dois homens. O segundo bandido por sua vez, já tinha largado o outro homem e estava boquiaberto e tremendo dos pés a cabeça. Mas ainda assim, mantinha sua faca apontada na direção de Zeke. O garoto, no entanto , não estava mais com medo do agressor. O homem mais velho podia ser maior, ter mais musculatura e possuir um objeto capaz de cortar a carne de um humano comum. Mas Zeke não era mais um humano comum. Ele tinha o poder. Um poder maior que qualquer um que estivesse naquele beco. Então, mais confiante, o garoto diz para o meliante:

- Vaza daqui ou eu te faço voar, que nem o seu amigo ali atrás!

O bandido estava paralisado, sem conseguir entender nada. Como um garoto tão pequeno podia ter essa força? Só podia ser o efeito de uma "bad trip", foi o que ele pensou. Mas como não podia simplesmente deixar um garotinho magricela o intimidar, em um ato irracional parte pra cima do garoto inseto.

-NÃO FODE COMIGO!!! - Grita, o marginal.

Isso surpreende um pouco Zeke. Mas ele não se deixou abater, porque diferente de antes, ele sabia que daria conta facilmente daquele homem.

"Beleza,"vamo" ver o quão rápido eu sou"! - Pensou Zeke.

O homem tentou desferir um golpe com sua faca. Mas Zeke conseguiu desviar facilmente. O bandido parou por um segundo, tentando processar o que acabou de aconteceu. Mas logo depois se recupera de seu choque e desfere outro golpe de faca, o que Zeke novamente desvia sem esforço nenhum.

-Eai? Já chega? - Perguntou o garoto, em um tom debochado.

-CALA A BOCA! - Grita o bandido furioso.

E em seguida desfere uma série de golpes de faca no garoto. De cima, de baixo, esquerda, direita, diagonal, perfurar, apunhalar. Mas nada adiantava. Era como se os ataques do homem estivessem em câmera lenta, e assim como no acidente de carro, as antenas de Zeke estavam vibrado. Ele se perguntava o porquê disso.

"Por que eu não consigo acertar esse moleque? É como se esse guri não fosse desse mundo. Como se não fosse humano." - Pensou o bandido.

Sem perceber,enquanto desviava dos ataques do bandido, Zeke ia andando pra trás e o homem mais velho o acompanhava. Até que finalmente se cansou de tentar golpear o garoto e parou a com sequência de facadas. Porém, tinham parado em uma parte do beco que estava perto da rua, em frente a um letreiro luminoso, que parecia um clarão. O homem estava de cabeça baixa tentando recuperar o seu fôlego, então Zeke disse:

- Ta vendo! É isso que dá tentar esfaquear alguém sem alongar primeiro! 

- Arf...arf... que merda é você, seu mole... - tentou dizer, o homem cansado. Porém, algo o impediu.

 

Ao levantar a cabeça para encarar Zeke, conseguiu ver claramente o que estava oculto pela penumbra do beco. O letreiro iluminava perfeitamente aquela parte, não chegou a mostrar o rosto de Zeke, mas iluminava o bastante para revelar as antenas por debaixo do moletom.

-Q...que porra... - tentava dizer, o homem mais velho.

A visão daquele homem não o enganara. Tinha antenas saindo da cabeça do garoto e de sua perspectiva não podia ver bem o seu rosto, principalmente com o capuz cobrindo seu rosto. Porém, o medo e sua imaginação começaram a formar uma nova imagem do garoto. O garoto inseto parecia muito maior agora, e a sombra que cobria seu rosto,agora mostrava dois grandes pontos brancos. Como se fossem seu olhos, sim, grandes olhos encaravam o homem, como um predador observando a sua presa. Uma aparência digna de uma abominação, de um monstro. Sim! Era isso o que o encarava, um monstro, uma criatura que com certeza iria matá-lo , se não fugisse dali naquele instante.

-M..m..monstro... - disse o homem apavorado.

-Que? - Perguntou Zeke, surpreso.

- MONSTRO! - Gritou, o homem.

Zeke ficou em choque com as palavras que acabou de ouvir. Embora, tivesse antenas e poderes de um inseto, isso não fazia dele um monstro... Certo?

-SAI DE PERTO DE MIM, SUA CRIA DO CAPETA ! - Gritou, o homem enquanto saia em disparada do beco, temendo por sua vida.

Zeke ainda chocado com as palavras, ficou ali parado por um tempo. Mas aí se lembrou do outro homem, que estava sendo assaltado pelos outros dois. Então depois de se recuperar, foi ao encontro do homem que estava sentado num canto. Ao chegar perto, estendeu sua mão pra ajudá-lo a se levantar.

-Oi, você ta b... - Tentou dizer Zeke.

-Por favor, não me machuca! - Disse o homem, tremendo de medo.

Zeke engoliu seco ao ouvir isso. Ele só queria ajuda- lo, mas até ele o via como um monstro.

-Por favor, por favor! Não me machuca! - Disse, o homem quase em um sussurro, apavorado.

O garoto então se virou pra ir embora, sabia que se ficasse ali, as coisas só iriam piorar. Caminhou um pouco, e então ficou de frente para o letreiro luminoso. Virou-se um pouco para trás e viu a sua própria sombra, aumentada por estar contra luz, e pôde ver a sombra de suas antenas. Na hora,lembrou-se das palavras dos bandido:

"MONSTRO!"

Zeke então, se virou e continuou a caminhar. Indo em direção a sua casa, casbibaixo. Naquele momento o capuz não servia apenas para esconder a sua aparência, mas também a sua tristeza.

-Eu só queria ajudar.... - Lamentou Zeke.

***

Longe dali:

-NÃÃÃOOOOOO!!! ME SOLTA! ME SOLTA! - Gritava uma mulher, desesperada.

Seu corpo estava cheio de ferimentos e com algumas marcas de cortes profundos. Estava no que parecia, uma fábrica abandonada.

-Calma, porquinha! Uma hora ou outra, você vai deixar de sentir dor! - Disse uma figura misteriosa.

O agressor usava um casaco branco, coberto de sangue, com um capuz cobrindo seu rosto e parecia estar carregando duas lâminas nas mãos.

-P..por favor, não me mate! - Disse a mulher, completamente aterrorizada.

-Ah, não se preocupe, porquinha. Eu não vou te matar agora! Seria ruim se a sua carne apodrecesse... - Disse a figura, em um tom malicioso.

A voz da mulher não saia. Mas em sua mente, sabia que aquilo que estava em sua frente, não era um ser humano . E sim, um animal.

- Vou ter cuidado pra tirar um pedacinho por vez! É... se eu tiver sorte, você vai durar por uma semana! Hum.. talvez, mas com a fome que eu estou agora, quem sabe? - Disse a figura misteriosa, em um tom sádico e malicioso.

Dizia isso, enquanto lambia os beiços.

 

Estava escuro naquela fábrica, então não a mulher não podia ver bem o rosto daquela figura diabólica. Mas estava claro o bastante para ver seus grandes olhos observando. Grandes olhos obssessivos e um grande sorriso macabro vindo daquela figura.

-Bem... a hora da conversa acabou! Se importa de começarmos o banquete agora? - Perguntou a figura misteriosa.

A mulher permanecia imóvel.

- Que bom que concordou! - Disse a figura misteriosa.

Ele segura firmemente o braço da mulher.

- Vamos começar com braço, sim? Perdão se eu for um pouco bruto, é que faz tempo que eu não como uma boa refeição. - Disse a figura, quase sussurrando e com baba saindo de sua boca.

A mulher não conseguia dizer uma palavra. O terror a tomara por completo e só podia esperar pelo que estava por vir.

- Enfim, espero que entenda! - Disse a figura, dando o golpe com a sua lâmina.

- AAAAHHHHHH...

Continua...

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