Quando essas palavras saem por meus lábios, sua expressão muda tão rápido que por um momento penso ter imaginado tudo, seus lábios subiram nos cantos e um breve sorriso apareceu, ele sorriu ou algo perto disso e apenas isso faz com que eu já não tenha tanta certeza de que poderia provoca-lo ou fazer com que ele me entenda. Acho que não somos parecidos afinal. Pois esse sorriso parecia dizer que não há como o outro ganhar a não ser ele, mas não posso deixar isso me afetar afinal esse é apenas o começo de tudo.
Ele aproxima-se e mais uma vez estamos tão perto que não há espaço além de nossas roupas entre nós, tento me afastar pois de alguma forma toda essa situação me parece demais e não há como pensar corretamente com ele tão perto, mas antes que possa dar um passo para trás ele está lá me segurando firmemente pela cintura e mais uma vez seu calor chega até meu corpo gelado por onde nos tocamos e por alguma razão sinto uma leve pontada de alívio, não tinha percebido que estava com frio até sentir o calor.
E por um breve momento que poderia ter durado segundos ou horas, me pareceu horas, mas eu não conseguia me mexer com medo de que o menor movimento ou palavra poderia quebrar esse momento que de alguma forma me deixa curiosa e apreensiva por não entender qual a situação que estamos.
Por uma razão que desconheço ele me puxa para ainda mais perto e minhas bochechas encostam na sua clavícula e meu corpo entra em alerta total com essa posição desconhecida o que ele está fazendo?
Sua mão esquerda vai parar em minha nuca e antes que eu possa entender o que ele está fazendo ele dá um leve puxão em meus cabelos e segura firmemente não deixando espaço para que eu possa me mexer, sua mão em minha cintura aperta não dolorosamente, mas de uma forma que me faz querer estremecer, começo a me afastar, mas ele inclina minha cabeça e sinto seus lábios tocarem minha orelha e mais uma vez sinto que ele está brincando comigo.
Tento juntar alguma energia para sentir raiva ou força para afasta-lo, mas tudo que há dentro de mim é uma pequena sombra procurando por algo e talvez seja suas outras partes ou calor. E dourado é quente. Então há uma luta aqui dentro.
Sinto seus lábios fazerem cócegas em minha orelha esquerda:
-Gostaria de ver você tentar. -sussurra, tento não estremecer pela sensação e pele raiva que esquenta na parte baixa de minha barriga, minhas mãos sobem entre nós e seguro sua camisa apertando meus punhos na dúvida se o aproximo ou afasto.
Inclino minha cabeça apenas um pouco para alcança-lo e penso seriamente em morde-lo apenas para irrita-lo, mas me contenho.
-Para quem não gosta de me tocar você está perto demais, não acha? -falo em uma altura normal.
Ele me afasta apenas alguns centímetros e antes de me soltar totalmente ele dá um leve aperto em minha cintura e nuca finalmente me soltando.
-Isso não acontecera novamente. -fala mais pra si do que para mim.
-Acho que você não pode prometer isso Dourado. -falo sorrindo provocando-o, a distância entre nós ainda é pequena e parecendo sentir isso ele dá uma passo para trás.
-Dourado? -diz ignorando minha provocação, meu sorriso cresce um pouco e ao ver isso seus olhos estreitam, tento me segurar para não sorrir mais ainda.
-Você tem um nome? Pois se não, continuarei te chamando assim. -continuo a encarar seu rosto em busca de algo.
-Não tenho um nome, você tem? -fico surpresa com sua pergunta e demoro um pouco para responder.
-Acho que não, não me decidi por um, mas você pode me chamar de Escuridão é como venho sido chamada nos livros, contos e bocas humanas. -falo me sentindo um pouco tímida por não ter pensado nisso até agora.
-Escuridão então. -diz me olhando de uma forma que não consigo entender.
-Dourado então. -falo e mais uma vez sinto que ele poderia sorrir, ele realmente me deixa confusa.