Suas palavras me fazem esquecer que ele está me machucando, mas ainda há desconforto, não sei o que fazer com o que ele acabou de falar. E por alguns momentos ficamos assim ele me segurando e agarrando meu cabelo não mais machucando apenas me mantendo no lugar com firmeza e eu só queria que ele me deixasse ir, as vezes tento ser e me convencer de que sou forte e por isso ainda estou aqui encarando tudo isso de frente.
Buscando uma forma de atacar também e não deixar que as mortes de agora e as que virão, ser em vão pois sei que no meu estado a única coisa que posso fazer é planejar, planejar as suas quedas, descobrir quem faz parte disso e acabar com suas existências.
Estou muita confusa, não consigo formular um pensamento antes que outro apareça e tome seu lugar, tento me afastar um pouco, mas ele me mantém presa no lugar então me aproximo para mostrar que não fugirei, toco meus lábios em seu ouvido esquerdo como ele fez comigo, mas sem agarra-lo sentindo seu cheiro que de alguma forma me faz sentir mais calma.
-Por que você está envolvido nisso? -pergunto, minha voz não mais alta que um sussurro.
Por alguma razão seu corpo parece estremecer levemente e ele finalmente se afasta, mas é tão pouco que não faz diferença nenhuma pois ainda são poucos os centímetros que nos separam, acho que ele realmente sente nojo de mim ou apenas não gosta que cheguem perto dele.
-Você também quer assistir a minha ruína? -pergunto e antes que ele possa pensar em responder acrescento. -E parece que no seu caso você saiu ganhando, pois você está aqui participando e assistindo na primeira fila, me diga você está se divertindo? Você sente prazer?
-Isso não é da sua conta, você é só um brinquedo que logo irá se quebrar por inteiro e não servira mais para nada, além de uma diversão passageira. -diz finalmente afastando meu rosto e corpo.
Não sei por que, mas essas palavras machucam e é a primeira vez que isso me acontece, não sabia que era possível e que palavras podiam ser mais afiadas do que facas e que cortariam mais fundo.
Ajudar os outros me fez de alguma forma parar nesse jogo de poder.
Ter ajudado os outros não é e não será minha maior decepção ou arrependimento, pois enxergar a existência de outros seres além da minha foi algo de grande gratificação pessoal e não será eles que vão manchar essa experiência para mim.
Eu posso e vou enfrentar tudo isso, irei dar um jeito de acabar com todos até o menor ser que está em algum lugar assistindo, se divertindo e tramando todo esse caos.
Nada será pior do que ter acreditado e ter tido esperanças de que finalmente encontrei alguém que poderia ter compartilhado algumas brevidades e ter conhecido alguém parecido comigo, mesmo que essa ilusão tenha durado tão pouco tempo. Sei que o erro foi meu de ter acreditado nele e não ter visto ele por quem ele realmente é e não posso acusa-lo de fingir, apenas omitir e ele continua a omitir tudo, mas saber que eu mesma me enganei não faz doer menos.
Eu puxo meu braço direito para trás juntando toda a força que há em meu corpo focando em meu punho direito e sem pensar duas vezes acerto Dourado em sua bochecha fazendo-o cambalear e me soltar de vez, ele me olha surpreso, mas consigo ver diversão brilhar em seu olhar e ver isso faz com que eu queira dar mais socos em seu belo rosto, mas sei que essa ação é mais para meu prazer do que para faze-lo sofrer.
Pois estou fraca e para machuca-lo precisaria estar em minha forma completa, tento me conter olhando-o como se ele fosse um inseto preste a ser pisoteado.
-É uma pena que você não sangre. -falo entre dentes e ele faz algo totalmente inesperado, ele sorri e infelizmente de alguma forma que desconheço ele fica ainda mais bonito sorrindo, ele se endireita e pisca para mim.
Será que ele gosta de apanhar?
Penso enquanto seus lábios continuam a formam um sorriso, ele toca seu rosto onde o bati e me olha parecendo admirado e tentando decidir se sou fofa ou decididamente uma tola, e não me pergunte como eu sei o que Dourado poderia estar sentido, apenas que seu rosto tem se tornada cada vez mais um livro aberto.
Eu apostaria em tola, acho que conheço esse monstro.
Tudo que faço parece divertir os outros e por isso me enfiei nessa situação.
-Você nunca faz o que esperam de você e sempre é tão corajosa, você faz com que eles queiram te ver de joelhos. Me pergunto até onde você irá para aguentar tudo o que está te aguardando. -ele fala voltando a se aproximar de mim, tento me afastar, mas novamente ele me segura e está quente.
-Seu espirito estará intacto quando isso tudo acabar? -ela abaixa sua cabeça e sussurra em meu ouvido.