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Chapter 14 - Descobertas.

Parece que se passaram horas, mas provavelmente foram poucos minutos ainda estou ajoelhada nos escombros e sangue, tentando entender o que aconteceu aqui.

Meu olhar está baixo e nem vejo Dourado se aproximar, quando finalmente percebo sua presença ele está ajoelhado a minha frente, não consigo sentir nada além de uma tristeza profunda se espalhar por meu ser, meu peito está apertado e não sei como deixa-lo leve. Dourado pega minha mão esquerda e começo a pensar que é para voltarmos ou ir em mais uma penalidade, mas ele apenas á segura por algum motivo penso que ele pode estar tentando me confortar.

-É normal isso acontecer? -pergunto mal conseguindo formular as palavras.

-Guerra? -fala, tenho certeza que ele sabe o que quero dizer e só por essa pequena palavra sei que há algo errado.

-Não brinque comigo Dourado, você sabe que estou falando de erros. Como aquela criança, ela foi um erro, essa situação toda não deveria ser assim.

-Erro ou não aconteceu, não há volta.

Então é algo comum, por que existe a ordem das coisas se isso não irá te salvar das eventualidades? Sentindo todas as mortes a minha volta percebo que nada disso deveria ter acontecido, desde o começo percebi que havia algo errado, mas o choque da situação me impediu de saber o que de fato era, fico cada vez mais confusa, o que estou fazendo aqui? O que vou aprender?

Pois a única coisa que faz sentindo nesse momento é pensar que o destino é uma história para dormir.

-Eu não entendo. -falo baixinho.

-Você sentiu um chamado, não foi? -fala, não respondo com palavras apenas aceno com a cabeça que sim. -Você também sentiu que não te levei para onde você foi solicitada?

-Sim Dourado, mas o que isso tem a ver com o que aconteceu aqui? -pergunto já sentindo a raiva se misturar com tristeza.

-Eu te trouxe para o seu chamado, mas de uma realidade diferente. Essa é a realidade em que você não apareceu e tudo deu errado.

Eu tento soltar minha mão da sua, mas ele a agarra com mais força e nesse estado não sou párea para sua força, não satisfeito com isso ele me puxa para seu corpo e mais sangue, terra e pedras prende-se a minhas pernas ele só para quando meu corpo está quase grudado ao seu.

-Foi por isso que vocês me prenderam? Essa realidade só existe por eu não salvá-los e por poder salvá-los. -falo, tenho vontade de cuspir em seu rosto, mas me falta saliva.

De alguma forma seu aperto se torna mais forte quase me machucando, não consigo entender essa situação, não imaginei que ele poderia ser tão violento, seus olhos parecem brilhar de ódio em mim e sinto que finalmente estou vendo quem ele realmente é, aquele Dourado que poderia sorrir ou quase isso, que me segurou quando precisei não era real. Afinal apesar de ter pensando que poderíamos ter um relacionamento perto da amizade, ele sempre foi meu carrasco.

Se precisei que alguém me segurasse foi porque ele me fez mal.

-Você não entende né? Isso tudo é por que você quis bancar a heroína, você matou essas pessoas, essas crianças.

Ele poderia estar certo?

Eu acreditei que seriamos semelhantes e por ele ser a luz, seria bom, mas vejo que nossos valores e conceitos são totalmente opostos pois isso tudo é para me punir, ele acha justo pessoas morrerem apenas para me ensinarem uma lição.

Meu único erro foi não ter feito mais.

Sei que eles deram a desculpa que era por eu poder influenciar o equilíbrio do universo e por isso deveria obedece-los, mas em momento algum eles falaram que houve desequilíbrio e que eu realmente afetei o universo, então tudo isso é um capricho, uma brincadeira e quem se tornou a bonequinha principal dessa desgraça toda sou eu.

Dourado é apenas um fantoche daqueles que pensam ser mais fortes e não tenho a menor ideia de quem está envolvido nisso, mas não acho que nosso criador faça parte disso, afinal ele não se envolve nesses jogos de poder apenas assisti e intervém quando necessário. O ruim é imaginar o que seria necessário para que ele apareça, já que crianças brutalmente assassinadas não é.

Tudo isso é um jogo que eu já comecei perdendo.

Penso nessa informação e a culpa me consome, a tristeza e a raiva me tomam. É minha culpa, não só minha, mas de quem está acima também. Isso é tudo por um castigo, eles escolheram deixar isso acontecer, influenciaram o destino e apenas para me machucar.

Isso me parece tão egoísta.

-Isso continuará? -pergunto refletindo com meus olhos o seu ódio.

-O que? -fala baixo quase cuspindo as palavras.

-Vocês continuarão a matar pessoas inocentes?

-Me diga você, você ainda irá seguir o mesmo caminho?

-Você não percebe como isso é errado? Eu nunca matei inocentes e não mexi com o equilíbrio, então não faz o menor sentido virem atrás de mim. -falo aproximando meu rosto do seu e apesar da sujeira e toda a morte a nossa volta, ainda sinto seu cheiro limpo de chuva e dias ensolarados e isso faz meu peito apertar mais.

-Você deveria ter cuidado com o que você fala, há muitos olhos e ouvidos a sua volta. -ele fala em aviso, me olha como se decidindo algo e agarra meu cabelo com força, não tenho tempo nem para gritar pois seu lábios em meu ouvido me fazem pausar. -Eu não sei o que eles querem de você, mas você tem atenção de muitos encima de você, então sim isso tudo é por capricho e você é a atração principal.