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Chapter 5 - Revelações de um Encontro Inesperado.

Tudo estava em silêncio... Apenas sons baixos podiam ser captados. A iluminação era quase inexistente, exceto por um fraco feixe de luz. O chão estava frio e úmido.

"Quanto tempo já passou desde o amanhecer...?"

Dalan ponderou, sentado no fundo da caverna. Seus pulsos estavam acorrentados, impedindo qualquer tentativa de fuga.

"Eu... Matei uma pessoa..."

A imagem do confronto com o terceiro ajudante permanecia viva em sua mente, nítida apesar da escuridão ao redor. Ao olhar para baixo, viu seu corpo coberto de arranhões, resultado dos açoites recebidos desde que fora preso ali.

"Meu sangue está misturado ao dele... Não consigo mais distinguir entre os dois..."

Apesar de se sentir sem forças, ele se esforçava para manter a mente alerta. Tentou descansar após ser punido, mas o frio amplificava a dor e o desconforto das feridas, tornando o sono impossível. Assim, permaneceu imóvel por horas, mergulhado em seus pensamentos como forma de distração. Em determinado momento, ouviu passos se aproximando na caverna. Por um instante, imaginou que fosse o primeiro ajudante, o mesmo que o havia punido durante a madrugada. Contudo, a figura que surgiu era mais alta e escura.

"Quem é você...?"

Dalan ergueu a cabeça, tentando identificar a figura, que se escondia nas sombras da caverna. Ele conseguiu perceber apenas dois círculos vazios onde deveriam estar os olhos, além de algo que lembrava dentes, grandes e aparentemente avermelhados.

"Estou alucinando...?"

Perguntou-se enquanto observava a figura, sentindo um calafrio percorrer seu corpo. Seu instinto imediatamente o alertou sobre o perigo daquela presença.

"Então... Você é o garoto que treinava arduamente na floresta e matou o terceiro ajudante? Que estado lamentável para uma criança..."

A voz da figura soou distorcida, como se estivesse imitando a fala humana em vez de realmente falar.

"E o que é você...? Veio aqui apenas para lamentar o meu estado atual?"

Apesar de estar vulnerável e o medo tentar dominá-lo, Dalan manteve o olhar fixo na figura.

"Oh...? Interessante. Sua língua é afiada para alguém que não pode sequer se mover."

O ser demonstrou surpresa ao vê-lo resistir ao medo.

"Certamente sua coragem moldará o futuro ambíguo. Contudo, lembre-se do seu lugar, garoto. Eu poderia matá-lo em um piscar de olhos."

A voz continuou, agora se aproximando um pouco mais.

"Futuro ambíguo? Do que você está falando?"

Dalan tentou compreender o sentido da conversa, embora sua mente estivesse cheia de perguntas.

"Bem, o motivo da minha visita é simples. O ferreiro Ferneck foi executado em público pelo segundo ajudante."

A figura revelou mais de seu rosto, esboçando um sorriso. Ao ouvir aquela revelação, Dalan sentiu uma onda de angústia e baixou a cabeça. Sabendo o porquê da execução, permaneceu em silêncio por um tempo.

"É uma pena que sua irmã tenha presenciado aquela cena. O segundo ajudante foi extremamente cruel, sabia? Ordenou ao povo que apedrejasse Ferneck antes de acabar com ele."

A figura soltou uma risada distorcida.

"Não ria da morte dele... Se continuar, eu farei dessa risada a sua última."

Dalan, dominado pela raiva, lançou um olhar feroz para os círculos vazios acima de si. A mudança repentina em sua atitude pareceu satisfazer o ser.

"Você é mais interessante do que eu esperava... Diga-me, garoto... Diante dessa situação, qual é o seu desejo?"

A figura demonstrou curiosidade sobre as motivações de Dalan.

"Meu desejo...?"

Surpreso, o garoto hesitou antes de responder.

"Quero sair dessa vila com a minha irmã... E fazer com que todos que nos fizeram sofrer paguem por isso."

Revelou o desejo que carregava no coração desde sempre.

"Mas você não tem poder para isso. E nem sabe quanto tempo ainda ficará preso aqui. Além disso, sua execução e a de Sylvia podem ser as próximas."

O ser deixou escapar uma risada baixa e distorcida, como se estivesse apenas começando a testá-lo.

"Prometi que protegeria Sylvia com minha espada... Não deixarei que coloquem as mãos sujas nela novamente. Manterei minha palavra, mesmo estando ferido e acorrentado."

Dalan ignorou as advertências da figura. Seu desejo estava decidido.

"Muito bem. O anoitecer se aproxima, então saia da caverna e encontre Sylvia o mais rápido possível para fugirem da vila, caso não queira ser uma das vítimas das minhas mãos hoje. Se deseja viver, lute por isso."

Disse a figura antes de lançar algo em sua direção, quebrando uma das correntes que o prendiam à parede. Ao olhar, Dalan viu que era a espada que Ferneck havia feito para ele.

"Ei... Espera! O que você quer dizer com isso?"

Gritou Dalan, assustado, voltando seu olhar para a frente. A figura havia desaparecido durante o desvio de atenção, deixando apenas a espada e a mensagem.

"Droga, preciso encontrar uma maneira de sair daqui."

Empunhando a espada, ele começou a desferir golpes na corrente restante, que ainda o prendia à parede.

"Essa corrente é resistente... Como ele conseguiu quebrá-la com tanta facilidade?"

Perguntou-se após várias tentativas frustradas. Observando a parede, teve a ideia de imitar a figura, golpeando a base da corrente presa à parede. Sua mão tremia a cada impacto entre a lâmina e a pedra.

"Consegui criar uma abertura! Falta só mais um pouco!"

Dalan continuou a atacar a parede, até que uma rachadura surgiu, enfraquecendo a estrutura. Com um puxão firme, a corrente se rompeu, libertando-o.

"Finalmente estou livre..."

Pensou ele, mas logo sentiu seu corpo fraquejar, forçando-o a se apoiar na parede. Ficar de pé depois de horas sentado e ferido comprometia seu vigor.

"Vamos, corpo... Não podemos ficar aqui parados..."

Forçou-se a caminhar até a saída da caverna, cambaleando e se apoiando na parede em meio à escuridão. Quando chegou à entrada, a luz do sol o atingiu, fazendo-o instintivamente cobrir o rosto, incomodado.

"Onde será que a Sylvia está?"

Dalan reorganizou os pensamentos quando seus olhos se acostumaram à luz. Logo em seguida, ouviu gritos femininos vindos da vila.

"Por favor, que não seja a Sylvia..."

A preocupação surgiu instantaneamente, levando-o a ignorar a fadiga e correr de volta para a vila em busca de sua irmã. Correndo pelas ruas, passou por casas e pessoas desesperadas. Seu foco era chegar à casa do ferreiro, mas ao chegar lá e procurar Sylvia por toda parte, não a encontrou.

"Não... Não... Não... Onde você está? Onde foi parar, Sylvia?"

A ansiedade começou a tomar conta de Dalan. Tentou imaginar onde ela poderia estar, até que lembrou da execução de Ferneck.

"Ela deve estar na praça central!"

A impulsividade o fez sair rapidamente de casa e correr pelas ruas novamente. Ao olhar para o céu, viu nuvens cobrirem o sol e uma chuva forte começar a cair repentinamente.